Ouve lá ó Mister – Benfica

André, proto-campeão!

Chegou o primeiro match-point. É nestas alturas em que a equipa se motiva aquele bocadinho extra para ver se acaba de vez com uma época complicada mas que pode ter uma recompensa tão saborosa como a que se nos apresenta no menu: poder ser campeão em casa do rival. Não nego que me dava um gozo bestial. Eu que nem sou daquele tipo de gajos que se orgasmiza todo quando ganhamos, não ando feito louco atrás do primeiro benfiquista que apanho pela frente depois de uma vitória só para tentar inventar um indicativo novo da zona de Benfica (ainda te lembras desse tempo?), não abro o fótoxópe para fazer montagens do guarda-redes deles com cabeça de porco, nada disso. Gosto de ganhar porque é uma vitória sobre o rival e os bragging rights passam por um cumprimento salutar e um “deixa lá, para a próxima se calhar ganham vocês”. Se calhar é por isso que não ando a atirar calhaus de viadutos.

E este jogo tem tudo para ser clássico, histórico, memorável! A época está a ser notável, a equipa está forte, rija, segura, ambientada a estas andanças, pronta para enfrentar tudo e todos. Todos os portistas vêem onze gajos de azul-e-branco a entrar com garra de campeões, a puxar para nós o ónus da necessidade de vencer, de reconquistar o troféu que, pelo menos este ano, nos merece.

Mas não se pense que vai ser fácil. No ano passado também fui para o Dragão a espumar de orgulho ferido, na ânsia de esquecer uma boa exibição e uma festa do futebol e a apelar a todos os santinhos portistas e portuenses para evitar que o Benfica fosse campeão no meu estádio. É uma questão de brio, de ânimo extra, de convicção, de defesa da honra muito acima daquela parvoíce que se faz no Parlamento quando alguém insinua que o “colega” está a abusar da retórica. É um Benfica assim que vamos apanhar hoje, um Benfica de fúria e raiva, à imagem do que nós fizemos aqui há um ano. E temos de lutar. Por muito que o calendário aperte, com o jogo do Spartak a 4 dias de distância e com uma importância bem acima do que este pode ter a curto prazo nesta época, temos de lutar. Por muito cansados que estejam os rapazes, temos que lutar.

É que se ganhares este jogo, André…até eu vou andar com o papo inchado durante meses!!!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – FC Porto vs Académica

 

O meu habitual intervalo no Dragão passa por um telefonema para o meu pai. Isto quando ele não está lá comigo, como é lógico, senão era deitar dinheiro fora e não estamos em tempos dessas coisas. Mas de qualquer maneira a conversa nos últimos tempos tem sido qualquer coisa como:”Oh pá, estes gajos são uns nabos! Aqui na televisão estão tão lentos, parece que não querem saber disto! Que vergonha!”. O meu pai é um pessimista, é verdade. Mas eu também sou, e estas primeiras-partes deitam-me abaixo com muita facilidade. Chamem-me homem de pouca fé, mas não acredito em dar avanço às outras equipas, pronto. A diferença é que este FC Porto pode subir de produção quando quer contra equipas deste calibre e tem aliado a sorte à vontade de marcar, ao nível de um campeão quase anunciado. Vencemos com facilidade depois de um ou outro susto mas não fomos coerentes ao longo de todo o jogo. Notas abaixo:

 

(+) Belluschi O mais inconformado dos nossos rapazes. Entregou-se ao jogo com tudo que tinha e voltou a agarrar um lugar que lhe tinha fugido há alguns jogos, com a chegada de rompante de Guarín ao onze. Belluschi continua a ser um abnegado de trabalho este ano e dá a entender que se dá muito bem com Otamendi porque parece que descobriu as entradas de carrinho para recuperar as bolas defensivas. O rapaz luta, dá energia e motivação à equipa e é um jogador fundamental no FC Porto. Só continua a precisar de melhorar o último passe…

(+) Fernando Foi o único jogador clarividente na primeira parte portista. Para além de tapar a grande maioria dos lances de ataque do adversário, tentou sempre sair com a bola controlada para o ataque. Só teve um problema: é que poucos se mexiam à sua frente para criar linhas de passe minimamente decentes para ele conseguir furar pelo pouco espaço que tínhamos no meio-campo da Académica. Saiu quando era preciso outro jogador para rodar a bola e porque o adversário já não criava perigo por aquela zona. Gostei de o ver, mais uma vez.

