Hindsight

Jorge: como sempre, quando as coisas correm mal há logo críticas a todos…treinador, jogadores, empresários, Antero, NGP…
Amigo do Jorge: fdx o que está mal até um leigo como eu viu logo
Amigo do Jorge: sem extremos de raiz
Jorge: hindsight is 20/20
Amigo do Jorge: estavam à espera de q? más decisões desportivas, falta saber em benefício de q?
Amigo do Jorge: não me digam que há falta de bons extremos por aí, dás um chuto numa pedra e aparecem 10
Jorge: nao houve interesse em contratá-los
Jorge: sabes se por culpa do treinador ou da direccao?
Amigo do Jorge: oh Jorge…da direcção, claro
Jorge: nao conseguiam meter dinheiro ao bolso? achas? nao faço ideia, nao opino sobre teorias
Amigo do Jorge: tá mal
Jorge: nao sei se está mal, mas só assim é que funciono
Amigo do Jorge: se vamos opinar sobre factos consumados, vais opinar sobre quê? sobre o leite derramado?
Amigo do Jorge: tudo que é empresa e demora a reagir às adversidades morre
Jorge: nao falo de reagir a adversidades, falo de decisões tomadas em determinadas alturas que por vezes correm melhor que outras
Jorge: nem sempre se acerta
Amigo do Jorge: sinceramente, há quantos anos não temos uma pre-época bem planeada?
Amigo do Jorge: vendemos o Moutinho e o James no fim de época, tivemos mais que tempo para encontrar soluções
Jorge: correcto
Amigo do Jorge: isto não é do treinador
Jorge: por isso é que te digo que se calhar as soluções nao passam só pela escolha de A ou B por parte da direccao
Amigo do Jorge: isto é da direcção
Jorge: nao sei a que nível o treinador está envolvido. presumo que pouco tendo em conta que acabou de chegar
Amigo do Jorge: depois do Ismaylov e Liedson em Janeiro, sabes bem que o treinador manda bolha
Jorge: o anterior sim, este nao faço ideia
Jorge: mas sim, dá ideia de alguma autocracia…talvez para se defenderem de Mourinhos
Amigo do Jorge: bollocks
Jorge: again, perhaps
Jorge: o nosso modelo é que pode estar em declínio, especialmente quando aparecem outros com o mesmo tipo de scouting que nos pincham os gajos mal a imprensa começa a perceber quem são os alvos e aí sim, podemos dizer que estamos a ser parvinhos mas também por isso tem havido um maior investimento nos putos
Amigo do Jorge: descreve investimento nos putos…
Jorge: o caballero, mais os belgas, o sérvio… alguns portugueses que vão sendo escolhidos com algum critério
Jorge: o modelo está a esgotar, temos de olhar para dentro e acho que eles já perceberam isso. com números, não conjecturas. e se a equipa principal nao está a corresponder, também corresponde a uma falha do treinador
Amigo do Jorge: desculpa, mas olhar para dentro é contratar sérvios, mexicanos e franceses?
Jorge: olhar para dentro quer dizer formação
Amigo do Jorge: tretas
Jorge: quero lá saber de que nacionalidade são
Amigo do Jorge: bull bull bull
Jorge: podem ser da antártida
Amigo do Jorge: mais parece que a equipa A serve a B do que ao contrário
Jorge: not quite, mas é disso que falo
Amigo do Jorge: quantos jogadores da B tiveram oportunidades na A?
