Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Académica

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Na antecipação ao jogo disse a Lopetegui que não precisava de jogar bem nem tão pouco precisava de cansar os rapazes, só tinha era de ganhar o jogo. E devo dizer que não tinha o Julen como leitor aqui do tasco mas o que é certo é que foi exactamente o que a sua equipa fez: não jogou bem, não se cansou por aí fora e ganhou o jogo. O onze que apareceu em campo foi uma meia-surpresa e a falta de entendimento era natural, pelo que os únicos pontos negativos do jogo vão para algumas peças individuais e pela aparente cagufa de meter o pé contra uma equipa que tinha tanto de aguerrida como de pouco talentosa. Está ganho, venha de lá o túnel da Luz prá semana! Vamos a notas:

(+) Ruben Neves. Achei curiosa a colocação de Ruben como trinco em vez de Campaña porque sempre me pareceu que o espanhol era mais adequado para uma zona que precisa de mais músculo, mais altura e mais agressividade na disputa dos lances. Mas Ruben foi o escolhido e a forma como se colocava perante a maioria dos lances, recebendo a bola na perfeição, rodando e entregando no colega quer a cinco quer a vinte metros roçou a perfeição. Começa a ser complicado perceber como é que um puto de 18 anos tem muito mais inteligência táctica e astúcia competitiva que tantos outros que na sua posição se foram perdendo desde que chegaram ao FC Porto. Gostei, mais uma vez.

(+) Evandro. Correu mais que dois ou três colegas juntos e foi dos mais agressivos em campo na tentativa de fazer movimentar um meio-campo que pecava pela ausência de opções de passe curto, fruto da inexistência táctica de Quintero e da “onde-é-que-tu-estás-sai-da-linha” de Hernâni. Recuperou montanhas de bolas de carrinho e acabou o jogo a fazer agachamentos. Imagino como estarão aquelas pernas…(sounds gay. isn’t.)

(+) Hernâni. Um golo, vários piques em claro excesso de velocidade e sempre com vontade de fazer mais e melhor durante o tempo em que esteve em campo para mostrar a Lopetegui que pode contar com ele para Munique. E pode mesmo vir a fazer muito jeito na Baviera se conseguir impor a velocidade e aproveitar qualquer falha de marcação dos laterais alemães. Insiste em colocar-se na linha mesmo quando o jogo pede que se desloque um poucochinho para o meio para criar uma linha de passe. Não creio que sejam só instruções do treinador, por isso terá de rever o posicionamento.

(-) Quintero. O que fazes tu em campo, Juanfer? A sério, é mesmo isso que te pergunto, porque quase sempre que te tenho visto com a nossa camisola pareces alheio ao jogo, fazes passes que não lembram ao demónio e denotas uma quase incompreensível falta de fibra que me faz questionar se estarás já vendido e ao contrário de Danilo já te esqueceste quem te paga o salário. Para quem aqui há uns tempos disse que quando a equipa precisasse dele estaria pronto a responder, não estás a retorquir da forma mais certa, não achas? Um gajo com tanto talento como tu andar a desperdiçá-lo como tens vindo a fazer…não está correcto. Segundo um amigo e conviva habitual no Dragão, fazes lembrar o Deco quando cá chegou. Se fizeres o percurso dele, menos mal, mas não sei se aguentas tanto tempo como o “mágico”…

(-) Reyes. Uma coisa é certa: algo se passa. Diego Reyes não pode ser tão mau como o que vi hoje no Dragão (é de mim ou foi ele o capitão e não Alex Sandro como foi anunciado?), porque se é isto o máximo que um homem que está consistentemente numa das selecções de bom nível tem para nos oferecer, pode começar a fazer as malas porque não é possível que fique mais um ano por cá. Lento na saída, torto no corte, incapaz de tomar as decisões certas e aparente one-track-minded na recepção e passe (bola para o lado direito 98% dos passes que fez), o mexicano vai somando pontos negativos e cada vez há menos margem de manobra para se manter por aqui. Talvez um ano de empréstimo com futebol constante lhe faça bem…

(-) Ricardo a defender (mais uma vez). Tremo ao pensar em Ribery ou em qualquer outro rapaz do Bayern em frente a Ricardo, pelo ar ou pela relva. Se Ivanildo (sim, o mesmo Ivanildo que se formou nas nossas escolas e que por cá andou há dez anos) conseguiu criar tantas dificuldades ao nosso extrem…later…defesa direito (brrr!), então um jogador de nível “ligeiramente” superior como o francês ou qualquer um que jogue na terça-feira vai fazer desabar qualquer possibilidade de Ricardo se vir a afirmar na posição. Mantém erros infantis no posicionamento defensivo e toma decisões que não cabem na cabeça de miúdos do Dragon Force que estiveram em grande hoje no Dragão. Fica-me na cabeça um lance na nossa área em que roda PARA DENTRO e tenta aliviar virado para o que era o equivalente à hora de ponta no metro de Tóquio. A bola ressaltou em sei-lá-quantos-gajos e só não entrou porque São Jotapê, anjinho da guarda dos defesas-direitos, disse: “ainda não é a tua hora, meu menino”. Espero que nunca venha a ser.


