Baías e Baronis 2010/2011 – Hulk

Época: Melhor marcador do campeonato com 23 golos. Eleito “Melhor Jogador da Liga” de Agosto a Janeiro. É com todo o mérito que Hulk é a principal figura deste campeonato, pela forma como soube evoluir, como se levantou das cinzas que restaram depois de ter sido queimado em fogo lento (em parte por culpa própria, noutra sem culpa nenhuma) no ano passado, Givanildo foi o melhor entre os melhores na nossa Liga e só não o foi na Europa porque houve um qualquer senhor colombiano que lhe roubou os holofotes. Para além de ter espalhado terror pela ala direita durante vários meses, conseguiu adaptar-se a jogar na posição de ponta-de-lança, e apesar de não ter brilhado ao mesmo nível nunca deixou de ajudar a equipa e de fazer tudo para que os objectivos fossem atingidos. Ganhar. Isso é que interessava. É verdade, para lá de todas as loas que lhe canto, que ainda lhe vejo alguns defeitos. A velocidade e a força com que joga acabam por prejudicá-lo em muitas ocasiões quando fica rodeado de adversários e não tem nenhum colega para passar a bola, mas é algo com o qual que terá de aprender a viver. Renovou até 2016 mas todos sabemos que a cláusula de cem milhões não vai ser batida, por isso tudo depende da vontade de Hulk em sair e da vontade do clube que ele saia.

Momento: Houve vários grandes momentos de Hulk nesta temporada. Os slaloms na Turquia ou em Moscovo, por exemplo facilmente poderiam ser as notas mais altas da temporada. Mas todos sabem que é impossível não falar do 5-0. Esse jogo, mais que os outros todos juntos, fez de Hulk o actor principal de uma equipa recheada de headliners. A forma descarada com que enfrentou David Luíz, Fábio Coentrão e companhia literalmente limitada foi lindo de ver e ninguém mais se vai esquecer da maneira como Hulk deslizava pelo campo e passava pelos adversários como se fossem pinos numa qualquer estrada em obras.

Nota final 2010/2011:

BAÍA

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André

A grande maioria dos Portistas acordou esta manhã, uns alegremente de férias e outros não-tão-alegremente a fazer os preparativos para mais um dia de trabalho (e outros ainda, sem trabalho nem dinheiro para férias, acordaram para um dia com novas expectativas). Aposto que nenhum pensou que iria levar com a notícia do defeso: André Villas-Boas estará a caminho do Chelsea. O JN avançou, a Lusa tentou confirmar e tudo que era publicação online desatou a copiar o texto da segunda para os seus serviços informativos. O mundo estava a abanar. Sucedem-se insultos nos blogues, gargalhada geral na oposição, e nem Fernando Nobre se sentiria mais ridículo que o grosso dos adeptos que, tomando a notícia já como verdadeira apesar da ausência de confirmação oficial, começaram já a campanha “Villas-Boas, és um vendido!”.

Não me junto à multidão com as forquilhas em riste. Passo a explicar porquê.

Sempre houve, há e continuará a haver uma perspectiva extremamente romântica do futebol em Portugal. Os treinadores que vencem são tratados como semi-deuses olimpianos, ao passo que os derrotados acabam por ser comparados, com mais ou menos metáforas, a esterco. No nosso caso, particularmente esta época que findou, o facto de termos um treinador que venceu quase todas as competições em que participou acabou por ditar a elevação a um estatuto de Grande Figura. Aliado a este facto está, inegavelmente, a filiação clubística de André Villas-Boas: é portista, assumido e este sim, desde pequenino. Poderia haver melhor junção de vontades? Um portista a vencer no FC Porto? Orgasmos gerais para a malta.

Os momentos sucederam-se durante a época. Era a cadeira de sonho, levada ao extremo pela imprensa, ávida pelo curto soundbite que transforma o etéreo no eterno enquanto o dragão pisca o olho. O portismo estava visível em tudo, na defesa da equipa e da instituição, na forma como vibrava e celebrava o golo mais inconsequente dos rapazes de azul-e-branco que alinhavam à sua frente. Nunca duvidei (e ainda não duvido) da verdadeira vontade do rapaz em permanecer por cá durante alguns anos. E nós, todos nós, com ele.

Ainda de manhã, em conversa com um amigo que no primeiro dia de férias já estava tão exaltado e me perguntava como é que isto era possível, se já se sabia mais alguma coisa, que o site da CMVM estava tão lento, não havia nada no site oficial, que desespero! Disse-lhe: “Ó rapaz, sai de casa, vai até uma esplanada, pede um sumo de laranja natural porque ainda é cedo para um fino. Lê um livro, olha para o mar e descansa a cabeça. Logo à noite vês se é verdade ou não.”. Foi o que fiz, alheei-me das conversas e discussões durante o dia, sem que houvesse novidades para comentar e foquei-me no trabalho que era o que mais interessava. Cheguei a casa e, como pensei, nada de novo na frente azul.

Voltando à visão floreada da coisa e usando uma comparação com aquele jogo de computador que me une ao nosso treinador (Football Manager), é interessante perceber que a malta tem uma ideia semelhante da realidade como se fosse treinador virtual naquele mundo. Em norma quando se começa uma carreira, procura-se um clube de que se gosta, com quem se sente alguma afinidade, e arranca-se a vida. As vitórias e derrotas sucedem-se mas a motivação não quebra, a vontade de levar o clube à frente, melhorando a equipa, comprando A ou B, despachando o lixo e aplicando as nuances tácticas jogo após jogo até chegar à perfeição. “Pois vencemos tudo no fim do ano? Não interessa, nem penso em sair do clube, para o ano há mais para ganhar e recordes para bater! Já tenho alinhavada a nova equipa, vendo este e compro aquele e está o plantel bem organizado, impecável! Renova-se o contrato? Pode ser, quero é ver se o rapaz rende a médio direito, isto é que vai ser, a época de 2024/2025 vai ser a melhor de sempre!!!”. Pois é. E se eu fosse um jovem de 78 anos diria: “Balelas”.

Não posso ser ingénuo a esse ponto. Um treinador é profissional e acima de tudo para um treinador que pretende ter uma carreira curta como Villas-Boas já disse várias vezes, torna-se complicado recusar uma oferta da magnitude destas que lhe seja colocada em cima da mesa. Se teve uma conversa com Pinto da Costa e lhe explicou que é isso que deseja fazer, olhos nos olhos, selado com um cumprimento e um desejo de boa sorte, parece-me normal. Se foi por trás das costas e negociou com o russo sem falar com ninguém, já acho mal. Quero acreditar na primeira e não na segunda.

O que fica disto tudo? Em primeiro lugar precisamos de uma confirmação oficial. Até surgir estaremos sempre no reino da especulação. Se Villas-Boas sair, os meus votos para o seu futuro vão depender da forma como as coisas se tiverem passado. Se ficar, amigos como dantes. Que trabalhe bem o Iturbe e se decida se o Souza serve ou não para trinco. Mais que isso, neste momento, é invenção.

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Baías e Baronis 2010/2011 – Varela

 

foto retirada de fcporto.pt

Época: Começou em grande e foi baixando de produtividade ao longo da temporada especialmente quando acumulou pequenas lesões que o foram afastando da competição. No entanto foi com ele que o FC Porto teve o ataque mais produtivo e eficaz, com o trio que o juntava a Hulk e Falcao a desfazerem defesas por esse globo fora. Notou-se que o cansaço o começou a afectar lá para o meio da temporada, porque os piques eram mais lentos, a intensidade de jogo era mais baixa e o tempo útil que Varela estava em campo era bem mais reduzido do que no início. Houve bastantes jogos em que não merecia ter ficado em campo até ao fim, mas Varela é esforçado e lutador, sem vedetismos nem tiques de arrogância. Os adeptos também sabem disso e por isso apoiam o rapaz até ao fim.

Momento: Escolho dois momentos em vez de um. O primeiro aconteceu cedo mas foi marcante. No jogo da Supertaça contra o Benfica, Varela entrou em grande e fez o que quis em campo. Corria como se fosse o jogo mais importante da vida dele. Se calhar, na altura, até foi. Já o segundo foi vital, porque as condições do lamaçal em que estávamos a jogar e que alguém decidiu chamar “Estádio Municipal de Coimbra” faziam com que fosse quase impossível marcar um golo decente em futebol corrido. Varela rodou, rematou de primeira e fez um golaço épico!

Nota final 2010/2011:

BAÍA

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Baías e Baronis 2010/2011 – Walter

 

foto retirada de fcporto.pt

Época: Foi uma novela do carago no início da temporada, nunca percebi porquê. Walter tem talento mas é óbvio que teve algumas (muitas) dificuldades de adaptação ao nosso futebol e acabou por pagar uma factura muito elevada pelo excesso de peso, já que Villas-Boas nunca teve problema nenhum em encostar o rapaz na bancada enquanto não emagrecesse. Compreendo que seja complicado para um rapaz humilde, que tinha maus hábitos na curta trajectória profissional antes de chegar ao FC Porto, subir a produção ao ponto de se transformar numa opção útil e válida a jogadores que já estão habituados a um ritmo diferente e a uma atmosfera europeia que tem níveis de exigência muito acima do que Walter estava habituado. São problemas que ele parece decidido a ultrapassar e é isso que quero ver na próxima temporada porque esta, apesar dos 11 golos marcados, nunca fez de Walter uma alternativa viável a qualquer um dos elementos do ataque portista a não ser em jogos de menor importância.

Momento: O jogo do ano para Walter. Um hat-trick, ainda que tenha sido contra o humilde Limianos, é sempre algo a festejar e Walter mostrou bom serviço nessa partida. Pena não o ter confirmado no resto da temporada.

Nota final 2010/2011:

BARONI

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