O memorável FC Porto vs Sporting da Liga de 1998

Curtas notas sobre este jogo:

  • Doriva, mais um nessa década de grandes rematadores de longe. Para lá dos Koemans e dos Robertos Carlos, tivemos por cá o Barroso, o Heitor, o Isaías ou o Sánchez. Bons tempos.
  • Mais um jogo onde jogadores do Sporting que passaram pelos dois clubes marcam ao FC Porto. No post anterior, tinha sido Izmaylov e Liédson a marcar aos futuros patrões. Aqui, uma menina lourinha a marcar num estádio onde foi tão feliz. Maldição.
  • Jardel tenta algo parecido com o que Jackson consegue fazer apenas 14 anos mais tarde. Se Jackson chegasse ao número de golos que Super Mário marcou, seria um bom tributo. Note-se também Beto aos papéis a tentar marcar o nosso ponta-de-lança. Como de costume.
  • Comparando os nossos dois guarda-redes num espaço de 16 anos, Rui Correia e Fabiano fazem o “casal” mais díspar que me lembro de ver com luvas nas mãos.
  • Saber, Delfim, Beto e Vidigal. Titulares. Num jogo de futebol. Há coisas que não se explicam.
  • Doriva era o anti-Herrera. Rematava de qualquer lado e em qualquer posição, quase sempre com perigo.
  • Foi fartar vilanagem neste jogo, para os dois lados. O Sporting foi mais prejudicado mas cada decisão era coreografada com assobiadela geral da bancada. O que na altura se fazia quase em exclusivo para o árbitro faz-se agora para os defesas centrais da própria equipa.
  • Capucho. Era só isso.
  • Reparem na repetição do segundo golo do FC Porto e relembrem a enormidade da distância desde a linha de golo até ao pegão que segurava a rede. Estimo em dois, três quilómetros.
  • Heinze. O Rojo dos noventas. Um gajo com nome de marca de ketchup e talento correspondente. Um dos jogadores que mais odiei antes do Sérgio Ramos começar a jogar à bola.

Mais uma vez, não peço isto tudo no sábado. O livre do Doriva pode ser marcado pelo Brahimi em jeito e o Jardas pode dar lugar ao Jackson. Ou ao Aboubakar. Don’t matter none. É só ganhar.

Link:

O memorável FC Porto vs Sporting da Taça de 2010

Curtas notas sobre este jogo:

  • Moutinho, capitão, a cumprimentar Mariano González, também capitão. Leram bem.
  • Rolando a sorrir depois de marcar um golo com uma zona do corpo que lhe arranjou mais problemas que soluções. Se “os” tivesse mais pequenos, talvez estivesse a jogar neste momento.
  • Moutinho assiste Izmaylov que remata com força para golo. Pena que nunca se tenha visto esta cena com outras cores.
  • Aquele número nove do FC Porto ainda vai dar um jogador do carago. No primeiro golo recebeu no centro, rodou e rematou por baixo do Adrien e do Patrício. O actual número nove é menino para marcar um golo parecido no sábado.
  • Quem é aquele rapaz com o 17 na camisola? Parecia o Varela em 2010. Oh, wait.
  • Marcar um golo depois de ultrapassar o Grimi devia ser um exercício de treino ligeiro. Saltar por cima do Tonel também.
  • A dada altura ouve-se no relato da Antena 1: “grande leitura de jogo de Mariano González”. Leram bem, mais uma vez.
  • O quinto golo do FC Porto é daqueles que um gajo não esquece. Vejam uma, duas, dez vezes, é estupendo, comecem aos 4:21, deliciem-se com o túnel do Belluschi a Moutinho, reparem como Micael ia lixando tudo e Mariano quase perdia a bola e aproveitem o facto de estarem vivos até ao final do lance. Eu estava directamente por detrás da trajectória que a bola fez até à baliza e saltei como um tolinho a gritar “MARIANO! MARIANO! MARIANO!”. Novamente, leram bem.

Não peço isto tudo no sábado. Mas qualquer coisa parecida era agradável para garantir uma tarde de sábado bem passada.

Link:

Baías e Baronis – Sporting 1 vs 1 FC Porto

20140926 - SPORTING CP - FC PORTO

Um clássico que acabe em empate é sempre menos mau, especialmente fora de casa. Se tentarmos perceber a forma absurda como entramos em campo, especialmente depois do golo sofrido evidenciar a ausência de organização no nosso meio-campo e a forma como a equipa não consegue parar o adversário em zonas de construção. É essa a principal falha do FC Porto de Lopetegui, por agora, pelo menos até que a estratégia se mantenha a mesma com os intérpretes que a vão colocando em campo. Ambas as equipas tiveram oportunidades claras e o empate aceita-se. A notas:

(+) Óliver. É um jogador diferente, sem dúvida, e quando está em campo nota-se na perfeição a diferença que mostra em relação aos colegas. Raramente há passes falhados, desconcentrações na construção de jogo e desatenções defensivas. Pode trazer muito ao meio-campo (mais que na ala, creio) quando colocado a jogar por detrás do ponta-de-lança e preferia vê-lo sempre como dez recuado em vez de colocado na linha. Em forma, é titularíssimo.

(+) O controlo da posse de bola na segunda parte. Depois da entrada muito mais forte do Sporting, que nos encostou à área durante a primeira-meia hora, o jogo foi-se reequilibrando e a equipa assentou a cabeça e começou a trocar a bola de uma forma mais consistente e estruturada. Continuo a tremer quando a zona defensiva se amedronta perante o mais ínfimo sinal de pressão adversária, mas é essencial manter a calma e prosseguir na troca de bola tranquila enquanto a zona ofensiva vai criando espaços e linhas de passe coerentes, porque é especialmente em situações individuais que podemos mostrar o que valemos. Foi talvez o pior jogo que fizemos até agora, mas a segunda parte foi menos má que a primeira.

(-) A desorganização da zona de pressão defensiva. Desorganização. Alheamento. Desconcentração. Há muitas outras palavras que podia usar para descrever o que vejo na estrutura defensiva do FC Porto mas podia centrar tudo num conjunto de vernáculo que faria corar uma freira de clausura. É enervante perceber que os homens do meio-campo parecem constantemente mal colocados perante os adversários, não cobrindo os espaços de uma forma coerente e permitindo uma fácil construção de lances ofensivos com uma passividade e destrambelhamento que não parece natural numa equipa de topo. Desde o início da temporada que tem sido a área mais débil da equipa não só em termos físicos mas especialmente pela incapacidade de formar um bloco consistente para impedir que o adversário surja com a bola controlada e em progressão por uma zona onde se pode criar a maior quantidade de situações de perigo para a nossa baliza. Casemiro, Ruben Neves e Herrera, até agora, não estão a funcionar como conjunto.

(-) A ineficácia na finalização Em jogos deste calibre é uma infelicidade falhar golos feitos. Jackson e Tello mostraram isso mesmo, com os lances que tiveram na segunda parte a poderem ser decisivos na conquista de uma vitória que seria até então justa…pela maior eficácia que mostraríamos em frente à baliza, quando comparada com a mesma (in)eficácia nos lances de que o Sporting dispôs na primeira parte (para lá do petardo do Capel à barra). Estes jogos travam-se com fibra mas vencem-se por detalhes.

(-) Bolas paradas ofensivas. Mais uma vez tivemos uma batelada de cantos e alguns livres, com zero perigo criado. Há muitos, muitos anos que continuamos com este tipo de incapacidade de semear o caos nas defesas adversárias através de lances de bola parada e mantemos a tremideira quando a bola aparece na mesma situação mas do nosso lado. Um canto, um golo…uma vitória. Era giro, não era?


Três empates consecutivos não são bons para um campeonato onde os pontos perdidos se podem tornar tão importantes em fases mais adiantadas da prova. O próximo jogo tem de trazer três pontos para o cofre. Sem desculpas.

Link:

Ouve lá ó Mister – Sporting

Señor Lopetegui,

Um gajo passa uma semana de cão quando não ganha. Mais que a chuva, o trânsito, o trabalho, a diarreia depois daquele almoço cheio de gordura, tudo é cacahuetes comparado com a memória de um jogo em que nada corre bem. Fica cá dentro, sabes, com um estupor duma persistência que nos tolha a mona e o espírito e nos faz ver tudo com tons de cinzento mais escuros do que o mundo nos proporciona. Uma merda duma semana.

Mas alimenta-nos a perspectiva do próximo jogo. Dá sempre um alento especial pensar que estamos só a meia-dúzia de horas ou minutos ou seja lá quanto for o diferencial de tempo que passa entre a altura em que leres isto e o início da partida (sinceramente, sempre pensei que esta era a última coisa que lias enquanto o Jackson aperta as botas e o Danilo vai fazendo alongamentos, mas pode ser produto da minha mente que anda de tal maneira underclocked que já nem distingue um Doriva dum Casemiro) e que podemos estar prestes a voltar a sentir aquele rush de emoção e de extrema alegria que nos é presenteado com uma vitória do FC Porto. Sim, mesmo em Alvalade, rapaz, olha lá que essa treta de emprenhar pelo ouvido é lixado e se vais andar a ouvir a propaganda da calimeragem, estás mesmo tramado.

Esta semana foi uma festarola lá em baixo. Eram bocas para o NGP, notícias de jornais sobre ambos os clubes, um que perde mas que afinal ganhou, outro que é investigado enquanto o outro deixou de ser. Jogadores a espetarem carrões, outros com ombros novos, meias-surpresas nos meios-campos e médias de idade erróneas. Houve de tudo, até um antigo treinador comum a ser convocado para o qualifying para o Mundial 2018. Lindo, este país, lindo mesmo. Mas alheia-te disto tudo, Julen. Fala aí com os muchachos e prepara-os para o gamanço de uma vida, que para os mais antigos será só mais um, mas os novos (e tantos novos que há este ano) ainda não passaram pelo real enrabanço que habitualmente ocorre aos azuis-e-brancos nessa latrina onde hoje vão jogar. Que deitem tudo para trás das costas: o árbitro, o jogo com o Boavista, a rotatividade. Nada disso interessa. Interessam os onze gajos que lá vão estar e que têm de dar tudo para ganhar. É um clássico e como tal ainda há menos vencedores antecipados, mas fico contente se derem tudo para ganhar. Mesmo que não o consigam.

Sou quem sabes,
Jorge

PS: Ainda por cima, azar dos azares, não sei se vou conseguir ver o jogo em directo e posso garantir que os B&Bs não saem na mesma noite, porque devo regressar a casa tarde e muito provavelmente inebriado. Para poupar o povo a um chorrilho vernáculo portuense cheio de gralhas, adio-a para sábado. Com mais calma e dois ou três guronsans no bucho. A gerência agradece a compreensão.

Link:

O nosso oitavo círculo de Dante é em Alvalade

1[3]

3[3]

1901327_236507376550073_120288356_n

Jackson_scp-fcporto

O primeiro post: Basta-me pensar um bocadinho e lembro-me logo que sempre que saímos de Alvalade me sinto como uma ourivesaria na Almirante Reis

Depois, no ano passado, para o campeonato:

pelo penalty que nos foi roubado quando Cedric empurrou Jackson, nem mesmo pela expulsão (outra, injusta, em Alvalade, uma de TANTAS e TANTOS LANCES ONDE FOMOS PREJUDICADOS NAQUELE CAMPO…mas estão a ver-me a lançar uma demanda pela purificação da visão dos árbitros? Juízo, amigos, porque não sei ser intelectualmente desonesto nem sportinguista, que aparentemente são cada vez mais verdadeiras redundâncias)

E para a Taça da Liga:

acontece sempre no mesmo caralho do mesmo estádio que agora até tem nome diferente mas onde já devíamos estar habituados a ser assaltados quando lá passamos. E raramente são lances parvos de penalties, que só hoje houve praí quarenta reclamações de mãos e saltos e pinchadelas de verdes para a piscina, porque André Martins e Wilson Eduardo devem gostar mais de lamber cricas do que jogar à bola e andam sempre com os dentes a roçar na relva. Mas ao mesmo tempo, esse mesmo André Martins adooooooooooora dar pontapés nos gémeos dos adversários e safa-se com muita facilidade. Uma palavra também para o próximo trinco da Selecção, que é um jogador muito acima da média mas que hoje devia ter levado um vermelhinho por uma trancada que deu no Varela que só não lhe pôs a perna a sangrar porque não lhe acertou em cheio. E esse mesmo Varela, que foi parvinho por responder a mais um encontrão do insurrecto do defesa-esquerdo que joga naquela zona (porquinho mas normal num jogo destes) e levou um cartão amarelo, ficou à espera que o adversário também levasse um da mesma cor, mas nada acontece. E Cedric, no meio das suas quarenta e nove faltas, todas elas reclamadas com mãos na cara e lamentos de virgem fodida por doze hunos, lá se foi safando até ao final. Ou Adrien, que foi ou será lenhador noutra vida e que parece pensar que o futebol se joga acima do joelho, também escapou pelos pingos da chuva dourada que aposto deve gostar. Tudo isto para depois, inclemência nunca única e certamente repetida (como, citando os exemplos do post acima, Maicon, Emerson ou Costinha e as facilitadas de Rui Filipe, Kostadinov, McCarthy, Mielcarski, Seitaridis e Domingos), toca a expulsar Carlos Eduardo por uma falta que tantos, mas tantos, TANTOS FILHOS DA PUTA DO OUTRO LADO TINHAM FEITO ATÉ AÍ! Enerva-me, pois claro que me enerva. Enerva-me porque é sempre a mesma merda com aquela gente. Os que se queixam mais são habitualmente como o defesa que levanta o braço para reclamar fora-de-jogo. A culpa, na maioria dos casos, é mesmo dele.

É tão típico como as árvores de Natal em Dezembro ou as castanhas assadas em Novembro. Vamos a Alvalade, saímos de lá gamados. Podemos jogar bem e ganhar, jogar mal e perder ou qualquer uma outra combinação. E há tantas outras equipas que se podem queixar do mesmo no Dragão ou noutros estádios.

Este é o nosso oitavo círculo.

Link: