Leitura para um sábado tranquilo

No fim-de-semana que agora se apresenta há imensas actividades que podem fazer e aposto que poucas incluem ler textos em blogs mais ou menos obscuros. Ainda assim, insisto:

  • Simples, simples. Xavi e a importância do número 10, do pensador do jogo, no FutebolPortugal;
  • A frustração da compra de Carroll pelo Liverpool no genialmente titulado: “Why Andy Carroll is the new Emile Heskey and why I hate them both“. You got it, é do Surreal Football.
  • O olhar de Armando Pinto sobre o passado museológico do FC Porto na biblioteca online que é o Lôngara;
  • Jonathan Wilson revê a carreira vitoriosa do Uruguai na Copa América;
  • Os donos do jogo: Figger, Mendes et al, no Placar (obrigado pelo heads-up, reinemargot!);
  • Uma análise parecida com a minha (ver Pipos e Yeros) sobre a política de formação do Arsenal, no Arseblog;
  • Para quem nunca viu ou já não se lembra, uma compilação de Teófilo “El Nene” Cubillas, cortesia do Left Back in the Changing Room;
  • Uma entrevista do nosso jovem talento colombiano: James Rodríguez no ElEspectador;
  • O melhor onze da Copa América sob a análise táctica do Zonal Marking;
  • Extra-futebol…nada mais há a dizer: The Oatmeal.
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Pior que um escocês bêbado

«Ter sucesso em Portugal, onde eu trabalhei, com o Porto, não é grande coisa. Pela forma como as coisas estão estruturadas lá, do presidente para baixo, eles têm o sucesso mais ou menos garantido todos os anos», disse Souness, antigo técnico do Benfica, esta semana.

Vítor Pereira chamou-lhe brincalhão. «Essas declarações devem ser de um brincalhão. Que este clube é o clube que mais garantias dá para se atingir o sucesso, isso não tenho dúvidas nenhumas. Mas se o treinador chega cá e não tem qualidade para acompanhar o nível do clube e dos jogadores, não tem hipótese nenhuma», lembrou.

Vítor Pereira in Maisfutebol

Até me pareceu muito cordato. Se fosse eu, responderia qualquer coisa como isto:

“Realmente ouvi essa declaração do Souness. Parece-me muito bem dito e com uma clarividência acima do normal para um alcoólico. É evidente que se fôssemos a procurar exemplos vivos na história recente, é quase impossível que a batelada de jogadores de craveira mundial, fosse Minto ou Charles, Thomas ou Pembridge, Pringle ou Harkness, todos eles contratados pelo equivalente escocês de uma garrafa de Borba, não conseguisse bater o FC Porto aos pontos. E é lógico que as mãos hábeis do mestre que está ao leme não terão qualquer influência, como ele bem sabe. Mas tenho de lhe dar mérito: cortou o bigode. Fica-lhe bem, parece que já consegue comer um prato de sopa sem deixar metade na cara. Good for him!”

Ou então lembrava-lhe que o Benfica também é um clube com nível. E nem lá nem no meu querido Newcastle esta besta conseguiu grande coisa. Enfim, o talento para falar e treinar é inversamente proporcional ao que tinha para jogar e enfrascar.

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Iturbo

Estive aqui todo entretido a ver o jogo da Argentina contra a Coreia do Norte (esses rapazes tão sortudos que terão decerto um regresso a casa que lhes vai proporcionar uma boa forma de emagrecerem os corpos já franzinos em qualquer campo de trabalhos forçados), alheando-me dos comentários do fulano da Eurosport, que se saiu com frases como: “Ora reparem agora em Luque. Vruuuum, parece um míssil!”, ou “Ei, os coreanos estão zangados!”, e que se pôs a ler mensagens do Facebook a meio do jogo, para ver Iturbe.

Não fez um jogo famoso (foi dele a assistência para o segundo golo mas pouco mais conseguiu de positivo durante o jogo), mas já deu para perceber melhor o que é que o puto vale. Tem talento, não haja dúvida, joga atrás do ponta-de-lança com boa técnica, rápido com a bola com uma aceleração brutal quando se aproxima do adversário. É jogador para romper, para rasgar defesas de bola controlada e pode ser ainda mais perigoso em jogos grandes, onde há mais espaços e a velocidade é vital. Tem de melhorar no sentido prático e na decisão do último passe, mas são coisas naturais num rapaz de 18 anos.

Só vejo um pequeno problema: conhecendo o actual estilo de jogo do FC Porto, com o 4-3-3 móvel mas sempre mantendo dois homens na ala e outro no meio, não o vejo a jogar a não ser numa estratégia mais virada para um esquema com dois avançados, um mais fixo e outro (Iturbe) mais móvel, que estará pronto para criar espaços e apanhar as bolas que vão sobrando. Se Iturbe chegar, vir e começar a mostrar que pode vencer, mudará Vítor Pereira a formação base?

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As contas de Moutinho

  • Julho 2010: Comprado ao Sporting por 10 M€ (sim, só 10, porque os 11 milhões do negócio eram equivalentes a 10M€ mais o passe de Nuno André Coelho, avaliado em 1M€).
  • Outubro 2010: Vendido 37,5% do passe por 4,175 M€.
  • Agosto 2011: Comprado 22,5% do passe por 4 M€.
Se temos agora 85% do passe, caso vendêssemos Moutinho teríamos direito a 34 M€. Tendo em conta que o Sporting tem direito a 25% de uma futura mais-valia (ou seja, saindo pela cláusula daria 25% de 34-10 = 24 M€, ou seja, 6 M€. Antes, com 65% do passe, receberíamos 25 M€ e o Sporting encaixava 25%, ou seja 25-10 = 3,75 M€. No fundo, entre Outubro e Agosto ficamos sem 15% do passe por “apenas” 175 mil euros, os de Alvalade valorizaram um eventual retorno em 2,25M€ e nós passamos um eventual lucro líquido de 11 M€ para 18 M€, se somarmos as parcelas todas, claro está.

Em resumo: preparar um bom negócio tem quase tanto mérito como de facto concretizá-lo.

PS: se me enganei nas contas, por favor não hesitem em fazer as correcções necessárias juntamente com os insultos devidos.

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