Dia do Clube

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Três portistas à conversa num café, num agradável início de noite primaveril em 2012. Os temas aparecem naturais, orgânicos, fruto da boa disposição e energia dos convivas.

Discutem-se jogadores, equipas, as redes das balizas de futebol e as cores das bolas de andebol, os novos e os eternos, a paz e a euforia, as alegrias e tristezas que acompanham quem vive o desporto e o clube como se fosse uma segunda natureza. Discutem-se assuntos do clube, de onde viemos e para onde iremos, com a consciência que temos todos um objectivo em comum, que nunca muda apesar das barrigas aumentarem, os cabelos tombarem e os olhos se raiarem: trabalhar para melhorar o clube. Algumas horas depois surgia pela primeira vez a ideia dos Encontros da Bluegosfera, que se realizaram por quatro anos consecutivos desde então. E têm sido quase uma extensão dessa mesa de café, onde as vozes podem ser ouvidas na partilha de experiências em comum com tantos outros portistas que polvilham este mundo.

O trio de portistas passou a um quarteto e depois para um quinteto…e este ano, para lá de expandirmos o grupo, vamos expandir o evento. Porque os organizadores são mais do que autores e escritores e sempre houve vontade de acolher gente de bem que não está apenas nos blogs e nas redes sociais. Portismo quer-se e em grandes quantidades e por isso cortámos as amarras da virtualidade e prosseguimos, de bandeira em riste, a caminho da globalidade.

Não queremos ser um grupo de bloggers. Queremos ser um grupo de portistas a viver um dia que nos encha de alma e de portismo. Um dia que nos acompanhe com calor no coração e que sirva para unir e para que todos juntos possamos erguer o nosso clube até ao topo mais alto que só é limitado pela nossa imaginação.

Um Dia do Clube. Pelo clube. Para o clube.

http://diadoclube.porta19.com

INSCRIÇÕES ABERTAS AQUI!

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Just B

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Acompanho a equipa B desde que foi reconstituída e faço-o por vários motivos, todos eles naturais. Vi a grande maioria dos jogos, em directo ou diferido e se não falei mais neles durante a época (e nas épocas anteriores) devo-o à preguiça ou à falta de tempo. E só não fiz o mesmo com os sub-19 porque foram exibidos menos jogos durante o ano, mas vou seguindo e evolução de muitos destes rapazes há vários anos. E vejo esta malta da mesma forma como ouço uma música de uma banda desconhecida, pondo o meu melhor chapéu hipster e inventando um postiço bigode à Dali, ao mesmo tempo que penso cá para mim: “eu estava cá quando começaste a jogar, rapaz, lembro-me bem de ti.”.

Numa era em que tantas referências nos faltam dentro de campo, ver os Bês a jogar é um prazer. Não por serem geniais, pela fluidez tremenda do futebol ou pelas jogadas de entendimento cósmico que os leve a um patamar Barcelónico. Mas é a facilidade no jogo colectivo, a quase total ausência de vedetismos, onde as individualidades cedem perante a força e as necessidades do colectivo, onde cada um é só mais um dentro de um todo. O prazer de ver a evolução de homens como André Silva, Rafa, Victor Garcia, de  ou Graça, que cresceu tanto durante a época que me fez mudar radicalmente de opinião, eu que não gostava dele no início da temporada. E, porque não, assistir à reencarnação de antigas glórias com novos nomes, onde vejo um Ruben Macedo a lembrar Jorge Couto, Ismael a ter laivos de Hulk, Gleison como novo Derlei e Tomás (talvez o meu jogador preferido dos Bs já como o era nos sub-19) a partilhar o Óscar de Melhor Moutinho com Francisco Ramos. Nenhum deles é um génio mas há muito talento neste grupo e começam a escassear as desculpas para não apostar nalguns destes rapazes no próximo ano. Luís Castro fez um trabalho sério e mostrou que a estrutura de um grupo vale tanto como a sua liderança. Parabéns, mister!

