Portistas à conversa

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Dois portistas à conversa sobre a notícia do novo formato de cabeças-de-série para a UEFA Champions League:


 

Madjer: hum, se não ganhamos este fds, vamos para o pote 2
Cubillas: ou 3
Madjer: Como assim? Como se definem os outros potes? Não é por ranking?
Cubillas: n faço ideia
Madjer: Eu até concordo que os campeões de cada país devam ser cabeças de série e acho que deva ser assim. Mas vai acontecer uma coisa engraçada: vai haver logo à partida grupos de morte.
Cubillas: yep
Madjer: Mas assim, também serve para equilibrar mais as equipas, pois assim as mais pequenas tem mais hipóteses de passar a fase de grupos
Cubillas: portanto, piores equipas têm mais possibilidade de avançarem
Madjer: Certo
Cubillas: qualquer dia, o campeão do Letónia tem acesso directo aos oitavos…
Madjer: Pode haver grupos de caca
Cubillas: então se é para ser assim, sorteio livre
Madjer: Não
Cubillas: sim…
Madjer: Eu sempre achei que o campeão de cada país devesse ser cabeça de série
Madjer: Com entrada directa
Cubillas: não dá…tens mais países que grupos
Madjer: Por isso é que foi o campeão e se a prova se chama champions
Madjer: Certo, são mais países, mas o ranking deve ser sempre pelos campeões. Não ter 3 equipas inglesas + 3 espanholas + alemães tudo no pote 1. Assim só se está a tornar os fortes + fortes. Agora, para a UEFA e televisão e tudo o que gira à volta, não é muito bom
Cubillas: acho o contrário…estás a dar lugar de cabeça de série aos campeões das 8 ligas mais fortes, a diferença não é muita
Madjer: Sim, mas só vai um desse país e não 3
Cubillas: os outros vão pelo ranking normal
Madjer: Mas não para o pote 1
Cubillas: ou seja, há uma dualidade de critérios entre campeão e não campeão, e entre campeões de ligas com mais ranking e ligas com menos ranking
Madjer: O critério é simples
Cubillas: e…
Madjer: Tens o ranking de países e os campeões
Cubillas: perante tantas condicionantes
Madjer: Portanto, os campeões são colocados por ranking de países
Cubillas: às tantas quase que consegues saber os grupos sem sorteio
Madjer: Quando se esgota o pote 1, os campeões continuam a ser colocados no pote 2 e depois entram as equipas pelo seu próprio ranking. Um sorteio puro também é uma opção. Assim ficava o que calhasse.
Cubillas: estás a dizer que Porto que chegou aos oitavos este ano, para o ano ia para o Pote 3 ou 4 para acomodar os cabeças de série? não faz sentido
Madjer: Podias ter logo um Barça – Bayern na fase de grupos
Madjer: 3 ou 4?!
Cubillas: então?
Madjer: Quantos países são?
Cubillas: se os campeões ficam com os lugares de cabeça de série
Madjer: Ah, provavelmente iria para o 3, sim. Pá, é a vida
Cubillas: não faz sentido…
Madjer: Se quiser ir para o 1, que ganhe a sua liga
Madjer: Ou então sorteio puro e é o que for
Madjer: Não há potes
Cubillas: ou há um sistema de cabeças de série uniforme, ou então é a mesma coisa que não haver nada…que foi o que te disse acima…para isso mais vale haver sorteio puro
Madjer: E não era mau de todo
Cubillas: a única coisa que isto garante é que os campeões das ligas com mais ranking serão cabeças de série… mas isso em confronto com as outras equipas que não o são, irá fazer com que o sistema acabe por não funcionar…
Madjer: Mas o que tens atualmente, não é, na minha opinião, muito justo
Cubillas: eu acho…
Madjer: És o campeão de um país com um ranking fraco e ficas no pote 4.
Cubillas: histórico das últimas 5 épocas determina o teu estatuto de grupo, parece-me ponderado
Madjer: Eu acho que não. Assim as equipas mais fracas não saem de lá…
Cubillas: isso dos campeões serem cabeças de série é muito bonito mas a champions deixou há muito de ser uma taça dedicada aos campeões, é uma liga europeia.
Madjer: Mas é costume ser assim. No ténis é assim. E nos outros desportos tb.
Madjer: Certo, as equipas mais fracas, calhando sempre contra tubarões, nunca conseguem passar a fase de grupos. Logo menos €€€€€. Logo continuam fracas. É um ciclo vicioso
Cubillas: não é por terem mais 5 milhões numa época que vão ficar mais fortes. e repara que estás a pensar mal, isto aplica-se às 8 melhores ligas e as 8 melhores ligas não são assim tão pobrezinhas. a portuguesa é, mas o Porto e Benfica nem tanto assim
Cubillas: ainda não consegui perceber é o gato, quem é que vai ganhar com isto no curto prazo…será a França?
Madjer: Até concordo, mas uma coisa é certa. Estás a caminhar para ter um grupo de 5 ou 6 equipas (as mesmas) sempre nas fases mais avançadas. Qual é a piada?
Cubillas: a piada é que são as melhores e por isso é que lá estão, passam 16 equipas aos oitavos
Madjer: Sim, e quando chegas aos quartos já só está, Barça, Real, Bayern, 1 ou 2 inglesas e pronto
Cubillas: mas queres uma competição em que o nível de dificuldade aumenta ou queres uma passadeira vermelha?
Madjer: Eu percebo, eu gosto de ver esses jogos entre essas equipas. Mas também acho que as coisas deviam ficar mais equilibradas.
Cubillas: correr o risco de chegar às meias-finais e teres um Barcelona x Cluj? porque na realidade as melhores equipas vão sempre limpar isto
Madjer: Pois, isso é o mais certo
Cubillas: e podes chegar ao cúmulo de a fase de grupos ser mais difícil que os playoffs
Madjer: Certo, mas pode ser na mesma interessante ver quais as 2 equipas que passam o grupo (Barça, Real, Bayern, Chelsea)
Cubillas: não faz sentido
Madjer: Já viste bem a quantidade de jogos brutal? Ou então deixavam estar como está e pronto. É o modelo ideal em termos de €€€€€ e espectáculo
Cubillas: viste? já te consegui mudar de opinião?
Madjer: lol


 

Nenhum deles sou eu. Mas inclino-me mais para o lado do Cubillas, admito. E vocês?

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Culpa

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Doeu. Nenhum portista que se considere ligado aos acontecimentos do clube com as vitórias e derrotas umbilicalmente ligadas à sua capacidade de gerar emoções é capaz de deixar de catalisar toda a vastíssima extensão de doidice que nasce, cresce e vive dentro de um homem nestes momentos. Diziam-me hoje que “é só um jogo de futebol”. Duas pessoas de idades, vivências e mundos diferentes (ambas mulheres, curiosamente ou talvez não) que me expuseram pelo que eu de facto sou: doente. Doente porque sofro com jogos como o de terça-feira e exulto com Falcao ao Villarreal, com Costinha em Old Trafford, com Derlei em Sevilha ou Celso em Kiev e porque sou o mesmo que ia voando por cima de dez degraus nas velhinhas Antas quando o Timofte enfiou aquela bola para lá do Silvino depois de oitenta e cinco minutos de nevoeiro. Sofro como no jogo com a Sampdoria onde fui gozado por todos incluindo por um professor que até apreciava e que a partir desse momento surgiu sempre com uma nuvem cinzenta em cima da cabeça depois de me chamar “amigo do Latapy”. Sofro com o Arsenal e as desnecessárias goleadas na década passada, com o Barcelona em 1994 ou o Manchester United em 1997, com o Tottenham nos noventas e o Sporting no início do milénio. Mas há algo que se tem tornado transversal e evolutivo à medida que os anos vão passando e os cabelos acinzentando.

Deixei de atirar culpas à sorte. Deixou de haver uma cabeça culpada, um nome que reunisse toda a fúria da minha indignação pela derrota, o Nuno André Coelho de Londres, o Costa de Manchester ou o Aloísio de Barcelona. Ou a nível dos treinadores, com as invenções de Jesualdo, Oliveira e Robson nos exemplos de cima. Todos eles foram nomes que ficaram marcados na história do nosso clube e que a glória que os cobriu noutros eventos nunca conseguiu lavar a mancha dessas falhas pontuais. Nevermore. Estou farto desse apontar de dedos que faz com que nos tornemos mesquinhos ao ponto de individualizar penas colectivas. Ninguém tem culpa. Todos tem culpa. Que interessa terem culpa? O que temos a ganhar ao estigmatizar A ou B por não terem conseguido fazer o seu papel? Perdem dinheiro no ordenado? Prestígio? Nome? Reputação? Bah.

Quem perde somos todos, tal como quem ganha são todos. Perde o Jackson como ganha o Reyes. Perdem Quaresma e Brahimi e às vezes vencem o Ricardo e o Aboubakar. Perde Lopetegui como também virá a ganhar. É assim que se faz uma equipa. E é assim que se faz um homem. Muito portista por aí fora precisa de aprender a perder para voltar a saber ganhar.

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Baías e Baronis – Bayern Munique 6 vs 1 FC Porto

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Nota prévia: se notarem mais vernáculo que o costume, não me censurem. É o que sai neste momento.

“Se aquela puta entrasse”, dizia-me um dos vários companheiros portistas com quem vi o jogo. Referia-se à bola que Jackson rematou pouco depois de reduzirmos para 5-1, numa altura em que o Bayern descansava e nós tentávamos salvar mais um bocadinho dos pedaços em que se tinha transformado o sonho de chegar às meias-finais da Champions. E tinha razão, porque se aquele remate fosse para a rede, talvez conseguíssemos fazer tremer os alemães, que depois daquela primeira parte onde foram mais eficientes do que teriam imaginado possível, já descansavam em campo. A esperança era essa, a fome de mais um golo, mais uma fugaz tentativa de empurrar os rapazes de Guardiola para trás e de fazer alguma coisa com tão pouca cabeça e discernimento que coloquei as minhas expectativas todas naquele lance. Não entrou. Já tinham entrado suficientes para que a esperança fosse fútil. Enfim, de volta à Terra com estrondo. Vamos a notas:

(+) Jackson. Ele bem tentou mas a bola não chegava lá. Correu e procurou roubar as bolas ao adversário mas o puxão colectivo para trás fez com que também tivesse de recuar sob o risco de ficar completamente isolado do resto dos companheiros. Subiu na segunda parte, marcou um e podia ter marcado o segundo, mas ficou a centímetros. Se tivesse entrado…talvez pudéssemos ter feito o Bayern tremer um bocadinho. Assim, ficamos pela tentativa. Ainda assim, Jackson foi dos menos maus.

(+) A entrada de Ruben. Com o Bayern sem sequer tentar muito, foi Ruben que se mostrou no relvado do Allianz Arena e fez com que a equipa conseguisse rodar bem melhor a bola do que tinha feito na primeira parte. Corrijo, fez com que *finalmente* começasse a rodar a bola! Firme, bom no passe, estabilizou um meio-campo destroçado e deu algum ânimo a um grupo de colegas mentalmente destruídos.

(+) Bayern Munique. Aquele terceiro golo devia ser recriado em computador e exibido sempre no arranque de um jogo a contar para qualquer competição profissional. Perfeito na recuperação defensiva, no endosso da bola para a lateral, na movimentação de dois avançados assimétricos no posicionamento e na criação de lances e a concretização quase perfeita. Para lá da forma como nos esventraram durante aquela primeira parte, com uma eficácia extraordinária e uma capacidade de rotação de bola acima de qualquer outra equipa no Mundo, foi a facilidade com que o fizeram que fez com que não conseguíssemos reagir a tempo. Sem Ribery e Robben, a equipa foi singularmente unida no centro e obteve os espaços que precisava para mostrar, à alemão, que os gajos quando estão chateados vão acabar por chatear terceiros. Não admira que, como dizia outro colega portista, “os dois eventos mundiais em que participaram dizem tudo”. E nós íamos sendo arrastados pelo terceiro. O FC Porto é capaz de ganhar um em cada dez jogos contra o Bayern. E o que ganhou só serviu para os enervar, como se uma formiga fizesse cócegas num elefante. Há equipas más, medíocres e boas. E depois há este nível.

