O Clássico visto lá fora

It was a fantastically open game, and Pereira came out on top with his brave substitution.
http://www.zonalmarking.net/2012/03/02/benfica-2-3-porto-tactics/

(…) there was a noticeable bloody-mindedness about Porto throughout the 90 minutes – on this occasion, the Dragons were not to be denied. Dead and buried less than a month ago, they now find themselves in the driving seat for the 2011/12 title.
http://www.portugoal.net/index.php/more-liga-sagres-news/31754-benfica-2-3-fc-porto

Los visitantes recuperaron aire y atacaron por el flanco de Hulk, a quien la afición del Benfica dedicó abucheos susceptibles de ser racistas (…)
http://www.marca.com/2012/03/02/futbol/futbol_internacional/1330727990.html

James, que regresó hoy mismo de un largo viaje después de representar a su selección, recibió en la medular, avanzó en zig-zag cerca de 30 metros, combinó con Fernando y ejecutó un soberbio remate con la zurda que restauró la igualdad.
http://www.as.com/futbol/articulo/james-da-liderato-oporto-amarga/20120302dasdasftb_50/Tes

El fulgurante inicio del Oporto tuvo sus frutos a los seis minutos, cuando Hulk recibió en el vértice derecho del área rival, recortó hacia dentro al lateral Emerson y ensayó un zapatazo que no encontró réplica en Artur Moraes. El gol hizo justicia al actual campeón.
http://www.mundodeportivo.com/20120302/futbol/2-3-el-colombiano-james-da-el-liderato-al-oporto-y-amarga-al-benfica_54263279633.html

Au terme d’une rencontre riche en rythme et en jeu, les Aigles, réduits à dix après l’expulsion d’Emerson (77e), ont donc laissé leurs adversaires prendre seuls les rênes du championnat, avec trois longueurs d’avance.
http://www.lequipe.fr/Football/Actualites/Le-plus-beau-c-est-porto/267612

Um jogo emocionante em Lisboa e a confirmação de que o Estádio da Luz é o “salão de festas” do Porto.
http://www.lancenet.com.br/minuto/viradas-Porto-vence-Benfica-dispara_0_656334516.html#ixzz1o148PpM0

Parecia que o dia era do Porto e que a bruxa tinha razão. A defesa do Benfica estava desatenta, entragando a bola com facilidade para os atacantes portistas.
http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/futebol-portugues/noticia/2012/03/porto-vence-o-benfica-e-assume-lideranca-isolada-do-portugues.html

Link:

Baías e Baronis – SL Benfica 2 vs 3 FC Porto

retirada de desporto.sapo.pt

Acabou o jogo. Salto, com braços erguidos no ar, a voz rouca a ecoar nas paredes do restaurante onde estava e os gritos eufóricos (fica o pedido público de desculpas a quem se tenha sentido ofendido com frases como: “a tua mãe havia de ter um avc, meu filho da puta!” mas não me consigo controlar, mea máxima culpa) depois de uma vitória épica a invadirem o panorama auditivo da cidade. Ganhámos. Graças a uma combinação quase perfeita de querer, de garra, de alma e de “nunca nos digam que esta merda está perdida porque ainda estamos vivos, caralho, e vamos estar vivos até ao fim!”, fomos a Lisboa arrancar três pontos da segunda melhor equipa em Portugal. E que jogo foi, meus amigos, com o resultado a saltar de um lado para o outro, luta leal pelo resultado, disputa até ao fim e uma vitória que nos assenta bem mas que podia tão facilmente ter tido um final completamente diferente. Valeu-nos a vontade de vencer e a coragem de Vitor Pereira, que vinte jogos depois decidiu afirmar a todo o mundo: “Olhem para mim, porra! Vejam o que eu sou capaz de fazer! É para ganhar? Vamos lá, cambada, vençam!”. Épico. Inesquecível. Siga para as notas:

 

(+) Os jogadores do FC Porto Não acreditava na vitória antes do jogo, palavra. Durante o dia, sempre que me perguntavam como é que achava que ia correr o jogo, só dizia: “Pá, não sei. Não estou confiante, admito”. Errado. Tão errado estava. Desconfiei de vocês e hoje provaram que estava enganado. Porque hoje foram heróis. Porque hoje, ao contrário do que já fizeram em tantos jogos, não se importaram em estar a perder contra uma excelente equipa. Porque apanharam uma primeira facada num golpe de sorte e uma segunda facada, bem mais profunda, num lance de bola parada bem apontado. Mas nunca desistiram. A imagem de cima mostra tudo, revela a união, a força de um balneário, a junção das vontades de todos para criarem a emoção da turba que vos apoia, que vos idolatra, que vos ama. A energia que colocaram em campo nas transições, na cobertura defensiva e passagem para o contra-ataque, nas bolas paradas e corridas, na intensidade do contacto com o adversário, na alma que precisam de mostrar para vencer um jogo destes…heróis, enormes, gigantes, deuses. A enorme mol portista que falará do vosso feito nunca vos esquecerá. E provaram hoje que são homens. Que conseguiram subir ao zénite e ficar por lá a apreciar as vistas. Hoje dormirei feliz por vossa causa.

(+) Os gigantescos testículos metafóricos de Vitor Pereira Cinquenta e oito minutos de jogo. Olho para a televisão e não acredito: sai Rolando, entra James. Em conversa com um amigo disse-lhe repetidamente que James não era a melhor escolha, que ainda não me parecia que tivesse fibra para estes jogos, que não ia resultar. E o demente do nosso treinador, quiçá possuído do espírito Adriaansiano, toca de enfiar Djalma a defesa-direito e James na frente por trás de Janko. Loucura, pensei. O homem está a arriscar a carreira em dois números que enviou ao quarto árbitro. E fê-lo, com uma coragem tão férrea como a Ponte D.Luiz, e ganhou. E a substituição de Moutinho, que adivinhei por ser mais que esperada, ainda mais risco trouxe, porque mostrou ao Benfica: “Estão a ver isto? É para ganhar, amigos, nós estamos aqui para ganhar o jogo!”. E o golo aparece. Vitor Pereira grita. Eu também. E respeito a força de vontade, a resolução granítica de pugnar pela vitória. Eu não teria tido a coragem de fazer a primeira substituição, quanto mais a segunda. Ele teve. E é por isso que lá está. Parabéns, Vitor.

(+) Maicon Simples. Prático. Eficaz. Dominador. Controlador. Marcador. Vitorioso. Nosso. Maicon está a ser uma excelente surpresa não só pela qualidade de passe e pelo controlo emocional durante o jogo (juro que se fosse eu que tivesse tido o Gaitan com a cabeça colada à minha tinha-lhe dado uma cornada de tal força que o mandava procurar o nariz na nuca), mas principalmente pela evolução que tem vindo a mostrar. “É o próximo senhor trinta milhões”, disse-me o meu amigo ao lado. Não sei. Mas que está nitidamente a crescer como jogador, não tenho dúvida.

(+) O golo de Hulk Só tenho uma pergunta: porque raio não tens tentado fazer isso mais vezes nos últimos jogos?!

 

Não há Baronis hoje. Até Jesus merecia um semi-Baía pela audácia na entrada de Rodrigo em vez de Aimar, mas optei por não o fazer. A glória é nossa e quero saboreá-la na totalidade. Ainda assim, para ser justo, é verdade que o golo da vitória é irregular porque Maicon está em fora-de-jogo. Mas é difícil de marcar e nestes casos, como sabem, dou sempre razão ao bandeirinha (podem inventar seiscentos nomes diferentes para a função, continuarei a chamar “bandeirinha”). No entanto, a vitória é justa pelo que conseguimos fazer depois dos momentos-chave do jogo. O golo de Hulk é um portento, a recuperação depois dos dois golos seguidos do Benfica é notável e a forma como soubemos manter a bola em nossa posse depois do 3-2 é prova que estes rapazes, quando querem, sabem jogar futebol do bom. Se não o fizeram num passado recente…já são outras histórias. Saímos de Lisboa (para não mais lá voltar neste campeonato, felizmente) com três pontos de avanço e vantagem no confronto directo. Voltamos a depender só da nossa própria performance. Não estava a contar. Estou feliz. Estou muito feliz.

Link:

Ouve lá ó Mister – Benfica


Amigo Vítor,

Cá estamos. Esta época já teve tantas finais antecipadas que me parece estar a ver uma longa eliminatória de Roland Garros entre o Djokovic e o Nadal. Sim, é isso, uma comparação com ténis. Porque temos andado a bater bolas com força contra uma parede e algumas já nos bateram na mioleira com tanta força que nos deixaram a todos sem fôlego e com alguns danos permanentes. Mas este jogo, Vitor, este jogo…é mais uma delas.

Estou convencido que a maioria dos portistas está convencida que vamos perder, por muito que não o digam da boca para fora. O resto da malta divide-se. Os que acreditam na vitória vão cantando antes do tempo, com a barriga cheia de ar e os insultos prontos para rebater os assobios. E depois há aqueles que querem acreditar mas que racionalizam o seu pessimismo natural e não se decidem por um palpite. Estou neste último grupo, como já deves ter percebido.

Só te peço uma coisa, independentemente dos fulanos que decidires que vais fazer subir ao relvado da Luz. Quero que ponhas naquelas cabecinhas que eles são capazes de ganhar, porque às vezes parece que só lhes falta isso. Lembras-te do ano passado? O 2-1 que acabou no apagão? O 3-1 que nos pôs no Jamor? Essas, Vitor, essas foram as duas grandes vitórias da época, mais até que o 5-0 e a final de Dublin. Ir ao campo do rival e ganhar é de homem, pá. É de grande homem.

E nós, os portistas que vamos ver o jogo à distância, seja nas bancadas ou via têvê, não te exigem a vitória. Ninguém te exige a vitória. Mas queremos que os jogadores a exijam a eles próprios. Ninguém exige que sejam brilhantes. Basta que sejam eficazes. Ninguém exige que joguem bonito. Chega que joguem prático. Ninguém exige que sejam heróis. Só queremos que tentem ganhar.

Tentem ganhar. Ousem ganhar. Ganhem.

Sou quem sabes,
Jorge

 

APOSTAS PARA HOJE NA DHOZE:

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Olá, o meu nome é Jorge e vivo com uma benfiquista

Sei que soa como uma introdução a um grupo de reuniões de “anónimos”, desde viciados em jogo a alcoólicos, passando por dildoólicos ou fãs-do-Michael-Bolton. Estes últimos recomendam-se que permaneçam anónimos por razões óbvias. Mas é a mais pura verdade. Vivo na mesma casa com a minha mulher (ia dizer “companheira” mas soa-me demasiadamente frio e “implicitamente unida de facto” ainda mais absurdo, por isso desta vez opto pela white lie) e como deve ser fácil de perceber, o ambiente que rodeia um Benfica vs FC Porto é electrizante.

Entendemo-nos muito bem, eu e a minha concubina. Há carinho, empatia, interesses similares e álcool, tudo que é necessário para uma relação funcionar. Até quando falamos de futebol, desporto que ela aprecia particularmente, não ao ponto de parar para ver um Osasuna-Bétis mas quando joga o Benfica lá está ela em frente à televisão para apoiar os seus rapazes, como deve ser. É adepta, vibra e grita com o orgulho natural de uma fã de um clube grande e admiro-a por isso. Já não é a primeira vez que reclama comigo: “Olha, hoje os nossos vizinhos são do Setúbal desde pequeninos, da maneira que celebram as jogadas dos gajos!”, quando o Benfica joga contra os sadinos. Era giro, se não fosse tão verdadeiro. Ainda a tentei evangelizar uma vez e levei-a ao Dragão para ver um jogo, pensando eu que a imponência das bancadas pudesse fazer com que abdicasse dos seus princípios. Nada feito. Ainda por cima enfiámos 5-1 no lombo da Académica e ela nunca mais quis ouvir falar nisso. Só vai ao estádio ver a Selecção e ponto final. Dá azar, diz ela. Pois.

