Baías e Baronis – SC Braga 2 vs 1 FC Porto

foto retirada de desporto.sapo.pt

Acontece sempre a mesma merda e não há maneira de conseguir dar a volta a isto. Começo a ver um jogo do FC Porto na Taça de Portugal e no início nem estou muito preocupado, imaginem que até jantei antes do jogo e tudo, tal era a despreocupação com qualquer tipo de desarranjo estomacal que já aconteceu noutras circunstâncias e especialmente noutras competições. E o que se passou hoje não foi diferente, porque pouco tempo depois do jogo arrancar já estava a festejar o golo, a gritar para o Miguel Lopes deixar de ser louco e a insultar o Mossoró. Chateou-me perder este jogo por vários motivos. Pela derrota em si, que de si já é mau num jogo do FC Porto; por ter acontecido da forma que se viu, com algum azar e pouco discernimento; mas principalmente porque podíamos ter feito mais quanto a isso. Não há garantias que a primeira equipa tivesse conseguido vencer como no fim-de-semana passado, mas teríamos tido melhor hipótese de controlar o jogo ao passo que com a equipa alternativa (e jovem) que Vitor Pereira apresentou…não era tão fácil. Enfim, restam-nos três competições mas tínhamos todas as condições para estarmos ainda em quatro. Vamos a notas:

 

(+) Defour Muito forte na marcação no meio-campo, a fazer frente a Custódio no campo da recuperação da bolas mas principalmente a funcionar como principal homem na rotação da bola para a endossar para James na melhor condição possível para que o colombiano conseguisse fazer o que habitualmente faz. Raramente o conseguiu, mas o belga passou o jogo todo a trabalhar para a equipa, escondido das luzes da ribalta mas constante na capacidade de trabalho e organização do meio-campo, bem escudado por Fernando e adjuvado por Castro, mais lutador mas quase sempre menos claridivente.

(+) Castro Começo como acabei o parágrafo anterior. Castro é lutador mas quase sempre menos claridivente que os colegas de equipa, mas é um elemento que pode ser muito útil em vários jogos e hoje foi um deles. Teve algum azar em ser expulso mas o segundo amarelo acaba por ser bem exibido tendo em conta o critério seguido ao longo da segunda parte. Até então, Castro foi um elemento em permanente actividade, talvez acertando vezes demais nas pernas dos adversários do que devia. Lutou, é verdade, mas tem de ter um bocadinho mais de calma quando já tiver um amarelo no lombo…

(+) Otamendi e Mangala À imagem do que tinham feito no jogo do campeonato, tanto um como outro estiveram muito bem, com Otamendi num nível ainda superior quando comparado com o colega do lado esquerdo da defesa. O argentino continua em excelente plano tanto na intercepção como na saída com a bola controlada (com uma ou outra falha), e o francês persiste na rigidez defensiva, no bom controlo de bola e insiste em juntar-se à frente para ajudar o ataque sempre que pode. Infelizmente nenhum dos dois conseguiu evitar os golos do Braga mas não tiveram qualquer culpa em nenhum deles.

 

(-) Kleber e Atsu Estou farto de Kleber. E nem se trata tanto da incapacidade de conseguir enfiar uma bola na baliza, mas pela nulidade de produção para a equipa que o brasileiro insiste em apresentar quando é chamado à titularidade. O golo contra o Nacional foi apenas isso, um golo, mas se olharmos para as correrias que faz durante o jogo, quase sempre sem direcção planeada, a fazer uma pressão sobre o adversário que não era aceitável num meiinho de escola. Mau poder de salto e inteligência táctica para perceber quem deve municiar quando está de costas para a baliza. Acabou, rapaz, perdeste o pouco capital de confiança que ainda tinhas comigo. E Atsu hoje perdeu vários pontos na luta pela titularidade e deu-me razão quando digo que ainda não é “jogador” suficiente para lutar contra Varela pela titularidade. Lento, nervoso, incapaz de resolver um lance com força e determinação e simplesmente passando a bola para trás, sempre para trás. Falhou uma prova importante.

