Baías e Baronis – Sporting 0 vs 0 FC Porto

 

foto retirada de desporto.sapo.pt

 

Andei a semana toda a pensar que ia dar empate. Em conversa com amigos, à noite com a cabeça na almofada naqueles momentos antes de dormir, no trânsito, no quarto-de-banho, a tomar café. Seja onde fosse, só via um desfecho para este jogo. Acho que posso afirmar que sou melhor que o pobre do Zandinga, tão convicto que ele estava em forçar que o “seu” Sporting fosse finalmente campeão. De qualquer forma, as minhas expectativas confirmaram-se: Cebola na ala, Djalma a tapar as subidas de Ínsua, Maicon a encostar sempre em Capel e um 4-5-1 em campo para tapar os flancos do Sporting e mandar a bola rapidamente para Hulk na correria louca pelo ataque. É estranho ver uma equipa que joga bem melhor com a bola lenta nos pés, a rodá-la calmamente para o lado e para trás à procura de uma brecha na armadura contrária…a transformar-se numa Jesualdequipa, com transições rápidas e bolas directas para o ataque. Estranho, porém necessário neste tipo de jogos, onde o adversário é forte e não se limita a ficar lá atrás. O resultado é, numa palavra, justo. Vamos às primeiras notas de 2012:

 

(+) As três paredesRolando, Otamendi e Maicon foram os homens do jogo. Estiveram quase sempre perfeitos no corte, na intercepção e particularmente no posicionamento. Rolando fez vários cortes perfeitos pelo centro do terreno e com a bola na relva, ao passo que Otamendi poucas vezes deixou que Wolfswinkel conseguisse dominar a bola ou sequer vencer a grande maioria dos lances aéreos. O argentino foi muito importante no jogo de contacto, essencial neste tipo de jogos, juntamente com o brasileiro, que esteve excelente na marcação a Capel, praticamente eclipsando o espanhol do jogo. Impôs-se fisicamente, pelo ar e pelo chão, nunca permitindo grandes correrias do espanhol (com Djalma a falhar várias vezes a pressão táctica defensiva já que se punha a correr em zonas onde não era necessária a sua presença) e apenas sentiu algumas dificuldades com o overlap Ínsua/Matias. Rolando teve UMA falha no jogo todo, quando deixou Wolfswinkel ultrapassá-lo em velocidade, mas numa partida com este tipo de intensidade e luta, tanto ele como os outros dois colegas estiveram impecáveis.

(+) Álvaro Pereira Salvou a baliza por duas vezes, na primeira parte a remate de Carrillo e especialmente na segunda quando o Marat “The Dragon Slayer” Izmailov rematou para Palito esticar a perna esquerda e bloquear o caminho da bola em cima da linha. Acima de tudo subiu sempre pelo flanco como só ele consegue, sempre com a bola semi-controlada e protegida dos adversários para sacar mais uns metros de vantagem. Os cruzamentos com o pé direito saíram muito tortos mas os que fez com o seu melhor pé não foram muito melhores, mas ajudou a equipa a esticar o jogo quando foi preciso.

(+) Fernando *suspiro* Pela enésima vez, Fernando é dos melhores em campo. Pelo ar e pelo chão, Fernando aparece sempre a impôr o corpo e o posicionamento na frente da área, mas hoje fez ainda mais. Subiu um pouco no terreno quando foi preciso ajudar Moutinho (muito mexido) e Belluschi (menos mexido e fraco no passe), mas foi principalmente nas dobras a Álvaro que mais vezes apareceu em jogo, juntando-se a Defour a tapar o flanco deixado aberto pela subida de Álvaro depois da entrada de James. Fernando continua a ser um jogador escondido, discreto, sem brilhar. Limita-se a jogar. Bem. Ainda bem.

(+) Hulk Enervou-me com as tabelinhas de costas feitas com o calcanhar. Tirando isso foi mais um jogo de trabalho, de luta e de correria de Hulk que andou a deambular pela zona central e acabou na ala depois da entrada de Kleber. É uma noite infeliz para o rapaz porque não marcou mas foi uma ameaça permanente para Polga, Onyewu e companhia tecnicamente limitada.

(+) Os esforços do Cebola O rapaz até nem é mau rapaz. É trapalhão e insiste em rematar com a pança inclinada para trás o que leva a que 98% das vezes a bola sai por cima da baliza. Mas luta muito e por isso é que apostei nele para jogar de início e Vitor Pereira concordou comigo. Ou eu com ele. Talvez a segunda. E é empolgante ver o moço a voar até todas as bolas perdidas como um Derlei uruguaio, mesmo que raramente consiga lá chegar. Corre, Cebola, corre como o vento!

 

(-) Cruzamentos para a área Sei que actualmente não jogamos com um ponta-de-lança fixo. Os alvos na área são difíceis de localizar porque as posições são constantemente trocadas, remisturadas e alternadas. E talvez por causa disso há uma tentativa insistente de bombear bolas para o segundo poste ou pelo menos é lá que a maior parte dos cruzamentos lá vão parar. Não há um “bullet cross”, raramente a vantagem de termos um dos melhores alas do mundo consegue ser de facto uma vantagem porque não concretizamos situações de perigo dessa forma. Das duas uma, ou Álvaro tem a ajuda do médio mais próximo dele para usar 2×1 e assim entrar na área…ou não lucramos nada com as suas incursões pelo flanco.

(-) As dobras às subidas de Álvaro Construindo em cima do ponto anterior, quando Álvaro voa pela linha à procura do passe, as costas ficam destapadas. Fernando, Moutinho ou Belluschi/Defour têm de descair para o flanco de forma a bloquear as recuperações de bola do adversário e quando essas recuperações resultam numa desvantagem numérica com laterais ofensivos como *cospe* João Pereira e qualquer outro mânfio à sua frente, a equipa desiquilibra-se de uma forma que tem de suster o ataque e o quase inevitável cruzamento. É arriscado e para termos frutos no ataque temos de desviar a atenção do adversário para outras zonas, mas não podemos fazer isso contra equipas como, sei lá, o Manchester City, sem que os adeptos ganhem problemas cardíacos.

 

Como disse no topo da crónica, o resultado é justo. O FC Porto esteve por cima nalgumas partes do jogo e o Sporting fez o mesmo noutras. No fundo teria tido mais alguma piada se tivesse entrado uma ou outra bola na baliza (legalmente, não como o pseudo-golo de Hulk que o “liner” demorou duas horas a levantar a bandeira, vá-se lá saber porquê) mas estou em crer que se tal acontecesse o mais provável era que o resultado ficaria um-zero porque a outra equipa não conseguiria regressar ao jogo. É um clássico e vivi-o como tal, sentado na beira do sofá, a roer os dedos e a proferir diatribes que os meus vizinhos decerto já abdicaram de tentar limitar. Descontrolo-me, que querem? Ainda assim saímos de Alvalade sem ser estupidamente roubados (a putativa expulsão de Polga poderia ter sido confirmada por Proença, mas não me incomoda que o brasileiro tenha ficado em campo), o que já não é mau de todo, e a exibição foi intensa, rija e cheia de identidade. Só falta acertarem nas redes, rapazes.

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Ouve lá ó Mister – Sporting


Amigo Vítor,

Devo dizer que ando com uma fome de bola que me faz parecer um puto num campo de refugiados curdos a tentar chutar um calhau só para parecer que estou num campo de futebol. São muitos dias sem ver o meu clube a jogar e sinceramente é um exagero. Mas já acabou o intermezzo, as luzes estão a acender e a apagar e é sinal que o espectáculo está de volta…e tenho umas coisinhas para te dizer acerca deste particular jogueco. Estás pronto? Toma notas, aqui vai aço.

Quero ganhar. Mas quero mesmo, mesmo ganhar. Quero que esfregues a puta da soberba daquela gente na relva de Alvalade e os deixes de tal maneira furiosos com o jogo que cheguem fogo às próprias cadeiras em vez de irem atear incêndios a dois quilómetros do vaso sanitário que chamam estádio. Quero que os fustigues com remates, quero que tapes as incursões do Capel pela ala até que o cabelo dele fique verde como o da vaca fadista. Quero que o Fernando chateie o Schaars de tal maneira que leve um pontapé para ser expulso. Quero que o Moutinho faça o mesmo ao Carriço e se ria quando o amigo fôr para o balneário a chorar. Quero que os centrais se encostem ao Van Xinksotrikel e não o deixem ganhar uma bola de cabeça. Quero que sejas expulso porque reclamaste mais uma puta duma falta mal marcada ao Belluschi e entretanto lembraste-te de te virar para o João Pereira e disseste-lhe que se ele alguma vez jogar no Barça ou no Milan é porque o Berlusconi lhe enfiou um dildo de metro e meio no recto. Quero que o Izmailov saia lesionado aos dois minutos de jogo porque tropeçou numa toca de toupeira. Quero que o Luís Duque expluda com três croquetes, meia alheira e um flut de Moët no bucho e derrame as tripas em cima dos correlegionários. Juro-te, quero tudo isto. Mas acima de tudo, quero ganhar.

Brinca com eles. Fala-lhes ao ouvido, diz-lhes o que eles querem ouvir. Motiva-os da maneira que melhor souberes. Mas este jogo, este singelo jogo que não conta mais de três pontos…é para ganhar. Esses três pontos são nossos. Já são nossos. Têm de ser nossos.

Sou quem sabes,
Jorge

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Basta-me pensar um bocadinho e lembro-me logo que sempre que saímos de Alvalade me sinto como uma ourivesaria na Almirante Reis

  • Basta-me lembrar as patadas do Maniche e do João Pereira.
  • Basta-me voltar à perseguição ao Moutinho no ano passado. Não falo do que se passou fora do campo mas dentro, onde há gente que leva um apito ao peito e que pode acabar com as tretas vingativas com uma assobiadela.
  • Basta-me recordar os vários golos em fora-de-jogo, do Valdés ao Vukcevic.
  • Basta-me trazer à memória as expulsões erradas de Maicon, Emerson ou Costinha e as facilitadas de Rui Filipe, Kostadinov, McCarthy, Mielcarski, Seitaridis…e Domingos.

E podia-me lembrar de muitos mais destes. Era só ir aquele site dos videos que tem nome de canalização e procurar um ou dois. Mas estas chegam-me para ter na minha cabeça o perene prejuízo que me fica atravessado na garganta e com que invariavelmente saímos de Alvalade. Temos de nos conformar com isso e partir para a luta. Não sei quem vai ser o árbitro, nem quero saber. Na nossa cabeça só pode estar a vitória.

Como esteve na cabeça destes moços, aqui há uns quinze anos. Especialmente daquele moço com o número nove que vai estar agora do outro lado com a outra côr.

PS: as hostilidades foram abertas tarde demais. As minhas desculpas.

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Não ponham mais pressão no rapaz, carago!


2. É este número que vai envergar nas costas o novo reforço do plantel azul-e-branco. Depois do 22 que ostentava pelo Santos, Danilo escolheu (ou foi escolhido para ele) o número mais importante de todas as camisolas do FC Porto, o eterno dois, o nosso equivalente ao 23 dos Chicago Bulls, o 5 dos New York Yankees ou o 99 de todas as equipas da NHL. Aquele que tanto me fez rir quando um dia perguntaram a Pinto da Costa quem era o número dois do FC Porto, com o intuito de falar do seu sucessor e/ou coadjuvante principal, e o nosso Presidente, ao seu estilo, respondeu: “É o João Pinto!”. Clássico.

Numa rápida visita pelos números “2” que já passaram pelos nossos diversos plantéis desde que há numeração fixa, temos três nomes que saltam à vista:
  • João Pinto (1995/1996 a 1996/1997)
  • Jorge Costa (1997/1998 a 2005/2006)
  • Ricardo Costa (2006/2007)
  • Bruno Alves (2007/2008 a 2009/2010)
O rapaz já percebeu, pela entrevista dada ao site oficial, que a camisola tem algum peso, mas estou certo que nem a vai notar. Nós, na bancada, é que vamos estranhar ver um número dois…estrangeiro. Nada contra, mas que vai ser estranho, lá isso vai.
Bem-vindo, Danilo!
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Prezzy speaky time – a não-análise

 

Do mal o menos, já que não se viu a fronha do Nuno Luz durante todos os 3 minutos de “ENTREVISTA EXCLUSIVA A PINTO DA COSTA, NEM PENSE EM PERDER ESTE FURO JORNALÍSTICO, CONTRATE UMA BABYSITTER, ROUBE A TELEVISÃO DO VIZINHO E HIPOTEQUE O SEU BARCO A REMOS, MAS ESTEJA EM FRENTE À CAIXA PARA NEM PENSAR EM ABDICAR DESTA FABULOSA OPORTUNIDADE QUE VAI FAZER HISTÓRIA NA TELEVISÂO PORTUGUESA!”

O resto…foi Pinto da Costa a ser honesto. Vitor fica até deixar de ter condições para ficar. Vamos ser campeões se conseguirmos ser campeões. Perdemos, portanto, a oportunidade de ver Nuno Luz a ser humilhado na televisão. Uma quarta-feira, como ele chama.

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