Os jogos de apresentação aos sócios e os sócios que se exaltam nos jogos de apresentação

Resultados dos últimos dez jogos de apresentação do FC Porto aos adeptos, todos eles realizados no Dragão:

 

Nalguns jogos deveria haver uma estrelinha ao lado, como no caso de 2010/2011, quando jogámos também contra o Ajax ainda antes do jogo contra a Samp, numa exibição bem mais fraca.

Conseguem tirar alguma métrica de análise deste quadro? Há uma coisa que parece mais ou menos evidente: raramente há resultados grandiosos contra equipas superiores a nós, pelo menos no papel. Houve sete vitórias, dois empates e uma derrota (provocada por maus visitantes, incapazes de perceber que a etiqueta devia ser superior aos treinos…escoceses, pá, manias de William Wallace…). Dessas sete vitórias, três foram por margens de três golos e quatro por apenas um, incluindo a deste ano. E reparem nas minhas memórias desses jogos, retiradas das crónicas escritas aqui no Porta 19. Não há emoção, festa, grandes espectáculos de futebol, dinâmicas subidas de flanco e combinações com seis, sete, vinte passes consecutivos até que o médio defensivo marque de calcanhar dentro da pequena área, todo de costas e no ar. Não há nada disso. Os jogos de apresentação são, desde há muito tempo, uma seca.

As equipas adversárias são todas estrangeiras, quase todas também em pré-época, a tentar ganhar índices físicos aceitáveis para uma época que é sempre mais longa do que se pensa, a procurar a melhor forma de encaixar com novos colegas e muitas vezes novos treinadores e novos métodos. Mudam treinadores, tácticas, cadeiras, preparadores físicos e defesas-esquerdos. Os jogos mantém-se aborrecidos e a única coisa que devia preocupar os treinadores e a direcção são as possíveis lesões ou castigos que possam surgir destas partidas, bem como a inadaptação de um ou outro jogador às ideias do treinador e à postura da equipa e de um jogador do FC Porto nessa mesma equipa.

Não queiram fazer omeletas sem que a galinha acabe de parir o ovo. Tenham calma, não se exaltem, critiquem o que devem criticar, mas façam-no jogo-a-jogo, não exacerbando a parvoíce como já vi em muito blog durante todo o dia de ontem, porque estamos tramados e porque não houve evolução desde o ano passado e a merda é a mesma e as comissões e os empresários e falta um jogador para a frente que faça a diferença e yadda yadda yadda.

A procissão ainda nem sequer está no…raios, o padre ainda está no trânsito, amigos!

PS: já agora, se quiserem consultar as crónicas:

Link:

Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Celta Vigo

Welcome back, FC Porto. Mais ou menos. A festa foi porreira, alegria nas bancadas, o estupor do dragão a fazer barulho durante vinte minutos, a saudação aos novos e aos antigos, a recepção ao treinador estreante, a simbiose de euforia e boa disposição que faz dos inícios de época um bom momento para todos os presentes. Mas eu, em casa, só vi um jogo tristonho, com jogadores empenhados mas cansados, a precisar ainda de suficientes sessões de treino para se poderem unir de uma forma condizente. Gostei de algumas coisas, não gostei de outras. Vamos a notas:

(+) Lucho. Continua a ser o mais inteligente dos jogadores do FC Porto, pela forma como está em campo e como coordena a manobra da equipa. Se vai continuar a jogar naquela posição, de desgaste permanente e de pressão constante quase na área contrária, vai-se queimar rapidamente mas acaba por compensar com a grande maioria dos passes certos na altura certa que insiste em completar. Bem-vindo de volta, Comandante.

(+) Fucile, a defender. Esforçadíssimo, a mostrar que está pronto para jogar tanto do lado esquerdo como do lado direito da defesa, sempre ao mesmo ritmo, que neste momento não é ainda muito mas espero evolua num futuro próximo para níveis habituais, pelo menos há uns anos atrás. Não lhe correram bem as coisas no ataque, mas esteve bem defensivamente e fiquei satisfeito pela recepção que teve da parte dos adeptos.

(+) A terceira camisola, apesar de não gostar do design. A manobra de marketing é lógica e peca por tardia. No ano passado, depois do jogo em Zagreb, a terceira camisola em tons de branco causou um impacto tão grande nos adeptos que a preferiram em grande escala quando comparada com a alternativa “oficial”. Este ano, para celebrar os 120 anos da nossa fundação, a Nike e o FC Porto decidiram avançar com mais uma peça de merchandising logo de início e espero vê-la à venda nas Lojas Azuis muito em breve. Não sou o maior fã do design (não sou fã de grandes inovações em termos de layout, mas parece-me…simplista em demasia) mas aprovo o processo.

