Ouve lá ó Mister – Dinamo Kiev

Señor Lopetegui,

Para o jogo da primeira mão, o que nos arrancou na caminhada da Champions deste ano, enchi a pantalha com yaddas. Não funcionou muito bem, porque do que me lembro houve meia-dúzia de AVCs colectivos na defesa que nos custaram dois pontos e que podiam ter feito com que este percurso tivesse sido bem mais complicado do que acabou por ser. Mérito à tua equipa (e a ti, co’a breca!) por se terem erguido com dignidade e força nos três jogos seguintes, porque as três vitórias que sacaram são mais do que suficientes para garantirmos hoje o lugar nos oitavos.

Já sei que apenas precisamos de um ponto dos dois que perdemos em Kiev, mas já sabes como é que estas coisas correm quando uma equipa joga para empatar, não é? Não jogaste para empatar na Ucrânia, pois não? Não senhor, estivemos lá na frente e o jogo até estava a correr bem, não fosse aquela imbecilidade defensiva a tolher-nos as monas conjuntas e a fazer de nós uma massa heterogénea de choradeira e dedos apontados. Não quero que aconteça nada do género e por isso estou a contar que ponhas a melhor equipa em campo e que mandes os rapazes acabar com qualquer dúvida, que só acontece se sacarmos três pontos. Vai estar um briol do caraças e a malta precisa de aquecer nas bancadas, por isso vamos lá mostrar bom futebol e uma vitória para animar as hostes!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Angrense 0 vs 2 FC Porto

Angrense's player Miguel Oliveira (L) vies for the ball against FC Porto player Martins Indi (R) during their Portugal's Cup fourth round between Angrense and FC Porto held at John Paul II stadium in Angra do Heroismo, Terceira Island, Azores, Portugal, 21 November 2015. EDUARDO COSTA/LUSA

EDUARDO COSTA/LUSA

Um jogo simpático contra uma equipa simpática numa terra bem simpática onde fomos recebidos com…you got it, simpatia. Apesar dos melhores esforços do Angrense, a verdade é que o resultado peca por escasso, com várias oportunidades a serem falhadas e com a típica falta de rotinas entre jogadores que raramente jogam em conjunto a fazer-se notar. Foi o suficiente para uma vitória interessante mas que irá rapidamente desaparecer das nossas mentes. Vamos a notas:

(+) Sérgio Oliveira. A quantidade de vezes que já vi Herrera jogar sabendo que este rapaz está na bancada a ver a bola é coisa para me partir o coração. Gosto de o ver a pensar o jogo, a progredir com tino e a raciocinar com o esférico nos pés, raramente se enviando em demandas loucas, optando sempre pela construção inteligente e sustentada. Uma espécie de Rakitic de Mozelos, vá. Quero vê-lo a jogar mais, até para poder ganhar a forma física que necessita para nos dar mais e melhor.

(+) Bueno. Dois bons golos e uma boa integração na equipa em qualquer das posições que foi ocupando, inclusive na defesa, onde salvou uma ou outra das fugazes jogadas de ataque do Angrense. Mexe-se bem, é prático e executa com rapidez. Neste momento deveria ser a segunda escolha para ponta-de-lança à frente de Osvaldo, que não consegue acertar na baliza a não ser que a bola tenha controlo remoto…

(+) Victor Garcia. Apesar de algo nervoso na primeira meia-hora (compreensível mas estranho, para um rapaz que já jogou nos As e é titular nos Bs), subiu de produção a partir dessa altura e mostrou o que já conhecíamos dele: velocidade, força física no confronto directo, boas subidas pelo flanco e postura de lateral ofensivo como um jogador naquela posição tem de ter no nosso clube. Faz-me pensar no que deve ter ficado a pensar ao ver Reyes a titular em Munique no ano passado…

(-) Osvaldo. É raro dar Baronis para malta que se esforça, mas Osvaldo está a correr nos sítios errados. Técnica apurada? Sim. Bom domínio de bola? Óbvio. Mas…pouco interventivo nas zonas de finalização apesar de muito mexido fora delas, é notável a capacidade que tem, jogando como avançado…de raramente o ser. Constantemente a tomar as decisões erradas, está mesmo a precisar de um golinho para animar, mas a continuar assim não vejo como o vai conseguir..

