Baías e Baronis – Angrense 0 vs 2 FC Porto

Angrense's player Miguel Oliveira (L) vies for the ball against FC Porto player Martins Indi (R) during their Portugal's Cup fourth round between Angrense and FC Porto held at John Paul II stadium in Angra do Heroismo, Terceira Island, Azores, Portugal, 21 November 2015. EDUARDO COSTA/LUSA

EDUARDO COSTA/LUSA

Um jogo simpático contra uma equipa simpática numa terra bem simpática onde fomos recebidos com…you got it, simpatia. Apesar dos melhores esforços do Angrense, a verdade é que o resultado peca por escasso, com várias oportunidades a serem falhadas e com a típica falta de rotinas entre jogadores que raramente jogam em conjunto a fazer-se notar. Foi o suficiente para uma vitória interessante mas que irá rapidamente desaparecer das nossas mentes. Vamos a notas:

(+) Sérgio Oliveira. A quantidade de vezes que já vi Herrera jogar sabendo que este rapaz está na bancada a ver a bola é coisa para me partir o coração. Gosto de o ver a pensar o jogo, a progredir com tino e a raciocinar com o esférico nos pés, raramente se enviando em demandas loucas, optando sempre pela construção inteligente e sustentada. Uma espécie de Rakitic de Mozelos, vá. Quero vê-lo a jogar mais, até para poder ganhar a forma física que necessita para nos dar mais e melhor.

(+) Bueno. Dois bons golos e uma boa integração na equipa em qualquer das posições que foi ocupando, inclusive na defesa, onde salvou uma ou outra das fugazes jogadas de ataque do Angrense. Mexe-se bem, é prático e executa com rapidez. Neste momento deveria ser a segunda escolha para ponta-de-lança à frente de Osvaldo, que não consegue acertar na baliza a não ser que a bola tenha controlo remoto…

(+) Victor Garcia. Apesar de algo nervoso na primeira meia-hora (compreensível mas estranho, para um rapaz que já jogou nos As e é titular nos Bs), subiu de produção a partir dessa altura e mostrou o que já conhecíamos dele: velocidade, força física no confronto directo, boas subidas pelo flanco e postura de lateral ofensivo como um jogador naquela posição tem de ter no nosso clube. Faz-me pensar no que deve ter ficado a pensar ao ver Reyes a titular em Munique no ano passado…

(-) Osvaldo. É raro dar Baronis para malta que se esforça, mas Osvaldo está a correr nos sítios errados. Técnica apurada? Sim. Bom domínio de bola? Óbvio. Mas…pouco interventivo nas zonas de finalização apesar de muito mexido fora delas, é notável a capacidade que tem, jogando como avançado…de raramente o ser. Constantemente a tomar as decisões erradas, está mesmo a precisar de um golinho para animar, mas a continuar assim não vejo como o vai conseguir..

(-) Oh Silvestre, a sério?! Metade da equipa do Angrense muge vacas durante o dia e treina à noite. E têm trinta e nove anos de média de idade, mais coisa menos coisa. E todos eles chegavam à bola primeiro que o Varela. Need I say more?


Pode sair outro Angrense na próxima eliminatória? Sim? A gerência agradece.

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Ouve lá ó Mister – Angrense

Señor Lopetegui,

Selecções para cá e para lá, eternos adiamentos e uma época que parece não estabilizar. Ainda te lembras daqueles tempos (idos, com toda a certeza) em que havia jogos todas as semanas de Setembro a Maio, com a eventual interrupção de um ou outro fim-de-semana no Natal e uns joguitos dos países aí bem espaçados? God, those were the days, right? Agora passam-se semanas em que só vejo jogadores do FC Porto via Twitter em vez de os ver onde gosto mesmo: no relvado. Vá lá, hoje regressam os nossos meninos numa espécie de jogo de pré-época a meio da temporada que, como qualquer jogo de Taça, tem tudo para correr mal. Ainda por cima contra uma equipa do Campeonato Nacional de Seniores (como se os outros não fossem do mesmo escalão, mas adiante) que vai fazer tudo para brilhar contra um grande. Mas não há que ter medos, é só preciso jogar o que sabemos, arriscar pouco e garantir um resultado confortável o mais depressa possível.

