Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 Aves

foto retirada do twitter oficial do FC Porto

O extraterrestre esvoaçou por cima da alameda e aterrou mesmo ao lado do cogumelo. Ninguém tinha reparado na presença de um tenente-coronel do exército galáctico que defende o planeta Zblurg IV, porque a capacidade mimética do estranho indivíduo fazia-o passar despercebido por entre a multidão e entrar para o Dragão sem pagar. Sim, até em Zblurg IV há caloteiros, é lidar. O jovem sentou-se ao meu lado e procedeu a tentar perceber este fenómeno que atravessava fronteiras universais e era seguido de Marte a Gabranka, que é mesmo ao lado de Gabrunka sem que os seus habitantes se conhecessem. Gente estranha, estes galácticos. Ligado a mim por uma conexão telepática bem acima da rede da NOS no Dragão, ficam aqui as notas tiradas por ele durante o jogo e que farão parte da coluna desportiva do Zblurg Times de amanhã, se não houver trânsito na VCI, claro:

(+) 21. O extraterrestre ficou fascinado com este rapaz. Perguntava-me incessantemente se o podia levar na mala para o planeta dele, que ia fazer-lhe uma estátua toda em favas e grãos-de-bico (é um planeta que depende imenso de leguminosas, que querem que diga?) que ia ficar um mimo lá no pedestal e que ele ia ser o rapaz que ia ensinar os colegas zblurguianos a correr em condições e era este o salvador da sua pátria-mãe e o homem que ia liderar a revolução. Disse-lhe que era só defesa direito e nem era convocado para a Selecção, tinha lá tempo para ir a Zblurg durante a semana. Ele suspirou, percebeu e ficou a salivar por mais.

(+) 5. “Aquele é um dos humanos bons, não é?”. É, disse-lhe, porque apesar de falhar muito também tem a sua valia e é dos poucos que se chateia mesmo com isto. “Mas o outro é que é o melhor, pelo que fui vendo naquilo que vocês chamam redes sociais. Até dizem que este é um chato e vai jogar para os outros que jogam com roupa vermelha.” Calúnias, disse-lhe. Ou melhor, por agora são calúnias, para o ano veremos. Mas é um rapaz jeitoso e vai continuar a ser jeitoso mais uns meses, se depois for embora vou andar a chorar pelos cantos. “Ah. O futebol é estúpido ou são só as pessoas que gostam dele que são estúpidas?”. Tu é que és estúpido. “Não, tu é que és.”.

(-) 7. O extraterrestre não percebeu se estava a ver um esmúrguio ou um ztâmico. Não era um homem igual aos outros e como tal pareceu-lhe que seria algum ente de um planeta distante que estava disfarçado de humano para ficar fofinho como nós e com menos gosma a sair das sete orelhas. Sim, mesmo a das costas. Mas a verdade é que depois de lhe explicar quem era, percebeu rapidamente que não se tratava de um jogador na definição enciclopédica tradicional mas sim de um rapaz que apareceu por ali há uns anos e que ainda não conseguimos despachar. “Queres que dispare o meu raio de aniquilação imediata?”, perguntou-me. Ainda não, espera pela próxima semana, rapaz. Depois falamos.

(-) As pernas de quase todos. “Pensava que o ser humano era mais resistente. Vão ver-se à rasca quando os Gabr…nada, esquece”. Nem todos são assim, disse-lhe. Expliquei-lhe que o 29 e o 13 tinham acabado de voltar de lesões, o 9 estava a jogar a meio-gás há uns meses e o 16 e o 27 têm de fazer trabalho que um outro rapaz, o 22, fazia sozinho e não se queixava. “Mas é complicado correr? Vocês têm duas pernas, nós não temos nenhuma!”. Não é complicado, expliquei-lhe, mas cansa. E o rapaz lá ao fundo de fato escuro obriga-os a correr muito sem parar. “Ah, é o chefe? E o chefe não pode trocar uns por outros para descansar os que estão sem forças?”. Pode, mas não há alternativas tão boas no banco. “Ah, não há dinheiro?”. Também, meu estranho alienígena, também…

(-) Eles brincam! “Há coisas estranhas neste vosso jogo. O 16 perde a bola e reclama com os outros por não terem percebido uma coisa que mais ninguem percebeu. O 8 finta todos e depois esquece-se de passar a bola. E não percebo aquele 10. Fez algumas coisas maravilhosas e outras que parecia que estava a brincar, é por isso que chamam a isto um jogo?”. Tentei explicar-lhe que…quer dizer, que…ora, pensando bem. Calei-me. Não consegui dizer mais nada.


Acho que no Domingo há jogo, ou talvez não. Pode ser que haja extraterrestres também, a ver vamos.

