Ouve lá ó Mister – Sporting


Amigo Vítor,

Em primeiro lugar, deixa-me ser o centésimo-quinquagésimo-oitavo a dar-te os parabéns. A vitória neste campeonato não foi fácil, nem tu a tornaste mais fácil nem os teus rapazes te fizeram a vida fácil. Nada foi fácil na tua vida desde Agosto, pois não, homem? Acredito que não. E o jogo de hoje também não vai ser fácil.

E por muito que a malta vá aparecer no Dragão numa noite que se prevê com mais chuva que em todos os meses de Inverno juntos na justificadamente orgulhosa cidade do Porto (ela que continua a ter o campeão em título mais um ano dentro das suas fronteiras), acho que ninguém vai sair de lá satisfeito e a bater palminhas se perdermos o jogo. Quanto mais não seja é o Sporting, Vitor, é um clássico e não gosto de perder clássicos nem a feijões como este é. Para nós, pelo menos, porque eles ainda lutam por um objectivo longínquo mas alcançável. E não me importo mesmo nada de lhes dares uma traulitada nas rótulas…metaforicamente, claro, mas de forma a que não consigam chegar ao terceiro lugar. Assim daquelas patadas à Porto, como o moço que tem estado ao teu lado no banco costumava fazer. Ah, isso é que eram bons tempos, carago, até parece que me estou a lembrar daquele Porto-Sporting de 2003 com o João Pinto a entrar em campo e a entregar uma salva de prata ou uma caneleira ou sei lá que raio de memento deu ele ao Paulinho como recordação de uma bela carreira e de ter andado durante dois meses a falar como se tivesse saído do dentista. Isso é que foi um jogo parvo, Vitor, estava lá nas Antas e lembro-me como se fosse hoje, toda a gente estúpida a ver o JVP a prestar vassalagem ao nosso moço a 30 metros do sítio onde o mesmo moço lhe tinha enfiado uma cotovelada que lhe pôs o maxilar para dentro.

Enfim, outros tempos. O que interessa é o jogo de hoje. Vou estar nas bancadas a aplaudir, a torcer por mais uma vitória. É o último jogo, Vitor, alguns dos que lá vais pôr em campo não voltam a pisar aquela relva…chuiff chuiff, já me estão a vir as lágrimas, estás a ver que menina estou a ficar? Não se faz, pá. Ganha lá o jogo e despede-te do Dragão em grande! Este ano, pelo menos…depois do verão logo veremos!

Sou quem sabes,
Jorge

PS: Se não fôr pedir muito, é possível algum dos nossos rapazes fazer uma “Paulinhosantice” ao João Pereira? Não me importo nada de ter o Cedric a jogar no Europeu, palavra!

 

APOSTAS PARA HOJE NA DHOZE:

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Finalizar a fé dos felinos

Não sou um amante de gatos, aquilo que os bifes chamam “cat-person”. Mas também não sou um amante de cães. Não sou amante de animal nenhum que não esteja bem passado, para ser sincero. Ainda outro dia, antes de começar esta chuva que nos invade dos céus e me inunda a alma de melancolia tão cliché que mais pareço uma adolescente hormonal, estava em casa acordado a uma hora agradável para quem aprecia passeios à luz da lua e fui até à varanda. Um gato, preto de cor e alma (instrumentos do Demo, todos eles), vagueava com um ar entediado pela penumbra da noite nortenha e parou mesmo à minha frente, uns sete ou oito metros de diferença na vertical. Passei a soleira para o lado de dentro, muni-me de um ponteiro laser que tenho pousado junto da impressora e que comprei num daqueles impulsos consumistas que de vez em quando me batem na nuca e comecei a brincar com o bicho. Entreteu-se imediatamente, perseguindo o ponto vermelho no alcatrão como o Rinaudo faria ao Saviola e eu brinquei com ele, como um filho único que inventa um amigo imaginário. Pus o gato a correr de lado para lado, aos círculos, tentando apanhar o pontinho com as patas, só para lhe ser retirado o brinquedo no último segundo em que se preparava para atingir o objectivo e afagar o suave ponto de luz vermelha que insistia em lhe escapar. Ao fim de umas dezenas de segundos, aborreceu-se. Olhou para o lado, não viu ninguém, e caminhou saltitante para o breu além da esquina. Fiquei desolado. Faltou a estocada, a pancada na nuca, a cachaçada bem dada como quem diz: “vês, bicho? quem manda sou eu. eu!”. Não o fiz e agora arrependo-me, porque brinquei o que quis mas não fiquei com consciência de dever cumprido.

E também por isso está-me a causar alguma estranheza não ver as conversas da bola numa semana de clássico a não convergirem directamente no alvo verde-e-branco que se desloca ao Dragão no próximo sábado pela noitinha.

Até um certo ponto compreendo a atitude. Afinal o caneco já é nosso sejam quais forem os resultados dos dois últimos jogos e parece que a malta já está a pensar em férias, cláusulas de rescisão, nomes de treinadores e jogadores, convocatórias para o Euro e as mamas da Scarlett Johansson. As últimas são um assunto recorrente, como é evidente. Mas de qualquer forma parece que o pessoal se está a esquecer que ainda falta um jogo do FC Porto na sua casa, aquele que para muitos será a última partida em que iremos ver os rapazes até Julho. E não é uma partida qualquer, longe disso.

