Ouve lá ó Mister – Rio Ave

Estimado Professor,

*suspiro* Vamos lá a isto. Ainda enlutado depois da festa vermelha no Marquês me invadir os sentidos e pontapear a alma, voltamos ao campeonato para o antepenúltimo jogo desta coisa que, como já disse aqui há uns tempos, nunca mais acaba. Está a ser uma época atípica mas acima de tudo frustrante, com pouco que se possa aproveitar para contar aos netos e que um dia nos fará olhar para trás e pensar no que raio andamos a fazer durante um ano inteiro para os outros festejarem com tanta pompa. E pompa merecida, quanto mais não seja porque fizeram o que nós não conseguimos: foram estáveis. Mas isso são contas para terceiros rosários e o que interessa mesmo agora é o jogo com o Rio Ave que nos pode garantir o terceiro lugar! *mais um suspiro* Assim sendo, vamos a isso.

Já vi a convocatória e não me parece mal, com algumas considerações que gostava de tecer. Depois do bom jogo dos Bs contra o Bê Benfas, acho que está na hora de começar a promover alguns miúdos à equipa principal. Sei que o José Guilherme quer ser campeão da segunda liga, mas não se perdia nada em dar algum sangue novo aos As, tão calcados e recalcados têm sido nos últimos tempos. Convocar Pedro Moreira (seria um prémio para um jogador que não é excepcional mas que luta e trabalha como poucos), Tozé (segundo melhor marcador do campeonato) ou Mikel (para percebermos se serve ou não quando Fernando sair) seriam prémios merecidos e uma boa maneira dos sócios começarem a sentir que algo está para mudar, nem que seja de uma forma pontual.

Como essa não parece ser a ideia, pelo menos para este jogo, ao menos que vençamos. Uma vitória assegura o terceiro lugar…*prolongado suspiro*…e o penúltimo jogo oficial da temporada no Dragão receberá talvez a pior casa da época (lá estarei, no meio dos poucos que lá vão aparecer), mas não é motivo para facilitarmos demais. Está em jogo a honra e o orgulho do nosso clube!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Rio Ave 1 vs 3 FC Porto

É uma vitória que assenta bem e apesar da qualidade do nosso futebol não ter sido nada que me faça lançar foguetório, a verdade é que conseguimos sacar três pontos num campo complicado. O jogo foi melhor, mais solto mas polvilhado por enormes nuvens de incerteza pela lentidão de longos momentos da partida e pela constante intrusão das falhas defensivas, onde Otamendi esteve hoje em grande nível…negativo. As notas explicam melhor, vamos a elas:

(+) A troca (no terreno) do triângulo do meio-campo. Há naturalmente um enorme beneficiado com a cambiante 1-2 do meio-campo: Fernando. Não há dúvida que joga melhor quando está solto, a controlar a “sua” zona sem o atropelo de ter um homem a seu lado nem com a prisão de manter um contacto directo com ele. A verdade é que Lucho joga melhor quando está mais recuado (apesar de hoje não ter estado em grande nível) e o facto de ser ele a ocupar aquela posição faz com que o triângulo vá rodando com a posse de bola, mas é Fernando que aproveita a liberdade da melhor forma. Fonseca, por favor, mantém os gajos neste esquema. Dá muito mais moral aos rapazes.

(+) Carlos Eduardo. Entrou para a equipa cheio de vontade, sem pressão e com fome de bola. Ainda lhe falta ritmo e persiste nalgumas quedas parvas quando perde o controlo da bola e a trajectória que quer traçar. Mas mostra o que Lucho não tem conseguido mostrar nos últimos jogos: pega na bola, corre com ela e mexe com o jogo. É um bom exemplo que este rapaz representa, aquela noção que por vezes uma passagem pela equipa B a ganhar ritmo e a mostrar qualidade fazem maravilhas por um jogador. Com Carlos Eduardo, parece ter funcionado. Espero pelos próximos jogos para confirmar a valia do moço.

(+) Maicon. Está em boa forma e acima de tudo está a jogar simples como aprendeu a fazer em virtude das circunstâncias…diria populares. É isto que eu quero de um central, carago: um gajo alto, forte, que jogue bem de cabeça, marque golos em livres cruzados para a área e limpe a bola da zona defensiva ao biqueiro. Isso é o mínimo que peço e Maicon continua a montanha-russa que tem sido a sua carreira no nosso clube. Nunca será um jogador que põe a malta indiferente. Love him or loathe him, é o central em melhor forma no FC Porto.

(-) Otamendi não está bem. Parece que há sempre um defesa que me vai andar a comer a mioleira durante o ano e nesta altura é o argentino. Já foi Mangala e Alex Sandro tem também papel importante na estupidificação de alguns lances com bola controlada na defesa, mas Otamendi está a bater qualquer um aos pontos porque está a tomar as opções erradas em quase todas as jogadas em que é interveniente. O primeiro golo é culpa sua, pela saída absurda da posição para interceptar uma bola impossível. E só não sofremos um segundo pelo mesmo lado porque Helton defendeu e Maicon cortou para canto. Merecia o tratamento do costume: umas chibatadas do Paulinho, às quais somava um banhinho em alcatrão e uma bela cobertura em penas. E um ou dois jogos na bancada.

(-) Jackson, apesar do golo. Demasiado complicativo e a jogar quase sempre para as costas, sem ver sequer se um colega estava pronto para receber a bola. Marcou o golo, mas espero sempre mais dele do que perder bolas consecutivas e desperdiçar ataques como um ricaço a acender charutos com notas de quinhentos. Implorei a Fonseca que o tirasse a meio da segunda-parte, mas acho que o mister só me ouviu aos 88 minutos. Como de costume.

(-) Licá não pode ser extremo. Não pode. Criou duas jogadas de perigo quando apareceu na pequena área. Não conseguiu um lance decente pela linha. Tem sido uma constante em quase todos os jogos de Licá pelo FC Porto e questiono se pode ter lugar no onze se não cumpre na posição onde é colocado. Gosto do rapaz, luta muito e ajuda a equipa sempre que pode…mas as lacunas técnicas e tácticas podem lixar-lhe a vida a curto prazo.


Vencemos bem mas tive as minhas reservas, especialmente depois de ter reparado que a minha filha estava vestida com um casaco de malha…com riscas verticais verdes e brancas. Agoeirenta, a estuporada, mas ao que parece deu sorte. Sai um casaco vermelho quando formos à Luz!

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Ouve lá ó Mister – Rio Ave

Mister Paulo,

A derrota em Madrid deixou-me a pensar um bocadinho, a contemplar o que raio te haveria de dizer depois desse jogo, e o facto de ter andado mais ocupado que uma putéfia com sete pachachas me impede de continuar as lides. Além do mais, ando com a sinusite a bater-me nos cornos, um mundo de muco na penca e um farrapo em geral. Se a isso somares as bolas ao poste, o penalty falhado e a falta de garra da equipa, está tudo, mas tudo bem fodidinho.

E hoje vai ser mais um desses jogos em que temos de aturar uma equipa com um treinador que já usou as nossas cores na camisola e que por hábito nos dão a água p’la barba. Ainda por cima se estiver vento lá na Vila, upa upa, mais complicado se torna. Se os rapazes não estiverem com vontade de correr, xissa penico que nos vemos tramados. E se se começarem a armar em parvos como no ano passado e botarem fora vantagens perfeitamente decentes porque um demónio lhes falou ao ouvido…então aí vou ter de me chatear. E nesta altura, começo a ficar como a versão cartoonizada do Givanildo: “Don’t make me angry. You wouldn’t like me when I’m angry”.

No fundo, tenho defendido a equipa até um certo ponto. Acho que a táctica é desajustada, acho que tu não mostraste pulso suficiente para lhes dares dois tabefes quando é preciso, acho que o Varela é mais inconstante que uma mulher alcoolizada e acho que o Lucho está a jogar fora do lugar dele. Acho também que o principal problema é mental e não táctico, é moral e não técnico, é psicológico e não estratégico. Mas começa a ser difícil segurar esta premissa quando vejo que não consegues dar a volta a isso. A mudança, mais uma vez, está nas tuas mãos. E aproveita este jogo que o Tarantini não pode jogar. Por favor.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 4 vs 0 Rio Ave

E lá vamos nós pela segunda vez à final da Taça da Liga. O jogo foi fácil, sem grandes chatices nem problemas, com a expulsão de Oblak (talvez um pouco exagerada tendo em conta que Jackson já não conseguia chegar à bola, mas o salto de karaté foi um abuso por isso até compreendo a decisão) a ajudar uma equipa que insiste em ser trapalhona em momentos importantes do jogo, especialmente naquelas tabelinhas à entrada da área que nunca parecem funcionar em condições numa equipa do nosso nível. Foi também interessante ver como esta equipa que entrou em campo, pior que a que jogou em Vila do Conde, conseguiu lá ir perder dois pontos. Enfim. Vamos a notas:

(+) Maicon. Perfeito na intercepção, na recepção e (quase) no passe, foi o jogador mais estável e o primeiro avançado da equipa. Aproveitou o descanso de Otamendi para assentar mais um bom jogo quer ao lado de Abdoulaye como do Mangalhão, explicando ao treinador que está cá prontinho para ser titular. Não me parece que o consiga porque Mangala insiste em ser o jogador que temos vindo a ver crescer e aprender, mas Maicon está num bom momento.

(+) Castro. Estupenda assistência para o golo de Defour, mas acima de tudo é aquela atitude de “never say die” que coloca em todos os lances (apesar de insistir na postura de gajo perenemente atrasado para o autocarro que enerva mas nunca aborrece) que faz com que a malta consiga gostar de o ver a jogar e acredite que pode ser uma opção válida, talvez não a titular mas sempre pronto para entrar para ajudar. Numa época em que todos parecem mais lentos que o seu adversário, esse modo de viver o jogo ainda é mais importante. Mais um bom jogo.

(+) Fernando, SÓ na segunda parte. Quando queres, Reges, mostras o porquê de seres titular no FC Porto e porque é que serias titular em muitas equipas. Porque és rápido, elástico, lesto na intercepção e cada vez melhor no passe. E quando queres, Reges…consegues fazer em três ou quatro toques o que outros demoram horas, quando roubas a bola ao adversário e insistes em arrastar o jogo para a frente com passes na diagonal para o teu colega do lado, aparecendo depois em zonas perigosas para marcar, sorris e fazes-nos sorrir. Bom jogo, nas alturas que quiseste. (ver abaixo o contra-ponto)

(-) Fernando, quando desliga o cérebro. Enervas-me, Reges. Enervas-me tanto que quando estou nessas mesmas bancadas que hoje te rodearam apetece-me dar dois pontapés na cadeira da frente quando te vejo a facilitar dessa maneira. Fizeste-o já vezes demais este ano e não sei se estás a tentar mostrar que és um jogador tecnicamente evoluído para ver se chegas à selecção do teu país, mas deixa-me que te diga que não é assim que lá chegas. Acredita que não é assim.

(-) A expulsão de Izmailov. Concedo que o cartão até possa ter sido exagerado. Mas não consigo entender o que raio passa pela cabeça de um jogador profissional para ter uma atitude daquelas quando está já nos descontos de uma meia-final, com o apuramento para a final completamente garantido, arriscando-se a perder o direito de participar nessa mesma final. Nem que o adversário tivesse insinuado que lhe tinha papado a mulher, mãe e irmã na cama dele e procedido a limpar a pila aos cortinados. Não faz o menor sentido.


É sempre estranho ver um jogo no Dragão através da televisão. Reconheço os pontos familiares do relvado, as zonas habituais para onde recuam os avançados e sobem os defesas, as linhas para os foras-de-jogo, as melhores posições de remate e as posições dos jogadores nas bolas paradas. Mas continua a ser estranho. Passada mais uma etapa nesta atribulada época, todos os olhos se viram para segunda-feira, neste mesmo Dragão. Ninguém se vai lembrar deste jogo nessa altura.

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Ouve lá ó Mister – Rio Ave


Amigo Vítor,

Deve haver qualquer tipo de interferência cósmica que me tem vindo a impedir a visualização em directo de jogos do meu clube. Já aconteceu no sábado, onde um casamento, uma animada festa de família com uma das minhas pessoas preferidas neste mundo a dar o nó com uma miúda que, devo admitir, lhe chega bem acima dos calcanhares, fez com que não visse a partida de Coimbra. E hoje, o clube decide satisfazer os desejos de tantos adeptos que imploraram a todos os santos azuis-e-brancos para termos jogos à tarde…e escolhe uma merda duma quarta-feira para saciar a sede do povo por um bocadinho de sol nas beiças enquanto vê o FC Porto a jogar à bola. Até compreendo que há muita malta desempregada, mas os que ainda têm um emprego não vão ver a vida facilitada sequer para VER O JOGO NA TELEVISÃO, QUANTO MAIS AO VIVO!!! SIM, ESTOU A BERRAR PORQUE ESTE FILHO DA PUTA DE HORÁRIO NÃO LEMBRA ÀS HEMORRÓIDAS DE SATANÁS!

Por isso não vou ver o jogo em directo. Bela tarde que se me apresenta, já viste? Enfim. Ah, quanto ao jogo, quatro coisas: põe o Liedson em campo nem que seja por meia dúzia de minutos; dá uma chance ao Sebá para ver se vale mesmo a pena largar um milhão de contos pela carcaça dele; deixa o Lucho descansar uns minutos e aproveita a moral do Castro que deve estar mais alta que o Monte Crasto (ele sabe o que é, acredita); e ganha o jogo para irmos a mais uma final. Já que chegámos a este ponto, não faz mal chegar um bocadinho mais longe, não é verdade?

É o costume. Se ganhas, ninguém vai ligar pêva. Se perderes, cai a Trindade, o Carmo e qualquer outra igreja que te lembres. Os Congregados, pronto.

Sou quem sabes,
Jorge

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