(-) Oh Silvestre, a sério?! Metade da equipa do Angrense muge vacas durante o dia e treina à noite. E têm trinta e nove anos de média de idade, mais coisa menos coisa. E todos eles chegavam à bola primeiro que o Varela. Need I say more?


Pode sair outro Angrense na próxima eliminatória? Sim? A gerência agradece.

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Ouve lá ó Mister – Angrense

Señor Lopetegui,

Selecções para cá e para lá, eternos adiamentos e uma época que parece não estabilizar. Ainda te lembras daqueles tempos (idos, com toda a certeza) em que havia jogos todas as semanas de Setembro a Maio, com a eventual interrupção de um ou outro fim-de-semana no Natal e uns joguitos dos países aí bem espaçados? God, those were the days, right? Agora passam-se semanas em que só vejo jogadores do FC Porto via Twitter em vez de os ver onde gosto mesmo: no relvado. Vá lá, hoje regressam os nossos meninos numa espécie de jogo de pré-época a meio da temporada que, como qualquer jogo de Taça, tem tudo para correr mal. Ainda por cima contra uma equipa do Campeonato Nacional de Seniores (como se os outros não fossem do mesmo escalão, mas adiante) que vai fazer tudo para brilhar contra um grande. Mas não há que ter medos, é só preciso jogar o que sabemos, arriscar pouco e garantir um resultado confortável o mais depressa possível.

Preferia ver apenas duas ou três caras novas no onze mas algo me diz que vais mudar meia-equipa. Aliás, olhando para a convocatória não me deixaste grandes dúvidas, mas não me agarro ao desgaste das selecções para justificar as entradas e saídas de nomes. O que é preciso é convenceres os “menores” que se fizerem um bom jogo, de entrega, de luta e de inteligência, podem perfeitamente passar à frente dos maiores! Sim, até o Herrera! Mas gosto que dês oportunidades ao Victor Garcia, ao Lichnovsky, ao Bueno e ao Sérgio Oliveira. É malta séria, que trabalha bem e merece jogar um bocadinho!

Acima de tudo é para ganhar, pá. Mata-mata, bota-fora, tiro-aos-mortos, whatever. Ganhar.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 Vitória Setúbal

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Não foi uma grande vitória mas foi uma vitória justa, mais uma. E o mais interessante deste jogo acaba por ser a forma como a equipa conseguiu manter-se psicologicamente estável depois de uma sucessão de falhanços, más decisões e erros técnicos que quase serviram para desestabilizar o que deveria ter sido um percurso natural para uma vitória também ela natural. Em grande estiveram as claques, aparecendo no momento perfeito para elevar a moral do povo antes de começarem as assobiadelas. Não vivemos dias fáceis mas lá vamos navegando. Notas nos parágrafos seguintes:

(+) Layún. Creio que nunca será um estupendo defesa esquerdo porque não tem características para tal. É um wing-back, como me dizia o meu colega do lado, que sobe mais do que deve e raramente parece estar pronto para defender sob pressão. Mas a forma como agarrou o lugar na equipa, com golos e assistências a marcarem a diferença nos últimos jogos, bem como as subidas pelo flanco a ajudarem no overlap à ineficácia actual de Brahimi, fazem dele um dos elementos em destaque na equipa e hoje foi exactamente o que tem vindo a ser. Rápido, prático, de remate pronto e a cruzar bem para o golo de Aboubakar.

(+) Danilo. O jogador do meio-campo com mais clarividência, a manter o nível com um jogo abaixo da média para Ruben e Evandro (André também não entrou particularmente bem). O centro do terreno foi a zona mais cheia de pernas mas Danilo usou quase sempre bem o corpo para proteger bem a bola e impedir quase todos os poucos lances de ataque do Setúbal que de facto foram construídos pela relva (ao contrário da maior parte das bolas enviadas para Suk…o cabrão ganha 90% das bolas aéreas, é enervante desde os tempos do Marítimo), fazendo dele o único médio que fez um jogo em condições hoje à noite no Dragão.

(+) O apoio dos adeptos. É exactamente isto que precisamos nos momentos menos bons. Quando a equipa parecia estar a ceder à pressão e começou a dar mostras de algum nervosismo e inquietação perante a contínua infeliz decisão na entrada da área adversária, eis que se erguem as bandeiras, elevam as vozes e o Dragão renasce com o som dos cânticos vindos das bancadas mostraram à equipa que havia harmonia, apoio, paz e energia positiva. Um clube que quer estar sempre no topo precisa também de adeptos à sua altura para que ambos consigam crescer em sintonia. Hoje essa união de almas e vontades sentiu-se no Dragão e foi bonito de sentir.

(-) Indefinição na criação ofensiva e pouca gente a atacar. Tantas vezes se vê esta situação nos nossos ataques: sobe um rapaz com a bola depois de a recuperar na defesa (chamemos-lhe Tello) e rapidamente se vê rodeado de adversários. Procura uma linha de passe para intensificar o contra-ataque e não a recebe, tendo de voltar para trás e fazer um reset a toda a possibilidade de desequilíbrio do oponente durante mais uns largos minutos, simplesmente porque o apoio não aparece. Aquele triângulo com dois homens atrás acaba por não funcionar em jogo de construção ofensiva e o espaço entre linhas é tão grande que assusta pensar no tempo que se demora a chegar com a bola lá na frente. Há que partir o triângulo e soltar um dos médios mais recuados para evitar que sejam os centrais (como hoje se viu em vários momentos do jogo) a criarem alguma coisa a partir daquela zona.

(-) Maxi O pior jogo com a nossa camisola, teve imensas desconcentrações e más decisões no posicionamento, juntamente com contínuas falhas no passe (até nos lançamentos laterais falhou imenso) e na movimentação ofensiva. Apareceu bastantes vezes em zona de assistência para golo mas pareceu tomar quase sempre a pior decisão.


Cheguei a temer mais uma parvoíce de jogo como tivemos contra o Braga, com dezenas de lances gerados que poderiam ter dado em golo a serem desperdiçados um atrás do outro. Felizmente não foi assim e mais três pontos ficam deste lado. Nada mais que a nossa obrigação.

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Ouve lá ó Mister – Vitória Setúbal

Señor Lopetegui,

De volta a casa, onde mais gosto de vos ver! E depois de uma jornada europeia bem simpática onde botamos mais três pontos no nosso saco e ficamos a apenas um da qualificação. Well done, chaps! Agora, virar agulhas para o campeonato, onde ainda não conseguimos mostrar o que melhor sabemos fazer e parecemos andar a jogar a meio-gás, pelo menos a nível da qualidade de futebol que temos vindo a exibir. Queremos mais, Julen, queremos uma vitória sem consequências para a moral dos adeptos, com futebol decente e golos! GOLOS! Sabes tão bem como eu que aquilo que no jogo contra o Braga mais falhou nem foi a fluidez da organização ofensiva ou a solidez defensiva: foram os golos.

Não sei ainda quem vais colocar a jogar mas tendo em conta que o jogo em Israel não foi nada de extraordinário para as perninhas dos nossos meninos, há que manter uma estrutura consistente em campo, mesmo que alteres um pouquinho a táctica. O Setúbal não é o Maccabi mas não é por isso que não nos pode dar água p’la barba, por isso não facilites nem um pentelhinho!

Força nas canetas e siga prá frente. Este tem de ser só mais um jogo e mais uma vitória. Sem espinhas.

Sou quem sabes,
Jorge

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