(+) Fucile Subiu bem pelo flanco e ajudou na defesa sempre que pôde. Hoje foi menos brincalhão do que é costume e ainda bem, porque com Addy na primeira-parte ia-se vendo lixado da vida. Subiu de produção na segunda parte (mais um) e criou um flanco direito com Belluschi e Varela que desfez a defensiva da Académica.

(+) Subida de produção na segunda parte Parece fácil a forma como o FC Porto consegue crescer em velocidade, em agressividade, em força e em futebol. Contra uma Académica que esteve menos mal na primeira parte mas que só causou chatices por inépcia nossa, a segunda parte foi novamente o oposto da primeira, com a subida de Guarín, a velocidade de Varela e a irreverência de Belluschi a rodarem a bola 20 metros à frente do que tinham feito antes. A Académica nunca mais conseguiu passar do meio-campo com organização. Point-Set-Match.

(+) Público Mais de quarenta e seis mil espectadores (com a particularidade da malta que escolhe o último número ter adivinhado que Guarín iria ser o marcador do primeiro golo) estiveram hoje no Dragão. Aposto que muitos, como eu, usaram os dois convites gratuitos que estão incluídos nas benesses de quem tem Dragon Seat. Vi o jogo noutra bancada (longe da Porta19, admito) e reparei em muitas caras novas. É uma boa forma de trazer gente à bola e espero que o povo goste de ir ao Dragão. Quem é que não gosta?!

 

(-) Primeira parte de avanço, mais uma vez Sei que é a Académica. Sei que os nossos rapazes andam cansados e que este era o terceiro jogo em sete dias. Sei que o campeonato está quase ganho. Mas também sei que detesto olhar para o resultado no Dragão e ver que os gajos da direita tem um algarismo mais alto que os da esquerda. E custa, rapazes, custa muito. Se a culpa fosse nossa, se fôssemos uma equipa fraquinha, ainda percebia. Mas só podemos descansar DEPOIS do jogo estar ganho. Malta, vamos lá, não custa assim tanto e o povo fica contente!

(-) Hulk Não está num bom momento, é verdade. Corre muito mas as fintas e os passes não saem. Nem remata tantas vezes como dantes, vejam lá. Mas precisa de acalmar, o nosso super-herói. Precisa de meter na cabeça que não é com lances como o que teve na segunda parte com o resultado em 2-1, quando rematou de letra quando podia tê-lo feito com o pé direito. Não está a ser eficaz como o foi no início da temporada e a equipa ressente-se disso. Rapaz, relaxa, as coisas vão melhorar!!!

(-) Maicon Parabéns pelo golo, Maicon, foi um bom salto e uma excelente cabeçada. O resto do jogo? Uma sucessão de jogadas nervosas, domínios de bola periclitantes, passes forçados e mudanças de flanco ridículas. À imagem do compatriota pseudo-verde, não parece conseguir acalmar enquanto está em jogo e as jogadas parvas sucedem-se uma atrás da outra. Parece estranho que este seja o mesmo jogador que o que começou a temporada, mas é o que temos. Rolando é o melhor central do FC Porto e depois vem Otamendi. Muito atrás estão Maicon e Sereno. É a minha opinião.

 

 

Faltam 3 pontos (ou apenas um, dependendo da performance do Benfica em Paços) para confirmarmos o campeonato. Parece que ainda ontem estávamos a começar a temporada e cautelosamente anunciava o meu apoio à contratação de Villas-Boas mas sempre colocando as vírgulas em termos da qualidade do plantel e sobretudo da organização que seria necessária implementar num plantel que estava moralmente desfeito, que tinha acabado de perder algumas peças-chave e que poderíamos precisar de remendos urgentes ou então de uma recuperação demorada. Hoje, apesar da primeira-parte fraca (talvez devido à primeira-parte fraca e à subida na segunda), vi que temos equipa. Vi que os jogadores sabem quando crescer, quando subir, quando parar, quando acelerar. Vi que temos estrutura montada e que apesar de não praticarmos um futebol extraordinário, temos um jogo estabilizado e seguro. E por agora, está muito bem.

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Ouve lá ó Mister – Académica

André, felizardo!

Esta semana nunca mais acaba, homem! Quando é que tu descansas? Com 3 jogos em 7 dias nem tens tempo para ir comer um belo brunch à beira-mar, olha que ali em Gaia a zona da marginal está duma categoria, rapaz, nesta semana que aí vem já vais poder dispôr de uma ou duas horitas para o relax, por isso se te apetecer ir mamar umas cervejolas vê lá se dizes qualquer coisa.

A semana deu trabalho mas deu lucro do bom. Três pontos em Leiria e uns quartos-de-final europeus não são de deitar fora, não é? E hoje ainda vai ser melhor, porque o estádio vai estar cheio de gente que quer apoiar a equipa antes dos primeiros grandes confrontos do mês de Abril. Olha que até eu, que fui levantar os meus convites, vou aproveitar e vou ver o jogo de um sítio diferente do costume! É verdade, pá, amanhã se olhares do banco para trás de ti, pode ser que me vejas. É estranho, sabes, são tantos anos a ver o jogo de frente para os treinadores que agora olhar para os rapazolas a deslizar pela relva de outro ângulo até vai ser uma maneira curiosa de ver este espectáculo que tenho a certeza que vais proporcionar ao povo. Sim, ao meu povo!

Se calhar este jogo é que podias usar para descansar alguém. Já reparaste, de certeza, que tens três laterais em risco de ficarem de fora na Luz, e não dava jeito nenhum. Já sei que não gostas muito de inventar, mas que tal o Mariano à direita (só para o pessoal se rir um bocado) e o Álvaro à esquerda? Assim descansavas o Fucile e deixavas que o destino se degladiasse pelos nossos amarelos e caso tivéssemos azar com os dois, para a semana tínhamos sempre o Otamendi (que como encostaste às boxes já descansa e entrava o Sereno ou o Maicon) para a direita e o Jorginho para a esquerda. O resto da malta? É usar o Ruben e talvez o Cebola a titular, só para não desanimarem e para ganharem ritmo.

É para ganhar e empurrar o Benfica para trás. Queremos chegar à Luz com todas as hipóteses de sermos lá campeões! Se vamos ou não conseguir…isso são outros meios-milhares!

Sou quem sabes,
Jorge

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Baías e Baronis – União Leiria vs FC Porto

Nem o talento de cinquenta Shakespeares intensamente drogados com substâncias que expandem a mente conseguiriam transmitir emoção sobre este jogo. Foi um jogo-treino num relvado que parecia musgo contra uma equipa paupérrima, a defender no máximo 4 ou 5 metros para lá da sua área, que contou com a perspectiva de um descanso do adversário que já estava a pensar no próximo jogo de quinta-feira para a Europa League. Safámo-nos, depois de muitas não-jogadas, passes falhados e em geral uma peladinha a campo inteiro, através da pata, mais uma vez, de Guarín. Um petardo de fora da área ajudou a acabar o jogo aos 59 minutos. Ponto. Pouco mais se passou no resto da partida e deu para descansar com bola. Limpinho, direitinho. Notas abaixo:

 

(+) João Moutinho Tanto a “8” como a “6”, foi o melhor jogador em campo. Sempre com tino a passar a bola, sempre com a perspectiva quase perfeita da criação de jogo ofensivo pausado e bem construído, como de costume. Não é brilhante como Belluschi, nem extraordinário como Hulk. Mas é o fiel da balança do nosso meio-campo e lidera a equipa como vi poucos homens a fazer no FC Porto.

