Ouve lá ó Mister – Sporting


Amigo Vítor,

Mas que puta de bomba nos estourou a meio metro dos dentes ontem à tarde, rapaz! Quando soube da notícia do Moutinho fui invadido por uma sensação de insegurança como se estivesse pendurado de uma ponte daquelas de cordas como no Indiana Jones, à espera que aparecesse algum cavaleiro do apocalipse que me dissesse ao ouvido: “tás fodidinho, rapaz, todo fodidinho…”. Mas não desanimo, nem tu podes desanimar, nem nenhum dos teus rapazes pode desanimar.

Só te peço para não entrares no jogo com a cagança de quem vai dezenas de pontos à frente do adversário. Entra com confiança, sem medo, mas com a suspeita que do outro lado pode haver gente que lhe está a apetecer correr mais do que costuma fazer noutros jogos. Até porque, e vamos lá ser sinceros, não há mais nenhum jogo em que estes rapazes possam brilhar a sério até ao final da época, com a possível do derby na Luz, onde muito provavelmente vão ter de untar os rabinhos com a pomada do costume, que este ano já por tantas vezes foi utilizada e reutilizada. E é isso que me assusta um bom pedaço, Vitor, é aquele orgulho que lhes pode dar contra nós e que não lhes deu nem na pontinha das unhas dos pés contra o Videoton, ou contra montes de outras equipas que lhes roubaram golos, pontos e dignidade.

Eles vão entrar com força, mas nervosos. Com vontade, mas a tremer. E não vai ser por culpa exclusiva da falta de cimento nas pernas que quase todos têm, mas vai ter de lhes ser injectado directamente nos olhos por nós. Nós é que vamos trocar a bola no meio-campo deles, pressionar logo à saída da defesa, castigar as alas, carregar nos médios, secar os avançados. Nós é que vamos ganhar esta merda e nem quero saber de que côr é o gajo que marque os golos, de que país veio ou que carro conduz. Nem quero saber o nome dele, hoje. Hoje só quero ver o FC Porto a ganhar ao Sporting e a empurrar os fulanos mais um bocadinho…mais um bocadinho…só mais um bocadinho para aquele poço de onde já não vão sair até ao fim do ano.

Vamos, Vitor, faz-me a vontade.

Sou quem sabes,
Jorge

Link:

Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 1 Rio Ave

foto retirada de fcporto.pt

Houve alturas a meio do jogo que me enervaram, especialmente na primeira parte, quando a equipa parecia estar a pedir ao público para ser insultada. Ainda me chateei mais quando vi que poucos pareciam querer mudar o rumo do que vinte ou trinta e tal mil pessoas estavam a ver: uma exibição medonha, com onze jogadores distraídos, pouco concentrados, alheios à vontade de chegarem depressa a uma vitória que podia e devia ter sido atingida sem qualquer problema, muito menos depois dos problemas que eles próprios criaram. Poucos se salvaram, apesar da vitória, e o que me deixaram foi uma amarga sensação de dever cumprido mas o receio que possamos perder este campeonato por exageros neste tipo de jogos. Vamos às notas:

(+) OtamendiFoi o único que se safou de início a fim porque nunca desistiu. Porque se manteve quase impecável com algumas falhas humanas no meio daquele oceano de desleixo generalizado. Muito bem na antecipação aos avançados do Rio Ave, especialmente ao canastrão do Tope, que se lixou quase sempre contra o Nico, que lhe aparecia sempre a roubar a bola antes do moço lhe poder tocar. Foi um patrão, como tem sido, e apesar de Mangala ter estado em grande nos últimos tempos, o facto de dar mais nas vistas talvez esteja a esconder a excelente época de Otamendi em 2012/2013.

(+) Jackson, na redençãoDevo ter sido o único animal na minha bancada que disse: “Tem de ser o Jackson a marcar!”, quando Soares Dias apitou para o segundo penalty (o primeiro é evidente e o segundo é o rapaz do Rio Ave que se arrisca com os braços esticados. deixo ao critério do árbitro, como sempre). E todos protestaram comigo, mas não me importei, nunca me importo quando começo com as alarvidades do costume. Mas acredito na redenção do Homem, na penitência depois do erro, na tentativa de salvar a imagem e o afecto dos adeptos que o apoiam, que torcem por ele e são felizes se ele for feliz…e Jackson correspondeu. Podia ser qualquer um mas tinha de ser ele a marcar. Tinha. E o segundo golo também, com uma recepção e remate perfeitos.

(-) Esta merda não se admite!Intolerável. Simplesmente intolerável. A forma como quase chegávamos ao intervalo a perder, graças um golo que tem tanto de inteligência do avançado como de permissividade defensiva de Helton (e levantares os braços, não?!) e Maicon (sim, continua a passar pelo gajo, de pé e tudo…), foi quase insuportável. Tudo era mau: passes, remates, cruzamentos. Tudo era lento: movimentação, desmarcações, construção. E a pior parte…os jogadores estavam desconcentrados, distraídos, sem vontade de jogar, sem empenho. As jogadas sucediam-se a um ritmo muito fraco, exageradamente fraco, um total oposto ao que se viu no jogo contra o Málaga. E ninguém podia iconizar a exibição como Jackson naquele primeiro penalty. Não tenho a certeza porque nunca estive num balneário em dia de jogo, mas estou convencido que deve haver um varão, fixo ou portátil. Afinal, são jogadores da bola, todos homens de sangue quente. E a primeira coisa que devia ter acontecido ao nosso ponta-de-lança à chegada ao balneário…era levá-lo “ao poste”, if you know what I mean. E depois tinha de marcar golos suficientes para se safar da estupidez. Foi o símbolo maior de uma equipa que nunca quis jogar este jogo e voltou a baixar o nível em demasia, como já aconteceu este ano várias vezes. E agora? Que FC Porto vamos ter em Alvalade?

(-) MaiconUm jogo muito infeliz de Maicon. E ainda pior do que a infelicidade, na sucessão de falhas, de desconcentrações e descoordenações, foi a forma como Maicon nunca conseguiu sair do fosso em que se tinha enfiado e continuou, penosamente, a afundar-se na miséria do jogo que estava a fazer. E os passes longos falhavam, perdia a noção do espaço, “roubava” bolas a Helton, esquecia-se do homem que estava a marcar…era o Maicon que cá chegou, nervoso, aterrorizado, sem confiança, triste…

(-) A reacção do público a Maicon…e o público pressionava o rapaz como se fosse um adversário! Ouviam-se gritos quando Maicon tocava no esférico, assobios quando demorava mais de dois segundos com a bola nos pés (muito embora raramente tivesse uma linha de passe decente), insultos quando o rapaz fazia algo que fosse contra o que as pessoas gostavam. É assim que querem apoiar os vossos jogadores? Quando as coisas estão a correr mal e vêem que um dos jogadores que conhecem há quatro anos, que já nos deu troféus atrás de troféus, que marcou o golo que deu a vitória na Luz no ano passado…quando vêem que esse rapaz, que perdeu a titularidade depois de uma lesão, está a ter um mau momento…o que optam por fazer é insultá-lo!? Nunca vou perceber este tipo de atitudes de alguma gente, palavra.


Continuamos em primeiro, mas a que custo? Para os adeptos menos habituados a este tipo de jogos, ainda vale a pena deslocarem-se ao estádio para verem este tipo de espectáculos? É só isto que o FC Porto pode prometer, especialmente depois do que fez na terça-feira contra o Málaga? Só vale a pena ir ver os jogos grandes? Ouvi vezes demais a frase: “para que raio é que vim à bola?”. Eu sei que vou porque gosto, porque sou portista e porque abdico de outras coisas para ver o meu clube. Eu. Eu faço isso. Muitos outros não o farão.

Link:

Ouve lá ó Mister – Rio Ave


Amigo Vítor,

Só passou uma semana desde o jogo contra o Málaga (menos, se fores a pensar nisso com cabecinha) e já estou de novo com aquela fome de te ver a enervar no banco e fora dele enquanto gritas ordens para a malta. E este conversa de andar feito parvinho a oscilar na forma dos rapazes é só mais uma forma de te engrandecer, porque nem todos são iguais e até no “mas uns são mais iguais que outros” tu consegues ver discrepâncias se procurares bem.

E ainda por cima já sei que te vai custar imenso mas tens de esperar até Domingo à tarde para ler a minha opinião. Arranjaram-me um berbicacho que não consigo adiar (nem quero) e há sempre prioridades, não é verdade, pá? Amizade antes de portismo, am I right? Indeed.

Por isso o jogo hoje pode ser lixado, mas tem de ser ganho. O Rio Ave não vem ao Dragão para brincar e vai estar a carregar na nossa focinheira como se não houvesse amanhã. Porque, se perderes pontos, pode ser que não haja mesmo.

Sou quem sabes,
Jorge

Link:

Baías e Baronis – Beira-Mar 0 vs 2 FC Porto

foto retirada de desporto.sapo.pt

É sempre uma chatice jogar antes de uma jornada europeia. Palavra que deviam acabar com estas tretas e permitir que os jogadores tivessem uma semana só de treinos antes dos jogos europeus, ou então fazer com que pudessem repetir os jogos depois de ir passear à Europa. Mas o calendário existe por um motivo (nem sempre perceptível, é verdade) e temos mesmo de passar por estes mini-calvários de arriscar perder pontos em jogos onde a concentração nunca pode ser a mesma contra um adversário que, francamente, não merece estar na maior divisão de futebol do país. Como tantos outros. Valeram os jogaços de Mangala e Marat, o golaço de Jackson e uma segunda parte bem melhor que a primeira, que entreteu adeptos e creio que até alguns dos próprios jogadores. Foi um bom aperitivo para terça-feira, no fundo, que é o dia para onde todos os portistas já estão a olhar. ‘Bora lá a notas:

(+) Mangala. Este moço está a ficar um jogador do carago, está sim senhor. É verdade que ainda tem muito a polir, o choque ainda sai por vezes fora de tempo, a saída com a bola controlada pode ser melhor e o jogo de cabeça tem de ser mais certeiro. Não há jogadores perfeitos, mas Eliaquim está a fazer uma progressão excelente no ano e meio desde que chegou da Bélgica e continua a ser titular sem o mínimo de contestação. E lembrem-se que é Maicon que está no banco, o homem que conquistou os adeptos a pulso! Foi expulso depois de aparecer na pequena área numa jogada de bola corrida, e que Xistra considerou que tinha sido a terceira ou quarta falta consecutiva que o francês fazia. Aceito o critério e Mangala talvez já devesse ter levado o segundo por reincidência em faltas anteriores…mas não deixo de achar ridículo que um lance em que tenta jogar à bola seja a razão por que finalmente levou o segundo amarelo. É parvo, um bocado como o próprio Xistra. E não me fodam…Mangala vai levar o mesmo número de jogos de Cardozo. Pois. De qualquer forma, para refocar a atenção no talento do rapaz…os meus parabéns, moço. Estás em grande.

(+) Marat. Quem diria que o russo conseguiria aguentar noventa minutos, ainda por cima sem jogar colado a um flanco e a rodar por trás de Jackson durante toda a segunda parte?! Tem uma técnica individual que faz muita falta naquela frente de ataque (quando o comparo com Varela ou Atsu a esse nível…é quase triste pensar que só é titular porque James está agora a reentrar na equipa), mas é na inteligência posicional e na criatividade que fez com que o jogo fosse muito positivo. Apareceu em zonas perfeitas para as tabelinhas, com Danilo e Jackson, Lucho e Moutinho, fosse quem caísse para o seu lado, Marat lá estava prontinho para receber a bola e para a endossar de novo para o colega. É pequenino, o cabrão, mas sabe muito bem o que fazer com a bola e não desiste…pelo menos enquanto tiver pernas, espero que continue.

(+) A crescente audácia de Danilo. Tenho gostado de ver Danilo a subir pelo flanco, com muito menos tiques “centralistas” que mostrou durante 2012. Parece mais sólido de um ponto de vista mental, mais calmo e mais inteligente, com timings mais correctos a deslizar pela linha e a aparecer em zonas de cruzamento de uma forma bastante mais útil e pensada. Tem de melhorar nesses mesmos cruzamentos, mas está a subir de produção.

(+) O golo de Jackson. Grande assistência. Grande controlo. Grande finta. Grande remate. Grande jogador.

(-) Alex Sandro e Cª, nas saídas da defesa. O golo que sofremos contra o Olhanense, apesar de fruto de um excelente trabalho do Targino (aposto que nunca mais volta a correr 60 metros em alta velocidade com a bola controlada e um panzer núbio atrás dele a pisar-lhe os calcanhares), nasceu de uma parvoíce de Alex Sandro. Hoje, o mesmo ia sucedendo, não só com Alex mas com Danilo, Otamendi e Fernando, que insistem em sair com a bola excessivamente descontrolada na saída da área e na criação da jogada de ataque que surge depois da quase inevitável oportunidade desperdiçada pelo adversário. Assusta-me ver este excesso de confiança, muito mais que assusta os próprios jogadores que a exibem, como tem vindo a ser notório nos últimos jogos…


Ninguém poderia esperar um grande jogo mas a primeira parte parecia entrar naquele túnel cárpico de passes infelizes, jogadas inconsequentes e falhas técnicas…até que Atsu se lembrou de rematar com força e não-tanta-colocação-como-Freitas-Lobo-orgasmizou-em-directo, mas o suficiente para matar o jogo logo ali, pouco depois da meia-hora. O Beira-Mar nunca colocou problemas e só Xistra animou a malta, como de costume. Mais três pontos, mais um jogo vencido fora de casa e menos noventa minutos de distância do título. Mas agora…o que interessa é o jogo de terça!

Link:

Ouve lá ó Mister – Beira-Mar


Amigo Vítor,

Sinto-me sujo, sabes? Coberto da imundície de um empate que me chateou profundamente e culpo-te por isso. Tens culpa tu, o mau tempo, a minha faringite, o relvado e o João Pereira. Culpo sempre o João Pereira quando há alguma coisa negativa que me acontece, esse e o Katsouranis são ódios de estimação que não desaparecem rapidamente e estou em crer que são responsáveis por grande parte dos males do mundo, desde o aquecimento global ao timbre do Justin Bieber. Muitas referências culturais seguidas, peço desculpa. Mas dizia que tens culpa porque me arrastaste para uma falsa sensação de segurança que pensei que já não íamos perder pontos (pelo menos no Dragão) até ao fim da época. E depois deixas que os teus rapazes saquem uma surpresa destas que me arranhou ainda mais a garganta e esgadanhou a alma. Não se faz, Vitor, you naughty boy.

Por isso hoje à noite em Aveiro não espero menos que uma vitória, e uma vitória a sério. Já sabes que não preciso de ganhar por 40-0 para activar as minhas glândulas da cagança, sou superior a essas merdas. Quero é um jogo consistente, de uma equipa que tem tudo ao seu alcance para ser campeã, que luta com as armas que tem e as armas que tem são suficientes para desancar no lombo do Beira-Mar de tal maneira que os moços vão pensar que lhes enfiaram uma bazooka soviética enferrujada pelo esfíncter acima. Ganha o jogo, descansa os adeptos e depois descansa os teus, que bem vão precisar de estar com as pernas tranquilas na próxima terça-feira.

Despacha lá isso.

Sou quem sabes,
Jorge

Link: