O amante de César

Depois de mais uma extraordinária exibição de retórica mentira de inspiração parlamentar de Rui Gomes da Silva no Dia Seguinte de ontem (se tiverem oportunidade de ouvir, alheiem-se do tradicional “ah mas se fosse o Porto não se marcava falta” e notem a defesa das opções de Jesus no jogo contra o Portimonense quanto ao facto de ser passível de punição disciplinar caso tivesse ocorrido nas últimas três jornadas, como está previsto no regulamento. Priceless!), há que salientar este excelente achado do Templo do Dragão, a ler aqui.

A próxima vez que ouvirem Rui Gomes da Silva a falar, lembrem-se deste artigo.

É como Sousa Cintra dar aulas sobre reciclagem;

É como Jorge Jesus dar formação sobre etiqueta e boas maneiras;

É como Ronald Baroni ensinar jovens avançados a marcar golos;

Já chega. Acho que perceberam.

Link:

Baías e Baronis – União Leiria vs FC Porto

Nem o talento de cinquenta Shakespeares intensamente drogados com substâncias que expandem a mente conseguiriam transmitir emoção sobre este jogo. Foi um jogo-treino num relvado que parecia musgo contra uma equipa paupérrima, a defender no máximo 4 ou 5 metros para lá da sua área, que contou com a perspectiva de um descanso do adversário que já estava a pensar no próximo jogo de quinta-feira para a Europa League. Safámo-nos, depois de muitas não-jogadas, passes falhados e em geral uma peladinha a campo inteiro, através da pata, mais uma vez, de Guarín. Um petardo de fora da área ajudou a acabar o jogo aos 59 minutos. Ponto. Pouco mais se passou no resto da partida e deu para descansar com bola. Limpinho, direitinho. Notas abaixo:

 

(+) João Moutinho Tanto a “8” como a “6”, foi o melhor jogador em campo. Sempre com tino a passar a bola, sempre com a perspectiva quase perfeita da criação de jogo ofensivo pausado e bem construído, como de costume. Não é brilhante como Belluschi, nem extraordinário como Hulk. Mas é o fiel da balança do nosso meio-campo e lidera a equipa como vi poucos homens a fazer no FC Porto.

(+) Laterais Num jogo em que um extremo do Leiria era apenas mais um médio-ala defensivo, tanto Fucile como Álvaro estiveram muito presentes e sempre pressionantes. Fucile foi mais eficaz que o colega do outro lado e apesar de tanto um como outro terem falhado vários cruzamentos, o facto de estarem em permanência no meio-campo contrário ajudou a empurrar ainda mais (o que era quase impossível) a equipa da casa para a sua área. Gostei.

(+) Belluschi Continua a ser o contra-peso não literal de Moutinho, já que os dois numa balança não devem chegar ao número que marca naquela infeliz peça de tecnologia quando eu lá me ponho em cima. Falha passes a mais, inventa fintas para enfiar a “cueca” aos adversários e nunca conseguirá ser um jogador consistente. Mas quando atina com os passes a rasgar e as desmarcações dos colegas, é bonito de ver. Há um passe para Falcao lá para o meio da segunda parte que o nosso nove não consegue meter a bola na baliza que é uma coisa linda de ver.

(+) Guarín Não fez um jogo ao nível de Moscovo, mas foi seguro no meio-campo. Esteve bem no campo físico e quando passou a jogar no vértice direito do losango da segunda-parte, cedendo a posição recuada a Moutinho, mostrou muito mais serviço e acabou por marcar um golaço ao seu estilo. Titular? Depende do jogo.

(+) Adeptos do FC Porto Noite fria, chuvosa, estádio demasiadamente arejado e qualquer coisa como 39 adeptos do Leiria, incluindo o banco de suplentes. O resto? Portistas, sempre a cantar e a apoiar a equipa. Foi bonito de ver e não fossem os habituais e perenemente absurdos petardos, tinha sido perfeito.

 

(-) União Leiria A inovadora táctica de 9-1-0 adoptada por Pedro Caixinha deixa qualquer adepto de futebol a salivar com a perspectiva de um festival de futebol de ataque. Se somarmos a esse audaz esquema a inépcia técnica dos rapazes que entraram em campo com camisolas todas brancas, qualquer cego veria que o jogo ia ser emocionante. Fraquíssimo. São estas equipas que fazem do nosso campeonato uma prova fraca a nível europeu.

(-) Maicon Fez pouco, é verdade. Mas de cada vez que um leiriense se acercava dele, tremia como um chihuaha à chuva na Islândia e deixou-se quase sempre antecipar pelos fracos avançados contrários. Não compreendo a titularidade.

(-) Varela Mais uma nulidade do nosso Silvestre hoje em Leiria. Não está a conseguir atinar nem com a bola, nem com o relvado, nem com os cruzamentos, nem com o mais simples bloco de construção do futebol: o passe. Muito fraco, não está a merecer a titularidade.

O jogo foi um tédio, é verdade. Mas nem todos os jogos podem ser entusiasmantes como o do CSKA, principalmente porque do outro lado estava uma pseudo-equipa que entrou em campo para não perder. Onze rapazes atrás da bola não serão o melhor adversário para uma formação que pretendia vencer sem se cansar e estar fresca (dentro do possível) para o jogo importante de quinta-feira contra os russos. Esse sim, é o jogo vital da semana. Quanto ao resto, os 13 pontos de avanço no campeonato tratam de fazer com que cada jogo até ao FC Porto ser matematicamente campeão seja uma demonstração de relax excessivo e muito pouco apelativo para o público. Por isso venham daí os moscovitas!

Link:

Ouve lá ó Mister – União de Leiria

André, oitavo-finalista!

Já consigo respirar melhor desde o jogo de quinta-feira, André. Aquela primeira parte em Moscovo deixou-me à rasca, pá, ver o Sapu e o Rolas a defender tão bem como o Benítez e o Stepanov foi assustador! Vá lá que a malta atinou na segunda parte e ficamos-te a dever uma porque foste tu que os convenceste que lá por estarem a jogar de amarelo, não era preciso jogarem ao nível de um Estoril ou Gondomar.

E agora voltamos à pasmaceira. Os jogos costumam são mais lentos, mais previsíveis e menos entusiasmantes, mas são sempre para ganhar. Concordo contigo quando dizes que nada está decidido, mas contamos contigo para decidires isto de uma vez por todas! Já sabes que há um fino com o teu nome para bebermos juntos quando formos campeão. É só dizeres onde e a que horas.

São onze pontos de avanço mas a caravana está aí à espera para nos mandar abaixo à primeira falha inesperada. Continua no rumo certo e acaba rápido com isto.

Sou quem sabes,
Jorge

Link:

Guarín by Villas-Boas

“Não é fácil nesta posição vivermos as frustrações individuais de muita gente que quer chegar ao onze inicial e não consegue. É uma coisa que acontece em todas as equipas, há sempre alguém que fica ligeiramente mais triste, uns demonstram-nos de uma forma e outros de outra”

“É muito mais reconfortante saber que se conquista qualquer coisa num ambiente de extrema competição do que baixar o nível para outra equipa, ou para outro campeonato, e ter essa titularidade garantida porque se baixou o nível”

“Baixar de nível é a via fácil para quem quer triunfar na vida, mas quem quer triunfar a valer tem de se manter num ambiente de máxima competitividade e conquistar alguma coisa nesse ambiente.”

“Isso é que tem de alimentar a ambição destes jogadores, sem nunca colocar os objectivos individuais à frente dos colectivos, porque isso não vou permitir. É uma realidade pela qual nós mesmo quando ganhamos sentimos um carinho especial por alguns jogadores e são coisas que nos tocam.”

Villas-Boas em declarações sobre a excelente forma de Guarín e o porquê de não ser titular absoluto

 

Mais uma semana, mais uma conferência de imprensa em que Villas-Boas me cativa. Simples, honesto, justo e correcto. Só falta ser campeão para lhe dar o mérito todo.

Link: