Ouve lá ó Mister – Académica

Estimado Professor,

Faça algumas contas aqui comigo. Vi agora que o Sporting ganhou ao Paços e está agora com onze pontos de vantagem à condição, como é evidente, o que vai fazer com que tenhamos de ganhar para lhes ganharmos mais oito pontos, o que implica que o Sporting tem de sofrer duas derrotas e um empate até à última jornada quando faltam agora quatro jogos. Ou seja, Gil Vicente e Estoril em Alvalade ou Belenenses e Nacional nos seus estádios têm de roubar os pontos que precisamos para chegar ao segundo lugar (se vencermos hoje, claro) e nós temos de vencer os jogos todos. Em Braga e Olhão, bem como no Dragão contra Rio Ave e Benfica. A conjugação de outros resultados também funciona mas dá mais trabalho, certo? Certo.

E é aqui que começo a hesitar quando vejo a convocatória. Olhar para cima é quase um exercício em futilidade e apesar de saber que o Estoril está perto, mas não me diga que só conseguiu mentalizar-se para descansar o Mangala e o Defour. Vão ser muito importantes na quinta-feira em Sevilha, não duvido, mas continuo a acreditar que o Danilo e o Alex Sandro não podem com a proverbial gata pela cauda e que podem estourar de vez na Andaluzia. É só uma opinião, caríssimo, como é evidente, mas não poderia experimentar o Victor Garcia ou o Quiño? Nem precisavam de ser os dois, bastava um. Percebo que queira levar os Bs a fechar a época em grande, mas preferia ver alguma rotação. Espere. Mas posso estar a falar sem conhecimento de causa e o meu amigo vai espetar com o Ricardo na lateral e o Kelvin na ala. Hmm. Até pode ser, mas acredito quando amanhã entrar no Dragão e vir os putos a aquecer.

Só mais uma coisinha: por favor diga ao Abdoulaye que está num piso mais escorregadio que um lago gelado. Ele que pense bem na vida.

Sou quem sabes,
Jorge

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Quaresma em discussão (permanente e interessante) no Lateral Esquerdo

29 de Março – Nunca perceberás, Ricardo…
30 de Março – Lá continua Quaresma…
1 de Abril – Ele é de facto capaz de fazer o que fazem os melhores do mundo
4 de Abril – O mito do maior talento em Portugal

Aprecio a grande maioria das análises e partilho de algumas da opiniões, mas dá-me sempre a sensação que o pessoal do Lateral Esquerdo seriam os melhores treinadores teóricos do Mundo mas provavelmente não conseguiriam fazer uma gestão de recursos humanos adequada ao futebol actual, muito menos ao novo-riquismo tuga. Ainda assim, caros leitores, sob o ponto de vista puramente técnico, partilham da opinião sobre o Quaresma?

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Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Sevilha

foto retirada de desporto.sapo.pt

Vencemos, mas não soube a vitória. Soube a falhanço, por muito que o resultado traga uma agridoce satisfação de não termos sofrido golos, que nem estiveram sequer perto de acontecer. Mas soube a falhanço porque depois de uma primeira parte com muita bola e um golo veio um segundo tempo onde se notaram tantos dos problemas que têm vindo a marcar esta temporada, especialmente estes últimos jogos. Faltaram pernas e seguiu-se a falta de cabeça…ou terá sido ao contrário? Não sei, sinceramente, mas acredito que as duas ausências deixaram uma tremenda incapacidade de furar contra um adversário que nos é inferior mas que conseguiu um resultado simpático à custa das nossas lacunas, físicas, tácticas e especialmente mentais. Um desperdício, foi o que foi. Vamos a notas:

(+) Defour, enquanto teve pilhas. Correr por dois cansa a dobrar, ao que parece. Foi isso que Defour fez hoje, ajudando Fernando atrás mas cobrindo o terreno que Carlos Eduardo deveria percorrer, o espaço que o brasileiro nunca ocupou foi o belga que tratou de encher. E ainda teve tempo para ser dos primeiros a pressionar os centrais e Beto, sempre em esforço mas a empurrar a equipa para a frente. Excelente remate ao poste…mais um…

(+) Reyes e Mangala. Apesar do francês ter feito uma daquelas palermices que por vezes se lembra de fazer, tentando sair com a bola controlada de uma zona impossível, ambos estiveram bem. Bacca quase não cheirou a bola e o mexicano esteve muito bem na cobertura e no posicionamento, com noção perfeita de onde estava o seu colega, ajudando a cobrir bem as subidas de Danilo e incentivando a equipa nas bolas paradas. Mangala, pelo golo e pela forma como conseguiu impôr o físico e desequilibrar no meio-campo, foi importante especialmente na primeira parte.

(-) Quaresma. Teve dois lances estupendos, um remate de primeira depois de um balão que lhe foi enviado do lado esquerdo e que deixou Beto com as mãos a arder; outro, no final do jogo, depois de (mais) um livre por si cobrado, onde aproveitou o ressalto para atirar outra bola ao poste. Mas é no resto do tempo de jogo que Quaresma não conseguiu brilhar, em grande parte por culpa própria. É verdade que somos parciais na tolerância que damos a Quaresma (quando digo “nós” refiro-me aos adeptos de estádio) mas nunca se sabe quando é que vai sair um lance genial que nos faz esquecer o resto dos minutos passados com a bola tempo demais perto dos pés, as inúmeras fintas inconsequentes e as perdas de bola quando pode passar a bola para o colega do lado mas insiste em tentar fazer tudo sozinho. Quando Quaresma está numa noite destas, em que pensa demasiado nele e menos na equipa, todos perdem, a começar por ele.

