Ouve lá ó Mister – Lille

Señor Lopetegui,

Isto é que está a ser uma semana de estreias, heim? Foi o primeiro jogo competitivo, o primeiro para o campeonato, o primeiro no Dragão…e agora segue-se o primeiro na Champions! Se houvesse uma praxe por cada um desses eventos, o meu caro amigo já estava mais carimbado que um passaporte de espião! Mas esta é diferente, oh se é. É uma daquelas sensações que se passa pela primeira vez e nunca mais o deixa, por muito que seja “apenas” uma pré-eliminatória, lá no fundo já vai ter a noção que está numa das provas mais importantes do Mundo, a jogar com os grandes, ombro-a-ombro com os Chelseas, os Bayernes e os Barcelonas desta vida. E está a 180 minutos de deixar de os ver ao longe, amarrados por um nagalho que quase não se distingue no meio da névoa de uma noite de quarta-feira com bola, onde só precisa de puxar com força suficiente para que entrem todos pela mesma porta, para as mesmas salas, com as mesmas armas.

O jogo não vai ser fácil, tire daí a cabeça. Afinal, o Lille ficou em terceiro no campeonato e tendo em conta que os primeiro foram PSG e Mónaco, não foi feito pequeno. Os gajos são lutadores, esforçam-se imenso e não dão uma bola por perdida, por isso é preciso ter cuidado nesse seu novo meio-campo, que não parece feito para combates rijos, de modo a tapar os buracos certos na altura certa. Não sei se a aposta em Ruben Neves vai continuar mas espero que o puto esteja pronto para isto. É outro nível, como sabe, por isso não convém deixar nada ao acaso especialmente neste arranque, onde não há espaço para falhas. Os extremos que ajudem a defender, os laterais que se acalmem nas linhas e os centrais que não hesitem quando receberem a bola. E tu, Fabiano, é bola para o quintal se for preciso!

Não querendo fazer do Lille um Real Madrid, o que me bate cá dentro é que vai ser complicado. Cabe-vos a vocês deixar a minha cabecinha descansada e tranquila, para poder passar um Outono agradável enquanto que vocês se preparam para várias semanas com jogos de três em três dias. Ah, que bom que é estar na Europa…

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Marítimo

Señor Lopetegui,

Se Dexter Morgan estivesse hoje pelos lados da Invicta, diria, no taciturno e frio modo de falar que o caracterizava (caracteriza? vejam o series finale e depois falamos *SPOILER ALERT!*): “Tonight’s the night”. E é mesmo. É esta noite que todos vamos acabar de pôr a pré-época para trás das costas, esquecer os estágios na Holanda e em Inglaterra, os jogos amigáveis e as torres no centro de treinos. Hoje, meu caro Julen, é que começa a doer.

Com toda a certeza que sabe o que esperar. Não somos adeptos fervorosos como os bizantinos ou os das ilhas gregas, cipriotas incluídos, para o bem ou para o mal. Somos gajos mais relaxados e na maioria das vezes vai ver que não havendo silêncio no estádio, grande parte do povo vai estar sentado nas suas cadeiras a apreciar o espectáculo, reclamando de vez em quando com um passe mal feito e sempre, mas sempre com a piadinha pronta a mandar para os companheiros de sector e, em não raras ocasiões, a proferir a versão própria do “I told you so” quando as coisas não correrem bem. É assim em todo o mundo, presumo, e nós não queremos ser excepções. Mas esta é a vida de um grande clube e se estava habituado a isso enquanto jogador, também o saberá quando estiver sentado no banco, ou de pé a ganir para o relvado como o tenho visto a fazer. Vença e terá um grupo de camaradas todos contentes e dispostos a pagar-lhe cañas sem fim. Perca e as forquilhas serão colocadas em riste e o espeto pronto para o tostar.

Não tenho expectativas altas para hoje. Quero uma vitória porque todos queremos arrancar bem e isso é que é o mais importante. Quanto aos jogadores que vai escolher, admito que sou parcial em relação ao Brahimi mas quanto ao resto deixo nas suas mãos. Afinal, são elas que nos vão guiar ao título. Ou pelo menos assim o espero. Bom jogo, bom arranque…e boa época!

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – West Bromwich Albion

Señor Lopetegui,

Chegamos ao último jogo de preparação, caríssimo. A partir daqui não há mais brincadeiras em campo, acabaram os treinos no relvado com público a assistir, terminaram as opções rotativas de jogadores atrás de jogadores lançados a feras amansadas para mostrarem o que valem. A partir da próxima segunda-feira as conversas serão outras, os adversários também e a exigência, oh, a exigência sobe para níveis que o Julen ainda não provou por terras lusas.

Se é desta experiência que estava à procura depois de sofrer essa pressão durante um mês de cada dois em dois anos, bem vindo às trincheiras. O jogo de hoje serve como um copinho de shot de sobremesa após alguns meses simpáticos de inovações nos treinos, de baralhar e torna a baralhar nos nomes dos moços que lhe apareceram na frente nos treinos, de diálogos calmos e testes mais ou menos complicados. Hoje é que se decidem os nomes, é que se fazem as últimas análises e se escolhem as estratégias a aplicar.

Por isso tem carta branca, mister. Invente lá o que lhe apetecer, ponha o Fabiano na lateral esquerda e o Maicon a ponta-de-lança. Experimente o Quaresma como terceiro central e o Sami à baliza. Faça o que lhe apetecer. Mas ponha os rapazes em condições para sexta-feira.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Everton

Señor Lopetegui,

Já vi que levou a comandita toda para Inglaterra, incluindo o violão do Helton e tudo! Isto é que vai ser uma rebaldaria em terras bifas, com dezenas de pints a escorrer pelas colectivas gargantas dos rapazes depois de meia-dúzia de treinos mais ou menos intensos, em passeios até Abbey Road e promenades tranquilas pelas urbes do nevoeiro e da comida insípida. Isso, ou vão aí para acabar de decidir a vida antes de começar a época em condições.

Aposto na segunda, para lhe ser sincero. Andei uns dias afastado destas lides e apesar de me manter ao corrente de tudo o que se vai passando, a verdade é que ainda estou hesitante em relação ao onze base que o meu caríssimo amigo me vai espetar em campo quando der um salto ao Dragão para ver o Marítimo na primeira jornada do campeonato. Vai ser uma semana de treinos intensos, de escolhas a fazer e de comentários irrisórios acerca da forma de A e B, da capacidade física de C e D, da potência de remate de E e F ou da possibilidade de alinhar na linha com G, H…ou, Deus me livre, talvez I. E nem cheguei ao J de Jackson, que renovou para grande satisfação aqui do portista residente.

Ainda assim, o jogo de hoje continua a ser de pré-época (menos para o Osman, que é de pós-carreira) e o que quero ver, raios, o que todos os portistas querem ver, é o que vai sendo feito da nossa equipa. Depois de lhe entregarmos tudo o que nos tem pedido, a malta começa a salivar com a potencialidade do que este conjunto de rapazes pode trazer. Hoje, ainda não começamos a cobrar, mas já começamos a querer ver alguma coisinha. Alguma coisinha, Julen, por favor.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Saint-Étienne

Señor Lopetegui,

Em nome de todos que vão estar hoje no Dragão, deixe-me dar-lhe as boas vindas. Sei que já o fiz no jogo contra o Genk, mas hoje é um dia especial para si porque este estádio onde hoje vai estar presente será a sua casa durante os próximos tempos. E como qualquer pessoa que se muda para um novo domicílio, convém entrar com o pé direito, com as superstições todas associadas a esse arranque que se quer tranquilo e bem humorado. É um dia diferente para todos os portistas que lá vão estar e que já não vêem a sua equipa a jogar no seu estádio há meses. MESES, meu caro! Custou, garanto-lhe.

E hoje é um dia especial para tantos outros que aparecem pela primeira vez para jogar no clube e que vão pela primeira vez mostrar o que valem em frente aos adeptos. O meu caro amigo ainda não sabe porque ainda não passou por isso, mas estes tolinhos de azul-e-branco que logo o vão aplaudir não são os mesmos que o vão acompanhar durante a época. É um dia especial porque as apresentações são sempre rodeadas de grande fausto, uma festa com dragões “verdadeiros” em campo, naquele habitual cerimonial de purgar os maus-olhados e as vibes negativas que ainda possam estar entranhadas depois da época passada e que todos queremos esquecer rapidamente. Por isso vai ser uma festarola cheia de famílias, malta simpática e bem-disposta, que estava disposto a apostar que na maioria dos casos nem sabe quem é o Brahimi e pensa que o Ricardo já foi guarda-redes do Sporting. Não leve a mal, aposto que é assim em todos os clubes grandes e nós não fugimos à regra. Mas também lá vão estar os dementes como eu, que vão abandonar a família às sextas-feiras à noite em dias de chuva para o ver a si e aos seus rapazes em jogos contra os Moreirenses e Rios Aves deste campeonato. Esses, meu caro, são os que servirão como juízes em causa própria daqui a uns meses.

Mas hoje, como já disse, hoje é uma rebaldaria de boa disposição. Uma vitória é sempre porreira mas o que interessa mais são as camisolas novas, as botas dos novos e os penteados dos antigos. Perceber se o treinador gosta de estar sentado no banco ou grita para o relvado de cinco em cinco segundos. Se faz substituições a qualquer altura ou se espera até ao último minuto. Esteja descansado porque ninguém lhe vai tirar a pinta hoje. Só queremos ver o FC Porto a jogar. It’s been too long.

Sou quem sabes,
Jorge

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