Jorge: porra…mas é disso que falo!
Amigo do Jorge: a B serve para quem não joga na A ir rodando
Jorge: quem toma as decisoes acerca de quem joga ou nao?
Jorge: quem é que faz as convocatórias?
Jorge: vais culpar o Antero pelo Ghilas entrar aos 88 minutos? ou o Kelvin nao ser chamado?
Amigo do Jorge: não, claro que não
Jorge: a culpa das más exibições, não me fodam, é do treinador
Jorge: podíamos perder os jogos na mesma, mas via-se luta
Amigo do Jorge: mas quem é que contratou esta next best thing? analisaram a filosofia de jogo dele? viram se se adaptava ao modo como uma equipa grande tem de jogar?
Jorge: aí é outra coisa…a culpa é do primeiro-ministro quando um psp dá um tiro noutro gajo…
Jorge: talvez tenham pensado que se adaptava melhor…é como te digo, hindsight
Amigo do Jorge: não, há 2 ou 3 gajos que gostam é de putase as coisas correm bem
Jorge: estás a ser redutor
Amigo do Jorge: 4 ou 5?
Jorge: é mais um problema, é assumir sempre que esta merda se trata de um ou dois gajos que gostam de putas
Jorge: por muito que haja negociatas, dinheiro metido a bolsos estranhos…a verdade é que há decisões para tomar e nenhuma delas é tomada com leveza de espírito…pelo menos nao acredito nisso
Amigo do Jorge: fdx não há leveza de espírito há incompetência então
Amigo do Jorge: either way, they lose
Jorge: como é que há incompetência quando perdemos o segundo jogo para o campeonato em quatro anos?! não entendo isso. é mas é um bom padrão do nosso grau de exigência
Amigo do Jorge: dude…5 jogos sem ganhar
Jorge: perdemos um jogo para o campeonato, seguido de várias paupérrimas exibições
Jorge: nao questiono
Amigo do Jorge: esquece os 10 anos passados, o que interessa é o agora
Jorge: aham…
Jorge: yeah yeah
Amigo do Jorge: se não corriges agora poderás perder no futuro. tens de ser proactivo e não conhó.
Jorge: de acordo mas já começa a opinião de terra queimada a botar sal em tudo que vê
Amigo do Jorge: não…
Jorge: a começar pelos atrasados que vão atirar tochas ao autocarro, seguindo pelos cafés onde, como de costume: “este treinador nao percebe nada disto” e “a direcção é incompetente”
Amigo do Jorge: oh fdx, tá bem, eu estava lá e atirei três calhaus, infelizmente a minha pontaria não é grande coisa…o gajo do corsa é que não vai ficar muito contente ;)
Amigo do Jorge: somos portistas. somos exigentes. não é preciso ganhar sempre
Amigo do Jorge: mas caralho, é preciso tentar ganhar sempre
Jorge: é preciso luta e garra e força e agressividade
Jorge: e a falta delas é culpa…de quem?
Jorge: tell me…tell me now…shout it up to the sky!
Amigo do Jorge: um zombie no banco com uma equipa a cagar a posta em campo e uma direcção que dá palmadinhas nas costas ao treinador
Amigo do Jorge: uau
Jorge: dá-se palmadinhas até ao ponto em que se pára de dar
Amigo do Jorge: bem, whatevs
Jorge: ou achas que a gestão do FCP é o que é por demitir treinadores em dois meses? esta merda nao é o sporting!
Amigo do Jorge: vou mas é almoçar
Jorge: eu também

É pena que só nestas alturas se possam ter conversas mais aprofundadas sobre a bola. Mas ao menos fala-se, não se atiram pedras.

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Baías e Baronis – Académica 1 vs 0 FC Porto

foto retirada de maisfutebol.iol.pt

E depois de dois empates, uma derrota. São sete pontos cedidos em circunstâncias que têm tanto de igual como de enervante. Não há estrutura física, táctica e mental no FC Porto em Novembro de 2013. Já atravessei momentos maus com o FC Porto e este é mais um que vai direitinho para um pódio que já lá tem o FC Porto de Octávio em 2001 e o de Couceiro em 2005, sem que consiga dizer ao certo qual deles apresentou pior futebol. A derrota é merecida porque me ponho a olhar para o jogo e tento perceber o que raio se passa na cabeça dos jogadores para se exibirem sem um mínimo de inteligência, organização em campo e convicção que têm um jogo pela frente que é imperioso vencer. Neste momento estamos na merda. Notas, apenas negativas, abaixo.

(-) Zero. Ora então aqui vamos nós. Zero. Foi isto que fizémos hoje em Coimbra. Zero ideias, zero concentração, zero vontade de jogar com cabeça, zero movimentos de ruptura no ataque, zero capacidade técnica, zero remates com perigo, zero jogadas de entendimento, zero concretizações, zero. Zero. É inútil pensarmos que as coisas são facilmente remendáveis com a mudança de um ou onze jogadores na equipa principal do FC Porto porque há uma deriva mental na grande maioria dos jogadores que faz com que raramente se consiga mais que um lampejo de um ataque fugaz que resulta invariavelmente numa tentativa amadora de criar perigo contra qualquer adversário que se nos é colocado. E podemos continuar a fugir para a frente, a pensar que a culpa é de A ou de B, do treinador ou dos jogadores, da SAD ou da senhora que muda o WC Pato, mas a verdade é que a culpa é geral. E não há culpa, havendo-a a rodos. Temos actualmente um plantel com soluções razoáveis, composto por um misto de experiência e juventude que milhares de clubes por esse mundo fora invejaria ter. Sim, perdemos James e Moutinho. Mas esses dois nomes não começam a tocar a pontinha do majestoso iceberg de estrume em que se transforma qualquer jogo do FC Porto desde que o árbitro apita para começar a partida. Paulo Fonseca lidera este bando de rapazes, uns com mais vontade que outros, uns sem dúvida com mais talento que outros, uns com mais garra que outros. Mas todos mostram uma fibra moral e uma determinação que neste momento vale…zero. Zero. Vale zero e hoje valeu zero porque qualquer corrida de um academista foi mais rápida que Danilo. Vale zero porque Mangala parece crer que é um Yaya Touré e decide começar a fintar a partir da sua própria zona de acção, perdendo a bola ao fim de quinze metros. Vale zero porque Alex Sandro se perde em fintas só para entregar a bola ao adversário. Vale zero porque Jackson está consistentemente sozinho e Lucho aparece longe, quase tão longe como Josué ou Fernando, ambos com vontade mas inoperantes em virtude da desorganização geral. Há dois lances que mostram na perfeição o que é o FC Porto neste momento. No primeiro, Varela tem a bola à entrada da área pelo lado direito. No processo de procurar centrar a bola para a área, escorrega e perde a bola para Fernando Alexandre. O médio da Académica, rápido e com sentido prático apurado, pontapeia imediatamente a bola contra o dezassete do FC Porto, ganhando o pontapé de baliza. No segundo, Maicon tenta proteger a bola de Magique, que lhe ganha (mais uma vez) em velocidade e em garra, conseguindo ainda tocar na bola contra o brasileiro, ganhando o lançamento. Estes lances sucedem-se um após o outro em noventa insuportáveis minutos de não-futebol. E tudo isto com o mesmo treinador de braços cruzados, sem perceber o que se passa. Só que eu, cá fora, posso não perceber. Ele, para ser sincero, não.


Um amigo, um dos poucos bons amigos que tenho e que vejo muito menos vezes do que queria, respondeu-me a um email onde discutíamos o último álbum dos Arcade Fire, usou a seguinte frase: “estavam bem era a tocar esta merda de música nova no funeral do Fonseca, enquanto o Vitor Pereira ejaculava para cima da campa e da boca do Danilo, Otamendi, Mangala, Defour, Ricardo, Licá, Josué e Quintero!“. É portista convicto, este meu amigo e usa o vernáculo como poucos. E com maior ou menor badalhoquice, dou-lhe razão na metáfora.

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Ouve lá ó Mister – Académica

Mister Paulo,

Atravessamos tempos conturbados, homem. A equipa não joga uma pontinha de um corninho de caracol e move-se à mesma velocidade do bicho. Tem sido penoso ver o futebol que temos vindo a apresentar e apesar de todos sabermos que não há mal que sempre dure, já começamos a questionar a passagem do tempo por esta ridícula travessia do Kalaári. Foda-se, Paulo, uma vitória e cinco empates a um nos últimos cinco jogos?! E já não ganhamos para o campeonato desde Outubro?! Não pode ser, pá, não pode ser mesmo.

Já vi que convocaste o Carlos Eduardo. Até podia ser uma boa opção, o rapaz anda moralizado e precisamos de um rasgo diferente no meio-campo. E eu apostava no Ricardo. É novo, está cheio de força e os outros dois mais “velhotes” que lhe tapam o lugar parece que não atinam dois jogos seguidos. Sim, Varela e Licá, estou a falar também para vocêses.

Faz lá o que te lembrares para conseguires pôr os rapazes a jogar. Muda a táctica, abana as campaínhas das cabeçorras dos gajos, dá-lhes choques eléctricos, cospe-lhes nas fotografias dos filhos, põe imagens do Sousa Cintra em pelota no balneário, faz o que te der na cabeça. Mas impõe alguma ordem naquela comandita e faz com que os gajos entrem em campo com vontade de rasgar as camisolas dos adversários, de comer a relva com uma pitada de pimenta e de dar pontapés sucessivos nos postes quando falharem um remate. Põe-lhes os tomates no sítio, pá, age como chefe e massacra a mona deles para que não joguem com a mesma vontade de um miúdo em fazer os deveres de Matemática.

