Ouve lá ó Fucile

Amigo Jorge,

Estou lixado contigo. Começaste mal a época e depois de no ano passado te teres estourado todo na Rússia, pensei que quando chegasse Agosto estivesses cheio de garra para jogar e com a cabecinha no sítio. Até agora, rapaz, o que tenho visto da tua parte é pouco mais do que mostraste em Londres naquele famoso jogo de Março de 2010, onde sozinho conseguiste juntar os talentos de Sonkaya, Quintana e Paulinho César num bolo de estupidez coberto por parvoíce. E eu, pá, que farto-me de te defender e já o fiz em tantas ocasiões diferentes, parte-se-me o coração ao ver-te a fazer jogos tão maus. Ou melhor, partiu-se-me o coração, porque estou convencido que agora que estás de volta aos treinos a sério, vais começar a atinar.

Tens aqui um teu criado para o bem e para o mal e tu sabes disso. Se tivesses a mona no sítio e decidisses de uma vez por todas que não vai de encontro aos teus melhores interesses começar a fintar o extremo adversário quando não há mais ninguém entre vocês e a baliza a não ser o Helton, ou se percebesses que a melhor maneira de cortar uma bola não é, por estranho que te pareça, usando as mãos, não me tinhas obrigado a inventar palavras novas e a arrancar metaforicamente os poucos cabelos que me sobram quando te vejo a fazer essas enormidades. Tu, que tens a fibra e a raça de um jogador à Porto, não percebo o porquê de andares constantemente a inventar e a perderes o sentido prático que devia estar gravado nessas trombas como uma dedicatória numa aliança.

O teu colega é um gajo porreiro e ele sabe que eu também não desgosto dele, mas tu tens mais talento. Ele também sabe disso. Mas o Sapu, ao contrário de ti, é um tipo que não se põe a brincar e perde bolas que não deve. Ele, ao que parece, enfrasca álcool a sério mas é depois do jogo e fora do campo, ao passo que tu parece que bebes uns shots de tequilla foleira antes de entrares prá relva e cá vai disto. Não pode ser, rapaz, depois perco a moral toda quando te elogio como quando mandaste aquela tacada ao jornalista depois do jogo de Braga no ano passado. Tens de ser melhor, Jorge, tens de te superar para voltares ao teu lugar, à titularidade que mereces pela tua qualidade mas que tens de mostrar em campo que és um gajo em quem podemos confiar.

Até lá vou estar à espera. Não desisto de ti, puto, volta a provar que mereces o meu elogio!

Um abraço aqui do teu homónimo,
Jorge

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Duelos para a temporada – parte I

A História está repleta de duelos. Muhammad Ali contra George Foreman, Aaron Burr contra Alexander Hamilton, Júlio César contra Pompeu, Napoleão contra Wellington, Montgomery contra Rommel, Ripley contra o bicho que baba ácido, Kramer contra Kramer, Paulinho Santos contra João Pinto ou Mariano González contra a Jabulani, todos estes são exemplos de inimigos figadais, de rancores e lutas constantes até que um fique prostrado em metafórica posição fetal, ou no caso do Mariano, que habitualmente resultava num lançamento lateral para o adversário. No plantel do FC Porto deste ano temos direito a assistir a alguns destes duelos, ainda que com contornos consideravelmente diferentes dos supra-citados, porque só num caso ou noutro veremos derramar de sangue, lutas de espadas ou disparos com boa pontaria. Espero.

Por isso vou aqui deixando alguns dos duelos que vão ser travados pela titularidade no FC Porto. Digam de vossa vontade, fazem favor.

 

Jorge Fucile
Cristian Sapunaru
Posso chutar, mister?
(características ofensivas)
Gosta mais de atacar que o exército americano, rompe pelo flanco como uma coisa que rompe muito bem pelo flanco. Mais retraído, mas ultimamente aparece na área para finalizar.
Defende em condições?
(características defensivas)
Bom no 1×1 em condições naturais, cai pouco nas fintas e mantém a postura, mas tende a esquecer-se que a zona que lhe está atribuída é um pouco atrás do meio-campo. Não sendo uma barreira intransponível, é um defesa sóbrio e racional. Continua a dar muito espaço quando tem um extremo rápido e permite cruzamentos mais vezes do que devia.
O guarda-redes abdica da barreira…
(lances de bola parada)
Costuma ser o elemento mais recuado, é aquele bombeiral que fica atrás a guardar a cisterna. Joga bem de cabeça e aparece sempre na área.
Oh amigo, até jogo à baliza!
(versatilidade)
Pode jogar na direita ou na esquerda Consegue jogar à direita e ao centro da defesa
Parto-te todo, ouviste?!
(sistema nervoso)
Agressivo, reclama muito com os árbitros.
Enerva-se facilmente.
Pensa que tem a técnica do Dani Alves mas está mais próximo de um Ibarra.
Agressivo, reclama muito com os adversários.
Propenso a faltas para amarelo quando se posiciona mal no 1×1.
So ready for my fucking close-up
(imagem)
Parafina. Pinta o cabelo, sinal de segurança clara na sua masculinidade. Tem ar de gozo sempre que fala com a imprensa Alcoólico. Continuo a achar estranho ainda não ter visto uma garrafa de “Absolut Sapunaru” num supermercado. Ah, e apanhou uns meses de suspensão por andar à pancada num túnel.
Como é a música que cantamos a este gajo?
(relação com os adeptos)
Ambígua. Uns adoram-no, outros não o podem ver. Começou indiferente, actualmente é um “menino querido” das claques.
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Baías e Baronis 2010/2011 – Fucile

Época: Não foi das melhores épocas de Fucile e terminou mais cedo porque se lesionou na clavícula numa das visitas aquele relvado nojento de Moscovo. No entanto, notou-se bem o que o faz diferente de Sapunaru e é o complemento perfeito para o romeno. Sapu é mais comedido, mais pausado, mais frio. Fucile é mais agressivo, mais louco, mais audaz. Continua a mostrar algum excesso de confiança que só serve para me lixar a mona mas é um dos meus jogadores preferidos do plantel. Por mim ficava para sempre. Gosto do gajo, que querem?

Momento: O jogo em Sevilha, onde foi dos poucos que conseguiu estabilizar a defesa em frente ao zigue-zague de Navas e ainda conseguiu ir dar várias perninhas ao ataque.

Nota final 2010/2011:

BAÍA

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Votação: Sapunaru ou Fucile na direita?

Villas-Boas tem tido um excelente problema para resolver. Ambos os jogadores dão garantias, pois com Sapunaru temos um defesa mais estável, mais seguro, que sobe pouco no terreno mas que pode ajudar ao centro porque joga bem de cabeça, ao passo que em Fucile temos explosão, correria louca, acelerações e tabelas para a linha e uma empatia com os adeptos como poucos no plantel. Qual deles escolher? Fossem todos os problemas iguais a esse, certo? O pessoal votou assim:

  • Fucile: 66%
  • Sapunaru: 34%

Sapunaru tem vindo a fazer a melhor época desde que cá chegou, mas a malta continua a gostar mais do Jorge. Não de mim, do outro, do tolo que fala de Hondas e Kawasakis e que sobe pelo flanco com fogo no rabo e que adora cair em cima dos alas adversários e de fazer carrinhos e de cruzar para a bancada. Também me incluo no grupo de fãs de Fucile, por muito que apeteça dar-lhe dois estalos naquelas trombas quando põe cara de gozão para os árbitros. Desculpa, Sapu, mas o rapaz tem qualquer coisa de especial.

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