Vamos à Luz com a necessidade de vencer por 2-0 para ficarmos a depender só de nós para sermos campeões. Impossível? Não. Difícil? Claro. Vamos conseguir? Depende do que acontecer na terça-feira…

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Ouve lá ó Mister – Académica

Señor Lopetegui,

Em primeiro lugar: coño, que victoria! Ainda tremo quando me lembro do Jackson a passar pelo Neuer ou do Quaresma a roubar a bola ao Dante! Foi um jogaço e estão todos de parabéns, desde a tua humilde pessoa, passando por todos os jogadores e até aos tipos que tomam conta da relva que o Guardiola se lembrou de achincalhar. Médicos, relveiros (?), serve tudo para arranjar desculpa, afinal o Bayern não perde com o Porto, pois não? Duas vezes? Na terça vamos ver se conseguimos esse feito e digo-te já que caso consigamos passar a eliminatória vou-te escrever aqui um elogio como nunca viste. Just wait and see.

À hora que te escrevo ainda não sei quais foram os convocados para hoje. Não me interessa, confio em ti para saberes em que condições estão os moços mas já sabes que vais levar nas orelhas de tudo que é pseudo-jornalista porque se os tipos não correm hoje é porque não querem saber e só pensam na Champions; se correm é porque não deviam porque têm o jogo na terça que é mais importante; se ganharmos é porque desgastaste ainda mais a equipa; se não ganharmos é porque não temos um plantel com estaleca. Vires-te para onde te virares, essa malta nunca te vai dar descanso. Pela enésima vez, bem vindo ao FC Porto…*suspiro*

O que interessa para hoje é que estejam todos recuperados da justificadíssima histeria da passada quarta-feira e que se foquem neste que é o jogo mais importante da época, só porque é o próximo e neste momento são todos importantes. Vamos jogar ao mesmo tempo do benfas e já sei que vai estar toda a gente com um olho aqui e outro no telemóvel a acompanhar o resultado de Belém, ou um ouvido no Dragão e outro lá no Restelo. Mas tens de convencer os teus rapazes que o que interessa é ganhar este contra a Académica independentemente do que aconteça no mini-derby da capital do império. Não precisas de jogar bem, não precisas de desgastar ainda mais os moços que puseres em campo, mas ganha o jogo.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 1 Bayern Munique

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Viena + 1. Meu Deus. Não esperava, juro que não, mas eu sou um pessimista crónico com tendência para o miserabilismo por isso raramente espero algo deste calibre. Foi uma noite grande, com uma gigantesca exibição do FC Porto a mostrar que os adeptos nem sempre acertam quando pesam os valores de ambas as equipas sob um escrutínio tão linear dos números. Hoje mostrámos a todo o mundo que os alemães também caem e que a garra, o querer, o esforço e a convicção podem fazer com que o sonho seja tão verdadeiro. Nada está ganho a nível da eliminatória, mas a alma, essa, está no topo. Vamos a notas:

(+) Jackson. Eu…quer dizer…nem sei muito bem o que dizer. Andou uma amiga a dizer-me desde semana passada: “Olha que ele vai jogar, é tudo esquema psicológico”, mas o FC Porto ia tapando tudo, com fotos no twitter sem que ele aparecesse, semeando a dúvida, criando a antecipação certa. E quando ouvi alguém no Bom Dia a dizer bem alto que ele ia jogar, temi que não estivesse em condições e apenas entraria para impôr respeito, sem que conseguisse movimentar-se muito. Boy, was I wrong. Correu imenso, pressionando alto os centrais (e Xabi, no lance do golo, onde podia perfeitamente ter sido falta e ainda bem que o árbitro não marcou…e depois não expulsou Neuer…mas sobre isso podem ler abaixo) e posicionando-se para aquele controlo de espaço aéreo e da zona de recepção como vi poucos a fazer. E o golo é uma pequena obra de arte de movimentação ofensiva, domínio de bola, aceleração, técnica para ultrapassar o guarda-redes e finalização perfeita. Vamos ter saudades tuas quando fores embora para o ano, Jackson, mas até lá vamos aproveitar todo o suminho que pudermos.