(-) Muitas falhas defensivas e poucas chances criadas. Sim, eu sei que é início de época e a concentração não é a melhor. Some-se uma equipa ultra-defensiva e uma segunda parte com montanhas de alterações e temos um caldinho para a ineficácia que nos transformou em mais latinos que nunca. Mangala e Otamendi tiveram falhas grandes, mas também Maicon e Fernando estiveram desconcentrados atrás. Na frente, Iturbe falhava cruzamentos como se tivesse tantos anos quantos estão estampados nas costas, Josué tentava passes a mais com pontaria a menos, Kelvin não passava por um único adversário e Varela…esteve ao nível de há dois anos atrás. Há muito tempo para trabalhar e sangue para oxigenar, mas é de início que se devem começar a mostrar boas coisas, para evitar que os adeptos mais nervosos…se enervem nas piores alturas.

(-) Kelvin, pela atitude em relação a Nolito. Talvez pense que não fez o suficiente para se tornar um ícone dos adeptos no ano passado e ache que será assim que vai continuar a somar pontos, com aquela atitude parva de quase agredir um ex-jogador do Benfica. Não foi digno, sinceramente, e mais parecia um miúdo birrento num jogo de rua. Se fosse o Paulinho Santos a fazer aquilo, até o perdoava, porque sempre agiu da mesma forma e só seria fiel ao seu estilo e coerente com a atitude. Kelvin, por outro lado, não é gajo para aqueles festivais. Podia ter estragado o espectáculo.


No fundo, foi mais do mesmo para jogos de apresentação. Raramente a equipa está em níveis aceitáveis, o entrosamento ainda falha, há muitos passes falhados e o onze-base ainda nem estará decidido. Nesta altura exige-se trabalho e não grandes resultados, muito menos grandes exibições. Vamos ter uma época inteira para isso…

Link:

Ouve lá ó Mister – Celta Vigo


Mister Paulo,

Em primeiro lugar, o meu pedido de desculpas antecipado. Pela primeira vez em vários anos, não vou estar presente na apresentação da equipa aos sócios apesar de estar em casa e aqui bem perto do estádio que se vai encher de milhares de adeptos prontos a saudar a equipa no seu regresso a casa. Menos eu. Eu não vou aí estar, pelo motivo que já mencionei aqui há uns dias. Vai haver muitos jogos (conto mais de vinte, teoricamente) durante a época e nem penses que me vais ver longe da minha cadeira, mas deste em particular optei por abdicar. São escolhas, é certo, e esta foi a minha.

Ainda assim, sabendo que se olhares para a minha zona não me irás poder ver, quero-te desejar as boas vindas oficiais ao estádio que vai ser a tua casa durante algum tempo. Não sei se meses, anos ou décadas, porque hoje em dia a vida útil de um treinador num clube como o FC Porto está ao nível do tempo que dura um pacote de Pringles cá em casa…muito curta. E é esta pressão que vais ter, jogo após jogo, semana após semana, sabendo que vais ter de vencer para convencer e mesmo assim pode não chegar.

Hoje é só um aperitivo. A malta que vai não é a mesma com que vais conviver durante o ano, há muitos emigrantes e amigos de amigos e famílias e muita alegria. Absorve bem as boas-vindas que o Dragão te vai dar. Se no futuro terás a mesma recepção…só depende de ti. E eu confio no teu trabalho, só espero que me proves que és digno dessa confiança. Está, como diria o Miguel Ângelo dos Delfins, nas tuas mãos. E prometo que é a última vez que cito esse fulano, podes estar descansado.

Sou quem sabes,
Jorge

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Em museus, o Benfas já nos está a ganhar por 1-0

Os meus parabéns, caríssimos. Conseguiram vencer a primeira competição da temporada: “Quem inaugura primeiro o seu novo Museu“!

Agora sem parvoíces, os meus parabéns a todos os benfiquistas. Podem agora finalmente rever as glórias do vosso passado muito à imagem do que espero vir a fazer ainda este ano aqui no Porto. E tenham orgulho no que o vosso clube já venceu, da sua história, das camisolas e das chuteiras, dos troféus mas acima de tudo dos nomes que fizeram do Benfica um clube ao nível do que é hoje. Alheiem-se um bocado da pré-época, do mercado, das putativas declarações de vitórias antecipadas e exultem com o passado do vosso clube.

Quanto ao nosso, a ser inaugurado daqui a cerca de dois meses, que tenha mais visitantes que o vosso (very unlikely, mas ninguém me impede de sonhar) , que seja mais bonito, com melhor circulação de ar, esteticamente mais agradável, arquitectonicamente inovador, que cheire melhor e que tenha taças mais bem polidas. E que ambos sirvam para enaltecer as glórias próprias e não as infelicidades alheias.

Um dia hei-de visitar o vosso. Cá vos espero para visitarem o nosso.

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Leitura para uma sexta-feira tranquila

 

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