Resultados da pesquisa por: maicon

Agradecimentos e outras curtas

Em primeiro lugar, um muito obrigado a todos que optaram por passar um sábado em Espinho junto de outros portistas, a debater assuntos do dia-a-dia do nosso clube, num ambiente bem disposto e muito interventivo. Foi um prazer estar convosco, colocar as caras nalguns dos nomes que escrevem muita da prosa que leio diariamente, partilhando o amor ao clube que todos temos e que expressamos de maneiras tão diferentes e ao mesmo tempo tão semelhantes. Obrigado, mais uma vez, e espero que o evento tenha sido agradável apesar de poder sempre ser melhor.

Quanto às poucas palavras que têm vindo a ler neste espaço, tem vários motivos e todos me soam a desculpa foleira. Muito trabalho, escasso tempo para a família, a Copa America a horas boas para estar a dormir e que no entanto me via no Twitter a condensar parvoíces em 140 caracteres, o Mundial sub-20, o Europeu sub-21, entre tantas outras pequenas coisinhas que podia aqui citar mas que empalidecem em comparação com o verdadeiro motivo: não há muito para comentar. Estamos numa das silly seasons mais silly de que há memória e entre Imbula e Carlos Eduardo, Fabiano e Maicon, as declarações de Quaresma, o sorteio dos árbitros e o neo-circo de JJ em Alvalade, pouco me puxa.

Vou estar mais duas semanas longe daqui do tasco e garanto que vou voltar aí pela terceira semana de Julho, quando a época já tiver arrancado e alguns jogos amigáveis já disputados. Aí, com algo mais palpável que me possa inspirar, voltarei. Até lá, têm muitos outros elementos da bluegosfera que trabalham diariamente para vos tornar fiéis seguidores. Façam-lhes a vontade e apreciem o que de muito bom se vai escrevendo.

Até já!

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Balanço 2014/2015

FC Porto's new head coach Spanish Julen Lopetegui (C) waves to the fans during the team´s presentation to the supporters, at Dragao Stadium, in Porto, north of Portugal, 27 July 2014. ESTELA SILVA/LUSA

Chega então a tradicional altura da época me que tentamos todos olhar para trás e recordar o que foi a temporada de cada um dos elementos que deram o seu suor pelas lides da equipa principal de futebol e onde se avaliam as suas prestações. Para memória futura, porque se os balanços servissem para mais que isso em fóruns não-oficiais, mudava-se de equipa quase todos os anos.

Desta vez e como tenho andado bem mais activo no Twitter desde há um ano a esta parte, vou fazer a análise a cada um dos jogadores em 140 caracteres ou menos (incluindo a nota final). É mais prático de ler e não se entediam com longas narrações sobre os pontos fortes e fracos. Uma espécie de balanço semi-automático, se preferirem, ainda que possa ser mais propenso a falácias e a análises demasiado concentradas. As notas, como de costume, vão do Baroni ao Baía em sentido ascendente, com variantes em relação aos topos: pode haver “meios”. Assim, de baixo para cima:


2b – Duplo Baroni (muito mas muito fraquinho)
b – Baroni (fraco)
BB – Baía em Barcelona (jeitoso mas longe de ser memorável)
B – Baía (bom, acima da média)
2B – Duplo Baía (época de grande nível)


 

Sem mais demoras, vamos a isso:

GUARDA-REDES:

Andrés Fernández – Nem bom, nem mau. Incapaz de ultrapassar Fabiano ou Helton na ordem de escolha, foi caro demais para continuar a ser 3ª opção no plantel. BB
Fabiano – Bons números a ajudar a defesa a ser a menos batida mas incapaz de convencer os adeptos que seria o melhor de todos. Munique arrasou-o. B
Helton – Continua a ser o preferido dos adeptos e depois da incrível exibição em Braga deveria ter sido titular até ao fim. Eternamente aplaudível. B
Ricardo Nunes – Nem um jogo nos As para contar aos netos. Não sendo mau GR, está uns degraus abaixo do que pode e deve ser um titular do FCP. Deve sair. b

DEFESAS:

Alex Sandro – Incansável na Champions, cansado na Liga, alternou o bom com o genial com o “outra vez?!”. Acaba contrato para o ano…sairá? €€€ falam. B
Danilo – Um deleite de temporada, dentro e fora, com uma força física e moral a fazer inveja a muitos, históricos e não só. Deixa muitas saudades. 2B
José Ángel – Muitas hesitações defesivas, subidas inconsequentes apesar da boa técnica. Incapaz de cruzar bem. Não o vejo capaz de ser titular. b
Maicon – *suspiro* incapaz de melhorar o passe longo, alterna o muito bom com o sofrível. Continua a cometer erros infantis e teve evolução zero. BB
Ivan Marcano – Muitas vezes o melhor central da equipa, com jogo simples, prático e eficaz. Não é maravilhoso mas joga bem de e com a cabeça. Titular. B
Bruno Martins Indi – Terrível no jogo aéreo, rijo no confronto directo, a polivalência à esquerda ajuda mas não muito. Tem de melhorar muito para ser titular. BB
Diego Reyes – 60 quilos para um defesa central é pouco. Foi caro demais para o nível que exibe, não parece conseguir evoluir para mostrar mais e melhor. b

MÉDIOS:

Casemiro – Começou mal, lento, gordo, morto. Cresceu e evoluiu para imprescindível, forte, agressivo, goleador. Grande negócio para uma perda grande. B
Evandro – O bombeiral da moda. Sempre que era preciso lá estava ele pronto a calçar. Nervoso mas mexido, prático e activo, foi o melhor 12º jogador. B
Héctor Herrera – Continua lento para o futebol europeu e foi abaixo das pernas cedo demais, arrastando-se em campo durante meses. Uma boa oferta e vende-se. BB
José Campaña – Poucos jogos para uma âncora de meio-campo que só parece saber jogar para o lado. Não o vejo superior a nenhum dos rapazes do meio-campo. b
Óliver Torres – Um pequeno génio, com e sem a bola. A maravilhosa visão de jogo, dinamiza o jogo e põe o talento a trabalhar para a equipa. Volta, niño! 2B
Juan Quintero – Fraco na condução de bola, espera sempre o passe de morte e incapacita-se quando o espaço não aparece. Zero no rácio esforço/talento. b
Ruben Neves17 anos e uma maturidade Pírlica. Ainda não consegue ser um 6 à Fernando mas com um 8 que o ajude pode fazer a diferença. Grande talento. B

AVANÇADOS:

Ricardo Pereira – Não é defesa direito. Não é defesa direito. Não é defesa direito. Não é defesa direito. Não é defesa direito. NÃO É defesa direito! Raios! BB
Vincent Aboubakar – Vários golos e muito trabalho, mas inconsequente compará-lo com Jackson. Numa frente de ataque móvel, sem referência, pode ser letal. BB
Adrián López – Sem vontade, sem garra, sem capacidade para se impor numa equipa que precisava de mais força e mais acutilância no ataque. Esperava mais. b
Yacine Brahimi – Grande arranque levou-o ao céu, a CAN trouxe-o de novo para a terra. Não pareceu o mesmo a nível físico mas tem talento para muito mais. B
Cristian Tello – Demorou a ganhar sentido prático mas fê-lo numa altura chave. As lesões tramaram-no mas foi dos melhores da segunda partre da época. B
Gonçalo Paciência – Quatro jogos e um golo que mostraram que há talento nos Bs e tem de ser aproveitado. Talvez tenha chegado a altura certa de subir de vez. BB
Hernâni – Muita vontade, pouca cabeça. Entrou para a equipa na pior altura, em que se exigia o que não sabia dar. Pode ser muito útil em 2015/16. BB
Jackson Martínez – O melhor colombiano de sempre no FC Porto, incluindo Radamel. A entrega e a inteligência, na área e fora dela. Só falhou nos penalties. 2B
Ricardo Quaresma – Continua a querer sempre mais. Insiste mais e finta demais. Mas também trabalha mais, luta mais e ajuda mais. Valeu a pena, Lopetegui? B
Kelvin – 53 minutos não chegaram para mostrar o que vale. Parece fadado a ser recordado com uma figura de cartão no museu e não no relvado. b
Ivo Rodrigues – Mais um talento enorme que acompanho há anos. Tem tudo para fazer parte do plantel e merece uma oportunidade. Perdeu-se em Guimarães. BB

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Baías e Baronis – Belenenses 1 vs 1 FC Porto

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Fuck. Fuck. FUCK! Trinta e três jornadas depois, voltamos ao ponto de partida com uma exibição a roçar a mediocridade da era Fonseca e com jogadores nervosos, incapazes de lutar, de mostrar que querem ser campeões mesmo que todas as probabilidades apontem contra eles. Não os temos, podemos vir a ter no futuro mas neste momento somos um conjunto derrotado antes mesmo de entrar em campo. Assim é difícil, bolas. Notas abaixo:

(+) Óliver. Foi dos poucos que procurou jogar de uma forma mais vertical e de romper pelo centro aproveitando o centro de gravidade tão baixo que tem e que usa com inteligência para passar pelos adversários. Alguns bons pormenores e várias desmarcações fizeram dele o homem mais activo no meio-campo. Não era complicado, admita-se.

(+) Jackson. Falhou uma oportunidade excelente para adiar a decisão do título para a última jornada mas juntamente com Óliver foi dos que fez o possível para que conseguíssemos sair do Restelo com uma vitória. A forma como a equipa olha para ele nos momentos mais complicados faz com que se torne ainda mais importante e, como consequência, a sua saída mais-que-provável ainda será mais-que-tramada para resolver. Vá lá, ao menos o título de melhor marcador pode estar mais perto se lhe atribuírem o golo de hoje, se bem que me pareceu que foi o rapaz do Belém que a meteu lá dentro.

(-) Temos aquilo que merecemos. Os primeiros vinte minutos foram o espelho de todo o jogo. Passes absurdos, incapacidade de manutenção da posse de bola mais de alguns segundos, as contínuas dificuldades perante um meio-campo fisicamente mais forte, extremos que não furam, o avançado que não recebe a bola e uma velocidade de jogo que faz o Varela parecer o Usaín Bolt. Todos os jogadores pareceram encarnar figuras de menor relevo do nosso passado. Alex Sandro em modo Rubens Júnior, Ruben como Bolatti, Herrera à Valeri, Brahimi como Alessandro, Maicon como Stepanov e Quaresma parecido com Tarik durante o Ramadão. Acima de tudo foi a forma como o jogo foi encarado, com medo do resultado a 400 km de distância, a tentar gerir uma vantagem mínima obtida sabe-se lá como contra uma equipa que corria mais que nós e a quem oferecemos pelo menos três (TRÊS, FODA-SE, ATÉ O BAYERN TEVE DE TRABALHAR MAIS PARA NOS MARCAR OS SEIS EM MUNIQUE!) oportunidades claras de golo que desperdiçaram. É um cliché mas aplica-se na perfeição: uma equipa que quer ser campeã não pode mostrar tão pouco em campo como o FC Porto fez no último mês de competição. E quando é isto que o FC Porto joga, não há colinhos no mundo que justifiquem a distância de três pontos depois de perdermos pelo menos oito nas deslocações à capital. Assim não chega. Julen, ouve: Assim. Não. Chega.


O campeonato acaba na próxima semana e estamos a precisar que acabe depressa. Alguém faz com que passe rápido?

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Baías e Baronis – Benfica 0 vs 0 FC Porto

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Não tinha grande fezada para o jogo. Ainda assim, saí de casa e fui ver a bola com amigos para um café na baixa do Porto, rodeado de portistas que apoiavam a equipa mas lamentavam cada lance perdido, cada passe falhado e cada inconsequente ataque que a nossa equipa protagonizou perante um dos campeões em título que pode revalidar o troféu com o seu pior futebol dos últimos anos. Tinha logo de nos calhar um JJ resultadista quando percebeu que a jogar bonito raramente havia de ganhar. Enfim, os moços tentaram, lutaram e fizeram o que podiam fisica e mentalmente. Não chegou. Não há sumo para mais. Nem tomates. Parece que este ano esses também tem vindo a faltar. Vamos a notas:

(+) A pressão alta no centro. Se o Benfica permitiu que jogássemos com o bloco subido, também não é demérito nosso que o tenhamos ganho. Casemiro bem na zona recuada, Ruben prático no centro com Evandro e Óliver a rodar a bola como podiam no meio de tanta perna e pontapé à solta, conseguimos impôr alguma ordem e manter a bola como precisávamos. O facto de não ter havido incursões ofensivas suficientes devido à falta de um dos extremos deveu-se no fundo à opção de Lopetegui que não tendo conseguido ganhar o meio-campo na primeira volta, decidiu enchê-lo de gente na segunda. Ganhou o meio-campo, perdeu em acutilância e velocidade. Era expectável mas a aposta foi ganha. Não valeu de muito mas ainda assim conseguimos empurrar o Benfica para trás, o que nem todas as equipas conseguem.

(+) Alex Sandro. Foi um Alex de fina colheita, cheio de garra na luta individual e a aproveitar o facto de Gaitán estar a jogar tanto como Sálvio no jogo de hoje. Esteve forte, subiu com velocidade e não fossem algumas más decisões (e se tivesse sido só ele…) no último terço e teria sido bem mais importante no jogo. Mesmo assim é bom ver Alex a jogar com fibra e com convicção até à última, acabando o jogo esgotado como se viu num dos últimos lances em que não consegue controlar a bola em velocidade porque…já não a tinha.

(+) Casemiro. Cortes de carrinho é com esta versão brasileira e bem avantajada de Otamendi a trinco, porque não só se coloca na perfeição perante a progressão do adversário como usa bem o corpo para levar a bola e parar o ataque. Não parece o mesmo badocha que cá apareceu no início do ano e só tenho pena que provavelmente não o consigamos segurar por cá a não ser que haja contrapartidas extra na venda do Danilo ao Real Madrid.

(-) A quantidade absurda de passes falhados. E voltamos a isto, que desde o tempo de Vitor Pereira me enervava. Bola para Maicon, mão no sobrolho para tapar o sol e cá vai disto. Corre, Jackson, CATRAPUM, bola em Júlio César. É das maiores parvoíces que me lembro de ver a nível de organização de jogo de uma equipa de topo, onde apenas um avançado corre como um doido para apanhar a bola enviada do cimo de uma qualquer colina com um canhão napoleónico, com qualquer tipo de ridícula expectativa que o homem se vá posicionar para receber o esférico, controlá-lo na perfeição e esperar meia-hora que os colegas subam. E isto na zona recuada, porque a quantidade de passes desperdiçados em zona de preparação para finalização foi um dos motivos pela quase total ausência de situações de perigo que deixámos por criar hoje na Luz. Nervosismo, falta de pernas, seja o que for, não se podem falhar tantos passes.

(-) Herrera. Alguém se oferece para dar uma chapada a este gajo logo no início do jogo para ver se acorda? É tremenda a lentidão com que recebe a bola e o ritmo que tenta imprimir ao jogo quando tem a bola controlada em zona de pressão é tão elevado como a marcha fúnebre tocada em 12 rotações. Demora tanto tempo quando recebe a bola que lhe caía logo em cima o Samaris, o Pizzi, a águia Vitória que estava a comer erva em Monsanto, trinta gajos da claque que desceram do terceiro anel e doze toupeiras que por ali passavam. Herrera é muito lento e como dizia um amigo na semana passada, acha que todos os outros são lentos como ele. Nestes jogos então, onde cada metro do terreno é disputado com virilidade e velocidade, ainda se nota mais.

(-) Sem ovos e com poucos “huevos”. O busílis. O torcer de rabo da porca. O lançamento da moeda. Ou seja, aquilo que decidia o jogo. Lopetegui entrou em campo a tentar controlar o jogo e a manter o meio-campo nosso, esperando que a posse de bola decidisse a inclinação do campo e fizesse com que a equipa produzisse o suficiente para marcar um golo. Não conseguiu. E não conseguiu porque ao contrário do que Julen parece pensar, a equipa não carbura a esse nível. Os rapazes entraram com garra mas com pouca cabeça, dando ideia que o plano era não sofrer em vez de marcar dois. O título decidia-se neste jogo, por muito que possamos todos pensar que ainda faltam quatro jornadas e há hipótese do Benfica tropeçar e cair num qualquer estádio por aí fora. Não é provável. E ao ver isto, urgia que tivesse mais audácia ofensiva, que atirasse o cachecol para os quintos do caralho e se mandasse para cima deles com raiva e fúria, de orgulho ferido e fome de vitória. Não foi isso que vi. Talvez não seja só Lopetegui que não o fez, talvez Munique ainda andasse no córtex dos jogadores, temerários depois da enxaguadela de realidade que apanharam na terça-feira. Mas se a luta foi boa e os rapazes se bateram com garra e dedicação, o facto do jogo se ter travado a meio-campo por força da estratégia de Lopetegui foi o início do fim da história. Lembrei-me de Vitor Pereira naquele inacredivável 2-3 na Luz em 2012. Sim, Vitor Pereira tinha mais ovos (Hulk, Moutinho, Fernando, Lucho, James, por exemplo) para fazer uma omolete. Mas também teve mais “huevos”. E isso fez toda a diferença.


Quatro jogos, doze pontos. Vou telefonar ao Nate Silver para me dar a probabilidade de sermos campeões, mas aposto que não é alta. Não interessa, até ao fim vou acreditar. Vocês também deviam.

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Baías e Baronis – Bayern Munique 6 vs 1 FC Porto

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Nota prévia: se notarem mais vernáculo que o costume, não me censurem. É o que sai neste momento.

“Se aquela puta entrasse”, dizia-me um dos vários companheiros portistas com quem vi o jogo. Referia-se à bola que Jackson rematou pouco depois de reduzirmos para 5-1, numa altura em que o Bayern descansava e nós tentávamos salvar mais um bocadinho dos pedaços em que se tinha transformado o sonho de chegar às meias-finais da Champions. E tinha razão, porque se aquele remate fosse para a rede, talvez conseguíssemos fazer tremer os alemães, que depois daquela primeira parte onde foram mais eficientes do que teriam imaginado possível, já descansavam em campo. A esperança era essa, a fome de mais um golo, mais uma fugaz tentativa de empurrar os rapazes de Guardiola para trás e de fazer alguma coisa com tão pouca cabeça e discernimento que coloquei as minhas expectativas todas naquele lance. Não entrou. Já tinham entrado suficientes para que a esperança fosse fútil. Enfim, de volta à Terra com estrondo. Vamos a notas:

(+) Jackson. Ele bem tentou mas a bola não chegava lá. Correu e procurou roubar as bolas ao adversário mas o puxão colectivo para trás fez com que também tivesse de recuar sob o risco de ficar completamente isolado do resto dos companheiros. Subiu na segunda parte, marcou um e podia ter marcado o segundo, mas ficou a centímetros. Se tivesse entrado…talvez pudéssemos ter feito o Bayern tremer um bocadinho. Assim, ficamos pela tentativa. Ainda assim, Jackson foi dos menos maus.

(+) A entrada de Ruben. Com o Bayern sem sequer tentar muito, foi Ruben que se mostrou no relvado do Allianz Arena e fez com que a equipa conseguisse rodar bem melhor a bola do que tinha feito na primeira parte. Corrijo, fez com que *finalmente* começasse a rodar a bola! Firme, bom no passe, estabilizou um meio-campo destroçado e deu algum ânimo a um grupo de colegas mentalmente destruídos.

(+) Bayern Munique. Aquele terceiro golo devia ser recriado em computador e exibido sempre no arranque de um jogo a contar para qualquer competição profissional. Perfeito na recuperação defensiva, no endosso da bola para a lateral, na movimentação de dois avançados assimétricos no posicionamento e na criação de lances e a concretização quase perfeita. Para lá da forma como nos esventraram durante aquela primeira parte, com uma eficácia extraordinária e uma capacidade de rotação de bola acima de qualquer outra equipa no Mundo, foi a facilidade com que o fizeram que fez com que não conseguíssemos reagir a tempo. Sem Ribery e Robben, a equipa foi singularmente unida no centro e obteve os espaços que precisava para mostrar, à alemão, que os gajos quando estão chateados vão acabar por chatear terceiros. Não admira que, como dizia outro colega portista, “os dois eventos mundiais em que participaram dizem tudo”. E nós íamos sendo arrastados pelo terceiro. O FC Porto é capaz de ganhar um em cada dez jogos contra o Bayern. E o que ganhou só serviu para os enervar, como se uma formiga fizesse cócegas num elefante. Há equipas más, medíocres e boas. E depois há este nível.

(-) Aquela primeira parte. Uma mini antes do jogo arrancar. Começa a partida, um pontapé para a frente, duas perdas de bola, mais uma mini. Reyes perde a bola, Herrera não despacha, Quaresma chega tarde à dobra, Óliver desaparece do campo, Jackson está longe, onde andas Casemiro, Maicon recebe para trás, Fabiano chuta torto, Marcano atrasado, Indi a dar espaço e Brahimi perdido na relva. Mais uma mini. Golo de Thiago. Ainda lá vamos, calma, foi azar e o gajo apareceu ali sozinho, também havia muito espaço para o Bernat centrar, é preciso fechar melhor, sem problema, vamos lá, estrutura, ajuda, força rapazes. Mais uma mini, oh foda-se aí vem o Götze com o canto, não deixes, salta, vai, desce, vai, SALTA, ANDA!…merda. OK, miúdos, força, subam, subam a equipa, não se deixem ficar aí atrás, cuidado Casemiro com o contacto, vai com ele Indi não o deixes cruzar, ei de primei…olha o Mull…cuid…merda. Mais uma mini. E agora é só marcar um e empata-se isto, rapazes, vamos lá, ninguém desiste, ninguém se deixa ir abaixo, já recuperámos pior que isto, cuidado com o meio, não deixes o gajo…desviou? parece que desviou…oh Fabiano foda-se não me lixes, a bola até ia direita a ti, porra, nem o Helton em Paris ou em Londres com o Chelsea…agora está tramado, não sei se ainda lá vamos, mas ao menos não se deixem enrolar mais, fecha o gajo, Maicon, não o deixes rem…foda-se. Mais uma mini. Intervalo. Tou, pai? Ah, já estás a ver o Barcelona. Eu sei, eu é que sou doente, mas é o que temos. São uns meninos, pá, já viste que entraram cheios de medo? E eles são bons, tudo lhes corre bem. Pois é, não sei o que fazer. Ao menos que tentem agora fazer alguma coisa, não sei o quê, o Quaresma ainda vai prá rua não tarda nada, mais vale sair. É isso. Ainda faltam 45 minutos, não é? Estamos fodidos, é o que estamos. Não sei o que fazer. Não faço ideia. Nunca vi nada assim. Blitzkrieg o caralho que nós não somos a Polónia, mas parecemos. Tanques contra cavalos. Tanques contra póneis tuberculosos, é o que é.


Nada mais há a dizer. Ou melhor, haveria muito para dizer mas é impossível conseguir elevar a moral três ou quatro horas depois do jogo. No Domingo, como disse Ricardo Quaresma, é para ganhar. Essa sim, será a única maneira de levantar o queixo depois do jogo de hoje.

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