(+) Quaresma. Decisivo na marcação do penalty. Ficar calm, cool and collected na frente do melhor guarda-redes do mundo não é para todos, mas o que mais me impressiona é a forma como parece ter tomado o gosto pelos sprints na pressão da zona recuada do adversário, onde desata em correria doida na direcção do defesa contrário, um pouco à semelhança do que faziam Derlei e Lisandro, durante menos tempo mas com a mesma intensidade. O segundo golo é prova disso, roubando a bola ao absurdo Dante (que continua a pensar que o penteado faz o jogador, algo que o colega de selecção já provou o contrário, inclusive hoje em Paris), prosseguindo para a baliza e batendo Neuer pela segunda vez em dez minutos, vingando-se daquela noite em 2008 onde, vestindo uma camisola em tudo idêntica a uma que hoje levei no corpo para o Dragão, se rebaixou perante o Manuel deles. Hoje, foi ao contrário.

(+) A estratégia de Lopetegui e os que a puseram em prática. Apenas Herrera (tu és TÃO LENTO nas transições e distrais-te TANTAS VEZES que um dia destes vai correr mesmo mal) e até um certo ponto Brahimi (a receber a bola demasiado atrás com muita relva e demasiadas pernas alemãs pela frente) estiveram um poucochinho abaixo dos colegas, mas não o suficiente para Baronizações. O resto dos moços esteve num plano superior de mentalidade competitiva, inteligência no posicionamento (por vezes muito recuados, com Lopetegui a ir até à linha do meio-campo pedir que a equipa subisse) e astúcia na saída para a frente. Estivemos pressionantes na zona de início de construção do Bayern e rijos a defender. Abdicámos da posse de bola para tapar os espaços pelo centro e evitar o jogo de passe rápido e criação de lances nas costas dos médios, onde Casemiro e Óliver estiveram enormes a tapar e a receber. Danilo e Alex Sandro, especialmente este último, estiveram excelentes na agressividade e na subida sempre que possível. Os centrais, fortes e lutadores e Fabiano seguro com apenas uma falha num lance aéreo sem consequências. Acima de tudo, foi Lopetegui que lhes ensinou que para vencer o Bayern não temos de jogar o jogo deles; temos de saber como jogar o nosso ao mesmo tempo que os impedíamos de usar o deles, forçando a passagem pelo meio, bloqueando as alas o mais possível e furando com contra-ataques rápidos a subida dos laterais e a deslocação dos médios. Estivemos brilhantes e os jogadores deixaram tudo o que tinham em campo. Foi lindo de ver.

(+) O Dragão. Cinquenta mil almas a gritar, a apoiar a equipa, a incentivar os lances ofensivos e a premiar os defensivos com palmas. Este é o ambiente que deveria sempre estar em redor da equipa, com assobios e críticas longe, pelo menos enquanto o jogo estiver a decorrer. Houve sintonia, empatia total entre os jogadores e os adeptos, como há muito não via. E quero voltar a ver.

(-) Ser pequenino é tramado. É fácil expulsar jogadores do FC Porto (e de outras equipas portuguesas) quando jogamos contra grandalhões. Não há aqui grandes dúvidas e nem estou com isto a tentar insinuar corrupções e coisas do género. Só um excesso de humildade arbitral que tanta gente assume como prudência e que tem de ser chamado pelo que é: medo. Medo de expulsar Neuer no primeiro minuto de jogo, medo das consequências que possam daí advir se o melhor guarda-redes do mundo, alemão, não puder continuar em campo durante este e o próximo jogo, condicionando o trabalho da equipa por causa de um erro que todos podem cometer. E os amarelos perdoados a Rafinha e a Boateng, para lá do segundo a Bernat, por lances em tudo iguais aos que deram os amarelos a Danilo e a Alex Sandro. Todos cometemos erros, como disse atrás. O problema é que eles, como de costume, podem fazê-lo mais vezes que nós.

(-) Müller, Rafinha et al. Não sei como se diz “açaime” em alemão mas se houvesse hipótese de calar aquele enorme filho de sete cadelas pelo menos durante os noventa minutos do jogo, creio que todo o mundo agradeceria. Este tipo de jogadores são os que mais me enervam, os Müllers, os Rafinhas, os Sérgios Ramos, os Busquets, os Carlos Martinses. Cada jogada é um espalhafato de vernáculo e de reclamação, cada falta que sofrem é como se uma lança lhes atravessasse o lombo e cada outra que cometem é um acto ignóbil contra o próprio Criador. Foda-se se não me apetece rebentar-lhes os dentes. Oh Paulinho, tens planos para a próxima terça-feira? Precisamos de ti na Allianz para amordaçar aquele boche. À cotovelada.


Quem, como eu, pensava que íamos tentar salvar a face com uma exibição esforçada mas pouco produtiva, ficou de boca aberta. No próximo Sábado contra a Académica…nem que ponhas metade dos Bês, deixa alguns destes moços descansar um bocado. Merecem, oh se merecem!

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Ouve lá ó Mister – Bayern Munique

Señor Lopetegui,

Se Dexter Morgan (ou Michael C.Hall, como te servir melhor) se encontrasse hoje nas imediações da Invicta, a icónica frase com que arranca a sua série epónima estaria adequada ao momento em questão. Tonight is the night. *Tonight* is the night. Tonight *is* the night. Tonight is *the* night. Coloca a tónica onde quiseres porque este é daqueles jogos que coloca todos os outros em perspectiva e nos faz sentir mais integrados num mundo que parece tão ligeiramente longínquo e inacessível que qualquer chegada a esta plateau deve ser tratada com a importância que ele merece. Não adianta fingirmos que estamos habituados a estas andanças porque a verdade é que não andamos e o facto de termos já vencido esta prova por duas vezes não retira a vital importância de uma noite que marca a história do clube com mais uma página de ouro. Sim, chegar cá já foi bom.

E continuar? E agora? O que vem por aí?

Nem tudo depende de ti, Julen. Os rapazes do outro lado consta que são jeitosinhos e até sabem um bocadinho do que é isto de andar a correr atrás de uma bola em cima da relva. E vieram sem alguns dos titulares mas não quer dizer que estejam mais fracos, não entres nessa ladaínha. São onze matulões (vá, dez mais o Bernat e o Götze) que sabem bem o que querem e o que querem é ganhar. E se entrares para o jogo a pensar que eles são mais fortes e com medo deles vais levar no toutiço. O que importa nestes jogos não é o futebol bonito, é ganhar. E nesta fase temos de tentar ganhar, de fazer tudo para que seja qual for o resultado possas sair do campo a caminho do balneário, mamar uma ou duas pastilhas de mentol e dizer ainda rouco aos microfones da imprensa: “Fizemos tudo o que podíamos. Não sobrou nada.” Caso contrário é como dar água das pedras a uma gata com o cio: engraçado para contar aos amigos, mas com poucos resultados práticos.

Estarei lá a ajudar a encher o estádio. Vence por ti e por nós. Repete 1987!!! (mas sem o golo sofrido que francamente não dá jeito nenhum)

Sou quem sabes,
Jorge

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Pressão? Extra? Venha ela!

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A recente onda de lesões do Bayern é má para eles mas também é má para nós. Explico.

Jogar nos quartos-de-final da Champions não é para todos. Há um nível de exigência alto, uma consciência que a equipa a que pertencemos está a aproximar-se do zénite do futebol europeu e que está a cinco miseráveis jogos de espetar com a bandeira lá no topo. Ninguém fica indiferente a isso, cá fora e muito menos lá dentro. E por muito que pensem que os nossos rapazes são fortes e rijos e resistem a tudo, se os virem como seres humanos acaba por ser como uma entrevista de emprego em que todos os outros candidatos são mais altos, mais fortes e com melhor retórica que Churchill depois de dois copos de brandy. E se o CV interessar para alguma coisa, a conversa lá dentro conta muito mais. Falo por experiência, fiquem na escola, miúdos, acabem o curso e aprendam a ser inteligentes, o resto vem por arrasto. De volta ao jogo.

Esta quantidade inusitada de alemães no estaleiro (curiosamente só um alemão “high-profile” é que está fora, o resto é um francês, um espanhol, um holandês, um austríaco e um marroquino…) faz com que a pressão seja ainda maior do nosso lado. Se uma vitória frente a um Bayern na máxima força seria um feito estupendo, a falta de algumas peças-chave como Robben e cª fazem com que um resultado positivo na primeira mão se torne vital por forma a podermos ter alguma esperança quando formos a Munique. Uma situação “win”/”win” (vencer seria genial e perder seria natural) acabou de perder um dos wins e tem o potencial de ser um enorme “lose”. Pensem na pressão que Brahimi, Indi ou Aboubakar estarão neste momento a sofrer nos ombros, sabendo que têm de substituir (em nome e em actos) a presença de três titulares na equipa que estavam em boa forma e marcar a diferença pela positiva contra um Bayern do mais fragilizado que se viu em dois anos do ponto de vista das opções do treinador. As nossas ausências serão tão grandes como as ausências deles? Jackson, talvez, Marcano até um certo ponto, Tello menos. O Bayern é forte sem os seis rapazes que cá vão faltar, mas não é tão forte como poderia ser. E apesar de parecer jogar a nosso favor, estou convencido que será ao contrário.

Estarei só a ser o pessimista do costume? Gostava de saber o que pensam. Quem é que acha que amanhã ganhamos aqueles gajos?

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