(-) Aquela primeira parte. Uma mini antes do jogo arrancar. Começa a partida, um pontapé para a frente, duas perdas de bola, mais uma mini. Reyes perde a bola, Herrera não despacha, Quaresma chega tarde à dobra, Óliver desaparece do campo, Jackson está longe, onde andas Casemiro, Maicon recebe para trás, Fabiano chuta torto, Marcano atrasado, Indi a dar espaço e Brahimi perdido na relva. Mais uma mini. Golo de Thiago. Ainda lá vamos, calma, foi azar e o gajo apareceu ali sozinho, também havia muito espaço para o Bernat centrar, é preciso fechar melhor, sem problema, vamos lá, estrutura, ajuda, força rapazes. Mais uma mini, oh foda-se aí vem o Götze com o canto, não deixes, salta, vai, desce, vai, SALTA, ANDA!…merda. OK, miúdos, força, subam, subam a equipa, não se deixem ficar aí atrás, cuidado Casemiro com o contacto, vai com ele Indi não o deixes cruzar, ei de primei…olha o Mull…cuid…merda. Mais uma mini. E agora é só marcar um e empata-se isto, rapazes, vamos lá, ninguém desiste, ninguém se deixa ir abaixo, já recuperámos pior que isto, cuidado com o meio, não deixes o gajo…desviou? parece que desviou…oh Fabiano foda-se não me lixes, a bola até ia direita a ti, porra, nem o Helton em Paris ou em Londres com o Chelsea…agora está tramado, não sei se ainda lá vamos, mas ao menos não se deixem enrolar mais, fecha o gajo, Maicon, não o deixes rem…foda-se. Mais uma mini. Intervalo. Tou, pai? Ah, já estás a ver o Barcelona. Eu sei, eu é que sou doente, mas é o que temos. São uns meninos, pá, já viste que entraram cheios de medo? E eles são bons, tudo lhes corre bem. Pois é, não sei o que fazer. Ao menos que tentem agora fazer alguma coisa, não sei o quê, o Quaresma ainda vai prá rua não tarda nada, mais vale sair. É isso. Ainda faltam 45 minutos, não é? Estamos fodidos, é o que estamos. Não sei o que fazer. Não faço ideia. Nunca vi nada assim. Blitzkrieg o caralho que nós não somos a Polónia, mas parecemos. Tanques contra cavalos. Tanques contra póneis tuberculosos, é o que é.


Nada mais há a dizer. Ou melhor, haveria muito para dizer mas é impossível conseguir elevar a moral três ou quatro horas depois do jogo. No Domingo, como disse Ricardo Quaresma, é para ganhar. Essa sim, será a única maneira de levantar o queixo depois do jogo de hoje.

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Ouve lá ó Mister – Bayern Munique

Señor Lopetegui,

Dormiste bem? Espero que sim, porque a noite de hoje promete ser uma daquelas que dá para ver o sol a nascer no dia seguinte sem saber muito bem o que se passou há meia-dúzia de horas. Este cenário dá para ser pintado de várias maneiras e todas elas podem ocorrer na Allianz Arena em Munique, aí pelas 19h45 hora da Invicta, onde milhões (you better fucking believe it) vão estar em frente a uma televisão enquanto roem todas as extremidades possíveis e lamentam não poderem por motivos financeiros, familiares ou profissionais, estar presente na capital da Baviera a apoiar os nossos meninos.

Tu sabes mais que ninguém como estão os teus rapazes. Quem te dá mais garantias, quem achas que vai render mais na posição X ou Y, por isso nem me atrevo a sugerir estratégias ou tácticas ou escolhas de nomes a quem ganhou o jogo da passada quarta-feira daquela maneira. Nuh-huh, não me meto nisso. Só te quero transmitir a sensação de apoio que aparece por toda essa enorme quantidade de portistas que estará do teu lado e do lado dos nossos rapazes. Só queremos que lutem. Só queremos que dêem tudo o que têm para conseguirem mandar abaixo o teu amigo Pep e os alemães que ele tem a seu lado e que estão a fazer de tudo para que não consigamos melhor que uma nota no rodapé da edição deste ano da Champions. E se o pré-jogo está a ser quezilento, imagina como vai ser durante a partida. Vai ser fita da boa, o Müller não se vai calar MESMO, o Lew vai andar a tentar sacar penalties em todos os lances em que intervenha, o Lahm e o Bastian vão usar os braços e o Götze as pernas, enfim, vai ser um ver-se-te-avias que só vai funcionar se os teus gajos se enervarem. Mas eles não se vão enervar, pois não, Julen? Vão entrar em campo concentrados, unidos, com o objectivo bem gizado e o plano bem estudado para tapar os gajos e impedir que joguem como querem. Vão meter naquelas cabeças que este bem que pode ser um dos jogos da vida deles e que depois de passar já não volta atrás e a memória vai ser doce como mel jorrado do umbigo perfumado de uma ninfa.

