Porque é que concordo com o empréstimo do Castro e concordaria mais se fosse uma venda

Há muitos anos que vemos estas decisões a sucederem-se com frequência, com a consequente reacção recheada do habitual misto de incredulidade e frustração, envolta num belo molho de insultos a tudo o que manda no FC Porto. Quando se dispensa um rapaz da formação, levanta-se um pé-de-vento que não poupa ninguém a não ser o próprio jogador.

Já aqui mencionei o papel de Castro e a importância que poderia ter não só na constituição de um plantel com uma melhor relação emocional com os adeptos, mantendo a “mística” da casa e mostrando que a malta da formação acaba por finalmente ter algum retorno com jogadores a serem inseridos com sucesso no plantel da equipa principal. Falei dele nos B&Bs de 2010/2011, no arranque da época passada quando olhei para os potenciais dispensáveis e no final da temporada nos B&Bs de 2012/2013. Neste último post, escrevi o seguinte:

“Já Castro, o doido Castro, o gondomarense Castro, é “o” nosso puto. Imagem de marca do FC Porto, a luta e o empenho total que coloca em cada lance que disputa fez dele opção perene no banco mas uma utilização bem acima do que talvez fosse esperado no início da temporada. Mais um rapaz que fez uma boa época e que merece continuar no plantel, porque muito embora talvez nunca venha a ser um jogador essencial no onze-base, é um jogador perfeito para transportar a história do clube aos ombros. Resta saber se está disposto a ser utilizado de uma forma intermitente…

É fácil perceber que Castro não seria titular no FC Porto 2013/2014. Com a chegada de vários elementos à zona mais empobrecida do plantel 2012/2013 (o centro do terreno) fazem com que Defour, Josué e Herrera estivessem à frente dele na ordem de escolha teórica do treinador, levando a que a saída de Moutinho não lhe tivesse elevado o perfil. E a sua utilização intensa na pré-época pode até ter servido para Paulo Fonseca confirmar que Castro não é um elemento base para ficar no plantel e o próprio jogador deve ter percebido isso. Só não entendo o porquê da renovação e apenas posso teorizar que não houve propostas de compra aceitáveis para deixarmos sair de vez o rapaz.

Reparemos no trajecto de Castro como sénior:

A azul estão os jogos oficiais que realizou pelo FC Porto, ao todo 34. É um campeonato dos antigos durante sete épocas, com três anos e meio de empréstimo ao Olhanense (dois) e ao Gijón (um ano e meio). Ao longo desse tempo todo, Castro atravessou quatro treinadores no FC Porto, desde Jesualdo a Paulo Fonseca, passando por Villas-Boas e Vítor Pereira. E continua a ser um rapaz lutador, empenhadíssimo, com um espírito de sacrifício intenso e nunca desistindo de um lance que vê que pode disputar. A verdade é que viu montanhas de jogadores passarem à sua frente (Bolatti, Guarín, Ruben Micael, Moutinho ou Defour, para citar alguns), sem nunca conseguir lutar directamente com eles por uma posição como titular, fosse a “seis” ou a “oito”. E é isto que Castro traz ao grupo, um jogador sempre disponível, portista, que reclamou oportunidades para jogar mas nunca conseguiu convencer o seu treinador, fosse ele qual fosse, que tinha valor suficiente para ser titular no FC Porto. E concordo com os treinadores, porque vejo mais em Defour que em Castro, via mais em Moutinho e, ao fim de algum tempo, vi mais em Guarín. Tarde, mas vi.

Tenho pena, acreditem que sim. Mas também quero ver o FC Porto a vencer e quero ter os melhores jogadores nas melhores posições. E Castro, muito à imagem de Paulo Machado, Vieirinha ou Atsu ou vários outros que surgiram em tantos momentos diferentes do nosso passado e que subiram da formação para não conseguirem vincar um lugar no plantel principal, não seria a melhor solução para o lugar. E talvez sejam boas opções para outros clubes, ficando o FC Porto com a compensação económica adequada e a satisfação moral de ter formado um bom homem e bom jogador.

E desejo-lhe toda a sorte, porque acredito que não voltará a vestir de azul-e-branco. Continua humilde, rapaz, trabalha e joga. Fizeste para merecer, só não tiveste a sorte de estar num clube um bocadinho menos forte que te desse a oportunidade de jogar e vingar.

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Ouve lá ó Mister – Moreirense


Amigo Vítor,

O FC Porto não vence um jogo desde 25 de Novembro de 2012. Já quase não nos lembramos dessa longínqua data, meu amigo, e o mundo mudou tanto desde essa altura. Os ingleses não tinham um parto a esperar em Junho de 2013, o Vale e Azevedo ainda não queria entrar na indústria da organização de eventos, o Sporting ainda não tinha uma vitória na Europa e ninguém falhava de “falhas individuais que afinal não existem porque quando um falha, falham todos”. Era um mundo mais puro, pacato, tranquilo, onde olhávamos para o horizonte com sorrisos abertos enquanto o céu estava azul e o sol brilhava numa alegre manhã de Outono. E hoje, ao que parece, há um cenário pós-apocalíptico surge ao longe em platinado cinzento, feio, feio, Vitor, tão feio. E cabe-te inverter a maré das evoluções dos vómitos anti-portistas e trazer de novo o facho para o nosso lado. Hoje é o dia para o fazeres.

Gostei que tivesses convocado o Kelvin e o Iturbe. É verdade que lhes tens dado poucas oportunidades mas também é verdade que concordo que ainda estão verdinhos. Mas tendo em conta que o Varela teve um mau jogo em Paris e que o Atsu tem tido jogos abaixo do nível dele, que tal experimentares o Juanito a titular? Não sei se concordas, mas parece-me uma partida adequada para o rapaz ir ganhando terreno. Ainda tens os jogos todos da Taça da Liga e quer-me parecer que o vais usar aí, mas fica a minha ideia. De resto, aposta nos onze mais fortes. O povo que vai estar no Dragão quer ver bom futebol, golos e pouca emoção no resultado a não ser tentar calcular quando é que vem o próximo na baliza deles.

Não esperamos nada mais que isto: onze gajos de azul-e-branco que olhem para o adversário a preto-e-branco. São gajos a jogar de xadrez. É para destruir, como se fosse um derby.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Braga


Amigo Vítor,

E lá voltamos nós ao mesmo sítio que na semana passada nos fez saltar de alegria a dois minutos do fim com aquele golo do James e uns minutos mais tarde nos fez comprimir mais uma vez o ar à nossa volta com um fist-pump aéreo depois do petardo do Jackson. Sim, Vitor, é mais uma edição do “here we go again!”, com circunstâncias diferentes mas no mesmo palco.

E já reparei que não mudaste quase nada na convocatória. Gosto disso. Afinal de contas não é um jogo em que possas rodar muita malta porque os rapazes do outro lado também fizeram o mesmo e quer-me parecer que vão avançar com os mesmos fulanos. E desta vez estão com mais fome, aposto, porque o campeonato ficou mais longe e a Taça pode ser uma boa aposta para quem acabou de trazer o rabo dorido da Europa. Já eu, aqui deste lado e gordo de contentamento com os últimos resultados, não me está a causar grande entusiasmo este segundo round, sou-te sincero. A Taça é sempre um motivo de orgulho, é verdade, e até dá um certo gosto chegar à final e ganhar mais um caneco daqueles, mas não é a mesma coisa. Já te disse isto várias vezes e repito com a mesma força: prefiro ganhar os pontos no campeonato e aproximar-me mais um jogo da reconquista do título nacional, até prefiro ganhar um jogo na Champions ao Dínamo Zagreb do que ganhar a Taça de Portugal. É uma competição menor, pá, daquelas que um gajo só pode fazer uma festa do caraças quando não se ganhou mais nada. Ainda assim, e apesar de saber que sabes como me sinto quanto a isto…enquanto lá estivermos é para ganhar. Ah e tal e depois vamos a Paris e é preciso descansar um ou outro para não ficarem muito cansados e estourarem-se todos para poderem ganhar aos ricaços lá da cidade da Torre mais conhecida do Mundo a seguir à dos Clérigos…mas é para ganhar na mesma.

Por isso avança com a mesma equipa. Não ouças os elogios parolos do Peseiro, esquece o jogo da próxima terça-feira e foca-te exclusivamente neste. Lembra-te que o James ou o Jackson podem não conseguir marcar um golo aos 89 minutos e desta vez não vai tudo na mesma para o balneário se o jogo acabar a zeros. É para decidir aqui e hoje, por isso toca lá a mandares os rapazes marchar para dentro de campo com olhar malicioso e inteligente e vamos ganhar isto. Mai nada.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Braga


Amigo Vítor,

Vai ser um jogo fodido. Tu sabes disso, eu sei disso, toda a gente sabe que vai ser um jogo fodido. O Braga pode ter perdido o jogo com o Cluj e até pode ter sido enrolado como massa de pizza e atirado para um forno de lenha de Alvalade…e antes de te rires, pensa que perderam lá o jogo, onde tantos outros clubezecos foram sacar pontos. Mas estes cabrõezinhos, para lá do Benfica, são os únicos que me metem algum medo neste campeonato. Não muito, mas o suficiente para ter um cuidado extra quando lá vamos jogar, e continuo a afirmar que este é um dos jogos mais difíceis do ano. Por isso vamos lá ter cuidado com estes rapazes e passar à acção quando fôr preciso.

Há dois ou três pontos que acho que tens de salvaguardar para podermos ganhar o jogo e já sabes que podes ouvir o que te digo ou não. Mas aconselho que o faças porque eu até sei o que digo, ou pelo menos é o que as vozes na minha cabeça me dizem, sempre com aquele ar angelical que parecem jovens belgas a cantar em coros de igreja todos vestidos de branco. Ou desfiles da Victoria’s Secret com as putas das asinhas cheias de pena. Pena não tinha eu delas, cambada de galdérias. Estávamos a falar de quê? Ah, sim, o Braga. Dois ou três pontos. Três, vá, para ficar redondo e poderes fazer aquela subida de tom no “dois”. Ora então vamos a isso.

Primeiro: O titular do lado esquerdo da defesa deve continuar a ser o Mangala. O Mangalho. O Mangalhão. E para além de lhe chamares isso, deves mandá-lo dar uma ou duas charutadas no Alan logo no início do jogo para o Predator saber quem é que manda nesta merda. Mangalha-o.

Segundo: Do meio-campo para a frente, sou sincero contigo e por muito que goste do Defour, por mim entrava o Fernando. É um jogo em que vamos precisar de mais força no meio-campo e com cretinos como o Custódio e o Ruben Amorim (para lá do Ruben Micael, que se levar dois encostos vai parar ao Sameiro), o Moutinho vai precisar de ter as costas quentes e o Lucho de ter uma sombra ali perto. Quero o Polvo em campo.

Terceiro: Convence os jogadores que o jogo vai ser difícil, que não se deixem iludir pelo “mau trajecto recente” ou pelas piadas do anormal do cabelo louro lá de baixo e passem a acreditar na sorte. Porque a sorte, como disseste, constrói-se com suor e trabalho. E é isso que tens de lhes espetar nas cabecinhas.

Ganha, Vitor. Make me happy, dude.

Sou quem sabes,
Jorge

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I hate to see you go…mas tinha que ser.

Gostei dele quando chegou. Tínhamos acabado de vender Cissokho ao Lyon, naquele que foi um dos melhores negócios da História desde que os Holandeses compraram a ilha de Manhattan aos índios por meia-dúzia de dólares e dois espelhos em latão. Apareceu saído da Roménia e de uma boa carreira na Champions, num verão em que todos os jogadores que apareciam associados a outros clubes na nossa absurda imprensa desportiva pareciam vir parar ao Dragão (Falcao, Maicon, Ruben Micael ou Varela são alguns exemplos). Quando o francês saiu, pouco depois de ter entrado e após uma sequência absurda de laterais-esquerdos fracos ou adaptados (Ricardo Costa, César Peixoto, Cech, Lino, Fucile, Benitez ou Mareque) que se seguiram a Nuno Valente, também nenhuma vedeta mas certinho o suficiente para que pudéssemos ter segurança naquele sector. Álvaro era rápido, audaz, viril, forte. Era e continua a ser um excelente jogador, como disse em várias oportunidades, sendo que talvez o melhor resumo tenha sido na vitória na Luz para a Taça há dois anos: “Sem ele o flanco esquerdo do ataque do FC Porto fica manco, a funcionar ao ritmo de serviços mínimos numa repartição de Finanças em dia de ponte. Álvaro dá energia à ala, subindo desenfreado ao nível de um Roberto Carlos de boca aberta, a tabelar com o médio centro e a ajudar os colegas em todas as jogadas que entra, somando a isso alguns cruzamentos de grande nível.

Esta transferência será sempre considerada como uma cedência da parte dos mais fracos. Neste caso, o FC Porto, que se viu colocado perante a situação de ter de vender para rentabilizar o investimento e não ficar com o jogador parado/chateado e hipotecar a possibilidade de um encaixe financeiro. Dez milhões é pouco, dirão. É o que é. É o que conseguimos por ele e é sinal que o mercado está em baixa e que um dos melhores laterais-esquerdos do Mundo (e não há assim tantos que sejam de facto bons) é adquirido por um preço abaixo do valor que tinha no ano passado. E infelizmente este tipo de negócios só dá razão aos jogadores quando se revoltam em tempos de mercado aberto, quando fazem as birras que lhes apetece porque não lhes apetece ficar no mesmo sítio nem mais um minuto. Neste caso, Álvaro sai do clube que lhe deu tudo, que o expôs a outros mercados e lhe ofereceu todas as condições para prosseguir a sua carreira de uma forma que no Cluj nunca teria conseguido. Venceu dois campeonatos e uma Liga Europa, para lá de mais três Supertaças e duas Taças de Portugal. Não lhe chegou e compreendo que queira sair, experimentar outras andanças e outros mundos, mas custa-me que saia pela porta pequena. Não precisava. Mas desejo-lhe sorte de qualquer forma. Que seja tão feliz como outrora foi aqui. Não creio que seja possível.

E agora? Alex Sandro, o lugar é teu. Faz dele o que quiseres, mas fá-lo bem. O Mangala está aí à espreita e já sabes que o Vitor gosta de adaptar centrais às faixas. Just sayin’.

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