(+) Laterais Num jogo em que um extremo do Leiria era apenas mais um médio-ala defensivo, tanto Fucile como Álvaro estiveram muito presentes e sempre pressionantes. Fucile foi mais eficaz que o colega do outro lado e apesar de tanto um como outro terem falhado vários cruzamentos, o facto de estarem em permanência no meio-campo contrário ajudou a empurrar ainda mais (o que era quase impossível) a equipa da casa para a sua área. Gostei.

(+) Belluschi Continua a ser o contra-peso não literal de Moutinho, já que os dois numa balança não devem chegar ao número que marca naquela infeliz peça de tecnologia quando eu lá me ponho em cima. Falha passes a mais, inventa fintas para enfiar a “cueca” aos adversários e nunca conseguirá ser um jogador consistente. Mas quando atina com os passes a rasgar e as desmarcações dos colegas, é bonito de ver. Há um passe para Falcao lá para o meio da segunda parte que o nosso nove não consegue meter a bola na baliza que é uma coisa linda de ver.

(+) Guarín Não fez um jogo ao nível de Moscovo, mas foi seguro no meio-campo. Esteve bem no campo físico e quando passou a jogar no vértice direito do losango da segunda-parte, cedendo a posição recuada a Moutinho, mostrou muito mais serviço e acabou por marcar um golaço ao seu estilo. Titular? Depende do jogo.

(+) Adeptos do FC Porto Noite fria, chuvosa, estádio demasiadamente arejado e qualquer coisa como 39 adeptos do Leiria, incluindo o banco de suplentes. O resto? Portistas, sempre a cantar e a apoiar a equipa. Foi bonito de ver e não fossem os habituais e perenemente absurdos petardos, tinha sido perfeito.

 

(-) União Leiria A inovadora táctica de 9-1-0 adoptada por Pedro Caixinha deixa qualquer adepto de futebol a salivar com a perspectiva de um festival de futebol de ataque. Se somarmos a esse audaz esquema a inépcia técnica dos rapazes que entraram em campo com camisolas todas brancas, qualquer cego veria que o jogo ia ser emocionante. Fraquíssimo. São estas equipas que fazem do nosso campeonato uma prova fraca a nível europeu.

(-) Maicon Fez pouco, é verdade. Mas de cada vez que um leiriense se acercava dele, tremia como um chihuaha à chuva na Islândia e deixou-se quase sempre antecipar pelos fracos avançados contrários. Não compreendo a titularidade.

(-) Varela Mais uma nulidade do nosso Silvestre hoje em Leiria. Não está a conseguir atinar nem com a bola, nem com o relvado, nem com os cruzamentos, nem com o mais simples bloco de construção do futebol: o passe. Muito fraco, não está a merecer a titularidade.

O jogo foi um tédio, é verdade. Mas nem todos os jogos podem ser entusiasmantes como o do CSKA, principalmente porque do outro lado estava uma pseudo-equipa que entrou em campo para não perder. Onze rapazes atrás da bola não serão o melhor adversário para uma formação que pretendia vencer sem se cansar e estar fresca (dentro do possível) para o jogo importante de quinta-feira contra os russos. Esse sim, é o jogo vital da semana. Quanto ao resto, os 13 pontos de avanço no campeonato tratam de fazer com que cada jogo até ao FC Porto ser matematicamente campeão seja uma demonstração de relax excessivo e muito pouco apelativo para o público. Por isso venham daí os moscovitas!

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