Votação: Deve a SAD manter Hulk e Falcao?

 

Tanto um como outro tem sido dois dos jogadores fundamentais do FC Porto 2010/2011 e continuam a ser as principais apostas para rentabilização de activos. Hulk é o melhor marcador do campeonato, Falcao ficou com a Liga Europa, mas qualquer um deles confirmou que as apostas foram bem feitas e se Falcao é um jogador único a jogar na área ou como pivot quando recua para criar jogo pelos flancos, Hulk é força, velocidade, energia, potência. Deverá ser feito um esforço, à imagem do que foi feito com Deco ou Lucho, para manter os jogadores motivados com uma promessa para que saiam na próxima temporada ou deve-se vender já, enquanto os valores dos jogadores estão em alta no mercado? A malta pensa assim:

  • Sim, têm de ficar os dois!: 70%
  • O Hulk pode-se vender: 20%
  • O Falcao pode-se vender: 2%
  • Podem ir, arranjam-se outros: 8%

Pois é. O povo está com vontade de manter os dois meninos mas talvez as leis do mercado falem mais alto. Esperemos por Julho!

Próxima votação, já a decorrer aqui ao lado: Final da Liga Europa – prognósticos?

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Diferença de valores

Sempre que se fala do interesse de um clube estrangeiro num dos nossos jogadores, uma das primeiras reacções dos adeptos é: “Ofereçam mais guito aos gajos que eles ficam, só querem é dinheiro!”. Pois. Mas não é fácil.

Deitem os olhos nesta tabela, tirada do relatório da ESPN sobre os salários mais altos do mundo, filtrada para o mundo do futebol profissional neste artigo da Soccerlens e convertida por mim para a nossa moeda para a malta não ter de fazer contas a mais, onde adicionei o FC Porto:

clicar para ver a imagem completa

As contas referentes ao nosso clube baseiam-se no Relatório e Contas 2009/2010, onde é referido que actualmente possuímos nos nossos quadros 50 atletas, com custos salariais de cerca de 23 M€ para os jogadores do plantel, somando-se mais 2.8 M€ para os rapazes que andam a passear por esse mundo fora às nossas custas. Os valores mencionados (€/ano e €/mês) são, como é evidente, médias aritméticas.

Quem é que no seu perfeito juízo pode pensar que a nossa massa salarial, altíssima para um clube português, pode ainda ser mais pesada tendo em conta as ofertas que muitos dos nossos meninos recebem lá de fora? Reparem que há clubes de divisões secundárias com folhas de salário mais pesadas que nós, imaginem então o nível de ordenado que um jogador passaria a ter se aceitasse uma transferência para uma destas ligas. Ah, e nem estão incluídos os clubes russos nem turcos, para nem falar de árabes…

Que solução para este problema? Já que não podemos oferecer aos grandes jogadores salários que se comparem ao que se pratica lá fora, só se pode pensar em vencer, em garantir todas as condições para que os próprios atletas se sintam motivados para ganhar títulos, tanto individuais como colectivos, por forma a melhorarem a visibilidade lá fora e assegurarem uma eventual transferência para um mundo (ainda) melhor.

Não sejamos utópicos. Somos um clube que não tem outro remédio que não o de ser formador e vendedor, tal como o resto dos clubes portugueses que lutam para singrar no panorama europeu. Só assim sobreviveremos a um mercado onde vale tudo menos tirar dentes. A não ser que estejamos a falar do Cissokho, que aí até discussões sobre dentes contaram…

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Global Player Migration Report 2011

O relatório da Professional Football Players Observatory é uma excelente forma de percebermos os padrões migratórios daqueles que são os animais mais importantes do mundo, muito acima do banais gansos-de-faces-brancas ou dos pombos-torcazes: os jogadores de futebol.

Global Player Migration Report 2011 - página 22

Quando vemos que a grande maioria dos clubes portugueses que “importa” jogadores aos contentores, vindos de todos os pontos do Mundo mas preferencialmente do Brasil, é interessante avaliar alguns rácios que este relatório nos apresenta. Gosto particularmente dos trajectos de carreira trans-nacionais, como está exemplificado acima.

Olhando para o gráfico, reparem no padrão a verde, que liga por ordem Brasil – Portugal – Roménia. O mesmo poderia suceder com o Chipre ou com outros países de futebol inferior ao nosso. É curioso, mas nada que não soubéssemos por experiência. Citando do relatório:

The career paths of footballers are increasingly fragmented in many national associations. Contrary to the expectations of clubs, agents and the players themselves, transnational trajectories are more often downward than upward.
For example, many Brazilians who first migrate to Portugal are unable to move up to better leagues and end up playing for Cypriot, Romanian or Armenian clubs. Similarly, many Irish and Welsh footballers who move to England fail to settle in this country and are subsequently re-transferred to Scotland. The only significant transnational circuit in which the intermediate
association is a stepping stone is that leading players from Argentina to Mexico through Chile.

Podemos ver também que o FC Porto está no quarto lugar do ranking de clubes que mais exporta jogadores de qualquer nacionalidade, com 16 jogadores. O Benfica está em 2º com 22 e o Sporting em 16º com 12. Este rácio de rotação do plantel torna mais evidente a necessidade de comprar e vender em permanência para equilibrar balanças comerciais, ao contrário de clubes como o Barcelona ou o Chelsea, que compram pouco mas bom.

Podem fazer download do relatório completo aqui ou em alternativa no site da PFPO. Vale a pena.

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E com Otamendi vão 9

Só hoje li sobre o interesse do Real Madrid em Otamendi. O suposto interesse, note-se.

Com este já vamos em 9 jogadores que já foram vendidos através da imprensa portuguesa depois do fecho do mercado de inverno: Hulk, Rolando, Fucile, Mariano, Cristián Rodríguez, Falcao, Álvaro Pereira e Ruben Micael.

Os jornais desportivos portugueses funcionam como um mau romancista: quando não conseguem inventar mais nenhum enredo plausível, retomam a velha história e siga a rusga. Com ou sem factos concretos.

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Vender é o melhor remédio

Mantorras.

Antes que os leitores portistas expludam em comentários à fraca qualidade das dobradiças do angolano e os benfiquistas rebentem em fúria porque mais um blog portista está a falar do Benfica, creio que o tema merece alguma análise.

Pedro Mantorras, na distante temporada de 2001/02, parecia desfazer tudo o que lhe aparecia à frente. Era rápido, ágil, forte, com boa técnica e remate potente. Era uma versão jovem de George Weah a falar um Português razoável. Jogava que se fartava e tanto o fez que por todo o mundo começaram a ecoar vozes que mostravam interesse na sua contratação. Luís Filipe Vieira, na altura homem forte do futebol da direcção de Manuel Vilarinho, espetou um rótulo de 18 milhões de contos (qualquer coisa como 90 milhões de euros) nas brevemente-frágeis pernas de Mantorras, como se fosse uma cláusula de rescisão astronómica para a altura, que seria replicada e até melhorada alguns anos mais tarde, quando Hulk viu o valor da sua própria cláusula marcado em 100 milhões na mesma moeda.

Mantorras, entretanto, lesionou-se gravemente. O futuro ficou comprometido e Pedro viu-se impedido de praticar a sua actividade profissional e acaba este fim-de-semana de anunciar o seu abandono da competição. Não sinto pena do rapaz a nível financeiro porque já deverá ter ganho o suficiente para se suster até um futuro bem longínquo, muito embora seja um benemérito para o povo angolano e merece o meu respeito por isso. Apesar do folclore mediático que o rodeou, é das figuras benfiquistas pelas quais nutro alguma simpatia porque parece ser um ilhéu de sanidade num oceano de arrogância e pedantismo que povoa aquela gente.

Mas toda a situação que rodeou esta triste notícia, todos os anos em que Mantorras esteve pouco mais que encostado a uma reforma prematura leva-me a pensar nas vendas que os clubes têm obrigatoriamente de fazer, especialmente os lusitanos que ano após ano não conseguem manter-se à tona sem “despachar” algumas das suas pérolas por vários milhões. Será que vale a pena aguentar um jogador que vale muito dinheiro em vez de o rentabilizar e fazer entrar dinheiro fresco para suportar a compra do next-big-thing? Vale a pena, para bem da qualidade de jogo de uma equipa, não colocar o dinheiro em caixa para permitir um futuro mais estável para o clube? Será que o Benfica, caso tivesse vendido Mantorras (não por 90 milhões mas talvez por 15 ou 20) na altura que recebeu ofertas, não estaria hoje um clube mais forte e estável financeiramente?

Nunca saberemos. Não estou a advogar a venda de Hulk, Falcao, Rolando ou Álvaro no final da temporada, longe disso. Mas o que é certo é que nunca se sabe o que o amanhã pode trazer e uma lesão grave, como quase acontecia com Anderson em 2006 ou Hulk em 2008, pode ditar o final da carreira de um grande jogador e com ele o prejuízo do clube tanto financeira como futebolisticamente…

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