Ouve lá ó Mister – Académica

Mister Paulo,

Atravessamos tempos conturbados, homem. A equipa não joga uma pontinha de um corninho de caracol e move-se à mesma velocidade do bicho. Tem sido penoso ver o futebol que temos vindo a apresentar e apesar de todos sabermos que não há mal que sempre dure, já começamos a questionar a passagem do tempo por esta ridícula travessia do Kalaári. Foda-se, Paulo, uma vitória e cinco empates a um nos últimos cinco jogos?! E já não ganhamos para o campeonato desde Outubro?! Não pode ser, pá, não pode ser mesmo.

Já vi que convocaste o Carlos Eduardo. Até podia ser uma boa opção, o rapaz anda moralizado e precisamos de um rasgo diferente no meio-campo. E eu apostava no Ricardo. É novo, está cheio de força e os outros dois mais “velhotes” que lhe tapam o lugar parece que não atinam dois jogos seguidos. Sim, Varela e Licá, estou a falar também para vocêses.

Faz lá o que te lembrares para conseguires pôr os rapazes a jogar. Muda a táctica, abana as campaínhas das cabeçorras dos gajos, dá-lhes choques eléctricos, cospe-lhes nas fotografias dos filhos, põe imagens do Sousa Cintra em pelota no balneário, faz o que te der na cabeça. Mas impõe alguma ordem naquela comandita e faz com que os gajos entrem em campo com vontade de rasgar as camisolas dos adversários, de comer a relva com uma pitada de pimenta e de dar pontapés sucessivos nos postes quando falharem um remate. Põe-lhes os tomates no sítio, pá, age como chefe e massacra a mona deles para que não joguem com a mesma vontade de um miúdo em fazer os deveres de Matemática.

Faz o que quiseres. Mas ganha o jogo.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Áustria Viena

Mister Paulo,

Não preciso de te dizer que este jogo é importante porque já o sabes. E já o sabias há muito tempo, ainda antes da rocambolesca jornada dupla contra o Zenit, onde sacámos um ponto em seis depois de uma sequência de infantilidades, expulsões evitáveis e penalties (felizmente) falhados. E se estamos neste momento a lamentar essas oportunidades que tivémos ao nosso alcance e cuspimos fora como uma putéfia esquisita, a verdade é que a culpa é nossa e toda nossa. Tínhamos equipa para ganhar ao Zenit das duas vezes, cá e lá. Tínhamos equipa para ganhar ao Atlético no Dragão e botámos mais um toro na nossa própria fogueira. E tivémos equipa para ganhar a estes moços lá no Prater…será que me podes garantir que vamos voltar a tê-la aqui?

Depois do jogo de sábado, já não sei, palavra que não. Muitos viram um FC Porto a jogar bem, a trocar a bola, com o saco cheio de remates, percentagens altíssimas de posse de bola e um domínio do jogo que só não deu goleada porque a relva é verde e a bola rola para onde Deus quer. Já o Einstein dizia que o Barbas não joga aos dados com o universo, por isso deves interiorizar esta ideia: se as coisas acontecem, é por uma razão. Se te pões a defender um 1-0, vais-te lixar com F grande. Se continuas a ver os teus rapazes a trocar a bola na defesa com a capacidade técnica de um Mogrovejo a jogar de galochas, vais-te lixar com F grande. Se insistes que a equipa joga bem mas não tens coragem de lhes espetar duas lambadas quando notas (como todos notamos) que estão a baixar mais o ritmo que uma música de Marvin Gaye depois de uma rodada de Prodigy, vais-te lixar com F grande. E se não ganhas este jogo…vais-te foder mesmo, porque lixar já é um eufemismo muito simpático.

Então…no pressure.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Nacional

Mister Paulo,

Que saudades de ver o fêcêpê a jogar, rapaz. Todo este reboliço da selecção e da taça e dos sorteios da taça e da Bola de Ouro que afinal ainda pode ser do Ronaldo e do Vieira a levar nas trombas por causa do BPN e do Jesus que foi suspenso e do Quaresma que agora dizem que pode vir e do Otamendi a titular na Argentina e do russo que ninguém vê há meses…toda esta variadíssima panóplia de eventos e não-histórias estão a desfocar a minha atenção daquilo que é mais importante: o meu clube, a disputar o campeonato do meu país, onde continua em primeiro e que já não faz um jogo em condições (tirando contra o Sporting, vá) há meses. E hoje é o dia ideal para regressares às boas graças do povo, sabes porquê?

