Recebi há pouco uma mensagem de um amigo portista:
“Não percebo. O Porto parecia um menino de trazer pela mão a jogar com estes tipos. O sporting pimba. Com o zenit passamos uma vergonha. O benfas pimba. Não tou habituado a isto, jovem ;)”
Sou um daqueles raros espécimens que apoia as equipas portuguesas nas competições europeias, independentemente das cores que envergam. Pá, chamem-me bacoco, lorpa, ingénuo, naif. Sempre fui assim e creio que sempre vou ser. Seria hipócrita se dissesse que vibro com as vitórias como se fossem do meu clube, porque não o faço. Nem tão pouco sofro com as derrotas como faço com as do FC Porto. Não. Mas sinto uma certa satisfação em ver uma equipa portuguesa a eliminar outras de países que não o meu. E se forem ingleses, ainda mais, porque aquela arrogância imperial de olhar para o mundo lá do cimo é algo que me enerva profundamente e dá-me um gozo particular vê-los a cair. Por isso torci pelo Benfica em Highbury no 3-1 e pelo Sporting hoje à noite. Adorei o jogo de Bilbau e o de Manchester também me pôs um sorriso na face.
Mas o jogo de hoje foi especial. Não sei porque carga de mil águas me deu esta súbita leonite, mas vibrei com o Sporting. Senti uma empatia diferente do habitual com os rapazes de verde, com a sofreguidão com que aliviavam a bola da área, a luta e o espírito de não desistir contra uma equipa cheia de grandes jogadores mas com a soberba a tolher-lhes o juízo. O City, que tinha sido competente contra um FC Porto medroso e azarado, perdeu com o Sporting e eu aplaudi o golo do Matias e do Van Xinksotrinkel como se tivessem sido meus. Porque me senti vingado. Palerma, pascácio, pamonha. Sou. Não tenho problema em dizê-lo.
E olhando para trás, para a vitória do Benfica contra o Zenit e do Sporting contra o City, só penso: “E nós? Nós que jogamos contra aquelas bestas e tivemos medo. E entramos de mansinho, sem manha, sem alma, sem força, sem vida. E nós? Não tínhamos nós equipa para ganhar àqueles camelos?” A culpa também é minha, eu que mal nos saiu o City no sorteio pensei que estávamos tramados. E o Zenit, ainda nos grupos da Champions, que me lixou porque pensei que estávamos tramados. A derrota tantas vezes começa na nossa cabeça antes de ser provada em campo.
Hoje dou os meus parabéns à lagartada. Parabéns ao Cherbakov do Cacifo, ao Marcelo do Porta10A, a todos os meus amigos sportinguistas (que são muitos, por incrível que pareça). Podem ter orgulho da vossa equipa. Não foram inteligentes na gestão do jogo (fazer com que um gajo como o Balotelli seja expulso é tão fácil, porra) e sofreram como um asmático no Burning Man, mas passaram. Foda-se, passaram.