Preferia ver apenas duas ou três caras novas no onze mas algo me diz que vais mudar meia-equipa. Aliás, olhando para a convocatória não me deixaste grandes dúvidas, mas não me agarro ao desgaste das selecções para justificar as entradas e saídas de nomes. O que é preciso é convenceres os “menores” que se fizerem um bom jogo, de entrega, de luta e de inteligência, podem perfeitamente passar à frente dos maiores! Sim, até o Herrera! Mas gosto que dês oportunidades ao Victor Garcia, ao Lichnovsky, ao Bueno e ao Sérgio Oliveira. É malta séria, que trabalha bem e merece jogar um bocadinho!

Acima de tudo é para ganhar, pá. Mata-mata, bota-fora, tiro-aos-mortos, whatever. Ganhar.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Varzim 0 vs 2 FC Porto

0 (1)

Mais um jogo sem grande história e com poucas histórias para contar. Valeu pela boa exibição de Bueno e Evandro, pela noção que Helton ainda cá está com a mesma vontade e segurança, pela estreia de Lichnovsky e pela confirmação que Varela não consegue dominar ou cruzar uma bola em condições há algum tempo. Vamos a notas:

(+) Tello. Um golo e várias assistências de morte numa boa exibição, de longe a melhor da época até agora. Apareceu quase sempre bem na desmarcação e usou bem a velocidade para ultrapassar os defesas e para conseguir ser produtivo, algo que ainda não tinha conseguido este ano. A continuar, espero.

(+) Evandro. A formiguinha do costume, correu que se fartou e foi a partir dele que surgiram alguns dos desequilíbrios mais interessantes a partir do meio-campo. Nunca será um jogador essencial no nosso meio-campo mas prefiro várias centenas de vezes a dinâmica e o empenho que o brasileiro coloca em jogo à pamonhice que Herrera costuma trazer. Titular absoluto em jogos de menor cartaz, sem dúvida.

(+) Bueno. Finalmente conseguimos ver Alberto Bueno a jogar entre linhas como jogador mais avançado do trio de meio-campo e a impressão foi positiva. Bem nas tentativas de desmarcação e na movimentação naquela zona de ninguém por onde vagueou, é franzino mas não tem medo do choque e mostrou talento e capacidade técnica que o podem tornar bastante útil na nossa Liga. Se chega ou não para outros voos, só o tempo o dirá.

(-) Osvaldo. Ui, rapaz, que tu falhaste tantos golos feitos que nem consigo muito bem perceber como é que vais chegar a casa e não sacas da vergasta para te castigares. Um falhanço terrível depois de um bom passe de Tello, mais um chapéu mal calculado e uma bola enviada direitinha ao guarda-redes…por isso enquanto o Vincent estiver com a pica toda, vais mesmo ter de continuar de peidola alapada no banco.

(-) Desorganização do jogo ofensivo. Havia muito pouca interligação entre os jogadores, compreensível perante a quantidade de mudanças que Lopetegui fez no onze, mas este tipo de jogos traz quase sempre um FC Porto com poucas ideias em que cada jogador parece jogar sozinho e há mais braços esticados a pedir auxílio ou movimentação do que ideias a surgir na mente dos rapazes de azul-e-branco. Torna o jogo enfadonho e dependente em demasia nos lances de inspiração individual.


Uma já está, venha a próxima eliminatória, preferencialmente sem jogos grandes. Afinal de contas o Cissokho gostava de jogar mais uns minutinhos…

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Ouve lá ó Mister – Varzim

Señor Lopetegui,

Já não falávamos há que tempos, hombre! “Falar” não será o termo mais adequado a estes meus solilóquios que nem sempre vão parar aos teus ouvidos, facto que não me impede de prosseguir com eles. E hoje é um dia especial porque é a primeira vez que escrevo um texto neste espaço com referência ao Varzim. E é sempre interessante abordar uma partida que tem tanto para poder correr mal como para ser pouco memorável. Explico.

Um jogo de Taça contra uma equipa de um escalão inferior é sempre um pau de dois bicos. Un pao con dos biqueros, se o meu espanhol não me falha. Se ganhas, ninguém quer saber, apareces nas notícias depois da surpreendente derrota do Gil Vicente contra o Arraiais de Baixo e a maior parte do povo nem sabe que jogaste. Se perdes…upa upa, capas de jornais, títulos a bold em tudo que é site, torrentes de tweets a insultar-te e aos teus, assobiadelas garantidas no próximo jogo e um sabor a humilhação que mais parece que estiveste a fumar charutos de estrume durante umas horas. Por isso aprovo o facto de teres mantido uma convocatória moderadamente estável para não recomeçares mal depois das selecções, especialmente com o Benf…perdão, o Maccabi aí à porta.

Dá alguns minutos a moços que não os podem ter habitualmente. Tive pena que não chamasses o Sérgio mas sei que ainda lhe podes dar minutos na Taça da Liga. Mas podes enfiar lá o Tello e o Varela, até o Osvaldo e o Lichnovsky para ganharem mais rodagem. Não deites é tudo a perder com invenções em demasia. Mantém a estrutura base, muda uma ou outra peça e deixa-os descansar depois do jogo estar ganho. Vai estar vento e chuva e o jogo é mesmo à beira-mar, por isso vê lá se os rapazes não pensam em praia antes de rodarem no lodo. É para ganhar.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 3 Sporting

20141018 - FC PORTO - SPORTING CP

Não vou mentir, esta doeu. Perder um jogo dói sempre, rompe o coração e rasga a moral do pouco cabelo que tenho às unhas dos pés, que calçam um 42 bem medido para se transformarem num qualquer sapatinho de criança, à medida que me encolho e me resigno que não fomos melhores. Fomos acanhados, tristes, desorganizados e desorientados. Perdemos antes de começarmos a tentar ganhar, por algum experimentalismo do treinador que continua a achar que os rapazes em breve vão conseguir o que ainda não mostraram em três meses. Continuo a acreditar nestes putos, mas hoje levámos uma boa lição de como jogar um jogo grande: prático, feio, eficaz. Não fomos nenhuma das três. Vamos a notas:

(+) Danilo. Foi das poucas notas positivas da equipa, pela forma como nunca desistiu e tentou sempre cascar em cima dos rapazes de verde e branco (e verde, este ano) na defesa e no ataque. Arrisco muito ao dizer que está a ser dos jogadores mais consistentes do FC Porto 2014/2015, porque disse o mesmo de Maicon, com o resultado que hoje se vê. Penitencio-me, à vossa frente. Ainda assim estou a gostar muito da evolução mental deste brasileiro e nota-se em campo.

(+) A assistência de Quintero para o golo… é um dos motivos porque aquele cabrãozinho tem de aprender a ganhar corpo e ser mais inteligente em construção. Se assim fosse seria titular indiscutível. Fuck me, eu nem na bancada consegui discernir a linha de passe!

(-) Imaturidade competitiva e o depósito de confiança que se esvazia. This is the big one. É esta a principal razão pela qual não conseguimos manter uma exibição em condições de início a fim de uma partida. O facto da equipa ser nova, do treinador ser novo, da estratégia ser nova, de tudo parecer arrancar de um zero negativo em vez de um zero optimista, todos esses factores são importantes. Mas é a pornográfica imaturidade dos rapazes que estão actualmente com as nossas camisolas que mais fundo me escavaca o coração e que me deixa apreensivo sem fim à vista. E se eu consigo perdoar alguns truques parvos do Óliver ou atrapalhações do Tello, não consigo perdoar o facto de depositarmos confiança em três jogadores que acabam por nos minar a vida, de uma forma ou de outra: Jackson, Herrera e Maicon. Para lá dos laterais, são os três jogadores mais experientes da equipa titular do FC Porto (um conceito cada vez mais nebuloso) e se Jackson continua a marcar em jogo corrido, já nos tramou em Guimarães e este penalty falhado mostra mais uma vez que não pode ser ele o marcador de serviço. Herrera já há algumas semanas que perdeu a confiança do público e só mantém a do treinador porque aposto que é o homem obediente que todos os gestores gostam de ter nas suas equipas. Faz o que lhe pedem, mas nunca o faz bem. É para Lopetegui o que Jorginho era para Adriaanse, ou Mariano para Jesualdo. Quanto a Maicon, que desde o jogo contra o Boavista que não acerta uma bola em condições, seria ele o responsável por manter a defesa estanque, por dar fé e calma à zona recuada e por ajudar a compôr a mente e alma de uma equipa de putos. E está a mostrar, mais uma vez, mais uma puta duma inqualificável vez, que treme demais perante oposição pressionante. Cede como uma folha única de papel higiénico molhada e arrasta a equipa consigo. A culpa do segundo golo é sua, a culpa de duzentas bolas que tenta enviar directamente para Jackson em vez de gritar para o meio-campo recuar para construir com tino, com paz de espírito, com inteligência. O resto? O resto é uma amálgama infeliz de miúdos que têm nome mas pouco jogo, que têm talento a rodos mas a quem falta fibra, inteligência competitiva e que se dobram como uma mão de poker em frente a um jogador medroso. Os passes, que podiam ser orientados pelo talento daqueles rapazes que poucos têm em Portugal e pelo mundo fora, saem tortos e pouco tensos. As combinações de ataque, dispersas e individualistas. A tomada de decisão, lenta e previsível. Os remates, fracos e inconsequentes. A pressão…a pressão não existe. Há uma letargia que os possui, uma incapacidade crónica de antecipar o movimento do adversário e de se moverem como uma equipa (ver nota de baixo), e está a contagiar elemento após elemento até que tudo colapsa num conjunto de sal e sangue e fezes. Tanto talento. Tanta desorganização. Tão pouca fé. Tão pouco futebol. Tão pouco.

(-) É a rotação, amigos. Mantenho o que já disse várias vezes: a rotação é gira e tal mas não ajuda a equipa numa fase tão incipiente da sua criação como um grupo coeso e que se quer estruturado e com automatismos. Pode parecer conversa de curso de formação de treinadores, mas na verdade não é. Vi Herrera e Ruben a calcar o mesmo naco de relva enquanto se movimentavam, todos direitinhos, cada um para o…mesmo lado. Apreciei quando Tello pensou várias vezes que Danilo ia para o centro quando o rapaz flectia para a linha. Casemiro nunca sabia a quem passar a bola porque ninguém se movimentava da forma que o brasileiro imaginava que iria fazer. Imaginem que estão em campo a jogar e não fazem ideia quem é que vai aparecer ao vosso lado, se devem ir para a direita ou para a esquerda, onde vai estar o extremo, QUEM É O EXTREMO QUE LÁ VAI ESTAR…há tanta mini-variável que se pode questionar na formação da equipa, do onze e da estratégia em campo, mas o facto de nunca lá estarem os mesmos gajos não pode ajudar. Não pode. Pode fazer com que todos tenham mais pernas em fases mais adiantadas da época, mas para os jogos do “agora”, do “já”, é uma bela duma trampa.


Uma já foi. Esqueçamos esta. Outra, bem mais importante, joga-se já na terça-feira, no mesmo estádio, com outros intérpretes. Esperemos que o desfecho seja diferente.

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