Faz o que quiseres. Mas ganha o jogo.

Sou quem sabes,
Jorge

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Atitude

Já perdoei tanta coisa aos rapazes que vestem a nossa camisola. Aturava os copos do McCarthy, não ligava à lentidão do Capucho ou às fungadelas do Jardel. Não me chateava muito com o Quaresma que não defendia, o Sapunaru que não atacava, a mesma porra da mesma finta que o Tarik fazia, os remates tortos do Maniche, os passes transviados do Lisandro ou os cabeceamentos falhados do Derlei.

Todos estes tinham o seu papel a desempenhar e faziam-no bem, com afinco, com vontade e com garra. O que vejo hoje é diferente.

Há uma indolência muito atípica na actual equipa do FC Porto. Começa atrás, com um sector defensivo que tem tudo para funcionar como um muro para os avançados mas que deixa passar bola atrás de bola com falhas parvas, excessos de confiança e incapacidade de tomar as decisões certas na altura certa. Temos um meio-campo órfão de ideias, com um patrão presente que não parece conseguir impôr a disciplina que aqui há uns meses era dogma. E um ataque que tem tanta eficácia como uma torneira de água gelada a derreter manteiga saída do frigorífico. Estamos torpes, lentos, sem convicção, sem mentalidade agressiva e guerreira que nos marca a imagem de forma indelével pelas décadas de exibições por esse mundo fora. Vejo os jogadores desconcentrados, com medo, sem movimentação planeada e a vaguear pelo campo como se nada na partida os fizesse despertar de um sono profundo, com ausências de racionalidade que não vejo em jovens que acabam de se estrear em competições a doer. E gostava de apontar o dedo a vários factores mas só consigo olhar para um: Fonseca.

Não vou tão longe como o Zé Luís, que insiste na inexistência de um jogo planeado e na depauperização permanente dos nossos activos de temporada para temporada. Não avanço com o cinismo que é característico seu e uma imagem de marca na nossa bluegosfera. Não atiro a toalha por discordar de opções alheias, não é esse o meu estilo e recuso-me a entrar por esse caminho. Sou um construtor, não um destrutor, sempre fui e serei. Mas dói-me cá dentro concordar com ele em vários pontos, desde a enormidade dos passes falhados por ausência de opções válidas para endossar a bola até à incapacidade de romper defesas fechadas. É o que se vê em campo e é inegável que algo terá de mudar. Aponto também as opiniões do Vila Pouca, habitualmente do outro lado da muralha e como de costume apela à força de um colectivo que neste momento não a mostra em campo. E olho para dentro, olho para a minha própria atitude durante o jogo e percebo que não é pelas minhas falhas que os jogadores mostram as deles.

Há falta de atitude. Há, carago, não duvido. Os rapazes entram em campo sem força, sem vontade de pugnar por um objectivo que devia ser o de sempre e o de todos os dias no futuro deles e do nosso: ganhar. Quando vejo as estatísticas e a forma como Fonseca puxa os números para o peito e os exibe com orgulho, a fel começa-me a subir pelo tubo acima e enervo-me pela quantidade de buracos na peneira que não chegam a tapar um minúsculo led, quanto mais um astro que ilumina as nossas vidas. Precisamos de liderança forte, precisamos de um, dois, doze murros na mesa e perceber que ninguém está no relvado para fazer um favor a ninguém. Precisamos de um treinador com ideias bem assentes e convicções capazes de derrubar qualquer Golias ou, como tem sido hábito nos últimos tempos, alguns Davides de nariz empinado. Precisamos de lutar, de acreditar que nada surge do acaso mas que tudo aparece de trabalho bem feito e confiança no que sabemos fazer, e que a táctica não é mais que uma disposição em campo da vontade que podemos mostrar. Que um 4-3-3 pode facilmente bater outro 4-3-3 ou qualquer outra sequência de números num quadro branco, desde que haja vontade para o fazer.

Será Paulo Fonseca esse treinador? Não sei. Mas pelos sinais que vão crescendo nos últimos tempos, a janela começa a ficar pequenina, pequenininha…e difícil de reabrir.

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Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 1 Áustria Viena

Vi os últimos vinte minutos do Zenit-Atlético e enchi-me de excitação porque podíamos depender só de nós. Uma simples vitória contra um adversário que faz o Rio Ave parecer o Real Madrid, e logo estaríamos a pensar na segunda fase da Champions. Cheguei ao Dragão, com o frio a fazer-se sentir na minha face, já que o resto do corpo estava bem isolado contra as forças da natureza…e caiu-me logo a moral. Continuamos a oferecer lances de golo aos adversários e há uma indolência que raramente vi numa equipa do FC Porto que parece invadir os jogadores e possuí-los de uma forma inacreditável, tornando-os lentos, torpes, sem imaginação, sem vontade de jogar e acima de tudo de ganhar. No final, o empate sabe a pouco mas é exactamente o que merecemos. Nada mais, nada menos. Hoje, apenas duas notas:

(+) A segunda parte. Não foi um portento de táctica, nem teve o fulgor de uma avalanche de ataque continuado e agressivo pela força das nossas estocadas. Mas foi…alguma coisa. Entrámos melhor, com (alguma) garra e apesar de termos marcado cedo, não desistimos na procura do segundo, apesar de na grande maioria das vezes o termos feito muito mais com vontade de ganhar que com a consciência do que era preciso para o fazer. Alex Sandro e Danilo subiram bem pelo flanco, Josué rendeu mais no centro e Varela saiu do banco para uma exibição lutadora (fez mais em cinco minutos do que tinha feito em setenta e cinco no sábado). Maicon, talvez o melhor jogador do FC Porto, limpava o que era preciso lá atrás e Fernando, finalmente só no meio-campo que é seu, rodava a bola com critério para as melhores zonas. Não chegou porque insistimos em demasia nos lances de criação individual, em incontáveis passe-e-corta na lateral e em cruzamentos para a área onde Jackson poucas vezes conseguiu espaço. Viu-se um brilho nos olhos dos adeptos, ainda inconsoláveis pela primeira parte miserável que tinham assistido, mas lentamente se foi esfumando a oportunidade de vencer o jogo em remates tortos, cruzamentos sem a força certa e inúmeros passes falhados. Não foi bom, mas foi o suficiente para ter dado mais que um golo. Não que o tivéssemos merecido por aí fora, graças à nota que podem ler abaixo.

(-) A primeira parte. Repetimos os mesmos erros que temos vindo a cometer desde há semanas: oferecemos metade do jogo ao adversário pela lentidão na troca de bola, pela invulgar incapacidade de romper pelos flancos, pela desorganização a meio-campo, pelas impossíveis falhas técnicas, pela ausência de racionalidade na posse de bola e pela inutilidade de vários jogadores. Para lá de mais uma imbecilidade defensiva que deu novamente origem ao golo do adversário (sim, Danilo, a culpa foi tua desta vez), foi deprimente ver o FC Porto, uma equipa que tem capacidade para lutar de olhos nos olhos com tantas equipas por esse mundo fora, a ser incapaz de criar mais do que dois lances de perigo durante quarenta e cinco minutos. Mais, porque a basear quase todos os lances ofensivos através da subida de um dos seus laterais que com o pouco apoio que recebe dos (falsos) extremos, raramente sucede na iniciativa e limita-se a cruzar bolas para a área na fugaz tentativa de buscar o único homem que lá aparece no meio. As trocas de bola são facilmente interceptadas por uma equipa que defenda com um mínimo de estrutura, porque a movimentação é quase nula e quando de facto aparece algum rapaz que se digne a sair de uma zona tapada, rapidamente a roda para trás tal é o medo de pegar nela e prosseguir caminho. E se nos arrastarmos penosamente da área táctica para a técnica, o panorama ainda é pior. Algo se passa de estranho quando jogadores de nível tão alto controlam uma bola como se fosse um ouriço e estivessem de pés descalços. No fundo, a táctica não está a funcionar, os jogadores estão exageradamente nervosos sem a bola e hesitantes com ela e nada parece produtivo quando estamos no ataque. Tudo sai a uma velocidade inexistente, com jogadores tristes, recuados e medrosos. Foi muito, muito mau.


E voltamos a esta triste sina de depender de terceiros. Sim, vencer em Madrid é complicado, especialmente porque o Atlético é jeitoso e nós, francamente, não parecemos mostrar capacidade mental para lá irmos sacar três pontos. E mesmo que o façamos, Hulk e cª estarão em Viena para nos fazer engolir em seco e baixar a cara de vergonha. Ou não. Já não percebo nada disto.

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