Ninguém te censura se perderem depois de dar o litro. Ninguém, Julen. E de certeza absoluta que ninguém vai ficar indiferente se passares a eliminatória. Raios, está já ali, a noventa minutos. É só aguentar. É só jogar à Porto. É só viver aquele momento como poucos conseguiram fazer até hoje. E vocês podem fazê-lo. Força. Força. FORÇA!

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá, ó Ricardo

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A não ser que o Lopetegui tenha alguma ideia Jesualdina ou Oliveiresca de última hora, vais ser tu a entrar na Allianz Arena com o teu número 21 nas costas e com a missão de fazer com que o flanco direito da nossa defesa seja mais inexpugnável para os alemães como Paulo Ferreira foi para os monegascos, Sapunaru para os bracarenses ou Danilo para estes mesmos bávaros que vais ter o privilégio de defrontar amanhã. Uso estes exemplos porque é malta que tu conheces, que já viste a jogar semana após semana e foste percebendo que um dia poderias estar a calçar umas botas em tudo semelhantes e a ocupar as mesmas zonas do terreno. São nomes grandes da nossa história, uns mais que outros especialmente nas memórias de quem já cá anda há algum tempo, bem mais que eu, mas todos eles tiveram experiências com a nossa camisola contra clubes que assustavam e que caíram como tantos outros caíram, com maior ou menor estrondo.

Escrevo-te porque até hoje tiveste apenas um jogo em condições na Champions, contra um Shakhtar que veio cá com as contas feitas e sem grandes preocupações. Curiosamente o mesmo Shakhtar que acabou por jogar contra o Bayern e que depois de um resultado simpático em casa…foi à Alemanha apanhar sete. SETE, Ricardo! E nesse teu jogo, disse o seguinte acerca de ti: “Pezinhos de veludo, fibra nas bolas divididas e um bem-estar geral que contagiou o público e encorajou a equipa.“. É esse Ricardo que quero ver amanhã, não o Ricardo que vi no passado sábado contra a Académica. O primeiro Ricardo é prático e inteligente, o segundo foi um gajo distraído que nunca se soube posicionar em condições e que facilitou demais contra um semi-adversário. Deixo-te algumas dicas vindas de um gajo que nunca jogou à bola a nível superior ao “joga uma futebolada aos sábados com os amigos mas que vê muita bola por isso acha que percebe alguma coisa disto“. Vale o que vale mas aí vai:

  • Se vires um adversário à tua frente a menos de dez metros, não te acanhes. Não vás logo à bola mas não o deixes passar muito mais.
  • Cuidado com as dobras defensivas. O Maicon tende a falhar de uma forma inacreditável nas saídas da defesa, berra com ele. Não interessa se ele tem mais meio metro que tu, guincha e faz com que o gajo perceba o que tem de fazer. E não o imites, vê lá. Se a bola estiver a pinchar na tua zona defensiva e notares que o equivalente de meio exército de Átila, o Huno se aproxima de ti com mais fome que duzentas supermodelos, manda a bola com as galdérias. Com as putas, pronto, para entenderes melhor.
  • O teu companheiro de flanco também se vai chamar Ricardo, salvo qualquer alteração de última hora. É jeitoso com os pés e (agora) até ajuda a defender. Não te fies nisso e continua a chamá-lo para tapar a linha. Se ele for para o meio para acompanhar o adversário, desenrasca-te, a linha é tua.
  • Sempre que puderes subir, pensa uma vez e faz o que o teu instinto disser. Se o teu instinto estiver certo, vais ser um herói. Se estiver errado, tens de comprar um instinto novo e garanto-te que não vai ser fácil manteres o que agora tens nesta equipa. Desculpa mas a pressão é mesmo esta.
  • Ainda não sei se joga o Ribery, o Bernat ou outro qualquer. Seja quem for, nenhum deles é mais bonito que tu. You are amazing just the way you are, lembra-te da letra desse estupor dessa música colante e mete isso dentro da tua cabeça. Mostra ao mundo que o FC Porto tem não um mas dois laterais direitos que valem milhões.

Sê grande. Aprende a ser grande. Cresce para seres grande. É nestes jogos que se distinguem os Butorovics dos Sapunarus, os Sonkayas dos Joões Pintos, os Ibarras dos Paulos Ferreiras. Faz com que ninguém consiga distinguir os Ricardos dos Danilos.

Sou quem sabes,

Jorge

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