Meh. É o pior que se pode dizer de um derby, que apesar do festival surreal de VAR na relva, acabou por ser mal jogado e não mostrou um FC Porto capaz de se aguentar das pernas e da cabeça durante muito mais tempo. Ainda bem que temos agora uma pausa porreira para selecções (sim, sou mesmo eu a dizer isto) que apesar de não descansar toda a gente, é capaz de retirar um pouco a pressão com um ou outro amigável a servirem para os rapazes se acalmarem e voltarem em grande. E que falta fazem Soares e Danilo mas especialmente Telles e…*suspiro*…Marega. Notas abaixo:
(+) Ricardo Pereira. Foi o melhor em campo com uma distância que só devia ser medida em unidades astronómicas. Jogou em três posições e em todas elas esteve bem, quer no início a fingir que era um sucedâneo de Marega com metade do peso e a mesma velocidade, como à direita a servir como tampão/seta pelo flanco ou mesmo como lateral direito depois da saída de Maxi. Foi sempre “o” gajo para quem olhava e pensava: “este gajo tem pilhas diferentes dos outros!”.
(+) A canalhada na rodinha. Foi giro, não foi? Ver a miudagem toda a ir ter com os pais, a fazer parte da rodinha como se fossem crescidos, ali com os moços todos ao lado. Fez-me regressar ao passado longínquo (futebolisticamente falando e com o meu referencial de tempo) dos anos 90, onde os miúdos apareciam sempre em campo a correr, fossem ou não filhos dos jogadores, enquanto iam celebrar uma qualquer vitória e pedir as camisolas aos rapazes. Argh, a paternidade está a tolher-me o juízo, caramba…
(-) Dificuldade a sair com a bola. Herrera e Sérgio Oliveira não conseguiram ser o que tinham sido no pré-Paços e foram lentos, trapalhões e incapazes de receber, rodar e impôr algum tipo de movimentação consistente no nosso meio-campo, cedendo à pressão que o Boavista colocou na relva. E a bola acabava quase sempre por passar directamente dos centrais para os avançados, numa espécie de homenagem ao futebol inglês dos anos 70/80, com a diferença que lá na frente, em vez de dois canastrões de invejável composição física, cada um com o seu puxão gravitacional, tínhamos um anão brasileiro e um camaronês que está com uma forma física parecida com a minha. E assim foi quase impossível criar perigo em condições, não fosse o parvinho do guarda-redes do Boavista ter entregue o segundo golo à malta (vêem, meus amigos, como é complicado cuspir para o ar? por vezes cai mesmo na testa…), teríamos muita dificuldade em matar o jogo em lances de futebol corrido.
(-) Otávio. Voltaste à borrada de jogo, não voltaste, moço? Quando Sérgio entra em campo com Ricardo a fazer de Marega, via-se que Otávio estava meio perdido sem conseguir decidir se fica na linha ou apoia ao centro. Resultado? O Boavista subia pelo flanco esquerdo sem que houvesse um mínimo de oposição da nossa parte, por isso toca de mandar para lá o Ricardo e o Otávio para o meio. E…nada. Nada. Nadinha. Zerinhos. Otávio não só esteve ausente do jogo como sempre que a bola lhe chegava aos pés acabava por desaparecer num misto de inépcia e incapacidade de luta e de combate pela bola. Jogo horrível.
(-) Mais uma vez, não se percebe nada do VAR. Não me refiro ao critério, porque se no penalty realmente o rapaz dá dois toques na bola e o árbitro não reparou, é bem aplicado. Mas o vermelho parece-me mais parvo. O árbitro acabou de ver o lance e deu o cartão na hora. Ou seja, teve oportunidade de voltar atrás para verificar o que se passou e depois de rever as imagens acabou por ficar com remorsos do que fez e, lá calha, voltou atrás. E eu nao percebo como é que a jogada que o homem ACABOU DE VER À FRENTE DOS OLHOS pode parecer diferente depois de ver na televisão, por muito que o ângulo seja diferente. Outra coisa é o facto de continuar a não se perceber nada do que se passa em campo. Estão dezenas de milhares de pessoas nas bancadas a tentar inferir as razões pela paragem súbita e assume-se que o VAR está envolvido…mas não se faz ideia do porquê. É algo que tem de ser revisto com urgência para bem do futebol e de quem assiste ao vivo.
Faltou qualquer coisa a este derby. Teve emoções parvas ao pontapé, mas faltou algo para ser um derby em condições. Se não tivessem tirado o vermelho, talvez…