…antes de começar com os balanços da época.
Até segunda!
A resposta está aqui em baixo:
Um dos jogadores mais raçudos e reconhecíveis do FC Porto do final dos anos 90, Sérgio Paulo Marceneiro Conceição veio para o clube ainda com idade de júnior depois de ter sido formado na Académica. Depois de alguns anos emprestado, regressou pela mão de António Oliveira e fez parte da equipa que venceu o tri e o tetra em 1996/97 e 1997/98. Extremo-direito agressivo, lutador, que nunca desistia de um lance e usava bem o corpo e a velocidade de drible para passar pelos laterais que apareciam à sua frente. Regressou ao clube em 2004 depois de sete anos no futebol italiano, onde jogou pela Lazio, Parma e Inter, para voltar a sair em direcção à Bélgica e depois para a Grécia, onde terminou a carreira como jogador. Podemos agora vê-lo a protestar contra arbitragens e a fazer mini-maratonas entre Vila do Conde e Braga, cidade onde trabalha e treina.
Na imagem podemos ver o então “nosso” Sérgio em luta contra um dos laterais de renome no nosso panorama futebolístico dos anos 90, o pequeno grande Quim Berto, na altura no Vitória de Guimarães, no jogo que daria a confirmação da vitória do FC Porto no campeonato 1996/97 com uma vitória fora por 4-0, jogo em que o Neno tentou arrancar a cabeça do Jardel ao pontapé. Falhou. Azar, rapaz.
Entre as tentativas falhadas:
O vencedor foi D.Silva às 7h21 da manhã, batendo Nuno Moreira por 7 minutos!!!
Woody Woodpecker, o pica-pau com um dos risos mais facilmente reconhecíveis para a malta da minha idade que via desenhos-animados nas manhãs de sábado, está com a cabeça na frente de que jogador do FC Porto?
Eu sei, é fácil demais. Mesmo. No kidding.
Nunca fui membro de uma claque. Juro que não foi por falta de tentativa, mas os meus pais sempre foram bastante rígidos com essas coisas e eu fui um teenager do menos rebelde que alguma vez existiu. Ia para as Antas e vi dezenas de jogos na Superior Sul com os Super ou os Dragões Azuis ou até junto da Brigada Azul, perto deles mas nunca dentro do grupo. Era um puto e ao ver algumas das picardias e arreliações que existiam lá no meio, o cagarola dentro de mim fazia com que me puxasse para trás, subisse seis ou sete degraus de cimento das velhinhas bancadas e continuasse a ver o jogo como era hábito. Mesmo quando ia ver jogos fora, habitualmente ao Bessa, ficava junto das claques mas tentava sempre afastar-me das chatices. Mesmo quando voavam autoclismos como vi a acontecer pelo menos uma vez.
Este prélio para afirmar que nada tenho contra o conceito das claques organizadas. Muitos deles são rapazes como eu, que adoram o clube e que estão dispostos a acompanhá-lo pelo país fora, pelo estrangeiro, investindo muito do seu próprio dinheiro para o fazer e tirando a satisfação do facto de poderem viver o clube e seguir as suas equipas com o FC Porto na alma, com menos peso na carteira mas muito mais no coração devido a ele. Mas há malta que me parece desfasada da identificação de uma claque como “grupo organizado de apoio a uma instituição” (definição minha) e não consegue perceber que alguns actos não são condizentes com esse mission statement. Não falo de um, de outro, de X ou de Y, não os conheço (mas gostava e um dia destes hei-de marcar um café para dar duas de treta) e não sei qual é a racionalidade por detrás de algumas das ideias. Mas parece-me mentalmente falacioso anunciar que “Somos Porto” e “O Porto somos nós” quando viram as costas a uma equipa que ficou a TRÊS pontos do primeiro lugar (não trinta, TRÊS), que levou o clube aos quartos da Champions e que por infortúnio ou por falta de consistência mental acabou por não conseguir melhor que isso. Mais que isso, foi o desrespeito por alguns homens que deram muito ao clube e que saíram do estádio com uma sensação de abandono e de desprezo que não mereciam.