(-) Carlos Eduardo. Fez seis jogos a titular com Luís Castro, foi substituído em cinco deles, sempre por volta dos 60 minutos e sempre por sub-rendimento. E continuo a não perceber como é que um homem que joga numa posição criativa consegue passar tanto tempo alheado do jogo, sem se desmarcar para ganhar posição ou criar linhas de passe para conseguir receber a bola. Foge do jogo, esconde-se no meio dos médios adversários e quando recebe a bola raramente passa mais de dois segundos com ela nos pés, passando de imediato e fugindo outra vez para uma zona onde não a pode receber. Actualmente temos um jogador a menos em campo quando Carlos Eduardo lá está.

(-) Façam treinos técnicos, por favor. Não consigo ser mais directo que isto: este é o pior FC Porto em nível técnico dos últimos dez anos. Lula, Jankauskas, Tomás Costa e Mariano González envergonhariam alguns dos executantes do nosso plantel actual a nível do passe ou do cruzamento. É altura de alguém conseguir explicar aqueles rapazes que se aprende toda a vida e que é inadmissível falhar tantos passes e cruzar tantas vezes para a bancada ou directamente para o primeiro cornaduro que aparece na frente.

(-) A expulsão de Fernando. Ao ritmo de uma mãe com o filho dobrado nas pernas, de rabo espetado para cima: “Não. Podes. Reclamar. Com. Os. Árbitros. Dessa. Maneira!”.

(-) E com as pernas foi a cabeça. O Sevilha é uma equipa banal. There, I said it. Qualquer equipa que tenha o Daniel Carriço como titular não nos pode meter medo, por isso fiquei tão desiludido quando vi que no início da segunda parte, quando pensei que o Sevilha viria com alguma força durante dez minutos para tentar marcar um golo e recuaria depois de acalmarmos o jogo e retomarmos o domínio da partida, o FC Porto entregou a bola voluntariamente aos moços. Numa altura em que era preciso pernas, não houve. E a cabeça foi atrás das gâmbias, porque já começava a ser complicado para Danilo e Alex Sandro aguentar constantes subidas pelos flancos (e descansar um deles? ou os dois? isso é que era!) e para Quaresma e Varela ajudar a defender as laterais. O meio-campo então desfez-se com a saída de Defour, porque Quintero entrou perdido e Herrera medroso. Foi penoso ver a equipa no final do jogo, sem força nem alma, exaustos depois de um jogo que não foi tão exigente como tantos outros que já disputámos…


Não foi um 1-0 como o resultado que conseguimos frente ao Nápoles aqui há umas semanas. Será suficiente? Vamos à Andaluzia sem Fernando e sem Jackson…com Defour a trinco e Ghilas na frente, talvez? Não faço ideia. Só sei que no Domingo prefiro ver meia equipa B no Dragão para ver se alguns rapazes descansam as pernas e a cabeça…

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Ouve lá ó Mister – Sevilha

Estimado Professor,

Dão-se alvíssaras a quem ainda estiver preocupado com o campeonato, como sabe. E a malta, como é hábito nestas situações e por muito que seja um hábito que ninguém quer que se torne…habitual, vira-se para o resto das competições em que estamos envolvidos. E esta, como é evidente, é a jóia de uma coroa que já levou pancada da grossa este ano mas que ainda parece ter uma pequenina luz ao fundo do túnel e que nos pode catapultar para um sucesso que parecia já arredado dos nossos livros. Por isso, convido-o a fazer uma pequenina viagem comigo ao que pode ser o final da temporada.

Campeonato, com a santa snaita do apito. A Taça de Portugal vai simpática mas difícil, tendo em conta que vamos jogar a segunda mão na Luz contra uma equipa cheia de moral que não vai inventar em poupanças dos melhores jogadores como fez no Dragão, por isso podemos esperar um terreno minado com Markoviques e Énzos a rodos. A Taça da Liga, que ainda nos foge, vai depender de mais um jogo em casa contra essa mesma equipa de íques e que nunca se sabe no que pode dar. Mas a Liga Europa…ah, isso pode ser uma beleza. E o Sevilha, por muito que o nome possa assustar um bocadinho, não é melhor que o Nápoles, que o meu caro amigo arrumou com valia e sofrimento mas que fez por merecer a passagem tanto cá como lá. Esta é a nossa competição de honra, aquela a que temos de apontar com todas as baterias anti-terra, anti-ar, anti-tudo-o-que-nos-mandarem-para-cima, até que possamos chegar a Turim no dia 14 de Maio. Venham os Baccas, os Rakitiques e os Fazios. Atirem-nos com o Beto, o Carriço ou o Gameiro. Até o Coke, o animal do defesa direito que joga como o Maxi Pereira ou o Marin, que voa como o Gaitán. Olhe para uma equipa de vermelho e transformem-se em touros, carago, lute com tudo o que puder e tiver para sacarmos um bom resultado. Vai chover, trovejar, o mundo vai explodir à sua volta. Faça com que o Sevilha lamente ter chegado tão longe!

Sou quem sabes,
Jorge

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