- O Sporting Intelligence analisa a evolução dos salários dos futebolistas em Inglaterra desde 1984 até 2010;
- O Les Rosbifs, que acompanha a vida dos jogadores ingleses no estrangeiro, fala de Tony Adams, antigo central do Arsenal, na sua aventura pelo Azerbaijão;
- Vale a pena uma visita diária pelo This Day in Football History porque cada dia há uma história nova sobre futebol;
- Os cinco melhores jovens jogadores da Bundesliga (ainda sem presenças na Mannschaft) segundo o Mirror Football;
- Continuando no futebão alemol (hey, I made a funny!), a saga da reconstrução do Dynamo Dresden pela sempre excelente prosa do In Bed With Maradona;
- A nossa “crise” analisada pelo Fox Sports (sim, já com algum atraso mas ainda pertinente);
- Para terminar, uma viagem fotográfica ao passado no The Football Archivist;
A "crise" vista da bluegosfera
Não tenho a certeza se sobrevalorizo o efeito que o meu e outros blogs portistas têm sobre a opinião pública. A que interessa, pelo menos, porque se quiser ouvir o Rui Santos a falar sobre os nossos problemas posso sempre tentar enfiar a cabeça num tambôr dos Mareantes do Rio Douro e mandar arrancar a fanfarra porque o efeito seria o mesmo. Adiante.
A bluegosfera (termo cunhado por outro e abusado por mim, com todo o crédito ao seu autor, seja ele quem for) é ampla e vibrante. Há actualmente cerca de sessenta blogues portistas, mais ou menos activos, vários fóruns de opinião, centenas de perfis no Facebook, montanhas de twitteradores, páginas no LinkedIn…por toda a web fora há Porto, à imagem do que acontece no Mundo por estes dias. Focando-me um pouco nos blogues, desde o museu online do Armando Pinto no Lôngara ao excelente grafismo (e bons artigos) do SuperPorto ou do Mística do Dragão, do louvável trabalho do Coluna Azul na apresentação de dados sobre os nossos jogadores emprestados ao revivalismo da nossa história no Paixão pelo Porto ou no Dragãopentacampeão, do trabalho de recolha da Ana Ferreira no FCP para sempre às análises financeiras no Mística Azul e Branca, entre vários outros que estão aqui na coluna ao lado direito, há muito trabalho, muitas noites com sono roubado, muito esforço e dedicação para manter sempre uma atmosfera viva e dinâmica, que me deu vontade de arrancar também um que posso chamar meu.
Que me perdoem a heresia de colocar alguns acima de outros, mas há cinco que por vários motivos se conseguem destacar dos demais. Não falo numa questão de Portismo porque não devo nem posso afirmar que A é mais portista que B, longe disso. O quinteto fantástico de blogues a que me refiro são alguns dos mais activos, actualizados, interventivos e históricos em termos de actividade corrente ou passada sobre o FC Porto. São feitos sobre o clube e para o clube, criticam quando acham que devem criticar, louvam quando é merecido e analisam com a imparcialidade que os óculos da nossa cor lhes permite, e fazem-no há vários anos com a perseverança de quem sabe o que faz e acima de tudo gosta do que faz. Concorde-se ou não com eles, são a créme de la créme da opinião Portista nos intertubos, na minha opinião. Eles são, ordenados alfabeticamente:
- Bibó Porto, Carago! (desde 2006)
- Dragão até à Morte (desde 2007)
- Portistas de Bancada (desde 2006)
- Reflexão Portista (desde 2008)
- Sou Portista com muito Orgulho (desde 2004)
Qualquer um deles tem estilos díspares, desde a análise fria e objectiva do Zé Luís ao espalhafato do José da Silva Pereira, passando pela língua afiada do Vila Pouca, o intervencionismo do BlueBoy ou do Lucho e pelas crónicas do José Correia ou do Alexandre Burmester. Cada um deles vê o FC Porto à sua maneira, a quente e a frio, intenso ou tranquilo, pacífico ou guerreiro. E nesta altura, quando as opiniões se dividem quanto aos culpados, se é que os há, da crise exibicional que estamos a atravessar, os blogs portistas continuam a defender o clube, a puxar pela intervenção correcta e adequada dos adeptos, a puxar para o mesmo lado aqueles que querem apoiar, lutar, vingar pelo nosso FC Porto. Vila Pouca, por exemplo, defende o clube mas não deixa de apelar a que o treinador não seja abandonado a navegar o barco sozinho por entre mares tempestuosos, como o faz neste artigo. Zé Luís atira-se de unhas, dentes e um fueiro bem afiado à imprensa, tão ágil a atacar-nos e sempre tão hábil a esconder os problemas dos outros e a exacerbar os nossos. Já José Correia opta por uma crítica mais directa à gestão do início de época portista e às opções do treinador, ao passo que José da Silva Pereira, no seu estilo cheio de smileys e piadinhas revisteiras (não gosto, mas há quem goste e louvo o extenuante trabalho estatístico), acaba por defender o treinador das bicadas permanentes dadas por tudo que é outsider ao FCP. Finalmente, o Bibó Porto apela aos adeptos, a todos nós, que nos unamos para atravessar um período menos bom para que todos juntos possamos regressar ao nível de futebol que desejamos.
Todos diferentes, todos portistas. Identifico-me com todos em determinadas alturas, mas nem sempre. E é assim que deve ser, cada um com as suas ideias e o fórum disponível para que ela seja publicada e avaliada pelos outros. Coloquem os vossos olhos nestes artigos e nestas opiniões, porque é este conjunto de pessoas que fazem da experiência uma arma tão útil, que já passaram por momentos destes e muito piores, que percebe muito mais disto que tanto comentador desportivo na TV ou nos jornais. Porque ao contrário desses, que ganham para dizer alarvidades, estes que estão do lado de cá trabalham pelo verdadeiro amor à camisola.
E não se pode pedir mais a quem corre por gosto. Só honestidade.
Porque estes momentos merecem uma homenagem
Esta camisola foi usada pelos jogadores do Real Madrid antes do início do jogo frente ao Osasuna este Domingo, como homenagem a Cassano, ex-jogador do clube, que está agora a recuperar de uma intervenção cirúrgica ao coração.
Quem me conhece sabe que não sou fã do Real Madrid, por vários motivos. O autismo do modus vivendi do clube, o enjoativo estrelato, o chamamento centralista do passado feito presente e a excessiva atenção dada pelos media portugueses a uma equipa estrangeira recheada de malta que podendo defecar nos interesses nacionais, assim o faria (portugueses aparte, talvez), todos estes são motivos para me fazer desgostar do clube e da sua identidade. Ainda assim, quando uma simples ideia pode ser tão forte e tão apelativa ao sentimento cru da compaixão entre seres humanos a atravessar fases difíceis, há que louvar a atitude. Parabéns, moços. Para a semana voltamos às hostilidades.
B&W FCP
Já não é a primeira vez que falo neste assunto, mas tenho dois clubes que apoio para lá do FC Porto. Fora de Portugal, claro, e não com o mesmo nível de paixão, mas sigo as aventuras e desventuras, acompanho o dia-a-dia (quando posso), torço por eles e identifico-me com os adeptos e os valores que as instituições representam. Esses dois clubes, como alguns já sabem, são o Newcastle United FC e o FC Barcelona.
Focando-me um pouco no Newcastle, o meu FC Porto de preto-e-branco que joga em Inglaterra, estou mais que satisfeito pela temporada que estão a fazer. Actualmente em terceiro lugar, é a melhor defesa da Premier League e uma das únicas duas equipas até agora imbatíveis (a outra é o Manchester City), depois de um defeso em que tanta tinta correu com críticas ao treinador e às contratações e, imaginem, à contratação de apenas um avançado quando os adeptos pediam mais um. Mas o que mais impressiona nesta equipa que este ano está a desafiar todos os limites é mesmo a solidariedade e entreajuda que faz com que o onze que entra em campo seja unido, lutador, disposto a deixar tudo em campo e a combater alguma falta de talento e de grandes vedetas mundiais com o espírito de sacrifício que até agora tem sido vital no percurso invicto. A inspiração, quando falta, é substituída pela transpiração e os resultados estão aí para todos verem e se surpreenderem.
Jogadores como Jónas Gutierrez, Steven Taylor, Yohan Cabaye, Danny Guthrie, Demba Ba, Ryan Taylor, Fabricio Coloccini ou Danny Simpson são heróis em Tyneside com bons motivos. Quem conhece um pouco do passado dos Geordies sabe que não se pode comparar o talento de Gutierrez ao de Ginola ou Waddle, o de Ba ao de Shearer ou Beardsley, o de Cabaye ao de Gascoigne, Speed ou Rob Lee. E claramente Alan Pardew não tem o mesmo carisma de Keegan, Robson ou Joe Harvey, mas quem vê os seus meninos em campo percebe que há ali vontade de jogar, vontade de fazer o clube regressar ao que um dia já chegou a ser…um pouco como vimos no ano passado no FC Porto, de início a fim da época. Esta atitude enche os adeptos de orgulho e a alegria voltou a St.James’ Park. E a minha casa também.
É pouco provável (diria MUITO POUCO provável) que o Newcastle mantenha a posição que tem até ao final da época. Mas a forma como a equipa se tem vindo a exibir dá garantias aos adeptos que não será por falta de esforço que os resultados vão deixar de aparecer. Pardew, tão contestado quando chegou ao clube na época passada e sem tréguas desde o início da época, já está de parabéns. Só gostava de ver o mesmo acontecer aqui ao nosso Vitor, até porque o talento, ao contrário do que acontece em Newcastle, está presente em grande quantidade na Invicta. Só precisa de ser bem domado.
Identidade
Those who say: “Well it doesn’t matter to me that I have no sense of identity, it doesn’t matter to me that I’m British, it doesn’t matter to me that I’m English, it doesn’t matter to me that I’m from Shropshire or Yorkshire or Kent of Norfolk”…maybe they’re right but I can’t feel like that. I have this…I can’t help but belong. And I think it was Clemenceau, the French Prime Minister in the early part of the 20th century, who said that he was a patriot but he wasn’t a nationalist. And they said to him: “What do you mean by that?”, and he said: “Well, I think a patriot loves his country but the nationalist hates everyone else’s country.”. And I think a good football team to support is…you love your football team, you love your region, you love your city, you love your county, but it doesn’t mean you don’t hate everyone else’s. And I think it’s the best of belonging is that embracing of who you are and it’s just like an extra dimension in your life, it’s an extra feeling, it’s a sort of hugging feeling of belonging…I find it very important in my life and without it I think my life would be poorer.
Stephen Fry
Estas palavras, proferidas pelo genial Stephen Fry no final do segundo episódio do documentário da BBC “Fry’s Planet Word” (que recomendo vivamente), são perfeitas e tão adequadas ao que deve ser um adepto de um grande clube. Reformulo, o que deve ser um bom adepto de um qualquer clube. A “ghandização” do discurso pode ser o equivalente de tratar um terreno xistoso e baldio como se fosse um jardim zen com um daqueles ancinhos abichanados, mas identifico-me perfeitamente com ela.
E a forma como tanto portista está a bater em tudo que vê, criticando mais coisas do que pode e deve, insultando gente que trabalha e que está a tentar o que pode para dar a volta a uma situação difícil da maneira que sabe, entristece-me. Ao mesmo tempo, ver os adeptos que foram receber a equipa ao aeroporto a gritar “Somos campeões!” é um excelente exemplo do que Fry disse. O apoio tem de partir de dentro, caros dragões, porque de fora já sabemos que só temos crítica e escárnio. Unamo-nos, pois, e vamos pegar neste touro pelos cornos, estejam eles onde estiverem.