É um grupo bom. Um grupo saudável. E tem feito por merecer bem mais o aplauso de todos os sócios e adeptos portistas que uma grande parte dos As. Há portistas vivos na B. É só querer aproveitá-los.

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Baías e Baronis – Rio Ave 1 vs 3 FC Porto

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Simpática, este vitória nos Arcos. Jogo complicado, rijo, sem grande beleza mas com boas trocas de bola, dois excelentes golos (um para cada lado) e a busca da subida de alguma confiança para os jogos que restam. Lutámos bem, com a defesa a jogar bem subida e os golos a aparecerem com naturalidade, apesar de termos sido obrigados a mais uma reviravolta. Menos mal. Notas abaixo:

(+) Sérgio Oliveira. Está a tentar marcar pontos para ficar no plantel do próximo ano e parece ser dos poucos que consegue conjugar um jogo mais criativo com a capacidade de remate a umas dezenas de metros da baliza, algo que não tem preço no FC Porto dos últimos tempos. E o golo que marcou é pura Sergioliveirice, à entrada da área enfia um balázio com uma força que mesmo que a bola não estivesse molhada, Cássio continuaria a não ter hipóteses de a defender. Tem estado bem e só pode continuar assim.

(+) Os regressos de Evandro e Marcano. Não que sejam jogadores de extraordinária mais-valia na equipa titular, mas são alternativas seguras para posições onde temos andado com falhas tremendas e com necessidade de alguma estabilização das escolhas e das exibições. E apenas faltam dois jogos até ao final da época, mas se estamos determinados em vencer um troféu, convém ter disponíveis todas as opções.

(+) Os adeptos visitantes. Quem foi a Vila do Conde apoiar a equipa hoje foi um herói. Naquele estádio tão aberto à natureza, com vento, chuva, frio…e estiveram ali estóicos e a cantar pelo clube. Mereceram os elogios de Peseiro e o aplauso de todos os jogadores.

(+) Os assobios a André na sua substituição. Porque o futebol é isto e tem mais piada exactamente por causa destas pequenas coisinhas. E quem não tiver entendido aqueles assobios, não percebe nada disto ou está tão entranhado na actual falta de valores que não quer saber. De qualquer forma, o sorriso dele disse tudo.

(-) Brahimi. Estou farto, estamos todos fartos, Yacine. Demasiada lentidão nos processos, muito pouca capacidade de ruptura e algum alheamento da partida durante demasiado tempo. Parece já não estar com a cabeça cá e por muito que possa ser extrapolação da minha parte, condicionado que estou por acreditar que vai sair no Verão, não consigo ter confiança nele. Espero que brilhe na final da Taça…e siga o caminho dele.


Ficam a faltar dois jogos até ao final da época. Um a feijões contra o inimigo cá do burgo e outro a sério contra um dos inimigos mais importantes do país. Já não sei o que esperar. Duas vitórias é pedir muito?

PS: parece que houve aqui um problema técnico que fez com que o “Ouve lá, ó Mister” não fosse publicado a horas. As minhas desculpas. Enfim, até o site me lixa…

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Ouve lá ó Mister – Rio Ave

Camarada José,

Faltam três jogos para terminar a época e estou triste. Triste pelo momento da equipa, triste pela forma como encaramos as partidas e acima de tudo triste por chegarmos a este momento do campeonato e estarmos a jogar para aquecer. E hoje quer-me parecer que esta metáfora vai ser mesmo concreta, porque pela maneira que o tempo tem andado, um joguinho em Vila do Conde, com chuva tocadinha a vento, vai ser bem bonito de ver. Pum, bola pró ar e quem estiver a favor do vento é abrir alas e rematar que a bola pode até ir lá para dentro com um chouriço que ninguém estava à espera. É assim todos os anos e este não será diferente.

Ainda pro cima já sei que vais andar a experimentar os rapazes e a tentar arranjar o melhor onze para ainda conseguires chegar à final da Taça e sacar alguma coisa desta miserável temporada. Inventa lá o que quiseres porque o terceiro lugar já ninguém nos tira (suspiro…) e só há uma coisa que interessa até ao fim do ano: ganhar no Jamor. Já desisti de pedir que puxes pelo orgulho dos teus homens porque está mais no fundo que um naco de carne podre atirado para o Douro. Assim sendo, lutem pela vitória mas tentem perceber qual é a melhor maneira de darmos a volta ao Braga daqui a duas semanas. E se conseguirem ganhar, menos mal. É assim que estamos, mister. Na trampa.

Sou quem sabes,
Jorge

Link:

Defender o que nos defende

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Ponto prévio: o homem não precisa de defesa. É um nome tão comum para o mundo do futebol como Ronaldo ou Messi e ninguém ousaria contestar a sua eterna presença na baliza do Real durante tantos anos até Mourinho chegar e optar pela política de terra queimada (com muito sal despejado nos escombros) que tem sido a sua imagem de marca nos últimos anos, com resultados a condizer. E desde a sua chegada no ano passado, Casillas tem sido criticado, alvejado, vilificado, pisado, cuspido e geralmente bode-expiatoriado por todos os quadrantes da nossa sociedade da bola, sejam portistas ou gente de fé alheia. E se me permitem, vou dizer umas palavrinhas sobre isto. Cá vai.

Casillas não é e nunca foi o melhor guarda-redes do Mundo. Está, diria, no top 10, há muitos anos. E não me vou esquecer que é limitado nalguns pontos e excelente noutros, como muitos outros experientes porteros da sua geração, porque nem todos podem ser Buffons e também preferimos que haja melhor que um Wosniak a guardar as nossas redes. Ao mesmo tempo não o endeuso. Não acho que por se chamar Iker Casillas, um nome que me habituei a ver e ouvir há tantos anos, tenha qualquer tipo de tratamento especial em relação ao que faz no relvado. É um bom guarda-redes, não genial. Salvou o Real Madrid ano após ano de humilhações épicas, numa equipa que normalmente ataca tanto que não se preocupa em defender. Porque sabem que está lá aquele puto, o capitão, o Iker. Esse mesmo.

Casillas está exposto ao ridículo não pelo que faz mas pelo que não faz. Porque todos parecem querer que Casillas seja sobrenatural e não falhe, que seja um Titã nas redes ou que exiba a elasticidade de um N’Kono, o poder aéreo de um Schmeichel e a capacidade goleadora de Rogério Ceni. Querem Pfaff, Arconada e Bats. Querem Zoff, Maier e Banks. Querem Yaschin. Querem tudo. Porque um guarda-redes, a entidade mais exposta à falha em todas as que vestem a camisola e entram em campo, nunca pode falhar caso contrário não serve para defender as nossas redes e se esse guarda-redes tiver nome então oh meu Deus que a Acrópole foi destruída e o nome que usavam para bater no peito com aquele poucochinho mais de força acaba por ser enviado directamente para o recto do universo. A pressão é absurda e só alguém com muita experiência como Casillas pode aturar esse tipo de piadas, comentários e jocosidades parolas por pessoas anónimas e comentadores públicos. Sim, o homem falha. Como Helton falhou várias vezes, ou Baía, ou Mlynarczyk ou Zé Beto ou Américo ou Barrigana. Como todos os guarda-redes falham e são mais visados quanto mais nome têm ou (oh martírio) quanto mais ganham.

Casillas tem falhas como qualquer outro. Mas é mais penalizado do que qualquer outro quando as comete e não devia. Um preço de uma fama ganha à custa de um campeonato do Mundo, dois da Europa e sei lá quantas taças espanholas e europeias pelo Real. Só isso, coisa pouca.

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