Por isso vamos lá começar a focar atenções nos gatinhos. Brinquemos um pouco com eles. Mas não nos podemos esquecer de uma coisa, uma simples coisinha: podem estar em terceiro ou quarto, podem-nos até ter ajudado ao ganharem ao Benfica, alguns de nós até podemos ter apoiado a carreira na Europa League, vivendo as emoções europeias através de terceiros. Mas não deixam de ser inimigos, pelo menos dentro de campo. Força aí na estocada final até caírem para o quarto lugar. Porque não me interessa mesmo nada despedir-me dos nossos moços sem ser com uma vitória.

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Pimba

Recebi há pouco uma mensagem de um amigo portista:

“Não percebo. O Porto parecia um menino de trazer pela mão a jogar com estes tipos. O sporting pimba. Com o zenit passamos uma vergonha. O benfas pimba. Não tou habituado a isto, jovem ;)”

Sou um daqueles raros espécimens que apoia as equipas portuguesas nas competições europeias, independentemente das cores que envergam. Pá, chamem-me bacoco, lorpa, ingénuo, naif. Sempre fui assim e creio que sempre vou ser. Seria hipócrita se dissesse que vibro com as vitórias como se fossem do meu clube, porque não o faço. Nem tão pouco sofro com as derrotas como faço com as do FC Porto. Não. Mas sinto uma certa satisfação em ver uma equipa portuguesa a eliminar outras de países que não o meu. E se forem ingleses, ainda mais, porque aquela arrogância imperial de olhar para o mundo lá do cimo é algo que me enerva profundamente e dá-me um gozo particular vê-los a cair. Por isso torci pelo Benfica em Highbury no 3-1 e pelo Sporting hoje à noite. Adorei o jogo de Bilbau e o de Manchester também me pôs um sorriso na face.

Mas o jogo de hoje foi especial. Não sei porque carga de mil águas me deu esta súbita leonite, mas vibrei com o Sporting. Senti uma empatia diferente do habitual com os rapazes de verde, com a sofreguidão com que aliviavam a bola da área, a luta e o espírito de não desistir contra uma equipa cheia de grandes jogadores mas com a soberba a tolher-lhes o juízo. O City, que tinha sido competente contra um FC Porto medroso e azarado, perdeu com o Sporting e eu aplaudi o golo do Matias e do Van Xinksotrinkel como se tivessem sido meus. Porque me senti vingado. Palerma, pascácio, pamonha. Sou. Não tenho problema em dizê-lo.

E olhando para trás, para a vitória do Benfica contra o Zenit e do Sporting contra o City, só penso: “E nós? Nós que jogamos contra aquelas bestas e tivemos medo. E entramos de mansinho, sem manha, sem alma, sem força, sem vida. E nós? Não tínhamos nós equipa para ganhar àqueles camelos?” A culpa também é minha, eu que mal nos saiu o City no sorteio pensei que estávamos tramados. E o Zenit, ainda nos grupos da Champions, que me lixou porque pensei que estávamos tramados. A derrota tantas vezes começa na nossa cabeça antes de ser provada em campo.

Hoje dou os meus parabéns à lagartada. Parabéns ao Cherbakov do Cacifo, ao Marcelo do Porta10A, a todos os meus amigos sportinguistas (que são muitos, por incrível que pareça). Podem ter orgulho da vossa equipa. Não foram inteligentes na gestão do jogo (fazer com que um gajo como o Balotelli seja expulso é tão fácil, porra) e sofreram como um asmático no Burning Man, mas passaram. Foda-se, passaram.

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O Nuno Luz tem mais piada que o Jon Stewart

Vi meia-dúzia de minutos do Sporting. E dou desde já os meus parabéns aos moços de verde. Fizeram o que nós não conseguimos por um simples motivo: não desistiram. Responderam a pancada com pancada e meia, lutaram com as armas que têem e ganharam o jogo. Até podem apanhar sete à Bayern na segunda mão, mas esta vitória ninguém lhes tira.

Mas a pérola foi a emissão da SIC. Ouvir o Nuno “Sacos-de-mijo-nos-cornos” Luz, o Paulo Garcia e o outro imbecil do “Go, go home now” a discutirem qual era o rapaz com mais cabeça para sacar um amarelo ao outro e impedir que o adversário jogasse o jogo em Manchester foi priceless. Os dois rapazes? Os únicos que ostentam o seu próprio QI nas costas com todo o gosto: João Pereira (45) e Balotelli (47).

E a forma como Nuno “Olha-eu-no-chão-à-porta-de-Alvalade” Luz faz do nome do italiano o que todos os jornalistas fizeram do Kuwait nos anos 90 é linda. Boloteli. Bolateli. Balateli. Qualquer um serve.

Que besta, senhores.

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Os clubes são geridos de dentro para fora e não de fora para dentro, carago!

Esta gestão à Gil y Gil é tão ridícula como o Polga. O homem está lá há meia-dúzia de meses, apanha uma equipa toda remodelada e cheia de gajos como o João Pereira e o Polga e que parece que se torcem todos quando mudam uma lâmpada em casa e despedem o tipo depois de alguns maus jogos porque tiveram medo de dez ou vinte marmanjos das claques com a inteligência combinada igual à de um rinoceronte no cio? Não entendo.

E não venham para cá com histerias sobre o Domingos no Dragão já prá semana ou um triunvirato de Villas-Boas/Domingos/Vitor Pereira para o ano que vem. Se querem um clube que funcione dessa maneira, vão até Alvalade e filiem-se lá. Aposto que vão ter muito para conversar.

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