Perguntava-me um amigo no final do jogo: “Com que cara vão estes gajos aplaudir no início da próxima época os mesmos homens que acabaram de vaiar e de votar ao abandono?”. Não sei, rapaz. Mas eu não dou para esse peditório. Aplaudo e incentivo ao mesmo tempo que critico. Mas nunca lhes virarei as costas. Se faz de mim melhor ou pior portista, não faço ideia. Não sei se é assim que “sou Porto” ou que “o Porto é meu”. Mas faz de mim um homem mais coerente com os meus princípios. E não pretendo mudar uma vírgula.
Saí do estádio com vontade de voltar depressa, como acontece quase sempre que termina um jogo, seja o primeiro ou o último. Desiludido com a desagregação entre adeptos que parece estar a tornar-se imagem de marca de um FC Porto que ainda não sabe perder mas que não tenta mostrar que quer ganhar. Desiludido com alguns jogadores, incapazes de mostrar que os acidentes de percurso acontecem mas que um homem sabe levantar-se depois de cair. Desiludido com o público que só aparece nas vitórias e desaparece nos momentos menos bons. Desiludido com uma merda duma época onde 82 pontos não chegam para ser campeão. Desiludido comigo por me deixar ir abaixo com estas coisas…*suspiro*… Últimas notas da época abaixo:
(+) Danilo. Até ao fim, até aos últimos segundos com uma camisola que aprendeu a estimar e que não merecia a despedida que teve da parte de tantos adeptos que o apoiaram sempre que caía no torpor da auto-comiseração crónica com que fez os primeiros dois anos de dragão ao peito. Lutou como se fosse um jogo decisivo, fez quilómetros pelo flanco na procura de criar as oportunidades para a equipa e para si, para conseguir terminar a época num estádio que lhe deu momentos agridoces mas que o acolheu como um dos nossos. E o aplauso dos poucos milhares que no final o viram a saudar as bancadas não chega para um rapaz que se fez homem aqui junto de nós. Ficas no coração, rapaz.
(+) Casemiro. Uma pena ver este rapaz a sair numa altura em que tanta fibra é necessária para manter uma equipa anémica, fisica e mentalmente. Talvez volte, não sei, mas era de um Casemiro que precisávamos naquela zona do terreno, rijo, firme, agressivo (em demasia, às vezes, porque aquele amarelo foi tão parvo como escusado) mas sempre a dar o que tem para recuperar as bolas e rodá-las para os melhores locais. Vais fazer falta até chegar outro como tu, puto.
(+) Helton. Safou vários lances de perigo do Penafiel, encaixou alguns remates e foi o sweeper-keeper que precisávamos quando a zona de acção era quase em exclusivo no meio-campo adversário. Custa a entender como é que Fabiano continuou a ser o titular da nossa baliza quando este “puto” estava em condições e pronto para jogar noventa minutos de cada vez. Já o analisei e voltarei a fazê-lo, mas custa entender.
(-) Quase tudo. As claques em silêncio, num protesto que entendo mas com o qual não concordo; os assobios do público às claques e vice-versa; os passes de Herrera; a lentidão de Reyes; os cruzamentos de Angel; o imbecil atrás de mim que está lá desde o início do ano e que nem sabia quem era o Angel; a finalização de Brahimi; o individualismo de Quaresma; as nano-faltas marcadas por Olegário; o nervosismo de Ruben; os excessos de Casemiro; a ausência de público; a leeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeentidão na construção de jogo; a incapacidade de Quintero ser mais que um bobblehead medricas; as descoordenações de Evandro; o domínio de bola de Aboubakar; a voz embargada do Saul; a malta a sair antes do jogo sabendo que era o último do Danilo e o rapaz merecia um aplauso sentido dos adeptos. Foi quase tudo muito mau.
Férias. Do que todos estamos a precisar, uns mais que outros. E dormir. Muito. Mal. O que conseguirmos.