Porque é um jogo como tantos outros. Exactamente por ser um jogo como tantos outros, uma partida contra um adversário que pode ser mais complicado ou menos complicado mediante o que a tua equipa dizer em campo. E é nestas partidas que se tem de manter o ritmo, tão afectado neste nosso absurdo calendário com competições da treta e viagens da FIFA, é exactamente nestes jogos que podes marcar a diferença e dizer: “estamos cá. estamos a melhorar. estamos a crescer. e daqui a um bocadinho, sem que derem por isso, estamos a jogar bem.”. Hoje pode ser o dia em que evoluímos de um futebol desorganizado e displicente para uma máquina semi-oleada que dá gosto ver.

Vou para o Dragão cedinho. Vou parar na alameda onde estiverem a vender castanhas e vou-me sentar num degrau a comer esses pedaços de ardósia forrados a carvão, contente da vida a cumprir uma tradição pessoal que já data do tempo das Antas. Mudam-se os tempos, mudam os embrulhos, mudam os percursos para o estádio, mas não mudam as castanhas, não muda o gajo, não muda a tradição. Venham elas e depois, quentinhas e boas no meu estômago, vamos para a vitória. Siga.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Guimarães

Mister Paulo,

Não te posso dizer que esteja particularmente entusiasmado com o jogo de hoje. Estou a ser sincero, pá, como sou sempre. Talvez sejam ainda restos do jogo de quarta-feira que me deixou com a moral em baixo. Pode estar relacionado com o facto de ter levado uma bolada no focinho ontem de manhã que quase me punha um olho à Belenenses (pós-Mangala, imagina!), muito embora tenha reclamado incessantemente: “na cara não, caralho, que esse é o meu ganha-pão, ora fod…” e trau, lá foi a bola na tromba. Pode até ser pela chuva que vai caindo lá fora e que unta as estradas de um visco superficial que põe o povo doido.

Mas olha que o jogo de quarta-feira é capaz de ser o motivo mais importante dos três. E depois de beber três ou quatro finos e de sofrer durante todo o jogo à procura de uma vitória que nunca mais apareceu, fiquei desmoralizado. Triste, sabes, como se me tivessem feito um clister sem me avisarem. Por isso estou à espera de mais do mesmo neste jogo. Já vi que convocaste o Kelvin e apesar de não estar à espera que o puto seja titular, espero que o Ricardo seja. E espero que o Carlos Eduardo também seja. E o Josué. E o Maicon. Pronto, só esses, o resto deixo contigo.

Quero que saibas que para todos nós esta é uma prova secundária. Sempre foi, sempre será. Mas neste momento, Paulo, todos queremos vitórias. O FC Porto ganhou um jogo dos últimos quatro. Ouviste? Eu repito. Vencemos UM jogo dos últimos QUATRO. Se queres manter a malta do teu lado…não faças com que os 25% passem a 20%.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Zenit

Mister Paulo,

Estás a perder os adeptos a cada jogo que disputas. Aqueles noventa minutos de futebol que jogámos no fim-de-semana em Lisboa foi uma bela duma trampa fumegante e ninguém te vai deixar esquecer o que a equipa (não) fez numa partida que devia ter sido nossa logo desde o início e que deitaram a perder mesmo antes do Mangalho ter tido aquele AVC que mais fazia lembrar o colega do lado. Foi mau e tu sabes que foi mau, por isso tenho ainda menos paciência para desculpabilizações com o relvado e as linhas que eram brancas e confundiam-se com o equipamento e os jogadores ficaram alérgicos às flores do Pepe. Ba. Le. Las.

Hoje, a meio da tarde em Portugal e já de noite e frio na mãe Rússia, vais ter de provar que estamos todos enganados quando começamos a pensar que estás com as unhacas cortadas muito rente e que é tão provável sacares de um solo à Steve Vai como de pescares um espadarte com um pacote de gomas. Vais para cima deles porque temos de ganhar. Vais ganhar porque foste para cima deles. Não quero saber de Hulk ou até do Witsel que afinal já pode jogar (era bonito se os nossos pudessem ter o mesmo tratamento quando são expulsos, não é?), ou do Mijinhas ou do resto da comandita.

Ganhar é imperativo. Um empate, como diz o Jesus, é (mais) uma derrota.

Sou quem sabes,
Jorge

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