Isto já não vai lá com palmas e incentivos

Há duas coisas que me fazem uma azia do caraças quando analiso a performance do nosso treinador. A primeira é o discurso, a forma como parece estar sempre com um dicionário de clichés da bola entreaberto no bolso do casaco, buscando cansativamente a forma mais ridiculamente eufemística de falar sobre o jogo que terminou ou o que por aí vem. Mais do primeiro que do segundo, porque ainda nutro aquela fugaz esperança que “é desta, carago, é desta que vamos começar a jogar em condições!” antes de mais um jogo…que rapidamente se esfuma como um dente-de-leão ao vento mal passam os primeiros dez minutos, altura em que começo a coçar a cabeça e a endireitar-me na cadeira com um misto de sono, enfado e nervosismo que não faz bem a nenhum sistema nervoso. Chateiam-me, portanto, as frases do “as coisas não correram bem” ou “houve grandes dificuldades” quando perdemos (e que raio de hábito estamos agora a readquirir, esta coisa de falar das nossas derrotas), e “um jogo à Porto”, “momentos de excelente futebol” e “soubemos contornar um adversário difícil” quando vencemos. Há um jogo na cabeça de Fonseca e outro na visão dos adeptos e que o Altíssimo me perdoe mas raramente são idênticos.

A segunda parcela que compõe a soma de todos os medos em que se está a traduzir esta temporada é a mais importante das duas: a forma como se está a lidar com os erros. Compreendo que há diferentes formas de abordar o mesmo problema e garanto que não preciso de ter um doente como Jesus, que salta e grita no banco como se fosse um chimpanzé cheio de fome entupido com anfetaminas. Acredito que quase nenhum jogador o ouve e mesmo os que ouvem devem deixar passar ao lado os guinchos e as instruções tácticas, que entram por um ouvido e saem pelo outro numa atmosfera de jogo. Quem já esteve dentro de campo e ouviu o seu treinador a ganir percebe que a maioria das vezes o espectáculo é orientado para o público e pouco mais. Mas o que tenho vindo a assistir é a uma passividade tremenda, aliada a aplausos constantes e a incentivos para o relvado, como se os rapazes estivessem cobertos de um manto de invulnerabilidade e que não pudessem errar. Oh, mas podem e erram e erram MUITO. Lembro-me de Robson e das exigentes declarações pré e pós-jogo (Quinzinho que o diga, ele que só podia dançar se marcasse três ou cinco golos – já não me lembro do número certo – mas nunca apenas com um tento apontado), da forma rija com que saltava do banco a gritar naquele misto de linguagem que só Sir Bobby conseguiu atingir na perfeição, e quando o casaco voasse os tipos sabiam que a malga de sopa já estava quebrada no pavimento. Sim, os tempos eram diferentes, os egos eram muito diferentes e o estatuto de Robson permitia-lhe esse tipo de reacções a quente que os jogadores acatavam e seguiam a peito. Mas aplausos para constantes passes falhados sem intenção nem aparente vontade de melhorar? Palminhas para um cruzamento que sai todo torto, um remate fácil que leva a uma situação de jogo desperdiçada? Incentivos quando o rapaz tira o pé da bola ou se desorienta pela quarta vez durante o jogo porque ainda não se apercebeu que o adversário aparece constantemente no ataque com mais gente que a sua própria equipa? Really?! Parece haver uma sensação de facilidade, de pouca exigência, de permissividade para com comportamentos indolentes e acima de tudo para quem não mostra estar à altura de representar o clube todas as semanas. Se Fonseca ainda quiser ganhar o carinho dos adeptos, tem de mudar a atitude. Tem de deixar de ser amigo dos jogadores para passar finalmente a ser chefe. Patrão. Pai, se quiserem.

Dizia-me o Waldorf (vou insistir na metáfora) no Domingo: “Se o Robson estivesse aqui, todos os jogos deste ano acabavam com o Paulinho a trazer as bolas para os gajos treinarem depois de acabar!”. Sinto-me tentado a concordar.

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 0 Paços de Ferreira

Enquanto escrevo e ouço o vento lá fora a soar como se um esquadrão de 767s estivesse continuamente a rondar os céus da minha casa, questiono-me do porquê de ter saído do conforto do lar para enfrentar os elementos, empenhadíssimos em travar uma batalha sem tréguas contra a pobre raça portuguesa, e deslocar-me até ao Dragão para ver um FC Porto que semana após semana continua a exibir as mesmas dificuldades, os mesmos problemas e sem mostrar grandes soluções para os resolver. O resultado é enganador porque pode indiciar para alguém que não tenha visto o jogo que houve bom futebol, jogadas de entendimento e uma equipa que se exibiu a um nível acima da média. Desengane-se pois, caro leitor. Foi uma bela merda, mais uma vez. Notas, se o vento permitir, aqui abaixo:

(+) Herrera. Está a ser interessante ver a evolução do mexicano. Continua com alguns momentos em que lhe pára o cérebro mas intercala-os com um sentido prático apurado no meio-campo e na definição de lances ofensivos. Trabalha muito e parece querer estar sempre em constante movimentação, pressionando o adversário e ajudando a defender para tapar as subidas dos laterais (hoje apareceu várias vezes a tapar o corredor de Alex Sandro) com alguma eficiência. Quero continuar a vê-lo a jogar e mesmo percebendo que nunca será um Moutinho, ao menos que consiga ser o box-to-box que precisamos há algum tempo.

(+) Helton. Uma defesa elástica depois de um grande remate de Seri (este puto que foi nosso no ano passado, algum motivo decente para o termos despachado para Paços?! temos alguma coisa contra marfinenses?!) e mais algumas defesas de bom nível, incluindo uma mancha a remate de Bébé ainda na primeira parte. Segurou a vantagem e esteve seguro, não se pode pedir mais. Teve apenas uma falha, talvez por causa do vento e da chuva (se soo a desculpadista…ponham-se no lugar de um guarda-redes a jogar com um temporal destes e depois falamos), em que socou a bola para trás mas os defesas livraram-no de ficar com o rabo quente.

(+) Licá. É verdade que os números podem enganar, já que esteve em campo apenas doze minutos, mas a grande diferença está exactamente aí: no timing da sua entrada em jogo. Não se colou à linha e jogou numa zona mais central onde esteve mais “solto” e sem precisar de se prender a aplicações tácticas e outro tipo de nuances que, francamente, não tem mostrado conseguir assimilar. Assim é que Licá pode ser útil, recuando para ajudar no meio-campo ao mesmo tempo que joga numa espécie de “inside-forward”, no espaço criado pelas movimentações mais atabalhoadas que um adversário a perder e desesperado por tentar marcar habitualmente concede. Assim, ainda pode dar mais alguma coisa que as habituais perdas de bola e dribles infrutíferos pela linha.

(-) Josué Uma lata cheia de trampa, foi o que fizeste hoje, meu caro. Não me lembro de te ver a acertar num único passe decente a não ser para Varela num fora-de-jogo que na altura me deixou dúvidas. Passes atrás de passes com má direcção, mau discernimento do posicionamento dos colegas, força desajustada da necessidade e uma movimentação a meio-campo tão inepta que raramente recebeste a bola em condições mesmo não estando a ser marcado em cima. Em suma, como diz o Waldorf sentado ao meu lado (eu, como já devem ter percebido, posso ser o Statler), “este gajo pode ser um box-to-box jeitoso, mas nunca um organizador de jogo!”. Concordo.

(-) Uma equipa cheia de medos e vazia de ideias Três exemplos simples conseguem descrever o FC Porto de hoje: Danilo recebe a bola na lateral, vê Quintero no meio e Quaresma pela sua direita com linhas de passe fáceis e possivelmente eficazes, mas opta por procurar a zona central, envolvendo-se no mesmo percurso acidentado do costume com três adversários, um dos quais lhe tira a bola com facilidade e o defesa-direito não consegue recuperar a posição, abrindo espaço no corredor direito para o contra-ataque adversário; Abdoulaye vê Danilo na diagonal, tapado por um jogador do Paços. À imagem de Maicon aqui há umas semanas, não pode deixar de ver que se lhe tenta endossar a bola, esta vai ser facilmente interceptada por um adversário. Opta então por um passe para…you guessed it, Danilo, com a força de cinco Guaríns, que vai directamente para fora, saindo pela linha uns bons quatro metros ao lado do brasileiro; Varela, num contra-ataque em que está como de costume sozinho, enfrenta três jogadores do Paços de cabeça enfiada no chão e sente Alex Sandro uns bons vinte metros atrás de si. Progride no terreno sempre a encostar-se para a linha lateral, devagar, devagarinho, até que não sabendo o que fazer com a bola, em vez de rodar para trás e atrasar para o colega, tenta fintar os três…e não passa do primeiro. Este tipo de lances acontecem com maior frequência do que seria admissível em escalões de formação onde os putos ainda não têm sequer um mínimo brotar de pilosidade facial. Fonseca, do banco, aposto que estava a aplaudir e a incentivar os rapazes. Paulo, isto já não vai lá com palavras fofas.

(-) Quem é que vai apanhar este temporal…para assobiar?!A uma dada altura, vários segundos depois de um fora-de-jogo ter sido apontado ao ataque do FC Porto e os resmungadores oficiais terem acalmado a excitação, ouviu-se na minha bancada uma voz forte e solitária: “FODA-SE!”. Pouco tempo depois, começaram os assobios. Não sei se foi o senhor grunho que despoletou a turba, mas a partir daí foi uma parvoíce sempre que algum jogador perdia a bola. Um assobiador caseiro é tão útil num estádio de futebol como um terceiro testículo: só atrapalha.


E depois do derby da capital? Ficaremos a depender só de nós? Tem a palavra o Sporting.

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Ouve lá ó Mister – Paços de Ferreira

Mister Paulo,

Bons dias, caríssimo. Parece que há jogo no Dragão hoje à tarde e tenho a certeza que vais estar lá, no banco onde tantos outros aspiram a estar, ao lado de jogadores que milhares de equipa por esse mundo fora matariam a avó e os cães para os terem nas suas formações, usando o fato oficial do clube que agora te paga o ordenado. E devo dizer-te que até agora, poucas têm sido as vezes em que olho para ti e vejo um treinador que de facto consegue fazer encher de orgulho o peito de muitos portistas, e incluo-me nesse lote. Começas a ter pouco tempo para te livrares deste que foi dos piores inícios de época que me lembro. Não sou propriamente um gajo de muita idade, mas do alto dos meus trinta e tais já acompanhei dezenas de arranques, muitos deles com treinadores novinhos em folha, e não me estás a dar grandes motivos para te bater palmas de pé. Nem sentado. Nem numa espreguiçadeira com meia-dúzia de mojitos e gajas com saias de palha a abanar gigantes folhas de palmeira enquanto suaves melodias polinésias ecoam no fundo, complementando o som do mar a galgar as delicadas areias de uma qualquer praia num paraíso distante. Nota-se que estou farto da chuva?

E já viste a cabrona da coincidência cósmica do jogo de hoje? É isso mesmo, hoje jogamos contra a tua antiga equipa, com quem terminaste o campeonato num honroso terceiro lugar…e vais defrontá-los ocupando exactamente esse mesmo terceiro lugar! É do caralho, não é, Paulo? E se não estivesses no FC Porto mas sim no Chaves ou no Belenenses, ou até mesmo numa outra equipa com o título oficial de “meh, who cares?”, isso seria um feito digno de telefonar para casa e contar à mãe para ela deixar de te comer a cabecinha por teres escolhido uma profissão tão desgastante. Mas não é. É trampa, Paulo. Estar em terceiro é equivalente a esterco no nosso clube desde há muito tempo e por isso espero que hoje recuperes pelo menos dois pontos em relação aos fulanos da capital que ao que parece vão jogar entre eles quarenta e cinco minutos antes de os teus entrarem em campo. Só espero que não se atrasem, seria uma forma de troçarem das instituições e blá blá blá verdade desportiva yadda yadda yadda os dentes da Thatcher e coisas do género. Entra para ganhar, arruma com os gajos e faz-nos acreditar que ainda podemos lá chegar. A minha esperança, como sabes, não anda nos seus melhores dias.

Dou-te duas opiniões tácticas para terminar: tira o Licá da ala, teve piada durante algum tempo, já todos nos rimos, mas já chega. E já que não tens o Carlos Eduardo, que tal experimentares o Quintero a titular? Nunca se sabe, pode ser uma boa surpresa!