(-) O auto-golo de Danilo É só mais um exemplo da displicência com que Danilo faz o “approach” à grande maioria dos lances durante um jogo. O meio-termo de Moutinho ou Lucho é o ponto perfeito da aplicação da força adequada aliada à concentração na recepção de bola e no passe subsequente com a consideração quanto ao melhor ponto de destino da mesma. E Danilo não parece estar nem atento nem concentrado nem preocupado com nenhuma delas. Já dura há muitos jogos esta forma desleixada com que vejo o titularíssimo defesa-direito (quem viu jogar Miguel Lopes hoje percebe o porquê de ser suplente/reserva) se acerca da bola e hoje foi a cereja em cima de um cupcake aziago.

(-) Falta de experiência Vitor Pereira arriscou na rotação e apesar de ter ficado perto de tudo ter corrido bem, a verdade é que tinha tudo para não acontecer. Havia pouco “calo” nos rapazes que estavam em campo, a organização lá atrás não foi a melhor possível e notaram-se algumas falhas nas compensações defensivas especialmente quando Miguel Lopes se lembrava que tinha deixado o gás ligado no fogão e o mesmo fogão estava, aparentemente, na meio-campo do Braga. Perdemos quando Abdoulaye saía com a bola controlada e a perdia deixando o lento Otamendi a cobrir o contra-ataque do Braga: perdemos na posse de bola com tranquilidade porque esse é um conceito estranho para Miguel Lopes; perdemos com Fabiano nas reposições de bola; perdemos com Atsu a não conseguir segurar a bola na lateral e a pressionar pouco na defesa do flanco; e perdemos, finalmente, porque faltava autoridade no controlo do jogo. Faltavam os titulares, Lucho, Moutinho, Varela, Jackson. É um sinal negativo para Vitor Pereira não assumir que a segunda linha consegue carburar ao mesmo nível que a primeira. Por isso é que se chama…segunda linha.

(-) Mossorós e Micaéis Não desperdiçava urina para apagar o Mossoró se o anormal estivesse em chamas à minha frente. Consegue exactamente o objectivo que parece determinado em atingir quando entra em campo: enervar os adversários, o árbitro, os adeptos, os seguranças, todo o Mundo em seu redor. É um hóbitezinho nojento que merece todo o lixo orgânico que lhe possa ser atirado para cima enquanto estiver a dormir e qualquer tipo de lama radioactiva tem uma concentração de plutónio menor do que ele merecia. Havia de lhe nascer uma mina pessoal em cada testículo. E o Micael vai pelo mesmo caminho, pela impossibilidade de se manter de pé durante mais de dez segundos sem reclamar uma falta e fazer aquela carinha de chorão que me começa a enervar. Ainda bem que já não é nosso jogador.


E mais um ano em que Vitor Pereira não passa aos quartos da Taça. Não sei se quer começar uma espécie de rotina à Jesus para se fazer de coitadinho anos mais tarde mas para ser sincero não me parece. Tivemos algum azar, bastantes excessos de Olegário nos amarelos que se fizeram notar na segunda parte (compreensível mas ainda assim exagerado), algumas decisões incorrectas (o penalty é mais fogo de vista com a mão nos calções que de facto um puxão que arraste o jogador…e palavra de honra se este não é daqueles que não se marcam em tantos e tantos cantos consecutivos, seja em que campo for…mas ainda assim é passível de ser assinalado) mas acima de tudo muita incapacidade na altura de gerir um jogo que se estava a transformar numa peça complicada. Enfim…até para o ano, Jamor!

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Ouve lá ó Mister – Braga


Amigo Vítor,

E lá voltamos nós ao mesmo sítio que na semana passada nos fez saltar de alegria a dois minutos do fim com aquele golo do James e uns minutos mais tarde nos fez comprimir mais uma vez o ar à nossa volta com um fist-pump aéreo depois do petardo do Jackson. Sim, Vitor, é mais uma edição do “here we go again!”, com circunstâncias diferentes mas no mesmo palco.

E já reparei que não mudaste quase nada na convocatória. Gosto disso. Afinal de contas não é um jogo em que possas rodar muita malta porque os rapazes do outro lado também fizeram o mesmo e quer-me parecer que vão avançar com os mesmos fulanos. E desta vez estão com mais fome, aposto, porque o campeonato ficou mais longe e a Taça pode ser uma boa aposta para quem acabou de trazer o rabo dorido da Europa. Já eu, aqui deste lado e gordo de contentamento com os últimos resultados, não me está a causar grande entusiasmo este segundo round, sou-te sincero. A Taça é sempre um motivo de orgulho, é verdade, e até dá um certo gosto chegar à final e ganhar mais um caneco daqueles, mas não é a mesma coisa. Já te disse isto várias vezes e repito com a mesma força: prefiro ganhar os pontos no campeonato e aproximar-me mais um jogo da reconquista do título nacional, até prefiro ganhar um jogo na Champions ao Dínamo Zagreb do que ganhar a Taça de Portugal. É uma competição menor, pá, daquelas que um gajo só pode fazer uma festa do caraças quando não se ganhou mais nada. Ainda assim, e apesar de saber que sabes como me sinto quanto a isto…enquanto lá estivermos é para ganhar. Ah e tal e depois vamos a Paris e é preciso descansar um ou outro para não ficarem muito cansados e estourarem-se todos para poderem ganhar aos ricaços lá da cidade da Torre mais conhecida do Mundo a seguir à dos Clérigos…mas é para ganhar na mesma.

Por isso avança com a mesma equipa. Não ouças os elogios parolos do Peseiro, esquece o jogo da próxima terça-feira e foca-te exclusivamente neste. Lembra-te que o James ou o Jackson podem não conseguir marcar um golo aos 89 minutos e desta vez não vai tudo na mesma para o balneário se o jogo acabar a zeros. É para decidir aqui e hoje, por isso toca lá a mandares os rapazes marchar para dentro de campo com olhar malicioso e inteligente e vamos ganhar isto. Mai nada.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – SC Braga 0 vs 2 FC Porto

foto retirada de publico.pt

Aparentemente, tivemos sorte. O golo de James apareceu vindo do nada, quando quase todos os portistas já estavam a contar com dois pontinhos perdidos e lamentados, porque tínhamos feito o suficiente para os sacar, mais o do empate. Mas o Braga esteve bem, altivo, pressionante e mostrou que é um clube grande. Mas tivemos sorte, é verdade. O remate de James bateu num dos melhores jogadores em campo e Jackson aproveitou bem a falha do Salino (que poético ter acontecido a um homem que já não devia estar em campo, várias foram as patadas que Xistra, como de costume, ignorou). Foi sorte. Até houve um penalti contra nós que não foi marcado (e devia). Foi muita sorte. E também foi sorte, mas para o Braga, não termos enfiado logo duas pazadas à Dona Brites mesmo nas nalgas dos de Braga logo no início do jogo. E também foi sorte para o Braga terem ficado com onze gajos em campo durante todo o jogo. Mas a sorte, aquela que dá frutos, também se trabalha. E o jogo foi rijo, bem disputado, com (ou contra?) um árbitro que tomou muitas decisões no mínimo não-salomónicas e com um adversário que deu a luta esperada e caiu quando já não merecia. Tivemos sorte. Fizemos por isso. Vamos a notas:

 

(+) Otamendi e Mangala Não gosto de ver Otamendi a jogar do lado direito da defesa, acho-o lento demais para compensar as ausências de Danilo e prefiro vê-lo do outro lado. Mas hoje, para me contrariar, esteve impecável na intercepção e continua a saber pegar na bola e arrastar o jogo para a frente pela relva. Serve como ponto de contacto com o meio-campo (Fernando e/ou Moutinho) e é o homem com cabeça mais tranquila na nossa zona defensiva. Vou repetir: é o homem com cabeça mais tranquila lá atrás. É estranho dizer isto, mas é a verdade. E ao lado dele, a aproveitar o pé esquerdo para jogar nessa mesma zona, Mangala. Mangalhador. Mangaleiro. Mangalão. Excelente na antecipação, no corte rápido pelo chão e pelo ar, está muito melhor no posicionamento e acima de tudo na agressividade, que temi pudesse ultrapassar o seu talento. Nada disso, pelo menos por agora. Maicon vai ter trabalho a meter-se entre estes dois…

(+) Helton Nas alturas certas, nos momentos adequados, qualquer bola que veio na direcção da nossa baliza foi interceptada pelas luvas de Helton, que salvou tudo o que tinha a salvar. Pelo ar, pelo chão, fora da baliza, em cima da linha de baliza, quase dentro da baliza (!), Helton esteve em todo o lado e mais uma vez foi o guarda-redes que o FC Porto precisava num tipo de jogo que é tão importante ter um guarda-redes que possa safar eventuais falhas dos defesas. Helton hoje defendeu tudo. Nada mais há a dizer.

(+) Os golos de James e Jackson Um orgasmo, foi o que foi. Porque é nestas alturas, em que o jogo que está empatado a zero está a entrar nos “golden years” e a luz já se começa a ver ao fundo, quando os suplentes já entram depois de aquecerem tempo demais e só servem para queimar tempo…e nestas mesmas alturas, quando um puto colombiano com primeiro nome inglês se lembra de mandar um tiraço à entrada da área e faz um rapaz exultar num apartamento bem longe de Braga. E o golo de Jackson, curiosamente outro colombiano com primeiro nome inglês, pôs-me a saltar e a ganir para o ar em festejos enormes, exactamente por ter feito o contrário do que tinha vindo a fazer até aí: mudou de direcção e rematou em vez de continuar a correr no mesmo sentido. Excelente.

 

(-) A definição de loucura Einstein disse que a definição de loucura é tentar fazer a mesma coisa vezes consecutivas e esperar resultados diferentes. E tomemos como exemplo as atitudes de Atsu e Jackson durante o jogo, em que tentaram passar por Salino e Douglão respectivamente, usando sempre as mesmas artimanhas que não tiveram grande arte e quase nenhuma manha. Tanto um como outro simbolizaram os principais problemas do FC Porto neste jogo e em vários outros que não conseguiu ter a capacidade física e mental para furar as barreiras adversárias de uma forma individual. E temi que voltássemos a esse paradigma da arrogância ali em alguns momentos durante o jogo porque vi alguma atrapalhação e demasiadas bolas perdidas. Há que continuar a manter os jogadores focados no jogo de equipa e abdicar de jogadas individuais quando não há condições de sucesso provável.

(-) Xistra Já cá faltavas, Carlos. Uma arbitragem absurda, com inúmeras decisões a serem tomadas em sentido contrário perante situações idênticas, que só serve para enervar os jogadores e para confirmar que até pode ser bom rapaz, mas como árbitro é uma nódoa. O penalty até acaba por ser dos lances mais perdoáveis porque é quase impossível de ver sem ser em câmara lenta (mas não tragam a merda das novas tecnologias, Deus me perdoe se eu não estou de acordo com o Rui Santos…), mas veja-se o caso do final da primeira parte, em que depois de Alan ter tentado pregar o pé de Varela à relva, elevando o banco portista em protestos e queimando-se ali pelo menos 40 ou 50 segundos, Xistra decide não só não dar amarelo ao pseudo-Predator, mas permitir que Moutinho coloque a bola no local para marcar o livre…e mandar toda a gente para o balneário. Ismaily mas principalmente Salino e Alan, abusaram de belos momentos de pancada durante o jogo todo e Salino então com várias entradas a pé juntos, acabou por levar amarelo…aos 87 minutos. Xistra consegue reunir consenso entre quase todos os adeptos: é mau para todos.


A primeira (e mais importante) barreira de Braga está ultrapassada e um dos jogos mais difíceis de todo o campeonato foi ganho com todo o mérito, contra onze fulanos de vermelho e um de amarelo. Custou-me ver o jogo todo e recebi várias repreensões da zona do sofá no meu lado direito onde a benfiquista residente assistia ao jogo. Aparentemente o vernáculo que saía da minha boca era um tanto ou quanto exagerado para um Domingo à noite, ainda mais com o Natal tão próximo: “A culpa é daquele filho da puta!”, e percebia o que estava a fazer. Não quis saber. E garanto que não houve vernáculo em nenhuma das bolas que entraram na baliza do Beto, só um grito de “GOLO!” como que a reproduzir o que um amigo me enviava por SMS. Soube bem. Sabe sempre bem.

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Ouve lá ó Mister – Braga


Amigo Vítor,

Vai ser um jogo fodido. Tu sabes disso, eu sei disso, toda a gente sabe que vai ser um jogo fodido. O Braga pode ter perdido o jogo com o Cluj e até pode ter sido enrolado como massa de pizza e atirado para um forno de lenha de Alvalade…e antes de te rires, pensa que perderam lá o jogo, onde tantos outros clubezecos foram sacar pontos. Mas estes cabrõezinhos, para lá do Benfica, são os únicos que me metem algum medo neste campeonato. Não muito, mas o suficiente para ter um cuidado extra quando lá vamos jogar, e continuo a afirmar que este é um dos jogos mais difíceis do ano. Por isso vamos lá ter cuidado com estes rapazes e passar à acção quando fôr preciso.

Há dois ou três pontos que acho que tens de salvaguardar para podermos ganhar o jogo e já sabes que podes ouvir o que te digo ou não. Mas aconselho que o faças porque eu até sei o que digo, ou pelo menos é o que as vozes na minha cabeça me dizem, sempre com aquele ar angelical que parecem jovens belgas a cantar em coros de igreja todos vestidos de branco. Ou desfiles da Victoria’s Secret com as putas das asinhas cheias de pena. Pena não tinha eu delas, cambada de galdérias. Estávamos a falar de quê? Ah, sim, o Braga. Dois ou três pontos. Três, vá, para ficar redondo e poderes fazer aquela subida de tom no “dois”. Ora então vamos a isso.

Primeiro: O titular do lado esquerdo da defesa deve continuar a ser o Mangala. O Mangalho. O Mangalhão. E para além de lhe chamares isso, deves mandá-lo dar uma ou duas charutadas no Alan logo no início do jogo para o Predator saber quem é que manda nesta merda. Mangalha-o.

Segundo: Do meio-campo para a frente, sou sincero contigo e por muito que goste do Defour, por mim entrava o Fernando. É um jogo em que vamos precisar de mais força no meio-campo e com cretinos como o Custódio e o Ruben Amorim (para lá do Ruben Micael, que se levar dois encostos vai parar ao Sameiro), o Moutinho vai precisar de ter as costas quentes e o Lucho de ter uma sombra ali perto. Quero o Polvo em campo.

Terceiro: Convence os jogadores que o jogo vai ser difícil, que não se deixem iludir pelo “mau trajecto recente” ou pelas piadas do anormal do cabelo louro lá de baixo e passem a acreditar na sorte. Porque a sorte, como disseste, constrói-se com suor e trabalho. E é isso que tens de lhes espetar nas cabecinhas.

Ganha, Vitor. Make me happy, dude.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – SC Braga 0 vs 1 FC Porto

foto retirada de desporto.sapo.pt

São estes jogos, nas circunstâncias em que são disputados, com a relva nos dentes e os olhos raiados de vermelho-sangue, que fazem ou desfazem campeonatos. É com a força interior, com a capacidade de esforço e dedicação a uma causa conjunta, lutando contra uma equipa de grande valor que sente o mesmo que nós e luta pelo mesmo objectivo, que se consegue chegar ao ponto mais alto da classificação de uma temporada tão atípica e tão cheia de altos muito altos e baixos demasiadamente baixos. E foi esse FC Porto que vimos hoje na pedreira de Braga, um FC Porto que trabalhou em conjunto, que se uniu nos momentos difíceis e encarou este jogo como uma partida de importância vital para um final que se quer perfeito depois de uma época imperfeita. Foi enervante, difícil, cansativo. E foi nosso.

 

(+) Maicon e Otamendi Mais até que Hulk, os dois homens no centro da defesa do FC Porto foram quase perfeitos nas posições que ocupavam. Tanto o brasileiro como o argentino estiveram em grande na cobertura defensiva, no controlo do ataque do Braga que raramente conseguiu criar perigo para Helton porque não conseguiram passar pela parede que foi formada pela nossa dupla de centrais. Parece estranho ver Otamendi a brilhar a tão grande altura em Braga (no ano passado marcou lá dois golos) depois de o termos visto em tantos jogos a fazer tanta borrada, mas a verdade é que talvez tenha feito a melhor exibição da época. Maicon não complicou, mais uma vez, e apesar de alguns passes falhados no desenrolar de jogadas ofensivas, ajudou muito a equipa com a força e a imponência do jogo aéreo em zonas recuadas. Rolando, rapaz, parece que começas a ficar com os dias contados.

(+) Hulk O herói da noite. Só parou de correr quando não conseguiu mais e mesmo assim foi muito útil a tapar as subidas de Elderson e continua a ser o elemento mais profícuo no nosso ataque, por vários motivos. Porque é por ele que obrigatoriamente as jogadas de ataque têm de passar para que os desiquilíbrios o sejam de facto. Reparem nas duas jogadas que na primeira parte deram remates de Lucho para boas defesas de Quim. E o remate quase sem ângulo que daria o golo do ano e que fez com que Quim fizesse uma das melhores defesas que me lembro de ver na minha vida, de puro instinto e perfeita noção de espaço. Hulk, para além do golo, é importante acima de tudo quando joga a este nível, com força, garra e a complicar pouco. Se conseguirmos ser campeões este ano, o título é em grande parte dele.

(+) Defour Tinha as minhas dúvidas acerca da capacidade do meio-campo do FC Porto aguentar o do Braga sem Fernando no onze. Mas o belga esteve em todo o lado, com garra, esforçado, prático, sem inventar. Não tem e nunca terá a disponibilidade física de Fernando mas compensou essa natural inépcia com um excelente posicionamento, intercepções importantes e saídas rápidas para o contra-ataque com passes bem apontados e boa visão de jogo. Soube quando driblar, quando passar, quando correr e quando parar. Gostei.

 

(-) Álvaro Pereira Não dou um Baroni a Álvaro pela reacção à substituição. Falava com um amigo acerca disso enquanto via o jogo e ambos concordávamos que preferimos ver um jogador chateado por sair quando acha que pode e deve continuar em campo e discordar abertamente do treinador. Não me maça minimamente desde que as coisas sejam esclarecidas a posteriori, mais a frio. Mas Álvaro estava a fazer um jogo tão trapalhão, com inúmeras perdas de bola por mau domínio do esférico, cruzamentos para ninguém e mau posicionamento defensivo. Não fosse a ajuda de James e de Moutinho pelo seu lado e Alan teria sido bastante mais produtivo. Saiu bem.

(-) Kleber Compreendo a opção de Vitor Pereira. Um avançado mais móvel, mais mexido, menos posicional e que pudesse recuar para vir buscar jogo, tudo faria sentido…se Kleber conseguisse estar em jogo mais vezes. Mas foi quase impossível porque o brasileiro não parece assentar bem na equipa, produz muito pouco e perdeu até a loucura dos primeiros jogos em que corria mais do que tocava na bola, parecendo desistir com enervante facilidade dos lances. Custa-me olhar para este rapaz e pensar que era a aposta para titular no FC Porto 2011/2012.

(-) A continuação da saga “Porque é que falhamos tantos passes?” É a mesma história semana sim, semana sim. A quantidade de passes falhados e lances que consequentemente se perdem na sequência dessa inépcia técnica é assustadoramente elevada para uma equipa do nosso nível. Não consigo compreender o porquê de tanto falhanço, de não se conseguir ligar o jogo entre sectores de uma forma consistente, porque gostaria de pensar que as nossas sessões de treino incluem algo mais que umas corridas e meia-dúzia de peladinhas. Palavra de honra que os punha a acertar num poste a distâncias variáveis e quem falhasse tinha de limpar o telhado do Dragão preso só por um fio dental. Era só para ver se os gajos começavam a acertar os passes em condições.

 

Cinco pontos à frente do Braga e doze pontos em disputa. Não os afastámos de vez do campeonato, mas demos uma facada nos gémeos da qual não será fácil aos bracarenses recuperar. Já o Benfica…é outra história. Se os rapazes de vermelho decidirem ir vencer a Alvalade, podemos ter campeonato até ao fim. Raios, mesmo que não consigam ganhar na retrete do Lumiar, também vamos ter época até à 30ª jornada, quando muito até à 29ª. De uma coisa não podemos fugir: o FC Porto está na posição mais que primária para poder garantir o bicampeonato. E hoje, depois do jogo, enquanto me acalmava depois da quarta ou quinta cerveja, fiquei a pensar que este podia ter sido o jogo do título. Bastava termos feito mais três ou quatro jogos com esta intensidade. Merda, custa-me tanto reviver Barcelos, Olhão ou Aveiro…só espero que esse tempo tenha ficado para trás.

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