Ouve lá ó Mister – Rio Ave


Amigo Vítor,

Deve haver qualquer tipo de interferência cósmica que me tem vindo a impedir a visualização em directo de jogos do meu clube. Já aconteceu no sábado, onde um casamento, uma animada festa de família com uma das minhas pessoas preferidas neste mundo a dar o nó com uma miúda que, devo admitir, lhe chega bem acima dos calcanhares, fez com que não visse a partida de Coimbra. E hoje, o clube decide satisfazer os desejos de tantos adeptos que imploraram a todos os santos azuis-e-brancos para termos jogos à tarde…e escolhe uma merda duma quarta-feira para saciar a sede do povo por um bocadinho de sol nas beiças enquanto vê o FC Porto a jogar à bola. Até compreendo que há muita malta desempregada, mas os que ainda têm um emprego não vão ver a vida facilitada sequer para VER O JOGO NA TELEVISÃO, QUANTO MAIS AO VIVO!!! SIM, ESTOU A BERRAR PORQUE ESTE FILHO DA PUTA DE HORÁRIO NÃO LEMBRA ÀS HEMORRÓIDAS DE SATANÁS!

Por isso não vou ver o jogo em directo. Bela tarde que se me apresenta, já viste? Enfim. Ah, quanto ao jogo, quatro coisas: põe o Liedson em campo nem que seja por meia dúzia de minutos; dá uma chance ao Sebá para ver se vale mesmo a pena largar um milhão de contos pela carcaça dele; deixa o Lucho descansar uns minutos e aproveita a moral do Castro que deve estar mais alta que o Monte Crasto (ele sabe o que é, acredita); e ganha o jogo para irmos a mais uma final. Já que chegámos a este ponto, não faz mal chegar um bocadinho mais longe, não é verdade?

É o costume. Se ganhas, ninguém vai ligar pêva. Se perderes, cai a Trindade, o Carmo e qualquer outra igreja que te lembres. Os Congregados, pronto.

Sou quem sabes,
Jorge

Link:

Ouve lá ó Mister – Académica


Amigo Vítor,

Olá. O meu nome é Jorge e sou o animal que escreve habitualmente aqui neste espaço, sócio e adepto portista há muitos anos, detentor de Dragon Seat e com um sentido de humor geralmente considerado “nocivo” por algumas pessoas que se riem do que digo para depois me criticar pelas costas. Um bocado como fazem com o Quaresma depois de o ver em campo, se é que o rapaz ainda calça as botas e suja os calções, porque já não ouço falar dele há que tempos. É uma tristeza quando se perde o foco da ribalta, não achas? But I digress, regressemos ao que me trouxe.

Estou farto de não ganhar jogos. Sabes que não celebro uma vitória do FC Porto desde o dia oito de Março? OITO, VITOR!!! E já jogámos duas vezes desde esse dia, pá, e vinte e dois dias deste jejum forçado dá-me uma azia que nem imaginas. Nem os jogos da selecção me dão a pica de antigamente, sinceramente, por isso estou dependente do jogo como de pão para uma boquinha que já não se nutre há tempo demais. E já sei que esta Académica é uma equipa de ferrolho, que defende com tantos gajos quantos puder enfiar na pequena área. Mas não quero saber de desculpas e os teus moços também não podem pensar nisso. E deixa-me que te diga: ainda bem que o Varela não está disponível. Não estou a gostar nada de o ver a jogar. Neste momento, preferia o Sebá. Raios, preferia o Mariano! Joguem em condições e ganhem. Ponto.

Para lá deste desterro mental…não vou poder ver o jogo em directo. É um caralho dum complot contra mim, só pode ser. Por essa hora vou estar algures pelo distrito de Braga, a enfiar o focinho numa travessa de sapateiras ou de croquetes, com um copo de Touriga na mão a fazer um brinde aos noivos. Ainda por cima o noivo é um dragão dos grandes, pá, por isso imagina o sacrifício que se faz pelo mulherio na nossa vida. Por isso só vou ver o jogo depois de chegar a casa e talvez só escreva no dia seguinte. Mas também é Páscoa e vai andar tudo a enfardar o bandulho com cabrito e ovos de chocolate. Só espero fazer algo parecido e não me cair mal. A responsabilidade é tua.

Sou quem sabes,
Jorge

Link:

Ouve lá ó Mister – Marítimo


Amigo Vítor,

Com todo o respeito que me mereces, e acredita que mereces, mas isto vai para aqui uma puta duma confusão na minha cabeça que tu nem imaginas. Um gajo anda uma bela parte da época a pensar bem de ti e de tantos outros e depois um ou dois jogos chegam para te pôr no fundo de uma fossa séptica cheia de Ruis Gomes da Silvas. Não pode ser e a culpa até pode ser um bocado tua e mais um bocado dos jogadores e mais meio bocado do relvado e ainda outro bocado do Málaga, mas não pode ser. Ficamos todos lixados com estas coisas e nem dá vontade de ver a bola, sabes? É assim que um gajo fica depois de um jogo daqueles de quarta-feira, Vitor. Só apetece enrolar debaixo de um edredon, pôr a cabeça na almofada e sonhar com um mundo melhor. É isto que imagino todos os portistas fazem quando o FC Porto perde um jogo. Sim, pode haver alguns que não fazem *exactamente* isto, mas é parecido, ou pelo menos o sentimento é similar.

Mas para lá do jogo da Champions, de onde saímos cedo demais e da forma triste que todos vimos, há o campeonato. Também tens a Taça da Liga, mas eu sei que tu estás tão interessado nessa merda como o Jesus em aprender português, por isso o que interessa mesmo agora é o campeonato. E ainda está tudo por decidir, tudo ao teu alcance e…topa lá isto: só depende de ti. De ti, dos nossos, da nossa vontade! É do carago, não é, Vitor?

Hoje, na Madeira, volta ao ataque. Volta às vitórias. Já sei que não há Moutinho, que o James está em baixo de forma. Faz o que quiseres com quem quiseres, mas ganha o jogo.

Sou quem sabes,
Jorge

Link:

Ouve lá ó Mister – Málaga


Amigo Vítor,

Chegou o dia. Milhões de portistas vão estar em frente à televisão, unidos em espírito aos milhares que vão estar na Andaluzia a apoiar a equipa em mais uma demanda europeia. E todos eles estão prontos para um jogo que vai ser difícil, contra um adversário matreiro e dinâmico, que nos vai tentar fechar todas as possibilidades de avançarmos em frente na competição. Blá blá, coiso.

A verdade é que somos favoritos. E temos de mostrar em campo que somos favoritos, empurrar o Málaga para trás, fazer um jogo como nós sabemos e furar aquela defesa de caceteiros com uma voracidade tal que pensem que não ganhamos um jogo há um mês, como eles. Esta é a verdadeira competição onde não pode haver falhas, onde qualquer hesitação, periclitância, tremideira…podem lixar-nos a vida. Por isso não sei se joga Moutinho ou se joga Mangala ou se jogam os dois ou até se não joga nenhum deles. Temos de ser fortes, Vitor, temos de ter as lanças afiadas, as soqueiras bem carregadas e as biqueiras de aço firmes na ponta das botas. E vamos mostrar que não há Málaga que nos meta medo, porra!

Para além disso, já viste o que significaria para ti chegar aos quartos da Champions? É que nós, os portistas (como tu, mas noutra qualidade), já lá passámos montes de vezes. Mas tu, Vitor Pereira treinador…ainda não. Inaugura-te, desflora-te, e fá-lo com estilo!

Sou quem sabes,
Jorge

Link:

Ouve lá ó Mister – Estoril


Amigo Vítor,

O jogo com o Sporting já lá vai. Longe, como um combóio à distância visto de uma qualquer estação deste país, especialmente em dias de não-greve, que parecem ser cada vez menos frequentes. Mas a metáfora do combóio não se aplica a nenhum minuto dos noventa e pico que foram disputados em Alvalade. Parecia mais uma daquelas maquinetas que se viam nos filmes de cobóis, da altura da construção dos caminhos de ferro nos “steites”, tás a ver o que estou a falar? Oh pá, não faço ideia como é que essas coisas se chamam, pera lá…(googling…googling…found!)…dresinas! É isso mesmo! E imagina que de um lado estava o Otamendi e do outro estavam dez desgraçados que acabaram de se formar em Direito Bibliotecário ou qualquer merda do género. Sem aspirações, sem vida, sem alma nenhuma, com a teoria lá dentro mas a prática…esquece. Pois foi assim que vimos a equipa na semana passada e há duas semanas, neste mesmo estádio onde hoje eu e tu vamos estar (em zonas diferentes, claro), contra o Rio Ave. Têm sido dias complicados, não haja dúvida, e algo me diz que este jogo contra o Estoril não vai ser muito diferente. Chama-me pessimista, mas é o que sinto.

Por isso peço-te que tentes mudar o meu estado de espírito e faças alguma coisa para motivar as tropas. Já sei que o jogo da próxima quarta-feira vai estar na cornadeira de tudo que estiver de azul-e-branco no relvado e fora dele, mas temos de encarar isto um jogo de cada vez. E primeiro vem aí o Estoril, que nos vai dar água p’las barbichas sem olhar duas vezes para cuspir para o chão depois de levar um ou quinze murros nos dentes. São rijos, os estupores, atacam rápido e defendem com firmeza. Mas não podemos perder mais pontos, Vitor, muito menos no Dragão e contra uma equipa que ainda no ano passado jogava contra o Arouca. Temos de ganhar o jogo com inteligência, mesmo sabendo que te vai faltar o oito no meio-campo e o vinte-e-dois na defesa, mas temos de ganhar este jogo de uma forma tal que a malta não se convença que os bons tempos já lá vão e que a próxima quarta-feira, que até nos podia deixar todos contentes, vai fazer muito estômago torcer e esófago contrair.

Diz que vai chover. Faz com que sejam golos, senhor, que sejam golos!

Sou quem sabes,
Jorge

Link: