Na estante da Porta19 – Nº10

 

No seu estilo tradicional, com o lirismo necessário para as situações adequadas, Álvaro Magalhães traz-nos a “História Natural do Futebol“, um olhar sobre a evolução do desporto que todos amamos desde as raízes da civilização humana, quando o Homem começou a pontapear as pedras que encontrava nos cantos da sua caverna até que se lembrou de pegar num livro e anotar algumas regras para que os amigos unga-bungas não estivessem “fora-de-caverna” quando recebessem a próxima pedra. E por aí fora, pelos meandros da nossa evolução humana, o amor ao desporto fez com que raças se juntassem, cidades caíssem, amores desabrochassem e facas voassem numa amálgama de fúria, ansiedade, devoção e paixão incondicional. Uma espécie de Boavista vs FC Porto nos bons velhos tempos, pronto. Vale bem a pena e é uma leitura divertida e interessante para amantes da modalidade e não só.

Sugestões de locais para compra:

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Vai ser um belo final de Fevereiro, vai…

Apurados em lugar Apurados em lugar
Schalke Arsenal
Málaga Milan
Borussia Dortmund Real Madrid
Juventus Shakhtar Donetsk
Bayern München Valencia
Barcelona Celtic
Manchester United Galatasaray

 

É verdade que o horizonte fica mais complicado. Ainda podíamos sonhar em apanhar qualquer uma das equipas abaixo do Real Madrid, ao passo que do grupo dos potenciais adversários do primeiro pote…porra. Mas se pensarmos bem temos ali alguns carrascos passados que evitamos. Arsenal e Ronaldo estão fora das contas, o que já não é mau de todo. Mas o resto…dois ex-adversários em finais europeias, um que nos eliminou nas meias, outro nos quartos, outro nos oitavos. E depois só o Málaga e o Dortmund.

Se me deixassem escolher, escolhia o Schalke. Ainda me está atravessado aquele jogaço do Neuer que já lá não está. E os golos falhados por trilhões de jogadores (Tarik, Quaresma, Farías, you name it…) e que qualquer um nos tinha posto nos quartos.

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Baías e Baronis – Paris Saint-Germain 2 vs 1 FC Porto

foto retirada de desporto.sapo.pt

Começo a ficar chateado com o que se tem vindo a passar com a equipa do FC Porto. Dois jogos, duas derrotas e duas enormes doses de azar em cada uma delas. Saímos de Paris com a cabeça enfiada numa camisola de gola alta, com a vergonha de uma derrota que surge depois de um lance que ninguém pode evitar a não ser o principal actor na tragicómica actuação que deu o segundo golo dos novos-ricos. Mas o FC Porto, com alguns problemas que foram pontuais e que de uma forma curiosa funcionaram como um espelho do jogo da primeira mão no Dragão, esteve no jogo para o vencer e não (sempre) para aguentar o empate. A não ser naqueles primeiros 15/20 minutos da segunda parte, quando se acomodaram tempo suficiente para permitir que a sorte sorrisse aos gajos lá do burgo. Não gosto de perder e custa-me ainda mais perder quando não é totalmente merecido. Mas neste tipo de competição contra uma equipa que está aproximadamente ao nosso nível…acontece. Segundo lugar, venham os primeiros! Notas abaixo:

 

(+) A dupla de centrais Estiveram ao mesmo nível que no jogo do Dragão, com a pequena nuance que Maicon deu o lugar a Mangala mas a qualidade da exibição não foi afectada. Otamendi esteve mais uma vez em grande, intercepções perfeitas, posicionamentos certíssimos, agressividade correcta, cortes milimétricos de carrinho e acima de tudo uma vontade inabalável de fazer explodir tudo o que fosse francês ou que lá pagasse impostos. Mangala esteve também muito acima da média contra a “sua” equipa, agressivo no contacto, forte no choque e agressivo no transporte da bola para a frente. Com estes centrais, Maicon e Abdoulaye na margem, não tenho problemas no centro.

(+) Alex Sandro Excelente na luta contra Lavezzi, é forte e resiste ao choque de uma forma firme, forte, com intensidade, com garra. Gosto de o ver nas diagonais para o centro com a bola controlada no pé direito, sempre com os olhos paralelos à relva, a ver Moutinho ou Lucho para funcionar na triangulação, Gosto de o ver a subir mas essa já é a parte conhecida. O que estou mesmo a gostar é o de ver a defender, com critério na intercepção, inteligência no posicionamento e cada vez menos displicência na saída com a bola. Esteve muito bem.

 

(-) Os melhores no Dragão foram os piores em Paris Fernando e Varela estiveram em baixo hoje no Parc des Princes. O médio complicou em demasia a posição que deve ser das mais práticas e simples em campo. Bola chega, bola sai. Rasteira na construção, rápida na recuperação. Não tem muito que saber se o jogador é bom (e como neste caso estou a falar de Fernando, não tenho dúvida quanto à valia do rapaz) mas hoje tudo pareceu sair com excessivas brincadeiras e pouco sentido prático. O homem tentou fazer TRÊS “cuecas” sem o conseguir. TRÊS! E Varela esteve ao nível de 2011, sem brilho, a escorregar nos momentos mais certos para os contra-ataques do PSG e sem qualquer produtividade visível no ataque da equipa. Ambos saíram de campo tarde demais.

(-) O frango de Helton Foda-se. É isso, só isso. Acontece aos melhores. Foda-se.

(-) As bolas paradas Mais um golo sofrido de bola parada e é impossível deixar de correlacionar o tipo de lances do género com os golos sofridos pelo FC Porto. Não consigo perceber como é que um dos melhores jogadores do adversário em termos de bolas impactadas com a cornadura se deixa andar solto, com uma marcação à zona tão fraca. Somos uma equipa pequena? É verdade. Ganhemos na antecipação, no choque, na luta, na movimentação na área. Estou farto de tremer quando a bola é flutuada para a nossa área.

(-) Esperar pelo infortúnio dá…em infortúnio O nosso primeiro golo depois do primeiro golo deles foi excelente. A reacção a quente, forte, com impacto, a empurrar o adversário durante meros quatro ou cinco minutos de uma forma tão insistente que bastou o lateral direito subir um pouco pelo flanco e cruzar para a área que o ponta-de-lança tratou do assunto num instante. Ponto. E no início da segunda parte, numa altura em que podíamos (e devíamos, porra!) ter imposto um ritmo de jogo com a bola por nós controlada, ao invés de ficar atrás da linha de acção à espera do que é que o adversário pudesse fazer, foi exactamente isso que fizemos. Esperamos, porque jogamos para o empate durante vinte minutos. Uma fraqueza que durou tempo demais, em que nos deixámos embalar pelo jogo mais pousado do PSG e cedemos a um recuo das linhas, a uma organização mais atrás do que deveria ser forçado a acontecer numa equipa como a nossa. Não tendo nada a temer do PSG, mostrámos em campo que não os temíamos. E eles, com alguma sorte, fizeram-nos engolir a arrogância. Que nos sirva de lição.

(-) TVI Tenho algum respeito por Fernando Correia, muito mais do que tenho pelo Manha. Mas ou o homem está a perder as suas faculdades mais depressa que a direcção de Desporto da TVI quer admitir, ou está a perder o contacto com o futebol moderno e/ou com o seu oftalmologista. Foram dezenas as vezes que se enganou durante o jogo, com Manha a ser incapaz de o corrigir de uma forma adequada todas as vezes, se bem que acredito que o próprio Manha estava a achar curioso que o colega estivesse a ver o jogo de uma forma tão consistemente errada. Para lá das falhas nos nomes, nos lances, nas direcções do vento e na previsão metereológica, o relato é mau. É muito mau. É fraquíssimo, gramatical e semanticamente. É como se Ray Charles relatasse lacrosse na Mongólia. Às vezes, e não me levem a mal, acho que eles bebem vinho em directo. Muito vinho.


Sempre disse que não me preocupa nada ficar em primeiro ou segundo na fase de grupos da Champions. O que me interessa mesmo é passar à próxima fase e quem vier a caminho, que venha. E se me chamarem “menino” e “pessimista”, so be it. Não sou um optimista, nunca o fui, e continuo a achar que o FC Porto é um clube que deve tentar sempre estar presente nos dezasseis melhores da Europa. Para ultrapassar essa fase, o que me preocupa é mesmo a qualidade do plantel e acho que temos o suficiente para enfrentar qualquer adversário com os olhos firmes nos olhos deles. Seja o Barça, o Unaite ou o Baierne. Fuck’em. Venham eles.

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Ouve lá ó Mister – Paris Saint-Germain


Amigo Vítor,

Parece que ainda hoje me lembro de ver o Paris Saint-Germain ali pelo meio dos anos 90, com nomes como Raí, Guérin, Le Guen, Lama, Weah, Djorkaeff, Valdo, Ricardo…e de temer a força do meio-campo, a criatividade dos avançados, a solidez defensiva e a loucura do guarda-redes. E hoje em dia, de todos os bons jogadores que vestem a camisola deles, só tenho medo de um. Aquele sueco com tanta altura como nariz, que no ataque estica as pernas até onde pode e tem uma técnica individual que mete quase todo o mundo no bolso de isqueiro de umas calças de ganga. O resto, é malta jeitosa, tens um Lavezzi e um Pastore, um Menez e um Vvan Der Wiel, um Nenê e um Verratti. Mas não me assustam e sabes porquê? Porque já os vi a jogar e são mortais, pá. Não estamos a falar do Barcelona do Pep ou do Inter do Zé. É uma equipa que temos de mandar abaixo, outra vez, mais uma vez. E tu sabes que tens equipa para isso se jogarem em condições, sabes perfeitamente que temos futebol para abater essa cambada de novos-ricos com os nossos putos e a nossa qualidade. E apesar de ninguém te exija que ganhes o jogo sob pena de te rasparem os tomates num ralador de queijo (a não ser alguns que acham que o futebol é uma ciência exacta), mas vamos todos estar à espera que tentes e que os teus rapazes também tentem.

Não me interessa ficar em primeiro ou em segundo porque já passámos e de todos os adversários que nos podem calhar na sorte ninguém sabe quais é que são melhores ou piores. Preferes ficar em primeiro para apanhar o Milan, o Arsenal ou o Galatasaray porque achas que são masi fracos? E se os grupos trocam? À entrada para a última jornada está tudo em aberto…e esses clubes como estarão em Fevereiro?

Por isso vamos lá fechar esta merda em condições, pá. Paris é uma cidade bonita e tal e agora ainda tem habitantes de luxo que ganham mais dinheiro que o nosso plantel todo junto. Nada disso interessa para o que se vai passar logo à noite porque quem vai mostrar melhor futebol temos de ser nós. Homem, desenrasca-te e puxa pelos gajos da melhor maneira que souberes. Este jogo é nosso.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ainda o Braga vs Porto

Voltando à passada sexta-feira e revisitando os eventos que se foram sucedendo no último jogo do FC Porto na Taça de Portugal “Inserir-actual-patrocinador-aqui” 2012/2013, há alguns comentários extra que gostava de deixar por escrito para memória futura. Até porque sou um gajo que é reconhecido pela sua esquecitude…esquecificidade…por ser esquecido, pronto. Uma garrafa de vinho ao jantar também ajuda a que algumas coisas fiquem sem dizer e o próprio formato dos B&Bs também me limita no tamanho do artigo para que não fique com tão extenso que ninguém o queira ler. Não sou louco, apesar de às vezes poder soar a tal. Assim sendo, ficam então alguns tópicos para conversa de café:

  1. Miguel Lopes fez um jogo mau. Muito mau. Saiu depois de Olegário lhe ter poupado o segundo amarelo em mais uma das entradas fora de tempo e de oportunidade. Demasiada deambulação pela zona central sem cobertura do flanco, um pouco como Danilo mas sem a capacidade de recuperação do brasileiro e, ainda pior, com Abdoulaye a jogar daquele lado que não parecia conseguir evitar que Mossoró e Ismaily por lá aparecessem sem problemas para furar pelo flanco direito da nossa defesa. É este tipo de jogos que me fazem pensar que Danilo, apesar de ainda não me ter convencido naquela posição, continua a ser a principal opção. Miguel Lopes não me dá confiança.
  2. É muito bonito ver James a jogar pelo centro. Muito bonito sim senhor, porque o rapaz percebe da poda e dá gosto vê-lo a controlar o espaço, a jogar de olhos levantados a processar linhas de passe na sua cabeça como o Terminator atrás da Sarah Connor. E é muito o que James pode fazer quando tem cobertura adequada para evitar contra-ataques, habitualmente dada por Moutinho e Lucho com Fernando mais atrás, com um meio-campo bem oleado e que funciona na perfeição…mas quando o centro do terreno está ocupado por homens menos habituados às movimentações de James, seja pela frente dele com Kleber movimentando-se sempre na direcção errada, Castro a ser obrigado a tapar as subidas de Miguel Lopes e Defour a ter de ir a todo o lado para apoiar Atsu que não conseguia atacar e Mangala que não sabe atacar, aí James não rende o que pode e deve render e o resultado é óbvio: perde-se harmonia, perde-se estrutura e perde-se James.
  3. Há apenas uma decisão de Vitor Pereira que pode ser questionada: a opção pela rotação do plantel neste jogo tendo em perspectiva o jogo de Paris. As outras alarvidades de que se vai falando por esse planeta fora não passam do tradicional jogo da piñata azul-e-branca com o treinador a funcionar como o burro que leva com a vareta na cornadura. E vou fazer papel de advogado…do dragão.
    1. “Porque não meteu logo Moutinho mal Castro foi expulso?” Castro foi expulso aos 72 minutos e a equipa ficou, obviamente, com dez jogadores. Sabendo que havia ainda cerca de vinte minutos para jogar e apenas restava uma substituição, também eu teria esperado um bocadinho para tentar perceber se a equipa aguentava. E se Danilo não tivesse tido aquela paragem cerebral e o mais provável é que tinha mesmo aguentado. Quando VP tomou a decisão de o fazer entrar, o Braga marcou o segundo. Moutinho já estava à espera para receber ordem de entrada pelo quarto árbitro…
    2. “Como é que o Kleber ainda joga?” Muito provavelmente porque ainda há alguma esperança que o rapaz consiga ter um mínimo de rendimento que justifique o investimento, o litígio, as declarações, o mal-estar institucional e a chuva de facas (pouco faltou) que decorreram do facto de termos Kleber actualmente no plantel. E o rapaz lá vai marcando um golo de vez em quando e deve correr muito nos treinos…e vai iludindo treinadores e adeptos que ainda lhe depositam confiança. Se continuar assim, acho que este jogo terá sido um dos últimos que Kleber jogou pelo FC Porto, francamente.
    3. “Se fez esta rotação, não espero menos que uma vitória em Paris!” Esta é que me deixa de queixos caídos. Ora então o facto de apresentarmos a melhor equipa possível contra o Paris Saint-Germain, uma equipa que vencemos com um golo aos oitenta e muitos minutos depois de um jogo bem disputado e equilibrado, é factor necessário e suficiente para vencer o jogo contra a mesma equipa no campo deles? Há coisas que nunca vou conseguir perceber na lógica de muita gente que encara o futebol com uma espécie de linearidade absoluta, onde A implica B e Y nunca pode ser resultado de X quando K for igual a oito. É ridículo pensar assim e se quiserem exigir alguma coisa, façam-no no sentido certo: os jogadores têm de mostrar vontade de ganhar ou, no mínimo, de terminar em primeiro no grupo, que passa por um empate. Se querem mais que isso peguem no FIFA ou no PES e baixem o nível de dificuldade para “Jogar como se fosse americano”. Aí talvez vejam uma razão causa-efeito mais evidente.
  4. A primeira equipa do Braga jogou contra uma equipa do FC Porto mais remendada que um telhado de umas águas-furtadas berlinenses em Maio de 1945. E só conseguiu criar meia-dúzia de lances de perigo depois de ficarmos a jogar com dez e alguma desorganização se ter instalado na nossa estrutura. E quase que ganhávamos o jogo. Só espero que se Vitor Pereira tirar alguma conclusão do jogo de hoje, que seja esta: podemos alterar algumas peças na equipa sem perder coesão. Mas quase todas ao mesmo tempo…as segundas-linhas não dão garantias para aguentar noventa minutos contra uma equipa jeitosa.
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