Sou quem sabes,
Jorge

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Somos nós que pomos o barro nos pés dos ídolos

Olhando para a lista que está aqui em cima, conseguimos perceber uma coisa: de todos os jogadores que venceram a final Liga Europa há três anos (sim, amigos, só passaram três anos desde Dublin), apenas quatro permanecem no plantel do FC Porto, aos quais se soma Walter que continua a tentar perder peso pelos diversos ginásios brasileiros por onde já passou. Esta equipa, que se pode discutir ter sido uma das melhores da história do clube, foi uma das mais vitoriosas e eficientes, com quatro troféus nessa aparentemente longínqua época de 2010/2011. E os jogadores eram apoiados pelas massas, elevados a heróis pelos adeptos e liderados por um rapaz que chegou, viu e venceu quase tudo que tinha para vencer, com um plantel pouco renovado depois de uma temporada de 2009/2010 onde apenas tínhamos ganho a Taça de Portugal e onde o terceiro lugar no campeonato tinha sido meritório tal a fraca qualidade do futebol de Jesualdo que tinha então perdido dois elementos fundamentais (Lucho e Lisandro) e onde Hulk e Sapunaru atravessaram aquele nada-salomónico castigo depois das ridículas peripécias do túnel da Luz.

Deste grupo, Nico Otamendi foi o último a sair e Fernando esteve, ao que consta, bastante perto de embrulhar a carreira que o fez subir a pulso pela mão de Jesualdo, evoluir com Villas-Boas, estabelecer-se como incontestável sob Vitor Pereira e continuando assim com Paulo Fonseca, apesar da estratégia não o favorecer desde o início da temporada. Já Otamendi vinha numa espiral descendente que começou no início da temporada passada e que continuou com o crescendo de forma e maturidade de Mangala e a subida de Maicon para a titularidade graças a uma sequência infeliz de jogos do argentino. Tudo isto são factos e é muito giro falar sobre eles depois dos actos estarem consumados. Mas olhando novamente para a tabela, há algo que me deixa triste: poucos saíram de bem com o clube, os adeptos, depois de declarações agressivas, ameaças, castigos nos treinos e nas convocatórias e um mal-estar geral que se alastrou durante dois ou três anos. E é algo que dura há mais tempo se nos lembrarmos dos casos de Maniche, Costinha, Paulo Assunção, Bruno Alves, Cristián Rodriguez ou Fucile, só para falar nos últimos dez anos.

A saída do argentino é mais um sinal do decaimento dos valores antigos e da forma como os adeptos se ligavam a um jogador como se fosse um amigo com quem tomavam um café de vez em quando. E o principal responsável por tudo isto é o futebol moderno e a baloiçante estratégia mercantilista que tomámos há vários anos, quando começámos a criar a imagem de um clube que compra barato e vende caro e que faz com que todos os jogadores passem a ser conhecidos pelo valor de mercado em vez da inata audácia competitiva dos heróis de azul-e-branco de outrora em captivar os adeptos e atrair o povo para o estádio. Somos actualmente a imagem viva da faceta do futebol mais fria e mais distante da apreciação de um talento e da capacidade humana. Transformámos os nomes em números e estamos a caminhar de uma forma perene para um abismo em que as alegrias que temos enquanto vemos os nomes empalidece perante o assombro de uma meia-dúzia de euros que nunca veremos a não ser na criação de mais um ou dois monstros económicos ao nível da dívida externa de países do terceiro mundo. Otamendi, como vários Otamendis antes dele, saiu por uma porta pequena depois de nos ter dado tanto em tão pouco tempo. Três campeonatos, uma Liga Europa e uma batelada de troféus depois, a saída do argentino deixa mais um vazio, não no centro da defesa onde talvez já tivesse dado o que nos tinha a dar, mas na ligação do adepto com o seu ídolo. Culpa dele? Culpa nossa? Culpa de todos.

Não admira que cada vez haja mais movimentos saudosistas para trazer de volta o brilho nos olhos dos adeptos que ainda gostam de futebol pelo futebol. É que como tantos outros, começo a ficar farto de ser tratado como um número.

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 1 Estoril

Continua a ser difícil ver o FC Porto a jogar sem ficar extremamente nervoso e a entrar num remoinho de insatisfação e desespero geral pelo estado do nosso futebol. Hoje foi mais um exemplo de uma equipa desconexa, com pouca inspiração individual e uma confrangedora falta de motivação, agressividade e vontade de praticar um futebol consistente, inteligente, prático, digno do clube que todos aqueles jogadores representam. Salvaram-se alguns do fogo que parece lavrar continuamente por debaixo dos rabinhos colectivos e a passagem às meias-finais aparece caída de um lance quase perdido em que Ghilas aparece finalmente numa zona de finalização, ele que passou o pouco jogo que teve encostado a uma das alas. Não vejo quase nada que me motive no FC Porto actual. A notas, que se faz tarde:

(+) Quaresma. Todos sabemos que gosta de jogar sozinho, que opta pelo lance individual em virtude do enorme talento que tem e que assume os lances na pele porque acredita que consegue ser a mais-valia que todos queremos que seja. Mas hoje trabalhou para o grupo, para o colectivo, mantendo a veia individualista que o caracteriza mas tentando entender-se com Danilo (desentendendo-se várias vezes) mas sempre a procurar a baliza e a produtividade acima da baixíssima média da equipa. Esforçou-se e merece aplausos por isso.

(+) Herrera (na segunda parte). Há qualquer coisa de estranho e fascinante no jovem Hector, que de um momento para o outro um jogador lento que se arrasta em campo e falha simples passes de dez metros se transforma num rápido box-to-box que recolhe a bola em zonas recuadas e percebe as deambulações dos colegas para lhes endossar a bola de uma forma correcta, com passes pesados e dirigidos na perfeição e que ajuda a movimentar o jogo ofensivo de uma forma simples e prática. Se durasse um jogo inteiro a esse nível seria titularíssimo.

(+) Danilo. Esforçou-se e há que lhe dar mérito por isso. Surgiu várias vezes em zonas adiantadas pronto para rematar e tentou corrigir alguma falta de entendimento com um dos jogadores mais complicados de agregar em tarefas colectivas que temos e tivemos nos últimos dez anos. Falha muitos passes e perde bolas em demasia no approach ao ataque, mas se melhorar nesse aspecto podemos finalmente ter um defesa lateral direito que suba no terreno em condições.

(-) Mais uma vez, onze gajos, zero equipa Começo a compreender um bocadinho sobre futebol ao passar dos treze anos, quando Carlos Alberto Silva comandava então os nossos destinos em campo. Segui com a segunda vinda de Ivic, admirei a chegada de Robson, tentava perceber as opções de Oliveira, as hesitações de Fernando Santos, a ultra-defensividade de Octávio e a rigidez táctica de Mourinho. Estranhei a chegada de Del Neri, agoirei a saída de Fernandez, cuspi veneno com Couceiro e enervei-me com Adriaanse. Aborreci-me com Jesualdo, exultei Villas-Boas e quase adormecia com Vitor Pereira. Mas este FC Porto, esta pseudo-equipa que vejo semana após semana com as nossas camisolas, consegue colocar-me num estado de ansiedade do qual dificilmente sairei até que consiga ver algum lampejo de estrutura, de futebol organizado e em que os jogadores estão de facto a interpretar um guião teórico através do talento que todos têm e que parece andar fugido como um católico na Inglaterra da virgem Isabel. Somos um pedaço de gelatina num ventoso e lacrimejante dia de Outono, em que o sabor dos componentes se perde ao primeiro sinal de contrariedade, onde um jogador vale por si e poucos fazem com que o grupo valha como tal. Fracos. Somos fracos de corpo e mente e não tardará muito até os azares começarem e os resultados falarão por si, como até agora têm vindo a fazer.

(-) A contínua escolha de Licá como “extremo” O rapaz não é extremo, Fonseca. Não é. Por muito que o queiras usar como tal, não é. Não consegue receber a bola na linha e controlá-la para prosseguir a jogada. Não é bom no 1×1, não cruza bem e claramente não faz diagonais com a bola dominada. Estar sempre a colocá-lo nesses impróprios lugares é desfazer a imagem do jogador que luta sem produzir e apanha assobiadelas sem merecer.


Benfica na Taça. Benfica na outra Taça, se nos deixarem jogar. Benfica no campeonato. Raios, até podemos apanhar o Benfica na Liga Europa. É Benfica a mais, sinceramente.

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