Porta19 entrevista Gonçalo Cabral (www.briosa.net)

Regressa a época e estão de volta as entrevistas a bloggers ou gestores de sites afectos aos nossos adversários. Desta vez convidei Gonçalo Cabral, um dos autores do blog “Simplesmente Briosa”, que podem visitar em www.briosa.net, e que por ser um blog de referência no panorama academista merece abrir as goelas para quem quiser ouvir/ler e conhecer um pouco mais do que vai pela alma do nosso próximo oponente. Vamos a isso:

 

Porta19: Quais serão as principais diferenças estruturais entre a Académica que venceu a Taça no Jamor e a que vai aparecer no Municipal de Aveiro para a Supertaça?

Gonçalo Cabral: A principal quanto a mim vai para um jogador que nos deixou e que tem um passado ligado ao Porto curiosamente: Diogo Valente. A capacidade de meter a bola literalmente onde queria com o pé esquerdo faz com que provavelmente a equipa até deixe de jogar com dois extremos e mude consideravelmente o 4-3-3 que foi usado durante toda a época passada. Depois há mais algumas mexidas claro, a saída do Cedric faz a equipa perder capacidade ofensiva por aquele flanco, a falta do Adrien é impossível de colmatar individualmente e vai ter de ser através do colectivo e até a saída do David Simão pode não ser assim tão fácil de preencher. Resumindo, é uma equipa que neste momento não é ainda um bom conjunto e que terá uma arranque difícil mas que pelos novos jogadores que tem, confirmem-se estes como mais valia – pode arrancar bons resultados..

 


Porta19: Elementos como Diogo Valente, Adrien ou Cedric, importantes na equipa no ano passado, estão a ser bem substituídos?

Gonçalo Cabral: Pois, vem um bocadinho na senda do que tinha dito na resposta anterior. O Diogo Valente faz tanta falta que vai fazer a equipa mudar de sistema. Colmatar a saída do Adrien era como o Porto há 3 anos ter colmatado a saída do Lucho… era difícil, mas não pode haver insubstituiveis. Já o Cedric ainda estamos à espera de uma lateral direito (já que vocês têm excesso se quiserem podem emprestar aos pobres :) ).

 

 

Porta19: Pedro Emanuel continua a ser uma boa aposta para 2012/2013? A época passada foi inconstante mas produtiva com a manutenção na Liga e a vitória na Taça, será que este ano podem aspirar a uma melhor classificação no campeonato?

Gonçalo Cabral: O Pedro Emanuel será um excelente treinador, o único problema é que ainda não o é. Falhou o ano passado na gestão de alguns pormenores que nunca lhe foram ensinados numa equipa como o Porto porque simplesmente não acontecem na vossa estrutura, e se calhar é dessa organização que advém muito do sucesso. Estou a falar de jogadores como o Eder que fizeram birra e nós aqui não temos os SuperDragões para os mandar a casa deles portanto temos mesmo de os aturar. Estou a falar da saída do Sissoko também… no Porto muito raramente um jogador importante sai a meio da época porque a estrutura é pensada para isso não acontecer. Esses pormenores mais a falta de gestão de uma ou outra situação de balneário (algumas relacionadas com essas saídas) fez com que o rumo depois de Janeiro fosse difícil de seguir para alguém inexperiente. Este ano tenho total confiança no trabalho que vai fazer, mas nem todos os académicos sentem o mesmo. A ver vamos.

 

Porta19: Como estás a ver a entrada directa para a fase de grupos da Europa League? Pode ser uma excelente fonte extra de rendimentos e exposição mediática ou vai ser apenas uma dose de seis jogos com poucas oportunidades de brilhar?

