Os putos

Se tirar alguma coisa destes quatro primeiros jogos europeus do FC Porto em 2012/2013, é que a nossa defesa deve estar a bater recordes. Uma média de 0,5 golos sofridos por jogo e com esta média de idades, acho que nos podemos congratular com a qualidade das opções que Vitor Pereira tem ao dispôr. O futuro parece estar em boas mãos. Ou pés, no caso do Otamendi.

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O pós-Hulk – parte I

Regresso ao tema que mais deveria preocupar os adeptos portistas, porque a mudança da semana passada vai demorar tempo a absorver. Foi um pouco como acontece a alguém que tenha andado a seguir uma série na televisão durante uns anos, só para chegar ao início da temporada seguinte e verificar que um dos personagens principais, ao fim de um ou outro episódio, foi trabalhar para outra cidade ou morreu ou o actor não renovou contrato…qualquer coisa que faça que o gajo deixe de aparecer todas as semanas na nossa sala a protagonizar as desventuras mais emocionantes e/ou entusiasmantes na pequena tela. E se têm alguma parecença comigo já passaram pelo mesmo, quando o Mulder desapareceu nos X-Files ou o Jeffrey no Coupling britânico, quando o Lane se matou no Mad Men ou o Charlie se sacrificou no Lost, até quando o Lem levou um tiro no The Shield (da pouca televisão que vejo, opto por ver de boa qualidade e consta que sou muito, mas muito pedante em relação a isso). Há algo que morre dentro de nós, como que um ente querido que nos habituamos a ver dia após dia tivesse subitamente fugido da nossa vida…com a devida distância da realidade, como é óbvio. Até essa altura eram eles os focos de atenção, aqueles que nos trazem a emoção à pele, que nos fazem vibrar, sentir, rir e chorar, viver.  Até essa altura foram alvo das críticas, das análises, de tentar perceber o porquê daquela atitude naquele momento. Questionamos as acções, criticamos as inércias, maldizemos as falhas e louvamos os heroísmos. Somos nós que lá estamos, somos nós que lá devíamos estar e como nunca podemos transpôr a quarta parede, ficamo-nos pelas palavras que os actos são para eles. E quando essas personagens desaparecem, entram outras para os lugares que esses actores principais até então desempenharam com talento e perícia naturais, e o ciclo recomeça.

Estamos exactamente nesse momento. Quem vai ser o actor principal desta nova etapa? Quem vai pegar nos vários fachos que Hulk deixou pousados no balneário, com a braçadeira de capitão de um lado e a capacidade inata de desatar nós do mais górdio que apanhamos em tempos recentes? Teremos James pronto a subir de produção e a agarrar a titularidade numa posição que não lhe é natural? Conseguirá Vitor Pereira transformar o sistema aparentemente perene do 4-3-3 agora que lhe falta um homem que deambule pela linha e rompa para o meio de uma forma tão natural como o 12 fazia? Poderá Atsu amadurecer com rapidez suficiente para ser uma opção não só de futuro mas já para o presente?

Não sei. Mas os tempos vão ser novos para os nossos lados. Vão ser novos e vão ser interessantes de seguir. Amanhã vemos a parte táctica da coisa.

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Still cleaning, always cleaning…

Olhem bem para a fotografia acima, que me foi enviada por um amigo (obrigado, Manuel!). Se não me engano, foi colocada no twitter de Falcao no dia 20 de Abril de 2011, alguns minutos depois de um momento de glória garantido em pleno Estádio da Luz. Não acredito que haja um portista vivo que não se lembre desse jogo em que demos a volta a uma pesada derrota por dois a zero no Dragão, vencendo fora por três a um e garantindo a passagem à final da Taça, que também vencemos.

Olhem agora para os rapazes que posam para a posteridade. Um português, um colombiano, um brasileiro e dois uruguaios. Todos, até Cebola, eram presenças habituais no onze que conquistou quase tudo o que pôde nessa inesquecível temporada. Hulk e Falcao, figuras principais de um ataque demolidor; Moutinho, a gerir o meio-campo com a atitude de um vencedor; Álvaro, sempre a abrir pelo flanco esquerdo; e Cebola, que lutava mais do que produzia mas estava lá, intermitente mas sempre esforçado. A pluralidade de nações e estilos uniam-se com o brilho de uma equipa que lutava como uma só, com garra, vontade, harmonia e excelente futebol.

Foi há dois anos. Há dois anos. Compreendo que é perto de impossível manter um plantel estável num clube como o FC Porto, com a filosofia de compra/valoriza/vende que tem sido pivotal na capacidade negocial no mercado de transferências e na manutenção de plantéis competitivos independentemente dos jogadores que os compõem. Mas não deixo de me sentir triste ao ver que algumas das figuras que nos habituamos a aplaudir, a criticar, a analisar, a conhecer…tantos deles saem do clube e nos deixam sem hipótese senão conhecer novos talentos e começar tudo de novo. Já não é sequer uma questão de saudosismo bacoco, apesar de não esconder a minha faceta que aplaude os valores do passado com o mérito que eles fizeram por ganhar. Gostava só de ver jogadores a ficarem no FC Porto durante mais de três anos e que consigam dar as mesmas alegrias aos adeptos com a sua própria alegria a jogar. Neste momento, aponto Helton, Fernando e Lucho. O resto são tudo rapazes com cifrões em cima. Sic Transit Gloria Mundi, ao que parece.

Olhem de novo para a fotografia. Quantos deles vêem no plantel 2012/2013? E já agora, se me permitem, quantos acham que vão ver no plantel 2013/2014?

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Pass imprecise

  • Primeiro cenário: Otamendi tem Maicon ao lado direito, na posição natural que ocupam durante todo o jogo, todos os jogos. Vê Moutinho a trinta metros, com um adversário à sua frente. O argentino olha para as peças em campo, avalia o fluxo mental que lhe permite uma melhor probabilidade de sucesso e decide passar pelo ar. A bola sai alta e longa demais, o português não chega mas bate palmas ao esforço, Otamendi levanta o braço e pede desculpa. Bola para o Gil Vicente.
  • Segundo cenário: Danilo sobe pela linha, correndo como o papa-léguas a fugir do imbecil do coiote. Chega a um certo ponto em que vê que não vai conseguir avançar mais no terreno sem ter de se transformar em Hulk e fintar sete adversários que estão imediatamente à sua frente, olha para o lado, recua um pouco e pesa as opções. Opta então por uma lateralização para Varela, que está então no flanco oposto, e envia a bola como se tivesse sido possuído temporariamente pelo espírito sempre presente de Guarín, acertando no esférico com a força de mil titãs e rodando como os pneus do carro do Alonso em Silverstone. A bola sai alta e longa demais, o português não chega mas bate palmas ao esforço, Danilo levanta o braço e pede desculpa. Bola para o Guimarães.
  • Terceiro cenário: Maicon dirige-se para a lateral, encurtando o espaço e o tempo para tomar uma decisão. Olha para cima, vê Atsu a sessenta metros, decide enviar-lhe a bola numa mudança de flanco que faria inveja a Beckenbauer. A bola sai alta, o ganês não chega mas bate palmas ao esforço, Maicon levanta o braço e pede desculpa. Bola para o Olhanense.

Experimentem trocar os intervenientes e o adversário. O resultado é o mesmo. Há semanas, meses, anos que o resultado é persistentemente o mesmo na vasta maioria de circunstâncias que decorrem mais ou menos como estas que acima descrevi. E o adepto, o que joga a bola aos sábados e fá-lo por carolice em vez de o fazer por um ordenado, tem aquela sensação estúpida que lhe ultrapassa a mente e o discernimento e só pensa: “Porque raio é que não meteste a bola no teu colega do lado?!”. Não sou jogador de futebol, nem sequer tenho contacto directo com alguém que o seja, por isso é complicado para mim conseguir penetrar na psique de muitos destes rapazes. Mas se há uma coisa que nunca vou conseguir entender é a necessidade que tantos têm de fazer o mais difícil só porque na altura lhes pareceu a melhor opção.

E é por isso que admiro cada vez mais jogadores como Xavi, Pirlo ou Moutinho. Porque sabem que a opção mais simples é sempre a melhor. E se Robson pedia “pass precise” em todos os treinos, não faço a menor ideia do que Vitor Pereira lhes pede. Mas não podem ser as mesmas coisas.

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Seis

Castro é novamente um membro de pleno direito do plantel do FC Porto. Tem um enorme potencial para ser uma figura de elevado rendimento durante a época de 2012/2013 e vai usar um número nas costas que é um dos mais mediatizáveis que até tem potencial de rima para músicas das claques. Assim sendo, revisitemos os números 6 que passaram pelo nosso plantel:

 

1995/1996 Péter Lipcsei
1996/1997 Arnold Wetl
1997/1998 Barroso
1998/1999 Emílio Peixe
1999/2000 Emílio Peixe
2000/2001 Emílio Peixe
2001/2002 Costinha
2002/2003 Costinha
2003/2004 Costinha
2004/2005 Costinha
2005/2006 Ibson
2006/2007 Ibson
2007/2008 Paulo Assunção
2008/2009 Fredy Guarín
2009/2010 Fredy Guarín
2010/2011 Fredy Guarín
2011/2012 Fredy Guarín
2012/2013 André Castro
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