Baías e Baronis – Napoli 2 vs 2 FC Porto

Há jogos assim. Um gajo passa dezenas de minutos a sofrer, come qualquer coisa à pressa no intervalo, volta a ver o jogo e continua a sofrer. Sofre sempre que o Nápoles envia a bola para as costas de Danilo ou Ricardo, treme quando Reyes reage ainda a medo, quando Mangala sai com a bola controlada e a perde pela lateral, abana todo quando Pandev e Higuaín quebram o fora-de-jogo e desespera com o remate de Defour ao poste. E pela primeira vez desde que me conheço, contive-me na celebração do golo, saltando do sofá com as veias a pulsar no pescoço mas estóico na demanda de não proferir um único som para permitir que o bébé continue a dormir ao lado. O mesmo no segundo, e que golo, e quem é que consegue dormir nesta altura, tu não deves ser minha filha, carago, salta, mulher, salta e grita e levanta os braços e ergue-te em direcção a um céu que parecia tão longe e que afinal está ali pertinho. E sofre de novo. E habitua-te a sofrer, porque vais passar muitas noites a ver o teu pai a sofrer a teu lado, sem perceberes muito bem porquê. Jogos europeus, meus amigos. É outra coisa. Vamos a notas:

(+) Fabiano. Primeiro jogo como titular numa competição europeia, num estádio conhecido pelo ambiente pressionante e hostil para adversários. Acontece isto quatro dias depois do titular absoluto e capitão de equipa se lesionar gravemente. E faz uma exibição deste nível, com segurança na baliza, agilidade nas saídas e acima de tudo a dar confiança e a transmitir calma à defesa. Evitou várias vezes o 2-0 que podia ter sido fatal para o FC Porto e saiu do San Paolo com sensação de dever cumprido, com a titularidade mais que garantida e a confiança dos adeptos. Uma noite simpática, pronto.

(+) Fernando. Foi obrigado a fazer o trabalho de dois (Carlos Eduardo andava a tentar perceber se o jogo já tinha começado e porque é que ninguém o avisou), foi enorme no meio-campo e com a ajuda menos útil de Defour, tapado por dois gigantes turc…perdão, suíços, foi Fernando que conseguiu fazer o possível para segurar aquela zona central que estava muito bem povoada por meninos de camisolas cianas. Prático no corte, eficaz no passe, deve ter marcado pontos para uma eventual saída no Verão…

(+) Ghilas vindo do banco. Jackson está a trabalhar imenso durante as partidas e a bola não chega lá. O desgraçado do colombiano anda a correr de um lado para o outro a tentar encontrar espaços para tabelar com os colegas, mas a bola não chega lá. Salta e luta na área mas a bola raramente chega lá. E depois entra um chaimite argelino, dois toques na bola e pum, golo. E é um pouco disto que estamos a precisar, um jogador mais repentista, com mais presença física e acima de tudo mais fresco. Não contesto que Jackson é melhor que Ghilas em muitas circunstâncias, mas creio que o Nabil já fez o suficiente para merecer a titularidade, pelo menos num ou noutro jogo.

(+) O golo de Quaresma. João Rosado teve toda a razão nos comentários que ia fazendo na SIC. Quaresma entraria como uma luva para o panteão de amor/ódio napolitano se lá tivesse jogado. O golo é soberbo, cheio de pequenos grandes nadas que resultam numa jogada para a eternidade, desde a primeira finta a dois toques, a finta de corpo que tira o adversário do caminho e o remate estupendo de pé esquerdo sem hipóteses para Reina. E continuo a achar que Quaresma está mais lutador, mais esforçado para o bem da equipa e apesar de exagerar nos lances individuais, não acredito que seja possível mudá-lo. Não acreditava da primeira vez que cá esteve e continuo a não acreditar agora. Mas depois sai uma pérola destas. Para rever…e rever…e rever…e continuar a rever.