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Ouve lá ó Mister – Aves

Camarada Sérgio,

Rica patada que te deixaste apanhar no lombo, rapaz. Não te vou mentir e dizer palavrinhas calmas, com aquele tino que as pessoas se habituaram a ousar sugerir que ainda tenho, por isso vou para a frente que atrás vinha gente e agora já está na frente. Vês, rimo e tudo, que puta de sorte.

Foi uma merda de jogo, é o que foi. Não foi tão mau como Paços mas foi fraquinho e chateou-me muito mais ver o povo sem saber muito bem o que fazer, com a cabeça mais em água que a Di Caprio quando se mandou abaixo do Titanic. E um gajo em casa a ver aquilo, sem saber o que fazer, ganindo para a televisão como um demente e a pensar que estamos todos fodidos, a vida é uma merda e não faz sentido e só me apetecia fechar-me para o mundo e esquecer isto tudo. Mas não o faço. Nunca o farei.

Continuamos a depender de nós, meu caro. E continuamos a ter de fazer o nosso trabalho em campo, com ou sem Danilo, Marega ou quem quer que seja que se lesione. Continuas a ter de motivar os moços e continuas a ter de ganhar os jogos todos. Hoje é só mais um.

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – Belenenses 2 vs 0 FC Porto

foto retirada do twitter oficial do FC Porto

Uma merda. Uma bela merda. Um resultado que só não foi pior porque teria sido ainda mais fracturante ver a equipa a reduzir e a penar desesperada por mais um que provavelmente nunca chegaria. Porque há jogos assim, em que a equipa não está bem, nao se encontra e se lança sem cabeça e só com coração e com poucas pernas na busca de um resultado que não fez por merecer. Porque neste momento estamos em pleno estado de implosão e se o futuro próximo mudar alguma coisa, será uma surpresa tão grande como perceber que o Marega é um jogador fundamental na equipa. Word. Notas:

(-) Pum. Caímos com tanta força como tínhamos subido. E ainda não caímos de vez, atenção, porque ainda podemos recuperar os pontos perdidos e chegar ao final do campeonato em primeiro, como todos queremos, mas as próximas semanas parecem um longuíssimo corredor a caminho do cadafalso final, nós que tínhamos feito uma horrível gestão de expectativas desde o início da época. É isto também o que significa gostar desta merda e gostar de ganhar esta merda e gostar tanto de jogar esta merda. Porque se o futebol me eleva a um nível parvo de euforia e excitação com um drible do Brahimi, um corte do Felipe ou um remate do Aboubakar, também me deixa no profundo desespero, com as mãos a tapar os olhos para que não me permita ver a alegria do adversário e a incapacidade da minha própria equipa se acalmar e encarar o oponente sem que trema de cima a baixo. Os dribles de Brahimi são agora secos, murchos e previsíveis; os cortes de Felipe transformaram-se em atrapalhações sucessivas, balões despropositados e alívios mal conseguidos; e os remates de Aboubakar são agora frouxos, tortos e ineficazes. E uso estes três exemplos como poderia usar tantos outros, num plantel que tem opções que não são usadas, liderado por um treinador que parece não estar a conseguir levar a equipa a um nível de motivação e inteligência futebolística que mostrou (raios, mostrou!) durante vários meses. E estamos a pagar por isso, oh se estamos.


Faltam seis jogos e perdemos seis pontos nos últimos três. Yup, we be fucked.

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Ouve lá ó Mister – Belenenses

Camarada Sérgio,

Tempo demais sem ver o meu clube, rapaz. É tempo demais de Nunos Luzes, comentários sobre Selecções que ninguém conhece e que apenas reconhecem o país porque foi a resposta a uma obscura pergunta num jogo que tinham no telemóvel há uns meses e na altura até pensavam que “Niger” era uma gralha. Gente estúpida que um dia será chamada para se colocar em fila indiana a caminho do elevador que dá para o inferno. Sim, Bergoglio, existe e é em Lisboa. Mas não te preocupes, a malta lá chegará a seu tempo.

Hoje voltamos a jogar. Hoje voltamos a Lisboa, na primeira de três visitas à capital. E quero ganhá-las. Todas. Todas, ouviste? Quero despachar o Belém depressa (façam lá a cena da homenagem direitinha, já agora) para podermos voltar à liderança e para não sairmos de lá a não ser por desfasamentos temporais. Não há pontos perdidos, não há lamentos pela forma física, não há questões de ordem tecnico-táctica e whateverthefuckica. Quem quer ser campeão lamenta-se depois de segurar o caneco e usa isso contra os adversários. Até lá, stiff upper lip it!

Sou quem sabes,
Jorge

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