
foto retirada do Record
Vi o jogo sem ouvir os comentários, por isso não me apercebi se a dupla Valdemanha fez o tradicional trabalho de denegrir aquilo que foi uma vitória justíssima num jogo disputado a um nível muito alto. Se a primeira parte terminou a zero, por culpa da organização defensiva do Olhanense e de alguma lentidão na execução principalmente perto da área contrária, a segunda parte mostrou um FC Porto com um futebol implacável, a responder à letra à agressividade positiva de uma equipa do Olhanense que mostrou o porquê do bom campeonato que tem vindo a fazer. Fomos rijos, fomos trabalhadores e merecemos o resultado de uma forma brilhante. Vamos a notas.

(+) Belluschi O golo que marcou fez-me imediatamente lembrar o que tinha marcado aqui há uma dezena de meses contra o Benfica. Domínio de peito e remate por cima do guarda-redes, com força e colocação perfeitas. É capaz do melhor e do menos melhor, mas este ano tem mostrado o valor que lhe apontaram quando cá chegou e que raramente tinha exibido em campo. Luta imenso, trabalha como poucos e é capaz de andar a correr durante todo o tempo que está em campo. Adorei.
(+) Fernando Se Belluschi está a ser o expoente do jogo imprevisível e criativo, Fernando voltou à forma que o notabilizou. Recebe, domina e roda a bola quando a equipa está no ataque; recupera, domina e roda a bola quando a equipa defende. Esteve perto da perfeição hoje à noite no Algarve e ocupa o lugar sem qualquer contestação.
(+) Hulk Não marcou mas trabalhou muito para o ataque da equipa, levou tanta porrada como um puto de óculos numa escola de bairrantes e tentou sempre marcar mas só acabou por assistir Falcao para o segundo golo do clombiano. Rematou mais de dez vezes à baliza e tem de continuar a fazê-lo mas precisa também de melhorar a pontaria que está desafinada como se tem notado nos últimos jogos. O amarelo que levou é justo e impede-o de jogar em casa contra o Guimarães. Espero que a equipa saiba dar a volta ao facto de não o ter em campo.
(+) Falcao Não há dúvidas: com Falcao em campo o FC Porto é melhor. Muito melhor. Inequivocamente melhor. A forma como aparece nos espaços certos nas alturas certas é vital para uma equipa que joga apenas com um avançado no centro do ataque, e por muito que não consiga vencer muitas bolas com a cabeça e continue a parecer-se com Farías na velocidade de execução (é verdade, desculpem, o rapaz é lento), compensa a lentidão com a inteligência e uma finta de corpo que não devia fazer os defesas cair mas o que é certo é que funciona. Dois golos à ponta-de-lança, mais dois do melhor avançado-centro do nosso campeonato.
(+) Intensidade de jogo de ambas as equipas Pensei antes do jogo que este em nada se iria parecer com um jogo europeu como tivemos na passada quarta-feira. Os jogos da nossa liga tendem a ser mais lentos, mais calmos, com menos emoção e um ritmo bastante mais baixo. Nada disso. O Olhanense joga bem, joga rápido e joga prático e Daúto Faquirá, um dos melhores nomes do futebol português desde Marlão Brandão, conseguiu colocar a equipa a pressionar baixo mas intenso, a trocar bem a bola para o contra-ataque e a obrigar o adversário a trocar a bola com velocidade para tentar chegar à baliza. Nós? Respondemos à letra, com um jogo fluido e bem aberto nas alas, com Álvaro e Fucile (na segunda parte) a romperem pelo meio-campo fora em apoio a Hulk e James para aparecerem em posição de cruzamento, Falcao a servir como pivot e Belluschi ao lado de Moutinho a pautar o jogo como sabem. Gostei muito de ver.

(-) Varela Hoje há poucos Baronis, dirão. É verdade, poucos jogaram mal, com uma excepção: o shôr Silvestre. Uma pequena miséria espalhou-se pelo campo com o número 17 nas costas azuis-e-brancas e trouxe infelicidade a quem o viu a “correr”. Tem tido altos e baixos esta segunda parte da temporada de Varela, e este foi talvez o ponto mais rasteiro. Fraco para o 1-contra-1, lento a passar e a mexer no jogo, foi muito bem substituído ao intervalo por um James que mostrou muito mais em 5 minutos que Varela em 45. Tem obrigação de fazer muito mais, porque hoje se tivéssemos entrado em campo com 10 jogadores não se tinha notado a diferença.
Foi um excelente jogo que decerto não terá impacto nos artigos dos jornais e muito menos nas capas. Se é também com jogos como os que fizemos contra o Rio Ave ou o Portimonense que se ganham campeonatos, ninguém contestará que estes dão muito mais gozo ver e vencer. Foi um jogo rijo, bom, rápido, agressivo, com duas equipas a jogar para ganhar e uma delas com mais e melhores argumentos. O resultado aceita-se mas talvez o Olhanense merecesse um golinho para irem para casa mais bem dispostos. É que não mereciam apanhar três batatas em casa por tudo o que fizeram em campo.
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