Ouve lá ó Mister – Braga

Señor Lopetegui,

Bem vindo a mais uma ronda do “Who gives a fuck about this?”, com os actores principais “Julen Lopetegui” como “The Rotation Man” e outros actores secundários! E este, ainda mais que o jogo da semana passada, é uma armadilha à espera de acontecer, por isso tem muito cuidado com a forma como o jogo se vai desenrolar. Explico.

Como o Braga perdeu o jogo contra o União da Madeira (“o” União ou “a” União? francamente não faço ideia, esta coisa de ter géneros associados à bola é tão pós-modernista que enjoa), vão encarar os dois últimos jogos com um vigor fora do normal para poderem pensar em qualificar-se em condições. Ora se tu apanhas com uma equipa do Sérgio Conceição a meio-gás, já é motivo para te encalhares todo com a quantidade de paulada que vais levar (uma espécie de formação à José Mota com mais talento), imagina se os gajos têm de facto um objectivo para atingir! Upa, menino, tens de explicar aos rapazes que vão ter de navegar por entre um mar como na Normandia em 1944!

Já vi a lista de convocados e acho muito bem que tragas os miúdos para estas andanças. Pois é certo que o Ivo pareceu meio acanhado e não teve uma estreia de sonho, mas o Gonçalo já merecia uns minutos e até o Victor ou o Joris também podem calçar, por muito que estes já se tenham estreado no ano passado. Acima de tudo, tenta procurar aí por dentro as possibilidade que consigas encontrar para reforçar os As com os Bs, de topar quais é que te podem ajudar e quais é que, francamente, não contam. E se conseguires ganhar o jogo entretanto…nada mau!

Sou quem sabes,
Jorge

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Dragão escondido – Nº32 (RESPOSTA)

O senhor na foto abaixo é, portanto…

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…fácil de adivinhar, não? Rui Gil Soares de Barros, uma figura histórica do FC Porto que ultrapassou várias vezes na sua estatura moral o equivalente físico que nunca teria. E é também uma das mostras mais evidentes que um jogador de futebol não precisa de ser alto e forte, com ombros largos e capacidade física para saltar com torres adversárias e marcar golos de cabeça na área…porque o pequeno grande Rui Barros fê-lo por várias vezes do alto dos seus 159 centímetros!!! Um dos emigrantes de luxo do nosso futebol, saindo do FC Porto depois de uma única temporada em que venceu tudo que havia para vencer e seguiu para Turim onde passou duas boas temporadas antes de seguir para França onde esteve três épocas no Mónaco e outra no Marselha, antes de regressar ao FC Porto, onde terminou a carreira em 1999/2000, aos 35 anos. Lutador como poucos, foi uma das imagens de marca do clube durante a segunda metade dos anos 90 e um exemplo para todos que pensam: “nah, não vale a pena saltar para ganhar a bola”. Neste jogo luta contra um jogador do Tirsense, na 31ª jornada do Campeonato Nacional de 1995/1996. Outros tempos, sem dúvida.

Os palpites errados, numa das edições com mais tiros ao lado:

  • André – Tinha abandonado o FC Porto (e o futebol) no final da temporada anterior.
  • Bandeirinha – O eterno suplente esteve fora dos convocados num dos últimos jogos da última época que iria fazer pelo FC Porto.
  • Bino – Na penúltima temporada em que fez parte activa do plantel do FC Porto (esta e a próxima), foi mesmo titular neste jogo. Seria uma excelente hipótese!
  • Domingos – Foi o melhor marcador da equipa (e do campeonato) com 25 golos, mas não esteve presente neste jogo.
  • Drulovic – Titularíssimo na equipa principal, foi poupado para este jogo por motivos que francamente não me consigo recordar. Vamos assumir que com a meia-final da Taça quatro dias depois deste jogo, terá ficado a descansar…
  • Edmilson – Outro titular absoluto da equipa durante a época, jogou de início também neste jogo como em muitos outros.
  • Folha – Quase totalista no campeonato, teve papel activo nesta partida marcando o terceiro golo da equipa.
  • Jaime Magalhães – O grande médio direito tinha saído no final da época passada para o Leça, onde viria a terminar a sua carreira.
  • João Manuel Pinto – Não era habitual titular (Aloísio e Jorge Costa ocupavam posições de respeito…) mas foi-o neste jogo, onde até acabou por marcar o primeiro golo do FC Porto na partida.
  • João Pinto – O eterno capitão foi titular na partida contra o Tirsense, naquela que foi a sua penúltima temporada no FC Porto e quando já tinha perdido o estatuto de titular para Secretário.
  • Jorge Couto – Com apenas 17 jogos durante a temporada, foi suplente utilizado nesta partida, entrando aos 76 minutos para render…aham…Rui Barros.
  • Kostadinov – Tinha saído dois anos antes para o Deportivo da Coruña e nesta altura andava por terras bávaras com a camisola do Bayern München.
  • Lipcsei – Muito utilizado por Robson no início da época, foi perdendo lugar na equipa e deixou sequer de ser convocado a partir da 27ª jornada.
  • Paulinho Santos – Entrou para o lugar do lesionado Rui Jorge aos 24 minutos e levou um amarelo aos 59. Titularíssimo durante a época, também ficou no banco neste jogo para descansar…supõe-se…
  • Rui Filipe – Considerando que Rui Filipe tinha falecido em 1994…é que nem acho uma piada de mau gosto, apenas desconhecimento das datas…
  • Rui Jorge – Tendo em conta que tinha sido o dragão escondido da edição anterior…era pouco provável que fosse agora novamente, não acham!?
  • Timofte – Por esta altura, na época 1995/1996, andava pelo outro lado da cidade, no clube que tem nome de rotunda.
  • Wetl – A única temporada que o austríaco passou em Portugal (e fora do seu país, já agora) foi a seguinte, 1996/1997…

O vencedor foi o Adão, com um palpite 100% correcto às 9h25 da manhã! Parabéns, primeiro homem!

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Baías e Baronis – Penafiel 1 vs 3 FC Porto

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Há campeões feitos de luta e outros de talento e a mistura dos dois normalmente faz com que uma equipa seja ainda melhor. E hoje naquele tremendo lamaçal em Penafiel, os rapazes foram obrigados a um tipo de jogo que não lhes agrada. A bola não rola no relvado, há demasiadas bolas divididas e o futebol que se consegue produzir não passa do medíocre. Mas também é nestes jogos que uma equipa que se quer campeã tem de mostrar que tem força de espírito e capacidade de sacrifício para ser prático, simples e eficaz. E foi o que fomos, com mérito e acima de tudo muito trabalho. E com Jackson. E Óliver. Upa. Vamos a notas:

(+) Jackson. Os orgasmos vocais de Freitas Lobo durante o jogo foram perfeitamente justificados. O capitão estava a jogar a um nível superior a todos os outros colegas e adversários e notava-se na forma como controlava a bola e a fazia rodar por zonas onde ninguém parecia conseguir ficar sequer com os pés bem assentes no chão. Estupendo na ajuda ao meio-campo, excelente no recuo para zonas de controlo da posse de bola ofensiva, foi mais um bom jogo do colombiano. Ah, mais um golo, como de costume, ao qual se soma o início da jogada do terceiro que é simplesmente genial.

(+) A entrada de Marcano. Fez-me lembrar alguns dos nossos velhos nomes naquela zona recuada (um André ou um Paulinho, até um Emílio Peixe, vejam lá) que jogaram tantas e tantas vezes em relvados exactamente nas mesmas condições que este e que tiveram o mesmo approach pragmático: homem não passa, bola vai para longe. E Lopetegui viu que Casemiro, já com amarelo, estava a baixar de produção e optou pela entrada do espanhol que passou o resto do jogo a despachar tudo que tinha sequer um lampejo de poder vir a criar perigo para a baliza. Foi, como tinha sido já noutros jogos e nas mesmas circunstâncias, o homem certo na posição certa.

(+) Casemiro. Duas assistências e um jogo positivo deste rapaz que não convenceu ainda os adeptos (eu incluído) mas que hoje esteve em bom plano. Foi duro quando foi preciso e apesar de ter saído relativamente cedo da partida (aos 65 minutos) fez o suficiente para se mostrar a um nível bem superior ao que tinha vindo a fazer nos últimos jogos.

(+) O espírito de sacrifício. Ainda bem que Brahimi não esteve neste jogo, porque a produtividade não teria sido muito provavelmente acima de um painel solar nas grutas de Santo António. Mas quem produziu neste jogo foram aqueles que conseguiram lutar, que não tiveram medo de ficar com as camisolas e os calções ensopados em água e lama e que nunca viraram a cara nem as pernas à luta. Toda a linha defensiva esteve bem, Herrera e Óliver no meio-campo estiveram com força e empenho e apenas os dois extremos pecaram por não conseguirem drenar o campo tão rapidamente quanto seria necessário. Não era jogo para eles.

(-) O início da segunda parte. A equipa tremeu um bocadinho com o golo do Penafiel e houve alguns momentos em que se tornava enervante a quantidade de lançamentos laterais próximos da área que o adversário pôde fazer, porque a bola parecia que não saía daquela zona. Lopetegui estava a ficar doido no banco (os guinchos quase se podiam ouvir aqui em casa a algumas dezenas de quilómetros…) e apenas depois de Marcano ter entrado é que a equipa conseguiu estabilizar a cabeça e recomeçou a jogar futebol. O possível, claro está.

(-) O cagaço do Tello. Há dois lances que me enervaram com a força de uma entrada de carrinho do Mozer. Nos dois lances, tal como já aconteceu inúmeras vezes esta temporada, há pontos em comum: o jogador adianta demasiado a bola, o jogador encolhe-se com medo do contacto físico e o jogador é Cristian Tello. Não me convence mesmo nada vê-lo a titular do FC Porto especialmente nesta fase da temporada, onde não produz o suficiente para justificar que tenhamos mandado Kelvin para o Brasil ou que mantenhamos Ricardo encostado a sonhar em ser lateral direito. Até Ivo, na equipa B, produz muito mais que Tello actualmente nos As e não tenho qualquer dúvida na minha cabeça que o espanhol só tem jogado porque chegou do Barcelona e o nome fala mais alto que os números em campo. Infelizmente.


Uma boa série de vitórias é sempre positiva, especialmente quando os jogos têm potencial para se transformarem numa miséria como este ou como já tinha sido o jogo contra o Boavista em casa. Nesse, não conseguimos. Neste, fomos bem melhores. Ainda bem.

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Ouve lá ó Mister – Penafiel

Señor Lopetegui,

Uma viagem curta, esta. E tem tudo para se tornar enfadonha, porque até lá pouco há para ver e menos ainda para experienciar. Ao menos se fizesses os mesmos quarenta quilómetros para Norte podias dar um salto à Póvoa e ias comer um peixinho bem bom. Ou descias até Espinho e enfardavas uma francesinha em forno a lenha numa taverna que por lá conheço e que é “daqui” (mão a segurar a orelha). Até podias ir pelo Rio até perto de Entre-os-Rios, na margem direita, onde há um tasquinho onde tens uns bolinhos de bacalhau com umas fatias de presunto que te deixavam com eles na mão a pedir mais. Nota-se que estou com fome? Muito? Raios.

É uma viagem rápida, como te disse. E o Penafiel até é um clube amigo há uns anos, porque raramente nos deu água p’la barba. Aliás, a última vez que perdemos pontos no 25 de Abril (o estádio, não a coisa dos cravos que já te devem ter explicado) foi em 1990/1991, há mais de vinte anos!!! Nessa altura jogavam alguns rapazes que já deves ter ouvido falar…Baía, Geraldão, Kostadinov, a dupla de Coutos (o Fernando e o Jorge) e o André, o pai do André ao quadrado que agora joga no Vitória. E o árbitro, por coincidência das maiores coincidências, foi o pai do moço que vai estar aí logo à noite! Outros tempos, outras histórias e definitivamente outro tipo de mentalidade e de futebol. Hoje em dia o que conta é a eficácia e a inteligência competitiva. E os golos, isso também parece que conta muito.

Dá lá um salto a Penafiel e sai de lá com golos marcados e sem sofrer nenhum. É um desafio que te faço. Aceitas? Claro que aceitas!

Sou quem sabes,
Jorge

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