Baías e Baronis – Nacional vs FC Porto

Foto retirada do MaisFutebol

A ideia que fica, de acordo com os sempre geniais e imaginativos comentários da TVI, é que o Nacional é a pior equipa do mundo e o FC Porto ganhou com algum mérito mas em grande parte graças à inépcia do adversário. Não está mal para neuróticos, mas o adepto normal, aquele que viu o jogo, apercebeu-se da solidez defensiva do FC Porto que não deixou o Nacional progredir no terreno como é hábito e marcou dois golos quando podia ter marcado pelo menos onze. Vamos a notas:

(+) João Moutinho Depois do jogo de quinta-feira, Moutinho hoje fez mais um excelente jogo. Mais audacioso do que tinha feito contra o Rapid, esteve nos principais lances de ataque do FC Porto e acima de tudo continua a jogar com inteligência muito acima da média e a ser o pêndulo da balança que é o nosso meio-campo. Entre a força e solidez de Fernando e o desaparecimento deliberado de Belluschi, Moutinho equilibra, joga e faz jogar. Merecia o golo naquela jogada individual de drible, tão rara quanto meritória no jogo do nosso novo playmaker.

(+) Maicon Parecia que Rolando era o menos traquejado e Maicon era o mais experiente. Raramente perdeu a noção do jogo e das trajectórias que teria de cobrir, esteve mais uma vez em excelente nível. Ainda lhe falta encontrar um adversário muito bom (o jogo contra o Benfica não conta porque ambos os avançados estavam em muito baixa rotação) para provar o seu valor mas estou a gostar cada vez mais. Não estragues a imagem, rapaz!

(+) Varela Mais um jogo, mais um golo. Mais rápido e mais decidido que Hulk, arrastou muito bem o jogo para a frente pelo seu flanco e apareceu muitas vezes desmarcado na perfeição, pecando, como de costume, no controlo de bola. Se não tivesse tijolos em vez de pés…já não estava no FC Porto.

(+) Sapunaru Olha que rico jogo me fez este gajo. Simples, prático e…até passou o meio-campo, o que dá para perceber a pouca capacidade do Nacional criar perigo nas alas. Falhou um golo em frente a Bracalli mas conseguiu um excelente jogo e apesar de continuar a perder para Fucile na agressividade ofensiva, esteve bem melhor a subir no terreno do que é costume.

(+) Fernando Quase perfeito na rotação de bola no meio-campo, apareceu várias vezes a levar a bola para a frente (vertical, meus amigos, nunca pensei ver o rapaz a fazer isto!!!) e só por inadaptação e alguma falta de espontaneidade não conseguiu marcar um golo ou fazer uma assistência de morte. Muito bem defensivamente, sempre a roubar as bolas aos médios contrários em força, com a garra que já nos habituamos. Muito bem.

(-) Rolando Quem era o rapaz a jogar ao lado do Maicon? Sim, aquele que parecia um júnior a dominar a bola e a deixá-la bater 43 vezes antes de lá ir, com pouca segurança e atabalhoado? O que fez (mais) um penalty tão infantil quanto desnecessário? Ah…é internacional A? Português? Não parece.

(-) A ousadia da patinagem Não percebi o porquê de ver os jogadores do FC Porto a deslizar pelo campo como qualquer Evgeny Pluschenko. Desde o início que vi Falcao a perder aderência e Hulk a fazer três ou quatro triplos-mortais que até fazia confusão. Não terão percebido que o relvado estava tão escorregadio que parecia musgo?!

(-) As claques do Nacional Começaram com os bombos. Se não havia força para tocar nos bombos, havia cornetas. Se as cornetas estavam em surdina, lá vinha a sirene de nevoeiro. Caso a sirene falhasse, siga para os guinchos intoleráveis da claque feminina do Nacional, que emanam o som mais irritante que ouvi desde que vi o Exorcista com auscultadores que cancelam o ruído. E aposto que o Jardim proibiu as vuvuzelas, senão ainda tínhamos de as aturar. Ainda se queixam que há pouca gente nos estádios? Pudera.

Cinco jogos, cinco vitórias. Não se podia pedir mais a Villas-Boas, e a gestão do plantel está a ser feita com alguma contenção mas com regra e com equilíbrio. Ainda estou à espera de ver jogar Otamendi, James e Walter. O problema é que os 15/16 que têm jogado não estão a dar hipótese ao resto do pessoal, por isso vão ter de esperar o seu momento. Com tranquilidade, em homenagem ao nosso novo seleccionador.

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Baías e Baronis – FC Porto vs Braga

Foto retirada do MaisFutebol

Quase 48 mil pessoas no Dragão. 20 graus de temperatura, ambiente quente e as duas melhores equipas do campeonato a enfrentarem-se cara a cara. Foi um grande jogo, emotivo e bem disputado, com incerteza no resultado e qualidade de jogo acima da média. Entrei bem disposto e saí ainda melhor, com uma vitória muito sofrida mas merecida (se bem que o empate não ficava mal a ninguém) e a noção que apesar de continuar a haver muito trabalho a fazer, a equipa mostrou o que ainda não tinha sido preciso mostrar: capacidade de sofrimento e de dar a volta a um resultado negativo por duas vezes, contra um Braga que joga muito e bem. Notas time:

(+) Hulk Quem foi ao Dragão hoje à noite não pôde deixar de sofrer com o brasileiro com nome de bicho verde. Vê-lo exausto no final do jogo, a correr para ir buscar as bolas que os companheiros lhe colocavam em desespero, a sprintar ao lado de Rodríguez e a arrastar o jogo para a frente quando o resto da equipa, também cansada, o via ao longe…foi uma prova da luta constante de Hulk durante todo o jogo. Enfrentou Elderson e deu cabo da cabeça ao nigeriano. Marcou um, deu outro a marcar e foi aplaudido de pé por toda a gente no final do encontro. Excelente.

(+) Falcao O que se nota mais no jogo de Falcao é a inteligência com que está em campo. Mesmo em jogos que não marca, como hoje, a forma como se posiciona, como domina a bola e ganha espaço para os colegas, como muda de velocidade sem que o adversário esteja à espera, tudo são exemplos de um avançado completo e em forma. Imaginem isto tudo com mais alguns golos. Quase perfeito.

(+) Varela O jogo que fez não foi excelente. Porra, nem sequer foi bom. Mas marcar dois golos ao Braga, numa noite como esta, merece nota positiva. Mas no resto das dezenas de minutos ficou a dever algumas jogadas à malta.

(+) Fernando Excelente na cobertura defensiva, menos bem quando sobe. Foi uma das unidades mais importantes na segunda parte depois do 3-2, quando o Braga apertou com a defesa e Hulk estava a jogar a 20%. Fernando subiu ainda mais de produção nessa altura e continua a ser bem melhor como trinco do que quando joga mais à frente.

(+) Maicon A par de Rolando, esteve muito bem. É uma pena que venha a ser o escolhido para sair da equipa para a entrada de Otamendi, até porque precisamos de um central com um estilo mais ofensivo parecido com (Deus me perdoe) David Luiz, que saia com a bola controlada e cause pânico nas marcações do meio-campo adversário. Hoje esteve muito bem e safou-se com quase 100% de eficácia.

(-) Helton Que me lembre não fez uma única defesa digna de registo durante todo o jogo. Se no primeiro golo não me parece ter responsabilidades (o livre é marcado no meio e demorou um pouco a chegar à bola mas não era fácil), o mesmo não posso dizer do segundo. Muito adiantado, voltou aquele belo problema de épocas passadas, o excesso de confiança. Ainda teve tempo para pôr os adeptos arrepiados com um pontapé para a frente que bateu num fulano do Braga e por sorte não foi para a baliza. Acho que tinha perdido o estado de graça se essa bola entrasse…

(-) Sapunaru Continuo com a mesma opinião. Sapunaru é certinho e defende com mais segurança que Fucile…mas não chega. É menos audaz e enerva-me quando não mete o pé à bola em disputas directas com os adversários. Dá-lhes muito espaço e parece nunca saber quando pode ou não subir. Tem de se entender melhor com o extremo à sua frente e com o médio que cobre o seu flanco e ganhar confiança para subir mais no campo. Ou, sei lá, era melhor jogar o Fucile.

(-) Medo na primeira parte O problema nem estava tanto na defesa, apesar do golo sofrido. Notava-se que a equipa jogava contra o Braga como os adeptos querem que qualquer equipa jogue contra nós: com medo. Compreendo, o Braga tem um contra-ataque muito bom, com Lima e o fiteiro do Alan, Paulo César e Luís Aguiar. E compreendo também que Villas-Boas diga o que disse na conferência de imprensa, que se a equipa fosse como louca para a frente o mais provável era mesmo termos sofrido o segundo golo. Mas também sou da opinião que o facto de termos sofrido o primeiro golo foi um corolário lógico do temor com que os nossos rapazes entraram em campo. Era notório o receio de arriscar, de subir muito no terreno, de fazer um passe rasteiro de ruptura, de apoiar Falcao no centro do ataque, tudo com o intenso cagaço da possibilidade da bola ir parar a Vandinho ou a Salino (dois excelentes médios-centro, já agora) e daí sair um contra-ataque que causasse perigo. A lentidão enervava os adeptos não pela pura natureza do estilo mas pela incapacidade de mostrar a justa arrogância de quem se tem obrigatoriamente de sentir superior. Há que jogar mais forte, com ritmo mais intenso, mais em cima dos adversário e com melhor cobertura dos espaços. Hoje correu bem, noutros dias o remate de Varela podia ter ido por cima ou Elderson podia não ter escorregado no segundo golo. E um destes dias esse cenário vai acontecer, podem ter a certeza.

Quatro jogos, quatro vitórias e os primeiros golos sofridos. Até agora não houve deslumbramento nem facilitismos, os jogadores estão empenhados e a fazer força por continuar a lutar para estar em primeiro até ao fim. Nota-se que os adeptos estão com a equipa e que algumas das exibições menos boas estão a ser compensadas com golos e bons resultados. O meio-campo continua perro? Vamos ganhando. Varela está lento? Marca golos. Falcao não marca golos? Abre espaços para os outros marcarem. Os centrais são lentos? Cortam as bolas quase todas. Estamos bem e continuamos a vencer. E isso é o que importa.

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Baías e Baronis – Rio Ave vs FC Porto

Foto retirada do MaisFutebol

Não foi um jogo bonito, mas ganhámos com mérito e com valentia. A equipa jogou um futebol enfadonho, mas eficaz. Simples, mas prático. Pouco inteligente durante largos minutos, mas directo ao assunto e sem grandes invenções. Esteve aí a marca da diferença do FC Porto de Villas-Boas esta noite no Estádios dos Arcos, uma marca que se vai tornando notória à medida que os jogos vão decorrendo: estamos aqui para vencer, vamos vencer e quando fôr preciso, joga-se bonito, como no caso do segundo golo, uma obra de arte em forma de contra-ataque. Vamos a notas:

(+) Hulk Dois golos hoje e mais um no primeiro jogo colocam-no na liderança dos melhores marcadores. Hulk está em boa forma e isso reflecte-se na forma como joga. Apesar de continuar a enervar os adeptos quando por vezes parece “guloso” demais ao aparecer a rematar quando deve passar e vice-versa, é uma unidade que neste momento rende mais que vários Varelas a jogar em paralelo. É a força-motora da equipa, o homem que pega na bola e arranca para o ataque, quer venha da ala ou do centro do terreno, substituindo muitas vezes os médios criativos, já que hoje nem Moutinho nem Belluschi estiveram nos seus melhores dias. É actualmente insubstituível no FC Porto.

(+) Rolando+Maicon Depois da miserável exibição frente ao Genk, a dupla de centrais redimiu-se hoje, principalmente Rolando, bem mais activo e alerta, a sair a jogar e a interceptar bola atrás de bola que chegavam perto de si. Maicon, por outro lado, foi prático e não inventou nada. Deve ter ouvido das boas do André quando chegou ao balneário no final do jogo contra os belgas, deve…

(+) Sapunaru Foi (mais) um jogo esforçado do nosso bebedolas, que lutou contra um adversário muito complicado como é Bruno Gama e safou-se muito bem. Depois dos primeiros 5 minutos em que pensei que se fosse ver à rasca para parar o nosso ex-extremo, conseguiu limpar o flanco quase sempre com facilidade e até aparecer a ajudar o ataque. Teve azar na lesão e pode ter dado o lugar a Fucile…se este não sair até terça-feira.

(+) Fucile Há grandes diferenças entre Fucile e Sapunaru, como é óbvio para quem vê os jogos do FC Porto. Fucile é ofensivo, acelerador, inteligente e espalhafatoso. Sapunaru é calmo, defensivo e parece estar sempre preocupado com o que vem aí pelo flanco dele “ai senhores que o gajo sabe fintar, deixa-me recuar para ver se ele não me ultrapassa já e…pronto, já cá está a bola!”. Mas para grandes equipas, Sapunaru, apesar de não ser mau jogador, é limitado, arrisca pouco e perde em relação a um Fucile em forma. É que dá gosto ver o uruguaio, tirando o ridículo penacho louro no cabelo, a correr pelo flanco fora em auxílio do ataque, e faz falta vê-lo na posição dele. Se sair é uma perda muito grande para a equipa.

(-) Varela Não dá, rapaz. Assim não dá. Continua com medo de meter o pé à bola e temo que regresse da Selecção ainda com mais medo. Apesar de ter feito a assistência para o segundo golo e ter estado envolvido no primeiro, durante o resto dos minutos que esteve em campo andou a passear sem lutar muito com os adversários, fugindo do choque como um gótico de água fresca e deixou várias vezes Álvaro Pereira à rasca com dois gajos pela frente. Não está a merecer a titularidade.

(-) Álvaro Pereira Já no jogo contra a Naval “deu” um penalty aos adversários que não foi assinalado e hoje em Vila do Conde mais uma vez fiquei com a impressão que fez falta sobre Tarantini dentro da área. Felizmente o árbitro achou que tinha sido simulação do vilacondense e Álvaro safou-se mais uma vez. Mas tem de ter calma com os carrinhos, um dia destes vai sofrer com isso e arrasta a equipa com ele. Para além disso continua muito distraído na defesa e não pode continuar a falhar como tem falhado.

Chegamos à primeira paragem do campeonato em primeiro lugar com três vitórias em três jogos. Podemos não estar a ofuscar as outras equipas com a qualidade do nosso futebol, mas acima de tudo estamos a ser práticos e eficazes. É isso que se pede a uma equipa que está em construção, que vá ganhando para continuar a crescer e a melhorar o entrosamento entre elementos e sectores. Vamos pelo bom caminho e os sócios começam a ganhar alguma fé na equipa. Espero que a paragem não traga lesões e que consigamos manter o mesmo nível depois dos rapazes regressarem dos jogos pelas selecções. Ah, e já agora, que se feche o mercado rapidamente…

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Baías e Baronis – FC Porto vs Beira-Mar

Foto retirada do MaisFutebol

Depois daquilo que já se vai tornando um hábito, o encontro com o Vila Pouca no Porta29 (vinte e nove, não dezanove como o blog), segui para o meu lugar. Estava tranquilo e motivado talvez pela calma de um Domingo pacífico, não me preocupava muito com o resultado porque sabia que seria um jogo simples. Acertei. O FC Porto soube tornar o jogo mais simples do que poderia esperar contra uma equipa bem organizada mas com pouco talento. Em destaque, Falcao, mais uma vez, o que nos lixa um bocado a vida: e se ele se lesiona?…Pois. Vamos a notas:

(+) Falcao Marcou dois e deixou mais três por festejar. É o melhor avançado a jogar em Portugal e está a passos largos a regressar à forma que mostrou no ano passado. O primeiro golo é digno de livros de estudo sobre a movimentação de um finalizador na área e o segundo é mais uma concretização eficaz, como mandam as regras. Falcao luta todo o jogo e é obrigado a descair para as alas quando é preciso, o que faz na perfeição. Continua a dominar bem a bola e se jogasse com outro jogador ao lado poderia quiçá ainda ser mais produtivo. Impecável, espero que continue assim!

(+) Belluschi Não fez o melhor jogo que já o vi fazer, mas teve a atenuante de estar a jogar fora da posição habitual graças à lesão de Ukra. No entanto, para um médio centro que foi obrigado a alinhar como extremo, safou-se muito bem e só lhe falta melhorar no último passe (o que é estranho para um médio criativo) para ser mais produtivo. O livre em que marcou o segundo golo foi perfeito e pergunto-me: porque é que Belluschi não é chamado mais vezes a marcar livres? No ano passado tivemos inúmeras oportunidades em que Bruno Alves estourou bola atrás de bola para a bancada…

(+) Ruben Micael Já no ano passado notava-se que era um jogador diferente dos outros. Nota-se na forma como joga de cabeça levantada e como lê bem o jogo. Marca a diferença para Belluschi na qualidade de passe, perde na irreverência. Ruben é certinho, é inteligente, é simples e é bom. E se não jogar mais vezes é muito bom sinal, quer dizer que temos outros rapazes em melhor forma, mas quando entra em campo há logo uma diferença bastante grande. Continuo a achar que é a melhor escolha para jogar ao lado de Moutinho, mas Belluschi está a jogar bem por isso compreendo a decisão do treinador. Mas lá que gosto do Ruben, lá isso gosto.

(+) Helton Continua seguríssimo tanto pelo ar como no chão. É tudo o que se pede a um guarda-redes. Helton tem mantido o FC Porto com zero golos sofridos e é impossível pensar em tirá-lo da baliza neste momento.

(+) Villas-Boas Começo a achar que Villas-Boas lê muito melhor o jogo do que pensava. A entrada de Ruben foi perfeita para equilibrar o meio-campo e a gradual transformação de 4-3-3 para 4-5-1 acabou por determinar a marcação do terceiro golo e matar de vez o jogo. Gostei de ver a forma como a equipa se soltou e creio que Villas-Boas terá de rever a opção dos três jogadores no meio-campo contra equipas deste género, que defendem com um “overload” de jogadores no centro, impedindo a rotação da bola por essa zona.

(-) Varela Continua a não ser o mesmo Varela do ano passado. A lesão pode estar ainda a afectar a coordenação mas o facto de ter Álvaro atrás dele sempre a ajudar a subir coloca-o mais pressionado para jogar bem porque não tem desculpa de falta de apoio. Está muito trapalhão e a tomar as decisões quase sempre erradas. Tem de subir ao nível do ano passado para continuar a ser titular indiscutível, especialmente numa altura em que tantos extremos estão indisponíveis.

(-) Desconcentrações defensivas Já no jogo contra o Genk tivemos exemplos de alguma descoordenação entre Rolando e Maicon e hoje essas falhas foram mais uma vez notórias. Com o resultado em 1-0, o Beira-Mar pegou um pouco na bola e conseguiu ir para a frente com alguma vontade e notou-se que havia alguma tremideira no centro da defesa. Helton conseguiu defender todas as bolas que foram ter com ele mas notava-se das bancadas que nem Maicon estava seguro nem Rolando ajudava a melhorar a insegurança. Não são maus jogadores, têm as suas falhas como qualquer um. É preciso tempo para criar rotinas e hábitos de jogo mas enquanto as coisas correre bem e não sofrermos golos, tudo bem. O problema vai surgir quando um resultado mau tiver como culpados os centrais…e aí os adeptos vão desestabilizá-los ainda mais. É preciso melhorar a coordenação e evitar as falhas que temos visto.

Quando saí do estádio, o que mais ouvia cá fora era malta a dizer “Já temos 6 de avanço!”. Não vejo as coisas assim. O facto do Benfica estar um pouco atrás na classificação é sinal que estão a começar mal, mas lembrem-se que estamos na segunda jornada. “Segunda” como em ainda faltam 28. Nós vamos perder pontos, eles vão perder pontos, todas as equipas vão perder pontos. Mas uma coisa é certa e ninguém nos tira (preparar para frase Lapalisseana: se perdermos menos pontos que os outros…seremos campeões! :)

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Baías e Baronis – Naval vs FC Porto

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Um dos treinadores mais mediáticos em Inglaterra é Ian Holloway, actual líder do Blackpool, que chegou este ano à Premier League. Holloway é famoso não só pelo talento mas também pelas tiradas geniais com que presenteia os tele-espectadores. Uma vez, numa flash-interview após um jogo em tudo idêntico ao de hoje na Figueira da Foz, o então treinador do Plymouth disse qualquer coisa como isto: “Sabe, às vezes um gajo vai sair até um bar, começa a meter conversa com uma tipa, consegue metê-la num taxi e levá-la para casa. Ora a rapariga pode não ser a mais bonita do mundo, mas o gajo conseguiu enfiá-la no taxi e sempre compensa o café do dia seguinte. Às vezes uma vitória destas é exactamente isso: uma mulher não muito bonita.”
Este jogo foi um exemplo perfeito da metáfora noctívaga que chutei acima. Foi fraquinho, mas temos mais três pontos do que no início, e isso é que importa. Vamos a notas:

(+) Helton Não está a dar hipótese a nenhum dos colegas de posição neste início de temporada. Tem estado seguríssimo e hoje foi mais um desses jogos, em que impediu alguns golos e se mostrou perfeito nos cruzamentos. É um excelente tónico para os defesas que jogam directamente à sua frente saberem que têm um guarda-redes em grande forma e que lhes dá segurança. Espero que continue, porque não querendo ser pessimista, já todos vimos o que o brasileiro começa a fazer quando se sente com confiança a mais…

(+) Fernando Com o apagamento de Belluschi e Moutinho no meio-campo, que levou Villas-Boas e colocar lá mais um jogador, Fernando foi o único a dar força e agressividade à zona do terreno que ocupa e até um pouco mais à frente, onde o treinador quer que jogue. Impecável nas coberturas e na orientação dos colegas, por diversas vezes vi Fernando a apontar para pedir deslocações laterais dos companheiros de sector e dá-me confiança vê-lo a jogar. Só gostava que soubesse passar a bola para a frente tão bem quanto o faz para o lado, tem que melhorar nessa área.

(+) Hulk Tirar Hulk de campo é arriscar demais. Nunca se sabe quando sai uma arrancada que leva 2 ou 3 defesas à frente. É verdade que continua a falhar em momentos decisivos, com um aproveitamento quase sempre negativo nos remates, que tem tanto de força como de fraca direcção, mas é um perigo constante.

(+) Maicon Está mais confiante e mais seguro nos cortes e na forma como domina a bola para sair com ela controlada. Quando chegar outro central e Maicon invariavelmente encostar, vai ser um rude golpe para o rapaz tendo em conta a forma como tem jogado.

(+) Villas-Boas Se a mudança de atitude na equipa ao intervalo se deveu a Villas-Boas, os meus parabéns. Admito que a primeira parte foi horrível, cheia de passes falhados, alheamento táctico e uma incrível quantidade de desconcentrações defensivas. A tarefa do treinador ao intervalo envolve também perceber isso e fazer ver aos seus jogadores que não podem continuar a encarar o jogo da mesma forma. A alteração táctica foi o que a equipa precisava, na altura certa. E ganhou o jogo com isso.

(-) Álvaro Pereira A pior exibição de sempre com a nossa camisola. Uma primeira-parte atroz do uruguaio, com falhas atrás de incríveis falhas, desconcentrações, faltas escusadas (quando o jogador da Naval cai na área, fico com ideia que antes de tropeçar sozinho, Álvaro ainda lhe toca ligeiramente, mas tudo nasce de mais uma distracção) e uma atitude perante o jogo que não lhe é habitual. Jogou a meio da semana mas isso não explica tudo. Aos 10 minutos e com a Naval já com 4 cruzamentos perigosos a partir do seu flanco, sem que houvesse intervenção activa para tentar interceptar qualquer um deles, deu vontade de entrar em campo e dar-lhe um par de estalos para ver se acordava.

(-) Varela Cansado, pouco inspirado e nada eficiente. Esteve muito longe do que mostrou na semana passada e saiu muito bem quando Villas-Boas decidiu alterar a formação táctica da equipa.

(-) Belluschi Não sei se ficou nas nuvens com os elogios (merecidos) que tem recebido, mas o Belluschi que vi hoje foi o que vi vezes demais no ano passado. Perdido em campo, a falhar passes fáceis demais para falhar e a rematar para o céu. Será mais uma época de alguns altos e muitos baixos? Espero que não.

(-) Primeira part…zzzzzzz Se não tivéssemos ganho o jogo, todo o capital de confiança que a equipa tinha ganho com os adeptos ter-se-ia perdido depois da primeira parte. Muito amorfos, com falhas “à lá 2009/2010”, pouca pressão no meio-campo e Helton a intervir muito mais do que seria exigível. O problema deste ano está exactamente nesta flutuação de exibições que se os resultados forem negativos, acabará por ser passível de crítica por parte dos adeptos. As pessoas não admitem, com alguma normalidade, que uma equipa que joga de uma forma brilhante frente ao Benfica se possa apresentar uma semana depois desta maneira. A Naval não é o Benfica, mas os três pontos são importantes em toda e cada uma das 30 jornadas.

É ainda muito cedo para tirar conclusões acerca da forma como a época vai decorrer. Disse esta mesma frase depois do jogo contra o Benfica e re-afirmo o que disse. Uma coisa é certa, Villas-Boas conseguiu virar o jogo ao intervalo mas aparentemente não o conseguiu fazer desde o início. Algum cansaço, muita desinspiração mas acima de tudo pareceu-me que a equipa sofreu bastante perante uma equipa igual a muitas outras que vamos apanhar no decorrer do campeonato. E é contra essas que se ganha uma prova de regularidade. Há que melhorar, só precisamos de saber olhar para dentro e continuar a trabalhar para evoluir.

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