Dragão escondido – Nº36 (RESPOSTA)

Cá está ele:

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Artur Duarte de Oliveira foi uma das transferências que mais prazer me deu ao ver confirmada, a par de Lucho e João Moutinho, porque era um jogador que apreciava bem antes de passar a usar as nossas cores. Agressivo pelas alas e em frente à baliza, rápido no 1×1, foi um dos nossos carrascos-mor quando passeava pelos lados do Bessa e criou uma frente de ataque temível com Jardel e Edmilson em 1996/1997, ano em que chegou ao clube, bem como no ano seguinte, perdendo importância na última temporada com Fernando Santos ao comando da equipa.

Na foto podemos ver Artur num jogo disputado nas Antas no dia 15 de Fevereiro de 1998, numa vitória por 3-1 frente ao Leça com Artur a marcar o primeiro golo da partida e assistiu o segundo. O resumo fica em baixo:

Entre as muitas tentativas falhadas, algumas vindas de qualquer realidade alternativa onde o FC Porto nunca existiu:

  • Bino – O nosso treinador dos sub-17 tinha saído no ano anterior para o Marítimo.
  • Capucho – Titular nesta partida mas claramente desadequado na foto pela dinâmica do movimento!
  • Carlos Manuel – Só passou uma temporada no plantel, aquela que se seguiu a esta.
  • Domingos – Estava por terras de Espanha ao serviço do Tenerife.
  • Drulovic – Entrou aos 78 minutos para o lugar de Capucho.
  • Edmilson – Tinha saído no Verão a caminho do PSG.
  • Fernando Mendes – Também titular nesta partida, por se tratar de um esquerdino seria a segunda melhor escolha.
  • Folha – Ficou a ver o jogo no banco.
  • João Manuel Pinto – Com Aloísio e Jorge Costa em forma, não foi sequer convocado.
  • Jorge Couto – Há dois anos que jogava no clube de onde saiu Artur, do outro lado da cidade. De xadrez. Esses.
  • Kostadinov – Regressado ao seu clube de origem, defendia as cores do CSKA Sofia.
  • Mielcarski – Também estava no plantel mas não foi convocado para este jogo.
  • Paulinho Santos – Elemento mais que presente no plantel, não foi convocado para este jogo.
  • Pavlin – Só chegou ao plantel uns anos mais tarde.
  • Sérgio Conceição – O actual treinador do Vitória de Guimarães entrou aos 71 minutos para o lugar de Aloísio.
  • Zahovic – Fazia parte do plantel e esteve neste jogo, apontando o segundo golo do FC Porto a passe de…Artur.

O vencedor foi Nuno Moreira que deu a resposta certa via Twitter aos 28 minutos de “jogo”. Raios te partam, homem, se não andas a hackar a minha conta para descobrir as fotos!

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Baías e Baronis – FC Porto 4 vs 0 Belenenses

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A tradição é bonita e manteve-se hoje à noite no Dragão. A equipa do Belenenses juntou-se perto do círculo do meio-campo e desfraldou uma bandeira do FC Porto, procedendo a oscilá-la debaixo de um vento forte, mostrando toda a agradável “prisão” a velhos hábitos que serão recompensados, na segunda volta, com a coroa de flores no monumento a Pepe. Muito bem. E a vitória foi mais que justa e só pecou porque ao intervalo poderíamos já estar com dois ou três golos marcados mas alguma atrapalhação e uma boa dose de azar fizeram com que adiássemos o que parecia inevitável. Ainda temi, mas Brahimi e amigos tiraram-me as dúvidas. Ora sigam as notas:

(+) Brahimi. O melhor jogo do ano para o argelino, impossível de controlar pelos defesas de Belém que ainda devem andar atrás dos rins que deixaram na relva do Dragão. Não gosto da excessiva dependência na inspiração de Yacine mas a verdade é que consegue desequilibrar como poucos e foi exactamente essa capacidade de furar por múltiplos adversários que fez a diferença hoje. E marcou um golo de cabeça, em voo. É verdade, estive lá e vi.

(+) Marcano. Marcou um golo que fez por merecer depois de uma excelente exibição onde pareceu mais estável em relação ao que tinha vindo a mostrar nos últimos jogos. Rijo nos confrontos aéreos, firme e seguro nos despiques rasteiros, foi uma parede que ninguém conseguiu ultrapassar. Espero que continue a boa forma nos próximos jogos.

(+) A estabilidade mental que temi pudesse cair. Sim, sou um pessimista do caraças e quando chegou o intervalo e o resultado ainda estava a zeros, uma boa parte de mim começou a temer que assim se mantivesse até ao final. Estávamos a ser demasiado trapalhões, com excessivas perdas de bola na zona ofensiva, alguma lentidão no início da construção que depois contra-balançava com o remate contra a enésima perna branca que se esticava na área adversária…tudo isto poderia ter contribuído para o abanão do costume, especialmente quando vi Danilo a entrar para o lugar de Maicon no início da segunda parte. Já estava a ver três defesas, um meio-campo com gente a mais e um ataque ineficaz, remates a rodos para fora e Ventura eleito homem do jogo, do ano e candidato a Nobel das luvas mágicas. Felizmente a equipa entrou muito bem na segunda parte e o golo acalmou os meus ânimos. Ainda bem.

(-) A inelasticidade do meio-campo. Ruben pautava bem o jogo, com alguns passes falhados a mais do que era costume, mas Imbula parecia estático, menos solto, menos prático do que tinha feito contra o Chelsea e André pouco influente no jogo. Havia demasiado espaço entre os sectores e a persistência no envio das bolas para os extremos, com pouco ou algum apoio em permanência dos laterais, que me aborrecia porque me parecia jogo de equipa pequena, que depende da inspiração dos talentosos para se escudar da falta dela no centro do terreno. E o centro não esteve bem durante largos minutos, até que finalmente, quando houve um pouco mais de espaço para se poderem mexer (o Belenenses estourou fisica e moralmente depois do primeiro golo), lá se recompuseram e a bola rolou com mais liberdade.

(-) Bolas paradas defensivas Se eu tenho medo dos cruzamentos e cantos marcados para a área pela parte do Belenenses, o que raio vou eu fazer quando apanhamos Chelseas ou Bayernes?! Há sempre uma falha que deixa um adversário chegar primeiro à bola, saltar mais alto ou antecipar-se na zona defensiva. É inano e enerva-me imenso.


Pára outra vez esta treta para que as selecções brinquem ao futebol. Sempre dá para descansar e para ver se o Maicon recupera…

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Ouve lá ó Mister – Belenenses

Señor Lopetegui,

Aqui há uns anos fui ver o Belenenses às Antas com um amigo. O rapaz, acabado de chegar de Lisboa e adepto portista ferrenho, tinha comprado um pacote de pastéis lá da terra destes rapazes e começamos o jogo a “brindar”, cada um com o seu pedaço de céu com massa folhada à volta, na perspectiva de um jogo que nos trouxesse a alegria que merecíamos e que estávamos certos que nos seria entregue nos noventa minutos que se seguiam. Hélas, porque nos foi entregue um sensaborão empate, o total oposto do naco de felicidade com creme que tínhamos degustado no início.

Hoje espero que a sorte esteja do nosso lado e que consigamos melhor resultado que nesse infeliz encontro há vários anos atrás. Que se mantenha a tradição e que o nosso adversário entre em campo com a nossa bandeira bem aberta nas mãos dos seus jogadores. Não deixes morrer a boa onda como aconteceu depois do jogo contra o Benfica, em que abandonaram as boas fortunas desse jogo naqueles dois pontos que abandonámos no Minho. Vence a partida e imagina que vêm aí umas semanas desinteressantes de futebol de selecções que interessam a poucos. Manda os gajos votar de manhã (tu também, Ruben, agora que já o podes fazer, seu adulto!) e depois é enfoque certo para vencer o jogo sem problemas. Se a lógica funcionasse…ano passado deste quatro ao Paulo Sousa e ele esta semana enfiou outros tantos no Belém. Não peço oito, um ou dois já chega, mas ganha lá isso sem chatices e depois podes-te rir com os resultados das eleições. As nossas, rapaz.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 1 Chelsea

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O futebol é isto. É a emoção de uma bola que parece ir para a rede mas enfrenta um poste vil e perde o duelo, são os saltos de milhares de adeptos quando uma sequência de remates se sucedem a uma velocidade indigna para seres humanos, com pernas e braços e cabeças ululantes numa coreografia que faria o Bolshoi corar de vergonha. É um canto tão bem marcado que desafia a realidade e o histórico recente. É um homem passar por seis adversários na mesma jogada, alguns várias vezes. É um gigante defender uma bola impossível e quase repetir o feito no mesmo segundo. É a alegria de ver um menino de 18 anos a ser mais homem que tantos outros no seu lugar. É lindo e é assim que devia sempre ser. Amén. Notas bem dispostas já abaixo:

(+) Ruben Neves. O Pirlo de Mozelos. Cada bola que sai dos seus pés parece levar veludo a enredá-la num harmonioso conjunto de leveza e dedicação, com a perfeição da entrega a deliciar-me a cada passo que dá, a cada passe que faz. Junta a isto o esforço de um jogo inteiro, alheio a passeios pelo relvado e a envolver-se em cada jogada com entrega e afinco, mostrando a todos que um jovem pode ser mais maduro que tantos outros com mais experiência. Um portento de discernimento e inteligência em campo. E é nosso.

(+) Aboubakar. Não sabe parar quieto e é na capacidade de trabalho que mostra toda a sua capacidade. Diferencia-se de Jackson, nas palavras do meu colega na cadeira ao lado, pela capacidade de drible curto e progressão no terreno que o colombiano não tinha. Concordo, apesar de achar que as comparações são desnecessárias. Aboubakar está a fazer o seu caminho depois de um ano como understudy e fez mais um jogo abnegado, no meio ou a tapar na esquerda durante os últimos minutos, sempre com força e dedicação à equipa.

(+) Brahimi. E finalmente apareceu o argelino, pronto para aqueles dribles curtos que puseram meia Europa a salivar nos primeiros meses da época passada e que tanta falta tem feito nas primeiras semanas desta. Enfrentou Ivanovic com agressividade e tentou sempre cair por cima do sérvio, acabando por dar origem ao primeiro golo numa jogada individual como há muito não se via a este nível. E foi igualmente importante a tapar o flanco na ajuda a Indi, especialmente na primeira parte.

(+) Indi. Talvez o melhor jogo do holandês pelo FC Porto, foi rijo e nunca se deixou intimidar por quem quer que lhe aparecesse pela frente de camisola preta (com umas nuances ridículas nos calções, diga-se). Não subiu muito, é verdade, mas por aquele flanco raramente houve perigo a não ser na parte final, com meia equipa já agarrada às pernas e o Chelsea a pressionar pelo ar. Não serve para todos os jogos mas esteve muito bem hoje.

(+) A reacção ao golo sofrido. Sofrer um golo na última jogada da primeira parte é o equivalente a tropeçar a meio de subir Machu Picchu. Confusão, medo, desânimo e uma sensação de perda que podia ter colocado tudo em causa, com as devidas comparações e noções de escala. Mas a equipa, talvez com influência do treinador, talvez pela fé em alta depois de uma boa primeira parte, conseguiu erguer-se de novo e apareceu em campo confiante e com vontade de vencer o jogo. O resto foi o que se viu.

(-) Meio-campo inelástico na primeira parte. A ideia era simples: encher o meio-campo com tanta malta que o Chelsea não conseguiria produzir futebol por aquela zona. E funcionou, mas por pouco, porque apesar de haver mais gente no centro do terreno que pinheiros em Leiria, houve grande dificuldade no desdobramento e no encontrar das posições certas, especialmente por Danilo e Imbula, que pareciam particularmente perdidos e muitas vezes ocuparam a mesma relva sem que conseguissem impedir o avanço do adversário. Na segunda parte tudo foi melhor, com o centro a ser ocupado de uma forma mais consistente e com os jogadores a entenderem-se muito melhor na cobertura da zona defensiva.

(-) As hesitações perante a pressão. Ao ver o onze a passar nos écrans gigantes do estádio, pensava: “porra, temos muitos internacionais, não podemos dizer que não há experiência do nosso lado”. Mas à medida que o jogo se ia desenrolando, notava-se uma diferença significativa na forma como o Chelsea encarava a pressão do adversário quando comparada com a nossa reacção ao mesmo cenário. Danilo tremia um pouco, Maicon insistia na jogada bonita, Marcano hesitava na abordagem aos lances e Imbula, apesar de usar bem o corpo, parecia sempre enfiar-se num buraco de onde era complicado sair. Brahimi e Ruben foram os que melhor se safaram na primeira parte mas houve demasiada tremideira com a bola nos pés durante muitos minutos.


Um empate, uma vitória e tudo prontinho para sermos bons meninos e tratarmos já da qualificação nas duas próximas jornadas contra os israelitas. Soube bem, carago.

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