(-) Carlos Eduardo. O que é que posso dizer sobre (mais) uma exibição deste nível? Carlos Eduardo não merece ser titular do FC Porto neste momento e depois da boa entrada no onze aqui há uns meses, o capital de confiança perdeu-se e a deambulação pelo relvado, escondido dos colegas e longe de qualquer linha de passe, é algo que devia envergonhar qualquer médio criativo. Francamente, o que fez hoje foi o equivalente ao que a minha filha faz diversas vezes por dia. A diferença é que ela tem várias fraldas para mostrar o trabalho realizado.

(-) Varela. Mais um enorme zerinho para o Silvestre, tanto que um amigo me sugeriu mudar a rubrica para Baías e Barelas (boa ideia, meu caro, bem boa!). Ebb and flow, dizem os ingleses, para justificar ciclos de negócio, produtividade ou o movimento das marés. Neste momento está num “ebb” bem fundinho e tem estado lá já há vários jogos, sem perspectivas de poder regressar a um “flow” que nos traga alegrias. Não contesto que o rapaz até tentou, mas tentou muito devagar, sem força, sem capacidade de lutar contra qualquer adversário, desde o diminuto Insigne até ao grandalhão Henrique. Talvez esteja cansado mas se fosse possível espetar com o rapaz no banco um ou dois jogos, era giro.

(-) Falta de agressividade. Ainda há de aparecer alguém a criticar Martin Atkinson por ter permitido jogo duro, várias vezes a roçar a violência, tantas foram as vezes que jogadores do FC Porto foram para o chão depois de confrontos directos com os italianos. Mas foi mais um exemplo da forma como o FC Porto tem vindo a jogar acanhado, sem virilidade, sem velocidade, sem agressividade positiva que nos faça acreditar na força do colectivo durante mais de vinte ou trinta minutos de cada vez. É verdade que as características de muitos dos jogadores do actual plantel não permitem um jogo mais físico e com rapidez acima da média na troca de bola e muito menos na subida no terreno, mas como é que é suposto jogarmos contra Inlers e Behramis que usam o corpo em cada jogada contra os pobres Varelas e Carlos Eduardos?! Com garra, carago, com MAIS garra. Hoje em dia parece que passamos mais tempo a fugir com a bola do adversário em vez de os enfrentarmos olhos nos olhos. Deixa-me triste e ansioso porque cada jogada que começamos a construir parece destinada ao fracasso mal vejo que o adversário está mais célere na zona de pressão e muito mais activo a rodar em posições defensivas do que os nossos próprios jogadores que têm a bola nos pés…


Admito que perdi a esperança ao intervalo, depois da primeira parte fraquinha e medrosa que fizemos. Mas Luís Castro convenceu-me que tudo está perdido só quando se lavam os cestos ou quando a gorda canta ou qualquer um desses clichés entediantes que a malta adora usar. E agora, Porto? Estamos nos oito melhores…só não quero o Benfica nos quartos. Juro que prefiro a Juve com dez Pirlos e um Buffon.

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Ouve lá ó Mister – Nápoles

Estimado Professor,

Aqui há pouco mais de um ano, estava Vitor Pereira semi-firme no comando da ponte de controlo do Dragão, recebemos o Málaga nos oitavos de final da Champions. Fizemos um jogo muito bom, com excelente futebol, oportunidades a rodos mas alguma dificuldade em furar a defesa bem estruturada dos espanhóis. Vencemos por um magro 1-0, que nos deixou a temer o que poderia vir a acontecer na segunda mão, num estádio adverso com o apoio do público local a cascar nos lombos dos nossos muy nobres rapazes e todos receávamos que se não aguentássemos a primeira parte da partida, estaríamos a caminhar para um tenebroso túnel onde a única luz seria a de um combóio que certamente nos esfrangalharia as hipóteses de passagem à próxima eliminatória. Na altura foi Defour que deitou tudo a perder, com uma expulsão que teve tanto de parva como de inútil e que deixou a malta cabisbaixa a olhar para o resto das equipas que seguiram em frente com uma sensação de dever não-cumprido. Na altura escrevi como antevisão ao jogo: “um jogo que vai ser difícil, contra um adversário matreiro e dinâmico, que nos vai tentar fechar todas as possibilidades de avançarmos em frente na competição. (…) Temos de ser fortes, Vitor, temos de ter as lanças afiadas, as soqueiras bem carregadas e as biqueiras de aço firmes na ponta das botas. E vamos mostrar que não há Málaga que nos meta medo, porra!“.

Há muitas semelhanças entre este jogo e esse de Fevereiro de 2013 e se mudares o nome do clube naquela última frase, o sentimento é exactamente o mesmo. A diferença, este ano, é que não temos mesmo nada a perder, porque o campeonato já parece uma longínqua miragem e o resto das competições pouco mais trazem que algum prestígio em caso de vitória mas um grande nada se formos eliminados das duas Taças que ainda nos faltam disputar, ainda por cima contra o Benfica. Por isso, sem querer pressionar o grupo que o meu caro amigo agora lidera, a verdade é que as fichas estão empilhadas em cima do quadradinho que hoje tem o San Paolo em fundo e Nápoles como destino. Tem de ser um jogo de bom nível, bem acima do que fizemos em Alvalade, mas acima de tudo terá de ser um jogo em que ninguém pode inventar. Nem os avançados, nem os médios e muito menos os defesas, porque estes gajos já mostraram que com um bocadinho mais de sorte podem-nos começar a tramar a vida antes sequer de entrarmos no jogo a sério. Mandem as bolas para a bancada, rematem de longe, acertem-lhes nas pernas, mas impeçam que cheguem perto da nossa área com a força de homens que todos queremos acreditar que são. E vamos passar esta treta à frente para podermos sorrir mais um bocadinho. E estamos todos a precisar de sorrir, não acha? Eu acho que sim.

Vamos lá, malta!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Napoli

Enquanto passeava pelos arredores do Dragão, nas horas que antecediam a partida, acompanhado por um grupo de vários lusos e quatro americanos, que por cá andam a trabalhar no mesmo sítio que eu e que acedi a acompanhar até ao jogo, ia vendo o ambiente e dizendo aos estrangeiros: “não me parece que seja um jogo especialmente bonito e bem jogado. vai ser duro mas acho que vão achar que a atmosfera dentro do estádio vai ser morna e que o jogo em si não vai ser nada de especial.”. Estava, como é hábito, completamente equivocado. Foi um jogo tenso, difícil, com um Nápoles firme e prático nas trocas de bola e com extrema facilidade em lançar bolas nas costas dos nossos defesas. Mas o FC Porto, este FC Porto de Luís Castro que começa a mostrar algo de diferente do de Fonseca, este FC Porto parece diferente, mais audaz, mais inteligente e acima de tudo muito mais lutador. Fomos homens, hoje, fomos gente a sério e conseguimos uma vitória (a primeira na Europa este ano) com alguma sorte e azar à mistura para os dois lados mas que nos pode embalar para um final de época bem melhor que o arranque. Vamos a notas:

(+) Defour. Aplaudi-o de pé quando Luís Castro o tirou e fez entrar Herrera, que o afastou do onze durante muitos (demasiados?) jogos. Steven esteve em grande, a lutar todo o jogo num meio-campo que foi mais móvel pela sua presença. E que presença, amigos, porque o estupor do tolinho andou a correr em todo o lado como se Derlei e Lisandro tivessem sido juntos e fechados num invólucro de chocolate belga. Esforçou-se imenso e deu o impulso de força e de combatividade que o nosso meio-campo tão desesperadamente precisava há alguns MESES a esta parte. Os últimos dois jogos que fez pelo FC Porto foram talvez os melhores que já o vi a fazer com a nossa camisola e só espero que as pernas aguentem e este derradeiro push do rapaz para ser convocado para o Mundial seja premiado com o mérito que ele está a fazer por merecer.

(+) Espírito de sacrifício e luta. Já tinha saudades de ver um FC Porto a fazer pressão, não muito alta mas constante na intercepção de linhas de passe e acima de tudo no posicionamento e reposicionamento do meio-campo (a defesa é outra história e vai dar muito mais trabalho a reestruturar, táctica e mentalmente) mas também na entre-ajuda das peças no relvado. Apesar de Carlos Eduardo parecer um elemento perdido quando temos a bola e Varela ter estado num jogo diferente dos colegas, o resto da equipa esteve sempre a um ritmo muito alto e sem fugir às responsabilidades de uma eliminatória europeia contra um dos melhores clubes desta competição. Estaremos a recuperar o “velho” FC Porto? O tempo o dirá.

(+) O público do Dragão. O Dragão não encheu, longe disso, mas a forma como o público apoiou a equipa desde o início do jogo foi notório, como se uma nova simbiose estivesse a ser encontrada entre equipa e adeptos, muito por culpa dos jogadores e da forma como o treinador mostrou que queria vencer o jogo por mais que um golo, mostrando-o bem nas substituições que fez. O povo gostou e mostrou que percebe o estado da equipa, apoiando-os sempre que um lance do Nápoles causava mais perigo para Helton (bom jogo apesar de uma ou duas tradicionais parvoíces que o capitão tende a cometer em jogos europeus) e incentivando o grupo nas saídas para o ataque. Houve muitas bolas trocadas entre os laterais e não ouvi um único assobio. Gostei.

(+) Reina. Vai. Defender. Ao. Caralho. Se não fosses tu, o Fernando tinha marcado um golo extraordinário, meio segundo depois de eu gritar: “não chutes, foda-se!”. Chutou. E o ‘panhol defendeu. Cabrón.

(-) Varela. Esteve em campo? Não o vi, sinceramente, porque estava tão entusiasmado a ver o FC Porto a movimentar-se tão bem com as peças distribuídas elegantemente no relvado, que nem percebi que Luís Castro o trocou com Quaresma a meio da primeira parte para ver se Silvestre conseguiria fazer alguma coisa de jeito com Danilo pelas costas (e para que o cigano deixasse de se desentender com um brasileiro…para se começar a desentender com o outro). Não funcionou muito bem e Varela passou quase completamente ao lado do jogo. Temo que possa ter passado mais um dos tradicionais picos exibicionais que duram 3 ou 4 jogos, para termos um Varela trapalhão, lento e complicativo durante mais 4 ou 5. Espero que não, caso contrário mais vale colocar lá Ghilas, esse Zamboni argelino que corre como uma debulhadora mas…ao menos corre.

(-) Carlos Eduardo. Passou tempo demais preso de movimentos, sem procurar a bola e escondendo-se no meio dos jogadores de amarelo como se tivesse medo de mostrar a tromba para ser visto por um colega. Continuo a não gostar de o ver a 10, apesar dos bons dois primeiros jogos que aí fez e acho que teria a ganhar se jogasse como 8…mas com Defour a jogar desta maneira ninguém o tira da equipa.

(-) Tantas falhas. Não critico as oportunidades falhadas, algumas por azar (Quintero), outras pelo cabrón do Reina (Fernando e Jackson). Critico o tempo excessivo para reposicionamento das unidades defensivas, critico a incapacidade de entendimento entre Quaresma e Danilo, critico os passes centrais de Maicon, critico as distracções de Mangala e critico também as imbecilidades pontuais de Helton, que deve sonhar em aparecer no Watts da Eurosport ou em compilações de “Piores erros de guarda-redes” no youtube. Há melhorias na equipa e são nítidas pelo futebol que apresentamos hoje, mas há ainda muito caminho a percorrer até que possamos falar de uma equipa consistente ofensiva e defensivamente. Especialmente esta última.


Um-zero não é um excelente resultado mas se tivermos em conta as oportunidades claras que houve para ambos os lados, foi bem melhor que um putativo 3-2 ou 4-3. E a verdade é que se conseguirmos jogar em Nápoles com esta força e a capacidade de manter a bola nos pés…e se marcarmos um golinho antes deles…podemos perfeitamente passar aos quartos de final. Who’d have thunk it?