Gonçalo Cabral: Sejamos realistas:as hipóteses de passarmos a fase de grupos são uma em dez ou vinte. Mas qual é a alternativa? Ir para lá já a perder? O contrário, é ir para lá com a convicção que estamos a ganhar seja qual for o resultado e nunca perdendo a noção dos palcos que estamos a pisar pela primeira vez em muitos anos. Lia há uns anos o Jesualdo no início das presenças do Braga na UEFA que dizia que o importante não era ir longe na prova, era ganhar experiência e garantir que no ano seguinte se voltava lá para usar essa experiência. Espero sinceramente que assim seja e que também os dirigentes da Académica vejam isso que o Jesualdo Ferreira viu há uns anos e que resultou no sucesso que hoje todos conhecemos.

 

Porta19: Algum dia fará sentido regressar a “velha” regra dos jogadores profissionais conjugarem o futebol com uma inscrição num curso na Associação Académica?

Gonçalo Cabral: Não é tão velha assim essa regra. Nos anos 90 a Académica teve uma equipa com 18 estudantes num plantel de 23 só que os media preferem saber o que é que o João Pinto comia ao almoço. Ainda o ano passado jogámos a final da taça com nove portugueses de início, três deles jogadores estudantes, dois da formação do clube, depois de em Janeiro termos ficado sem dois titulares também vindos das camadas jovens. Portanto apesar da ideia que se passa a mística da Académica ainda não está banalizada. Quanto à pergunta em si ainda assim penso que é possível aumentar este número. Hoje um jogador profissional de futebol treina duas horas por dia, fica com o tempo restante livre para descansar e fazer a sua vida. Se eu conheço tanta gente que trabalha 7 ou 8 horas e estuda porque é que um jogador de futebol não pode fazer o mesmo ainda para mais sem problemas financeiros que o impeçam se demorar 6 ou 7 anos para tirar um curso de 3? E acho que na crise que estamos esse cenário é bem possível, hoje um jogador na Académica pode ganhar 1500€ durante muito tempo, e são vários nessa situação pelo que para uma carreira curta esse ordenado não garante nada e podemos ter de voltar ao tempo onde é vital ter uma profissão depois do futebol.

 

Porta19: Com a imprensa tão tri-polarizada em Portugal, como é que vês o desprezo a que são votadas as equipas de dimensão mais pequena?

Gonçalo Cabral: Com naturalidade. Sou um total defensor do capitalismo (não da maneira que hoje se diz mas no seu principio) e a imprensa são negócios. O Benfica vende mais tem mais espaço, o Porto e o Sporting vendem muito têm muito espaço, os mais pequenos vendem menos têm menos espaço, o Cascalheira não vende não tem espaço. Claro que o fácil e à moda do tuga é queixarmo-nos da imprensa em vez de olharmos para nossa casa e perguntar “Como raio é que eu posso ser um produto mais atractivo para as pessoas e para os media? Como posso aumentar assistências, fortalecer a imagem da marca (Académica neste caso) e consequentemente aumentar o espaço disponível? Precisamos de vender mais e este é um principio que se aplica a um clube tal como a uma empresa. Se uma empresa não aparece nos jornais não se vai queixar, vai dar a volta à questão mas o dirigismo português prefere chorar-se em vez de baixar preço dos bilhetes, cativar pessoas… fazer marketing! Já chega de queixumes.

 

Porta19: O Simplesmente Briosa é um dos maiores blogs afectos à Académica, focando-se não só no futebol mas também nas outras modalidades do clube. Como é que se conjuga o amor pelo clube com a vida do dia-a-dia?

Gonçalo Cabral: Modéstia à parte não é dos maiores, é neste momento o maior quer em comentários quer em visitas e nem vou mais longe que isto (bolas, não podia estar a “impingir” a venda da marca na pergunta anterior e agora fazer-me de coitadinho). Quanto a conjugar é simples, assume-se como se fosse a conta da TV Cabo ou de outra coisa que paguemos para usar. Neste caso não costumo pagar só em dinheiro, é principalmente em tempo gasto, mas é do tempo mais bem gasto que passo e tenho a certeza que os meus companheiros pensam o mesmo.

 

Porta19: Ainda há esperança para a maioria dos blogs Portugueses de futebol ou a inspiração está a definhar em função das redes sociais e dos fóruns de discussão?

Gonçalo Cabral: Completamente. Voltamos à conversa do coitadinho e que assim é difícil e não sei o que mais. Os blogs permitem ter uma qualidade que as redes sociais não permitem, sobretudo ao nível de opinião. O blog que se limitar a copiar notícias dos jornais vai morrer, mas o que fizer uma selecção das notícias, as que conseguir resumir bem e ainda acrescentar espaços de opinião com pessoas minimamente consensuais arrisca-se até a roubar espaço a alguma imprensa. Venda-se neste caso o produto “Blog/site” com os atributos da qualidade e use-se as redes sociais para a potencialização disso mesmo. Hoje é até possível conjugador comentários nas redes sociais e num post, porque é que elas hão-de ser as assassinas dos blogs e não as difusoras que os aproximam das pessoas? Trabalhemos com qualidade e sem medos, modéstia à parte, o Simplesmente Briosa tem uma média de 700 visitas com picos de 2000 num só dia. Num clube com a dimensão da Académica (tem 4 mil sócios pagantes) e que tem mais de 8 ou 9 blogs concorrentes, conseguimos ter isto, enche-me as medidas obviamente. Sabe de onde vêm os picos de 2000 pessoas? Quando a notícia/opinião que publicamos se começa a espalhar nas redes sociais. Afinal são amigas…

 


De notar que o Gonçalo deu outra entrevista a um blog do FC Porto, o Dragão de Ouro, em que o Daniel, gestor do estaminé, se antecipou a mim e teve o bom gosto de escolher o mesmo interlocutor. Para terminar, um agradecimento ao Gonçalo pela forma descomplexada com que respondeu às perguntas e pela disponibilidade em tirar um pouco de tempo da sua agenda para me aturar. Um clube da dimensão da Académica merece adeptos como ele e muitos outros que abdicam de algum do seu tempo para escrever e trabalhar em prol do seu amor clubístico. Os meus parabéns. E um pedido de desculpas antecipadas pela derrota na Supertaça. Ai deles.

Outras entrevistas publicadas a bloggers adversários no passado:

Link:

We. Win. Everywhere.

PS: mais orgulho que todos estes troféus são os dez minutos de publicidade que a RTP enfia pela goela abaixo dos telespectadores na altura em que toda a gente quer ver as primeiras emoções cruas de uma vitória histórica de uma equipa que se soube fazer grande pelo menos por uma tarde. E a abertura do telejornal da SIC com o filho de Ronaldo. Sinto como se me tivessem urinado nos dentes e dissessem que era sumo de laranja. Priceless.

Link:

Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 1 Académica

foto retirada de desporto.sapo.pt

Saí do Dragão e entrei no metro. Dois homens iam a meu lado na confusão que se gera sempre no sistema de transportes parcialmente subterrâneos da Invicta depois de um jogo da bola. Ingleses, de alguma idade, entretidos numa conversa animada. Vinham do estádio, como eu, e falavam do jogo. Um deles, sósia de um Michael Caine mais jovem, apostaria que era londrino pelo profuso sotaque cockney que marcava cada palavra que pronunciava. Carregando um tabuleiro de xadrez numa mala com pega, dizia ao colega: “How the hell did Porto beat Benfica last week? They play like crap!“. Apeei-me na minha estação de saída e enquanto caminhava pela amena noite nortenha, escutei ao longe um jovem adulto, que como eu envergava uma camisola do FC Porto, a gritar ao telefone: “Oh sôr Silva, não me foda, aquilo não é culpa só do treinador! Não sei se é falta de pernas ou falta de atitude mas os caralhos dos jogadores também têm culpa!“. Concordo com o segundo. Hoje jogamos mal, por falta de pernas ou de atitude, talvez das duas. E só não concordo com os britãnicos porque na semana passada a equipa não jogou como fez hoje. E aí esteve a grande diferença. Notas abaixo:

 

(+) Djalma É difícil encontrar um Baía no jogo de hoje, mas vou apontar o angolano como tendo feito uma exibição positiva. Hulk não esteve mal a espaços e Maicon também não foi dos piores, mas Djalma entrou com garra, esforçou-se, lutou e tentou mudar o jogo, algo que alguns dos seus colegas pareciam não querer ou não conseguir arranjar força para querer. Já aqui disse várias vezes que precisamos mais de Djalmas do que Jameses e reafirmo-o, especialmente neste tipo de jogos. É muito bonito aparecerem situações de jogo pontuais em que o talento resolve problemas que o suor não consegue. Mas se tivermos noventa minutos de esforço…não me digam que as oportunidades de perigo não se tornam menos pontuais e mais recorrentes. É só isso que lhes peço e Djalma, neste momento, é dos poucos que ainda consegue correr com garra durante um jogo inteiro.

 

(-) O regresso da inércia Este FC Porto de 2011/2012 tem uma capacidade kubrickiana de levar os adeptos desde um êxtase de alegria a uma profunda depressão em poucos dias. Depois do jogo da Luz exigia-se que os rapazes conseguissem pegar no jogo pelos cornos, entrar com a fibra e capacidade de circulação de bola que tinha mostrado na semana passada e vencesse a partida com um ou dois golos para depois descansar com ou sem bola. Não o fez. Mais uma vez, numa demonstração ridícula de uma permissividade atroz para com o adversário, entrou devagar, tão devagar que adormeceu os adeptos. O estádio estava estranhamente silencioso, amorfo, inerte, como eles. As lentas trocas de bola contagiaram o público, a incapacidade do meio-campo rodar para a criação de espaços transformou o jogo de futebol num filme de Alexander Payne, onde tudo se passa quando nada acontece. E o apelido do realizador é a fonética certa para o que já aconteceu tantas vezes: o golo dos outros. Rolando, estático, é a imagem da equipa. Parado, a olhar para o oponente que se movimenta sem obstrução, sem oposição, sem problemas, sem barreiras. Marca. Os nossos rapazes entreolham-se e sobem no terreno, mas com poucas pernas e menos cabeça. O FC Porto jogou hoje no Dragão. Mas jogou atabalhoado, sem discernimento e apenas nos últimos 25/30 minutos. É muito pouco para quem quer ser campeão nacional.

(-) As pernas e a falta de alternativas no meio-campo I hate to say I told you so, but I will anyway. Em Fevereiro, aquando da saída de Souza por empréstimo para o Grémio, tinha alertado para este problema. Quando o meio-campo foi de tal maneira depauperado a nível de opções válidas para lá jogarem em partidas que são mais físicas, com menos espaços e com uma necessidade de gente que rompa com a bola e que dê mais luta aos adversários na zona central, o FC Porto vai sofrer. E hoje foi mais um exemplo, com a lesão de Fernando e Moutinho e Lucho a fazerem um jogo horrível, cheios de hesitações, passes falhados e uma completa falta de sentido prático e simplicidade de movimentos, apenas Defour se movimentava um pouco mais no terreno, mas estava a pegar na bola demasiado atrás para ter algum impacto visível. Quando as pernas faltam, a cabeça vai atrás. E é ainda mais penoso quando não há mais ninguém que possa substituir os que temos.

(-) A permissividade da arbitragem A Académica fazia o seu papel. Exagerados nas quedas, muito forçados quando queimavam tempo, foram a definição de anti-jogo durante noventa minutos. Foram provincianos, aqueles montes de esterco. O costume. E nada que nós próprios não façamos em situações semelhantes, com a ressalva que estes moços foram tão ostensivos no papel do coitadinho que podiam figurar em qualquer novela portuguesa tal era a intensidade da actuação forçada em cada cena que protagonizavam. E o obtuso do árbitro, complacente para tudo que vinha de Coimbra, deixava-os fazer o que queriam. Não questiono o árbitro quanto aos lances de perigo na área ou no fora-de-jogo a Hulk que poderá ter sido mal tirado, nem sequer no penalty que marcou a nosso favor. Isso são situações de jogo que acontecem, que tantas vezes beneficiam gregos numa semana e troianos na outra. Mas esta permissividade, quando era claro aos olhos de todos que a fita era premeditada e falsa (várias vezes o jovem academista deitava-se no relvado agarrado a qualquer parte do corpo como se tivesse pisado uma mina pessoal para dois segundos depois dos dois minutos desperdiçados com a entrada da equipa médica e dos maqueiros…se levantar e correr alegremente por campos metaforicamente floridos), enervou toda a gente. Foi um facilitador da mentira. E este tipo de árbitro só estraga o futebol. Estou convencido que não conseguimos vencer por culpa própria. Mas o facto de só termos empatado deve-se em grande parte a Marco Ferreira.

 

E depois do jogo da Luz…o regresso ao Dragão e às exibições que nos fazem duvidar que podemos chegar ao final da época com um triunfo no campeonato. Já por tantas vezes vi este filme onde depois dos guerreiros lutarem a desbravar caminho por terras sarracenas, voltam a casa com uma infeliz representação da futilidade da euforia depois de uma grande vitória. Eram nove finais. Passam a ser oito. E desperdiçámos o jogo que tínhamos na mão e que nos podia ser tão útil daqui a umas semanas. Não ouso dizer que sei o que passa na cabeça dos jogadores ou do treinador, mas se fosse eu com aquelas camisolas no lombo sentia-me muito descontente com o que tinha acabado de fazer. Enfim, vamos à Madeira para tentar mudar outra vez o rumo do nosso optimismo. Ou pessimismo. Já não sei qual deles vinga, sinceramente.

Link:

Ouve lá ó Mister – Académica


Amigo Vítor,

All hail the new leader!!! Aquele jogo na Luz foi do caralho, homem, já não me lembrava de saltar tanto durante um jogo da bola que não estivesse a ver ao vivo, pá. Quero que fiques a saber que me deste talvez a primeira gigantesca alegria de 2012 em termos futebolísticos e nunca mais vou esquecer aquele jogaço. E ganhaste pontos com toda a gente, quando puseste a tomateira em cima do torno e gritaste: “Venham, tragam um martelo dos grandes, força nisso, não tenho medo!”. E não tiveste. E ganhaste. Gaita, Vitor, que grande jogo.

Mas…já sabes que há sempre um mas. Mas…ainda não acabou. Foi bonito, foi glorioso (neste caso talvez uma pitada de glorigozo, soem os pratos da bateria, enfim) mas o caminho a percorrer ainda está pela frente. Nove jogos. E desses nove só precisas de oito vitórias, Vitor, são umas míseras oito vitoriazinhas que tens pela frente para que possamos ir aos Arcos fazer a festa. Olha, e era desta que me estreava em Vila do Conde para ver a bola, uma terra onde se come bem e bebe melhor. Já que não vamos ao Jamor, íamos lá, second best can win this time.

Muito inglês? Ok. Ah ah. Voltando ao jogo de hoje, a Académica já nos tramou este ano. Para a Taça, é certo, mas a sodomização que nos deu em Coimbra ainda me vem à cabeça quando me sento. E hoje à noite, quando me sentar no Dragão, só me quero levantar para gritar golos dos nossos. Mas quero vê-los com força, rapaz. Quero vê-los como os vi na Luz, com aquela fibra, aquela garra e aquela vontade de ganhar que nos faltou nesse mesmo jogo em Coimbra. Força, equipa!

Sou quem sabes,
Jorge

 

APOSTAS PARA HOJE NA DHOZE:

Link:

Baías e Baronis – Académica 3 vs 0 FC Porto

Há muito a dizer sobre este espectáculo de horror travestido de jogo de futebol. Foram noventa minutos de uma inépcia completa de quase todos os jogadores do FC Porto para conseguirem impôr um mínimo de organização de jogo, para honrarem a camisola que ostentam e mostrarem aos adeptos que são os mesmos do ano passado. A somar a esta aparente parvoíce competitiva temos Vitor Pereira, que defendi durante tanto tempo e que desejava ardentemente que conseguisse pegar no leme do que parece ser um Titanic azul-e-branco a caminho de uma fossa profunda, mas que estou a ver que a tarefa, hercúlea de início, se está a revelar quase impraticável. Parece ser mais fácil ver o Toy bem vestido ou a Paris Hilton como Ministra da Saúde do que ver o FC Porto a jogar em condições, sinceramente. A única nota está já aqui em baixo:

 

(-) A maldita letargia É verdade que os todos os golos surgiram de erros defensivos. O primeiro porque Rolando se lembrou de cabecear a bola direitinha para o caminho do jogador da Académica e o segundo porque Maicon parece pensar que o futebol deixou de ser um jogo de contacto físico e alheou-se do lance para ficar a pedir uma falta que não existiu. Estes lances definiram o jogo e o terceiro, apesar de já não fazer mais nada pelo jogo a não ser colocar mais um belo dum calhau no nosso destino na Taça deste ano, também veio de (mais) um passe parvo de Fernando. Mas analisemos os golos, porque é fácil a partir daí perceber os nossos males. No primeiro, Rolando, distraído, sem noção do posicionamento dos colegas, cabeceia para onde lhe apetece e lança Sissoko para a entrada da área. Mau, como má tem sida a época de toda a defensiva, quase sempre mal colocados e com pouca intensidade na colocação no terreno. Foquemo-nos agora no segundo, que resume numa só imagem um dos dois grandes problemas actuais do FC Porto: Maicon a receber um mínimo contacto e a reclamar com o árbitro em vez de se recolocar e lutar pela bola. Houve luta? Nada. Houve empenho? Nenhum. Houve mais interesse na bola e em recuperá-la para impedir o ataque contrário? Mais uma vez, não. E tem sido isto, jogo após jogo, onde quase todos os jogadores falham no ponto mais básico de exigência dos adeptos: a transpiração pode ultrapassar momentos de menor inspiração. E o terceiro golo? Fernando falha um passe fácil a meio-campo. Se fosse Moutinho, Belluschi, James, Varela, Defour ou qualquer outro, ninguém se surpreenderia. Porque as falhas sucedem-se a um ritmo assustador e incompreensível, os domínios de bola parecem tão simples como ganhar um jogo ao Nadal com um garfo de sobremesa a fazer de raquete, um banal cruzamento é complicado como tocar o Rach 3 com as mãos amputadas e com três litros de vodka no bucho e um passe, seja curto ou longo, é tão difícil como trepar o Evereste com o Malato às costas. Vitor Pereira é culpado de pouco, mas também não nos podemos alhear de mais um falhanço táctico em vários níveis, que “partiram” a equipa de tal forma que ninguém se entendia dentro de campo. Mas é na incapacidade de despertar a malta da letargia em que parecem ter afundado que Vitor está a falhar mais e os adeptos já desistiram. Só uma grande devoção ao clube faz com que continue a haver portistas a ver a sua equipa a jogar por esses relvados fora, porque se a qualidade de jogo fosse o único chamariz para os espectadores se deslocarem aos estádios, onde jogasse o FC Porto soariam grilos e voariam folhas soltas de jornais. Porque não haveria lá sequer uma alma para os ver.

 

A eliminação da Taça acaba por ser o menor dos males desta noite de Coimbra. A imagem que fica, de jogadores cabisbaixos, tristes, com uma intolerável falta de inteligência táctica, capacidade técnica e espírito de sacrifício, de empenho, de luta, é tudo o que não consigo associar ao meu clube. Estes mesmos jogadores, geridos por outro homem aqui há outros meses, mostravam o total oposto desta paupérrima exibição e punham-me o peito para fora com orgulho. Continuo a atribuir algumas das culpas a Vitor Pereira, pela aparente incapacidade de gerir estes talentos, mas eles, os jogadores, são os principais culpados. Porque se o treinador não consegue fazer com que eles se exibam ao seu nível, eles próprios parecem desinteressados em contrariar a letargia que os possui. Resultado? Um enorme deserto para atravessar, para eles, para nós, para todos os Portistas. E sem oásis no horizonte.

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