Ouve lá ó Mister – Everton

Señor Lopetegui,

Já vi que levou a comandita toda para Inglaterra, incluindo o violão do Helton e tudo! Isto é que vai ser uma rebaldaria em terras bifas, com dezenas de pints a escorrer pelas colectivas gargantas dos rapazes depois de meia-dúzia de treinos mais ou menos intensos, em passeios até Abbey Road e promenades tranquilas pelas urbes do nevoeiro e da comida insípida. Isso, ou vão aí para acabar de decidir a vida antes de começar a época em condições.

Aposto na segunda, para lhe ser sincero. Andei uns dias afastado destas lides e apesar de me manter ao corrente de tudo o que se vai passando, a verdade é que ainda estou hesitante em relação ao onze base que o meu caríssimo amigo me vai espetar em campo quando der um salto ao Dragão para ver o Marítimo na primeira jornada do campeonato. Vai ser uma semana de treinos intensos, de escolhas a fazer e de comentários irrisórios acerca da forma de A e B, da capacidade física de C e D, da potência de remate de E e F ou da possibilidade de alinhar na linha com G, H…ou, Deus me livre, talvez I. E nem cheguei ao J de Jackson, que renovou para grande satisfação aqui do portista residente.

Ainda assim, o jogo de hoje continua a ser de pré-época (menos para o Osman, que é de pós-carreira) e o que quero ver, raios, o que todos os portistas querem ver, é o que vai sendo feito da nossa equipa. Depois de lhe entregarmos tudo o que nos tem pedido, a malta começa a salivar com a potencialidade do que este conjunto de rapazes pode trazer. Hoje, ainda não começamos a cobrar, mas já começamos a querer ver alguma coisinha. Alguma coisinha, Julen, por favor.

Sou quem sabes,
Jorge

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Domingo é cedo demais. Mas também é tarde.

Começo a ficar um bocadinho farto de ler críticas às contratações do FC Porto, tanto por escribas de outras cores como de autores que partilham a mesma afeição. E se qualquer contratação é vista sob o olhar de quem a escreve, que se supõe equilibrado da cabeça e sem problemas a condicionar o raciocínio e a tolher a mente, o mesmo não parece acontecer nas palavras que vão brotando dos dedos de tanta malta que escreve por esta internet fora.

Volto a afirmar o que digo há semanas: há muito talento no FC Porto 2014/2015. Se esse talento se vai traduzir em campo numa equipa sólida, construtiva, com rotinas bem formadas, trocas de bola bem feitas, bons overlaps entre extremos e laterais…remains to be seen. E se me preocupa o meio-campo, com a ausência de um fio condutor e mesmo de sequer um nome que seja afirmado como titular absoluto (Casemiro/Ruben? Oliver/Quintero? Herrera/Brahimi?), não deixo de ter a confiança que sempre tive num treinador novo, com uma equipa nova: zero, até que me provem o contrário. Não quero com isto dizer que Lopetegui não me merece respeito e a confiança que vai trabalhar para levar a equipa a bom porto. Mas até agora, em fase de treinos, não ouso começar a comparar o trabalho com outros treinadores ou aquilatar o que o jogador A pode fazer agora que o jogador B não está no clube. É muito cedo e se pensarem bem, chegarão às mesmas conclusões que eu.

Dito isto, estou com alguma ansiedade pelo jogo de Domingo. Falta muito pouco tempo para a Champions.

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Baías e Baronis – FC Porto 0 vs 0 Saint-Étienne

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Não foi uma estreia em grande, longe disso. Ficou a ideia que há muito talento na equipa, muito mais que no ano passado, mas que ainda vai demorar um bocadinho até podermos dizer que temos uma equipa que possa lutar para ser campeã em Portugal. Que há mais talento é evidente (então naquele meio-campo…upa upa), mas as rotinas ainda não existem, acumulam-se espaços vazios e zonas com mais densidade populacional que Tóquio, para que esta análise seja minimamente importante para o que aí vem daqui a poucas semanas. Só isso me assusta, para vos ser sincero: estamos a três semanas da estreia…e ainda há muito trabalho pela frente. Mas que me aguçou a curiosidade para perceber o que podemos fazer, isso aguçou. Vamos a notas:

(+) Maicon. Seguro na defesa, sem inventar (apesar de abusar dos passes longos) e a mostrar tranquilidade e bom posicionamento perante os adversários. Está no plantel há tempo suficiente para ser um dos “antigos” (é verdade. pensem nisso. pois.) e parece que este ano será um ano em que vai ser determinante a sua condição física e acima de tudo psicológica, porque ao ver a linha defensiva a jogar quase no meio-campo…vai ser assustador perceber que terá de haver uma sintonia quase perfeita entre os jogadores do sector recuado. Maicon pode ajudar, com a experiência que tem, a unir esse grupo.

(+) Fabiano. Várias defesas de diferentes graus de dificuldade, a mostrar que na baliza é um jogador excelente. A sair de lá…not so much. Algumas hesitações não mancham uma boa exibição e a garantia que temos a baliza bem guardada. Parece mais inteligente a jogar com os pés mas só o tempo dirá se mantém o lugar perante a iminente chegada de mais um guarda-redes.

(+) Brahimi. É talvez o reforço que mais expectativa me cria (juntamente com Tello) porque já o vi jogar montes de vezes na liga espanhola e sempre gostei da forma como rompe por entre os defesas em drible constante e no tempo do proverbial coçanço de olho do chifrudo consegue arrastar a equipa para uma situação de golo. Hoje fê-lo por duas ou três vezes e mostrou que pode ser muito importante em tantos e tantos daqueles jogos em que a posse de bola não parece ter fim e só precisávamos de um gajo que acelerasse o jogo. Brahimi pode ser esse homem.

(+) Óliver. Estupendo controlo da bola e noção perfeita da saída de espaços com ela controlada e a rodar para o sítio certo. Não sei se será titular (talvez não seja o melhor na cobertura defensiva) mas em muitos jogos pode trazer uma clarividência em posse que nos pode ser muito útil.

(+) Lopetegui a não jogar para o público. Fiquei surpreendido com a quantidade de alterações na equipa mas acima de tudo na insistência em assumir que este é um jogo de treino. E Lopetegui pareceu indiferente aos assobios das bancadas, o que me deixou agradado e me deu alguma confiança. Teremos, pois, um treinador que sabe o que quer e como o quer, que entende que o plantel está ainda verde e que tem muito trabalho pela frente. Não se preocupou em ganhar o jogo a qualquer custo mas a perceber quais são as melhores alternativas para os lugares-chave do plantel. A experiência dos três defesas podia ter corrido mal, mas Julen não quis saber. Treino? Treino. Não interessa onde. Não sei se manterá esta arrogância positiva mais lá para a frente, quando inevitavelmente houver um ou outro jogo que não corra bem, mas gostei do primeiro impacto, apesar do jogo não ter sido positivo.

(-) Carlos Eduardo. Estranho que fique no plantel porque há tantos jogadores que ficam de fora e se continua a ter esta quantidade de passes falhados e intervenção negativa em campo, ainda percebo menos porque é que ainda por cá está. Não joga bem a 10. Não joga bem a 6. É marginalmente melhor a 8. So what? Josué podia fazer o mesmo, Evandro pode fazê-lo bem melhor. Ou então sou eu que estou a embirrar com o moço.

(-) Casemiro. Já sei que o rapaz entrou na equipa há meia-dúzia de dias, mas o ritmo que mostrou foi demasiado lento para ser aceitável. Tem bom toque de bola mas precisa de trabalhar com afinco para ter um nível físico decente no arranque do campeonato. É que Ruben Neves está já aí prontinho a calçar…

(-) Novamente, os imbecis do assobio. Já começa a ser tradicional ouvir esta cáfila nos jogos que o FC Porto disputa no Dragão e nem é novidade aparecerem em amigáveis de pré-época. Mas enerva, oh se enerva, perceber que é esta cambada de idiotas que se diz portista e que começa a pressionar a equipa antes sequer de os rapazes se conhecerem pelo primeiro nome. Insisto: se não querem ver o jogo, vão embora. Xô. Andor violeta. Ninguém precisa de vos ter aqui, ninguém vos QUER ter aqui. Deixem as cadeiras vazias mas não enervem o resto da malta com a vossa atitude.


Os jogos em Inglaterra são já daqui a uma semana e aí já vamos poder perceber o que valemos. Acima de tudo, interessa saber quem são as primeiras escolhas de Lopetegui. Há muito nome de onde escolher…

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Ouve lá ó Mister – Saint-Étienne

Señor Lopetegui,

Em nome de todos que vão estar hoje no Dragão, deixe-me dar-lhe as boas vindas. Sei que já o fiz no jogo contra o Genk, mas hoje é um dia especial para si porque este estádio onde hoje vai estar presente será a sua casa durante os próximos tempos. E como qualquer pessoa que se muda para um novo domicílio, convém entrar com o pé direito, com as superstições todas associadas a esse arranque que se quer tranquilo e bem humorado. É um dia diferente para todos os portistas que lá vão estar e que já não vêem a sua equipa a jogar no seu estádio há meses. MESES, meu caro! Custou, garanto-lhe.

E hoje é um dia especial para tantos outros que aparecem pela primeira vez para jogar no clube e que vão pela primeira vez mostrar o que valem em frente aos adeptos. O meu caro amigo ainda não sabe porque ainda não passou por isso, mas estes tolinhos de azul-e-branco que logo o vão aplaudir não são os mesmos que o vão acompanhar durante a época. É um dia especial porque as apresentações são sempre rodeadas de grande fausto, uma festa com dragões “verdadeiros” em campo, naquele habitual cerimonial de purgar os maus-olhados e as vibes negativas que ainda possam estar entranhadas depois da época passada e que todos queremos esquecer rapidamente. Por isso vai ser uma festarola cheia de famílias, malta simpática e bem-disposta, que estava disposto a apostar que na maioria dos casos nem sabe quem é o Brahimi e pensa que o Ricardo já foi guarda-redes do Sporting. Não leve a mal, aposto que é assim em todos os clubes grandes e nós não fugimos à regra. Mas também lá vão estar os dementes como eu, que vão abandonar a família às sextas-feiras à noite em dias de chuva para o ver a si e aos seus rapazes em jogos contra os Moreirenses e Rios Aves deste campeonato. Esses, meu caro, são os que servirão como juízes em causa própria daqui a uns meses.

Mas hoje, como já disse, hoje é uma rebaldaria de boa disposição. Uma vitória é sempre porreira mas o que interessa mais são as camisolas novas, as botas dos novos e os penteados dos antigos. Perceber se o treinador gosta de estar sentado no banco ou grita para o relvado de cinco em cinco segundos. Se faz substituições a qualquer altura ou se espera até ao último minuto. Esteja descansado porque ninguém lhe vai tirar a pinta hoje. Só queremos ver o FC Porto a jogar. It’s been too long.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – KRC Genk 1 vs 3 FC Porto

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foto retirada de JN.pt

Para primeiro jogo, não foi mau. Tendo em conta que estava há dois meses sem ver o FC Porto a jogar, podia perfeitamente ver um jogo foleiro e ficar todo contente por ver a minha equipa a jogar. Houve um pouco de açúcar salpicado por cima do jogo, com o aparecimento de Sami e de Ruben Neves, as exibições seguras de Danilo e Maicon e o toque de bola de Óliver e Tello. Ainda é cedo, como parece evidente, mas gostei da pressão alta e da capacidade de troca de bola a meio-campo, com a salvaguarda de precisarmos de levar uma ou outra pastilha para pôr debaixo da língua quando a bola chegar ao guarda-redes ou quando a defesa estiver mais lenta do que é normal. Vamos crescendo e temos ainda algumas semanas para isso. Sigam as notas:

(+) Sami. Já conhecia o Sami do Marítimo, rápido, agressivo e prático com a bola. Mas não pensei que também ia conhecer Sami, o “eu remato sempre que posso e causo perigo porque sou eu, o Sami”. Gostei muito de ver um avançado a colocar no relvado aquilo que sabe e a ser inteligente para fornecer as bolas aos colegas quando não está na melhor posição. Marcou dois golos e mostrou a Lopetegui que não tem um nome famoso como alguns dos colegas, mas está ali para jogar. Por outro lado…Licá também começou bem 2013/2014…

(+) Óliver. Ui, meu querido, que pés tens tu! Uma espécie de Belluschi com cabelo à Beatle, aproveita todos os benefícios de um centro de gravidade ao nível de uma garrafa de água para rodar com a bola controlada e colocar a bola no local que acha mais indicado. Ainda lhe faltam pernas e entrosamento com uma equipa e um estilo diferentes, mas estou a antever grande luta pela titularidade com Quintero. Sim, ou um ou outro, porque tantos gajos a rodar sozinhos em campo podem causar enjoo nos espectadores.

(+) Ruben Neves. Uma agradável surpresa. Já tinha ouvido falar dele há dois anos, quando me disseram que havia um puto nos sub-15 que ia ser um espectáculo. Não sei o que reserva ao rapaz mas tive a mesma sensação ao vê-lo que tive quando vi Rosicky no Sparta, Lucho nos Olímpicos de 2004 ou João Mário na Sporting B: este não engana. Boa visão de jogo, sentido prático na construção e uma aparente calma em campo que o faz parecer consideravelmente mais velho. Espero que não se transforme num Sérgio Oliveira daqui a dois ou três anos.

(-) Quaresma, um capitão não pode ter atitudes daquelas. Faz uma falta (parva), fica no chão, agarra a bola e pontapeia-a para longe. Really. Um capitão de qualquer equipa não pode ser um gajo que amua com qualquer pequena coisinha, Ricardo. Tem de ser um aglutinador, o primeiro a defender os colegas e o último a sair de campo, mas acima de tudo tem de dar o exemplo. Tem de ser o melhor de todos, a figura para quem os outros olham e tentam emular. Não é um menino petulante que não sabe estar em campo, mesmo que o jogo seja a feijões. Revê lá a tua atitude, rapaz.

(-) Carlos Eduardo. Pensei que o ia ver a 6 mas quando Josué entrou em campo naquela posição, cedo percebi que íamos ter Carlos Eduardo na posição que o “fez” aquando da passagem pela equipa B no ano passado. mas não gostei do que vi, porque o rapaz não fez nada que servisse para justificar que pode ficar no plantel, especialmente com várias opções para aquela posição como parecemos estar a construir. Espero para o ver a jogar numa zona mais recuada, mas não sustenho a respiração até que o faça.

(-) As desconcentrações defensivas. Julen, foi por causa desta e de outras merdas como esta que o Reyes fez hoje que o FC Porto ficou em terceiro no ano passado. Se formos frios e analisarmos os números, houve várias derrotas que surgiram no início do campeonato fruto de idiotices como a do Reyes (no ano passado, para lá do mexicano, também Mangala, Abdoulaye e Otamendi se juntaram ao ramalhete, formando uma quadrologia de estupidez como não há memória) e é uma das coisas que este ano ninguém quer ver. Ninguém, hombre. Quando Maicon e Danilo são os dois melhores jogadores da defesa…acho que está tudo dito.


Ainda é cedo e há muita coisa ainda a corrigir, mas fico satisfeito pelo que vi. Estaremos prontos para a eliminatória da Champions?

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