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Ouve lá ó Mister – Nápoles

Estimado Professor,

Está a ser uma quinzena que estou certo tao cedo não irá esquecer. A promoção, ainda que temporária, a técnico principal da primeira equipa do “seu” clube, a estreia num jogo em casa com uma vitória por quatro batatas viçosas contra um tubérculo mijão e agora vai poder debutar as suas chuteiras europeias contra uma das equipas mais fashion do velho continente. É o cabelo do Hamsik, a velocidade do Callejón, o jogo de área do Higuaín, a inteligência do Mertens, a matreirice do Pandev, a sorrateirice do Insigne e a força do Inler. É só nomes, só malta conhecida e que nos vai tentar lixar a vida ao máximo. E nós, com a sua ajuda, cá estamos para lhes fazer frente.

Já reparei que não convocou Josué nem Kelvin. Não posso dizer que esteja surpreendido, afinal quer-me parecer que a equipa-base vai ser a mesma que jogou contra o Arouca, com Mangala a voltar à raíz e Alex Sandro pela esquerda. E aprovo, mas é preciso mais. Temos sido tenrinhos nos jogos europeus e qualquer meia-equipa parece que nos encara com alguma facilidade apesar do nome que arrastamos. É que os nomes, meu caro, já não chegam para ganhar jogos, e se em campo não colocarmos o nosso melhor futebol, tenho a certeza absoluta que vamos sair do Dragão com o rabinho firme entre as perninhas e a cabeça prostrada sob o jugo de mais uma pequena grande derrota. Só lhe peço uma coisa, para lá da motivação que vai sem dúvida transmitir aos seus jogadores: não sofram golos. Por favor não sofram golos, mesmo que marquem poucos ou, que diabos, nem que não consigam marcar nenhum! Nestas andanças um zero-zero vale muito mais que um dois-dois e como já viu, este ano a equipa parece que está cheia de tremeliques quando a bola passa a linha que está atrás do Helton. Nem que seja preciso mandar a bola para a bancada de cada vez que lá chegue perto, esqueça o bonito e o estético e opte pelo prático.

Vou lá estar, como de costume, e conto consigo. Não deixe os rapazes ir abaixo da mona e convença-os que sabem muito mais do que têm mostrado. Vamos equipa!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Emirates Cup

No final do torneio, que acabámos por quase vencer (bastava que um dos penalties tivesse entrado…), fiquei com a sensação que temos hipótese de ser uma equipa, mas ainda não para já. Já estou habituado a que o FC Porto faça pré-épocas com ritmos mais relaxados, sem excitações em demasia e a trabalhar para atingir o pico numa altura mais avançada da temporada, e esta não foi muito diferente nesse aspecto. E gostei muito de algumas coisas, muito pouco de várias outras, mas resumindo toda a competição, aproveitando para juntar o resto da pré-época num simples balanço de positivos e negativos aqui em baixo. Vamos a isso:

(+) A importância de ter um “Fernando”. Sempre que vejo o “polvo” assusto-me ao pensar que podemos vir a ficar sem ele a qualquer dia. É verdade que o meio-campo formado por Castro e Defour (em alternativa temos Josué e Herrera) em vez de qualquer um dos anteriores) poderia funcionar contra grande parte das equipas que vamos defrontar cá dentro, mas para jogos mais a sério…é uma riqueza ter um jogador do seu nível. Talvez Defour seja a opção mais válida para o substituir, ganhando em passe o que perde em força, mas Fernando prepara-se, ficando, para ser mais uma vez um jogador pivotal no plantel. Contra o Galatasaray fez muita falta na altura em que era necessário tapar o centro do terreno com o seu “sósia” Felipe Melo a fazer o que queria do nosso meio-campo. Regressou contra o Nápoles em grande.

(+) Actualmente, a defesa é o sector mais forte da equipa. Otamendi foi talvez o melhor jogador de toda a pré-época do FC Porto, mas esteve muito bem acompanhado por Alex Sandro e Mangala. Danilo alternou o génio com a indolência do costume e Fucile parece estar a melhorar (o jogo com o Nápoles foi muito bom). As alternativas que jogaram no primeiro encontro, Maicon e Abdoulaye, não fizeram má figura, e mesmo Reyes, que está ainda “encostado”, parece ter já qualidade para fazer alguns jogos. É verdade que estamos a abusar com apenas três laterais de origem, mas já sabemos que Maicon pode fazer a lateral direita (ou até Ricardo, se ficar no plantel) e Mangala a esquerda, por isso é um problema gerível e se o treinador assim optar para poder ter um plantel mais controlado em número e em opções, so be it.

(+) Qualidade técnica do plantel mais alta. Sim, é verdade que saíram James e Moutinho e o nível de qualidade perdeu uns enormes quilos ou litros ou libras ou lá qual é a unidade de “qualidade técnica” que quiserem inventar. Mas entraram Quintero, Herrera, Josué e Carlos Eduardo, todos eles médios com criatividade acima da média e talento que chegue para calçar as mesmas botas dos antigos 8 e 10 para conseguirem, a médio prazo, fazer com que a equipa consiga carburar com o seu talento próprio. Há elementos que entraram também este ano que não serão headliners no concurso mundial de talento e técnica para a bola, casos de Ricardo, Ghilas ou Licá, bem como o regresso de Fucile e Iturbe, mas que podem fazer com que a equipa volte pelo menos aos níveis de controlo e rotação de bola que teve a espaços no ano passado, especialmente fazendo com que não tenhamos problemas em olhar para o banco e possamos escolher alguém de jeito para mudar algo no ataque.

(-) Há qualidade nos reforços…mas há qualidade para jogar já? Gostei de Josué no meio, detestei-o na linha. Gostei de Quintero no meio, mas achei-o muito confiante e a proteger mal a bola. Hesito perante Kelvin e Iturbe, ambos tecnicamente bons mas indecisos nas alturas mais importantes. Ricardo está a ser testado como lateral na eventualidade de Danilo, Alex Sandro e Fucile estiveram lesionados (laterais do FC Porto: Ricardo e Mangala…pensem nisso.), Tiago Rodrigues deve ser cedido, Herrera ainda não tem ritmo e os dois que vieram do Estoril, Licá e Carlos Eduardo, parecem nervosos em demasia para serem opções imediatas. Com a saída de James e Moutinho, apostaria rapidamente em Defour no centro porque é o que tem mais experiência para poder assumir a função com o mínimo de perda para o jogo de equipa. Para o lugar de James, é mais complicado e depende do tipo de jogador que Paulo Fonseca quiser. Pessoalmente, punha as fichas em Juan Iturbe, pelo menos para começar a época. Parece-me o mais dinâmico e interessante de todos no presente momento.

(-) Bolas paradas ofensivas, não só pelos penalties. Acabámos por quase vencer este torneio, bastava que um dos penalties tivesse entrado e tínhamos ganho esta treta. A jogar devagar. Sem grandes parangonas, com o nome que levámos a Inglaterra a ser perenemente ignorado pelos bifes e outros que tais. E um único penalty marcado pelo adversário, que esteve ao nosso alcance por duas vezes, fez com que não conseguíssemos sair do Emirates com a taça na mão. É isto que tem de estar na cabeça dos jogadores quando vão marcar um penalty, seja lá quem for o marcador de serviço nesse dia. É para marcar e mais nada. Visualizar o objectivo, imaginar a bola no fundo das redes, partir para a marcação e enfiar a redondinha lá dentro. Até pode ser o Fernando a marcar, quero lá saber, tem é de ser um gajo com condições técnicas mas acima de tudo mentais. Jackson e Lucho já falharam penalties a mais. E para lá dos penalties, é preciso trabalhar os livres e os cantos, tanto na movimentação ofensiva como na própria marcação. Treino específico exige-se pronto.


Falta uma semana para começar a época…acham que estamos prontos?

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