Em dias de Clássico jogado na Invicta, as opções são limitadas para mim e totalmente abertas para ela. Eu estou no Dragão a não ser que tenha sido atropelado por quarenta búfalos drogados com anfetaminas. Ela…faz o que quiser. Fica em casa, convida os amigos, a família, os vizinhos, não me preocupa. Mas quando movemos o local do jogo uns trezentos kms para sul…a coisa é mais difícil de resolver. Porque ambos queremos ver o mesmo jogo e apesar dela ser bem mais racional que eu, aqui o menino já sabe do que a casa gasta e quando um gajo se enerva numa partida destas – note-se o uso da expressão “quando”, não “se” – o mais provável é dizer coisas que na altura saem da boca para fora e depois o arrependimento vem sempre tarde demais e está o caldo entornado para uns largos dias.

Então até o ano passado tinha uma regra: não víamos Benficas vs Portos juntos. Saía eu ou saía ela, mas era uma missão para manter a estabilidade emocional do casal intacta. Quando regressávamos ao conforto do lar, a conversa era animada mas sem alfinetadas para lá do normal, um a relembrar os lances, outro (com o dedo firmemente apontado para mim) a queixar-se da arbitragem e os dois a rir do Sporting. Empatia, como disse.

Em 2010/11 quebrei essa regra por duas vezes. Duas vezes fomos à Luz, duas vezes vi o jogo aqui neste mesmo sofá onde escrevo este texto. E fi-lo por dois motivos radicalmente diferentes decorrentes do mesmo estado de espírito: em ambos os jogos a pressão estava do lado deles. Se não ganhássemos o jogo do campeonato, tinha a certeza que mais semana menos semana o título era nosso. Na taça, a derrota no Dragão deixou-me de tal maneira convencido que não tínhamos hipótese de nos qualificarmos para a final que não me preocupava muito se perdêssemos e para além disso o que me interessava mesmo era a final de Dublin porque o campeonato já cá cantava. Duas vezes fomos à Luz, duas vezes saímos de lá vencedores. E eu aqui em casa, todo contente, mas a ver o olhar deprimido da rapariga, a lamentar Maxis, Aimares e Cardozos, com a tristeza imensa de quem vê um dos rivais a ganhar nos próprios domínios. Já por lá passei e sei o que custa.

Este ano vou voltar à regra. Verei o jogo fora de casa, rodeado de portistas. Estaria bem em casa porque com ela estou sempre bem, mas desta vez sinto que estarei mais à vontade sem ter de limitar a linguagem e o volume. Porque algo me diz que vou precisar da minha voz e de todo o vernáculo nortenho que me vier à cabeça. Para o bem ou para o mal. Amén.

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Apoio. União. Força.

É altura de nos unirmos. Portistas, dos mais velhos aos mais novos, é altura de nos unirmos.

Esta semana, não interessam as opções do treinador.
Esta semana, não interessam as opiniões pessoais, as preferências por jogadores ou estratégias.
Esta semana, não interessam críticas, suspeições, insultos, infortúnios e contestações.
Esta semana, não interessam ódios, questões tácticas ou nuances técnicas.
Esta semana, não interessam cronistas, não interessam bloggers, não interessam opinadores.

Esta semana temos de estar unidos, com armas apontadas à Luz. Prontos para vencer. Prontos para ganhar. Prontos para cantar.

Unidos.

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